CARACTERÍSTICAS SOCIOECONÔMICAS DOS NEONATOS PREMATUROS NASCIDOS NO HOSPITAL UNIVERSITÁRIO DO OESTE DO PARANÁ H.U.O.P. Luana Muriel Casarolli 1 Aneline Maria Ruedell Juliana Montijo Pinto Rosa Déborah Guimarães Schneider INTRODUÇÃO: HALPERN et al, (1996), em seus estudos relatam que crianças nascidas em países em desenvolvimento enfrentam um duplo desafio: estão mais sujeitas a nascerem com baixo peso, seja por parto pré-termo, e/ou retardo de crescimento intra-uterino, e conseqüentemente sofrerem problemas perinatais e pósnatais, dentre eles o atraso no desenvolvimento infantil. E um outro desafio ameaçador encontrado por essas crianças que vivem em ambientes familiares desfavoráveis, proporcionados pelos países em desenvolvimento, e a falta de estimulação e o suporte social inadequado, estes que em conjunto aumentam o risco de atraso em seu desenvolvimento cognitivo, físico e social. Contudo, os avanços na assistência prestada ao recém-nascido pré-termo e com baixo peso, sendo considerado alto do ponto de vista biológico, tem contribuído para o aumento significativo dos índices de sobrevida dessas crianças. Surgem, no entanto, algumas questões a cerca da qualidade de vida e da interação dessas crianças com seu ambiente familiar ao longo do desenvolvimento. (CARVALHO et al, 2004). Diversos autores demonstram que crianças nascidas prétermo são, geralmente, mais vulneráveis aos efeitos de ambientes desfavoráveis se comparadas a crianças nascidas a termo. Dentre estes ambientes desfavoráveis podemos citar os fatores de risco biológico (relacionados às características ao nascer do neonato) e os fatores ambientais (relacionados ao ambiente propiciado ao neonato após o 1 Discente do Curso de Fisioterapia da Universidade Estadual Oeste do Paraná UNIOESTE. Rua Academia. N. 1440, apto 03. CEP: 85819-100; (45) 3324-4434, E-mail: luanamuriel@yahoo.com.br.
nascimento) com fatores de risco para atraso no desenvolvimento da população infantil. Assim podemos afirmar que as crianças que apresentam maior predisposição para atraso no desenvolvimento são aquelas expostas a fatores de riscos biológicos e/ ou ambiental. Dentre os fatores de risco biológico, destacam-se a idade gestacional e o peso ao nascimento representam fatores preditivos importantes no prognóstico do desenvolvimento infantil. Além dos fatores biológicos, grande parte das crianças brasileiras que tiveram nascimento prematuro são advindas de famílias com nível socioeconômico baixo, demonstrando a influência dos fatores ambientais. Dentre os aspectos ambientais podemos observar que o ambiente físico, escolaridade dos pais, dinâmica familiar, poder aquisitivo da família e relações familiares pode influenciar no desfecho do desenvolvimento infantil. Alguns autores indicam que a interação dos dois fatores de risco pode potencializar os efeitos no desenvolvimento infantil (MANCINI, 2004). BADR, (2001), também afirma que o baixo peso ao nascimento associado a baixo poder socioeconômico pode intensificar os fatores de risco. Já no que diz respeito aos fatores ambientais tanto as condições maternas como as condições de saúde e nutrição do organismo materno e condições pós-natais, tais como: status psicológico da mãe e relação social da criança pode causar indesejadas repercussões no desenvolvimento motor (BARROS et al, 2003). Também a baixa auto-estima materna, apoio social inadequado, redução dos níveis psicológicos da mãe e alto grau de tensão podem intensificar o atraso no desenvolvimento infantil (BADR, 2001). Contudo os fatores biológicos podem se mostram positivos, sendo justificados pelo papel relevante que estes desempenham na maturidade de vários sistemas biológicos em crianças nascidas pré-temo. Assim, quando essas variáveis se mostram alteradas, elas poderão resultar em aumento da morbidade neonatal (CARVALHO et al, 2004). OBJETIVOS: Este trabalho objetiva destacar as características socioeconômicas apresentadas pelos neonatos advindos com idade gestacional inferior ou igual a 37 semanas (caracterizados como pré-termo), nascidos no Hospital Universitário do Oeste do Paraná (HUOP).
MÉTODOS E TÉCNICAS: Foram analisadas as características socioeconômicas de 20 neonatos pré-termo com idades de 12, 15 e 18 meses nascidos no H.U.O.P, através de um questionário, em forma de entrevista, aplicado a acompanhante da criança, sendo esta na maior parte das vezes a mãe, na presença da criança, nas dependências da clínica de Fisioterapia da UNIOESTE, no setor da Pediatria. A partir desta entrevista foram coletados dados sobre os fatores de risco biológicos (peso ao nascer, sexo e idade gestacional) e ambientais (idade da mãe, renda familiar, escolaridade da mãe, presença da figura paterna e ambiente físico da criança). RESULTADOS: Em relação às 20 crianças analisadas, constatou-se que em relação aos fatores biológicos, o grupo era composto de 09 meninos e 11 meninas; 8 crianças apresentaram idade gestacional inferior igual à 30 semanas, 7 entre 31-34 semanas e 5 entre 35-37 semanas; Em relação ao peso as nascer, 7 crianças mostraram peso inferior ou igual a 1500 g, 5 entre 1501-2000 g e 2 acima de 2001 gramas. Em relação aos fatores socioeconômicos relatamos que o maior grupo ficou na casa dos 20 aos 39 anos com 15 mães, acima deste marco nenhuma não foi encontrada e abaixo 5 mães; Em relação a escolaridade materna, este item teve grande variedade de respostas indo desde a mães com ensino fundamental incompleto (5) a ensino superior completo (1), contudo grande parte das mães se concentraram na faixa de ensino médio completo (7); 2 famílias apresentaram renda inferior a 1 salário mínimo, 4 famílias se enquadraram entre 1-2 salários, 12 entre 2-4 salários, 1 entre 4-6 salários e 1 acima de 6 salários mínimos; Em 14 famílias a presença do pai foi positiva e das 20 crianças apenas duas tinham como ambiente físico de cuidados a creche enquanto que 11 crianças passavam o dia aos cuidados da mãe. CONCLUSÃO: tendo em vista a grande variedade de nossa amostra, podemos constatar que em relação aos riscos biológicos, estes se apresentaram negativamente, visto a prevalência do baixo peso ao nascimento e a baixa idade gestacional. Quanto os fatores de risco ambientais estes se portaram com menos riscos as crianças prematuras visto que a maioria das crianças possui a presença da figura paterna, são cuidados pelas
suas mães ou pela mãe com auxilio da avó; grande parte das mães apresenta bom grau de escolaridade (ensino médio completo) demonstrando um bom grau cultural, influenciando no desenvolvimento da criança; ainda em relação as mães, mais da metade da população estudada estava entre os limites de idade, diminuindo os riscos de complicações para o desenvolvimento infantil. Também concluímos que foram poucas as famílias que apresentaram renda familiar acima de 4 salários mínimos, sendo assim, podemos considerar que grande parte destas famílias apresenta um suporte financeiro apto a suprir as necessidades básicas da família. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS: BARROS, K.M; FRAGOSO, A.G.C; OLIVEIRA, A.L.B; FILHO, E.C; CASTRO, R.M; Do Environmental Influences Alter Motor Abilites Acquisition? A comparason among children from day-care centers and private schools. Arquivo de neuropediatria. 61(2-A): 170-5; 2003 BADR, L.K; Quantitative and Qualitative Precitors of Development for Low- birth Weight Infants of Latino Background. Applied Nursing Research, Vol.14, N.3 p. 125-35; Aug.2001. CARVALHO,A.E.V;LINHARES,M.B.M;MARTINEZ,F.E. História do Desenvolvimento de Crianças Nascidas Pré-Termo e Baixo Peso (<1.500 g). Psicologia: Reflexão e Crítica, 2001, 14 (1), p.1-33. HALPERN,R;BARROS,F.C;HORTA,B.L;VICTORIA,C.G. Desenvolvimento neuropsicomotor aos 12 meses de idade em uma coorte de base populacional no Sul do Brasil: diferenciais conforme peso ao nascer e renda familiar. Caderno de Saúde Pública, Rio de Janeiro, 12 (Supl.1): 73-78,1996
MANCINI,M.C; MEGALE, L; BRANDÃO, M.B; MELO, A.P.P; SAMPAIO, R.F; Efeito moderador do risco social na relação entre risco biológico e desempenho funcional infantil. Revista Brasileira Saúde Materna Infantil, 4(1): 25-34, jan/mar., 2004