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Transcrição:

Prestação de Contas nº 275-29.2012.6.18.0030 Classe 25 Procedência: Agricolândia/PI (30ª Zona Eleitoral São Pedro do Piauí/PI) Protocolo: 69.643/2012 Relator: Dr. Valter Alencar Rebelo Assunto: Prestação de Contas De Candidato Recurso Eleições 2012 Cargo Vereador Desaprovação/Rejeição de Contas Eleição proporcional Pedido de Reforma de Decisão Recorrente: Edith Ribeiro Alencar, candidata a vereadora no Município de Agricolândia/PI Recorrido: Juízo Eleitoral da 30ª Zona Eleitoral Excelentíssimo Senhor Relator, Trata-se de recurso interposto por Edith Ribeiro Alencar, candidata ao cargo de Vereadora do Município de Agricolândia/PI, nos autos de prestação de contas relativa à arrecadação e aplicação de recursos financeiros no decorrer da campanha eleitoral de 2012. A recorrente pretende a reforma da decisão de fls. 125/126, que julgou desaprovadas suas contas de campanha, em virtude de irregularidades. Alega que as falhas da prestação de contas, apontadas na sentença, são de ordem formal. Afirma que a divergência de informações sobre a propriedade do veículo de placa LVK-2575, as doações informadas apenas na prestação de contas final, documentos sem assinatura e não contabilização de serviços advocatícios foram falhas sanadas na prestação de contas retificadora. Por fim, requer a aprovação de suas contas, em aplicação dos princípios da proporcionalidade, insignificância, boa-fé e razoabilidade. Contrarrazões do Ministério Público Eleitoral às fls. 151/153. 1

Após, vieram os autos a essa Procuradoria Regional Eleitoral. II A Resolução TSE nº 23.376/2012 versa que: Art. 4º Toda e qualquer arrecadação de recursos para a campanha eleitoral, financeiros ou estimáveis em dinheiro, só poderá ser efetivada mediante a emissão do recibo eleitoral. Art. 18. Os recursos destinados às campanhas eleitorais, respeitados os limites previstos nesta resolução, são os seguintes: I recursos próprios dos candidatos; II recursos e fundos próprios dos partidos políticos; III doações, em dinheiro ou estimáveis em dinheiro, de pessoas físicas ou de pessoas jurídicas; IV doações, por cartão de débito ou de crédito V doações de outros candidatos, comitês financeiros ou partidos políticos; VI repasse de recursos provenientes do Fundo de Assistência Financeira aos Partidos Políticos Fundo Partidário, de que trata o art. 38 da Lei nº 9.096/95; VII receita decorrente da comercialização de bens e/ou serviços e/ou da promoção de eventos, bem como da aplicação financeira dos recursos de campanha. Art. 22. As doações, inclusive pela internet, feitas por pessoas físicas e jurídicas em favor de candidato, comitê financeiro e/ou partido político serão realizadas mediante: I cheques cruzados e nominais, transferência bancária, boleto de cobrança com registro, cartão de crédito ou cartão de débito; II depósitos em espécie, devidamente identificados com o CPF/CNPJ do doador; III doação ou cessão temporária de bens e/ou serviços estimáveis em dinheiro. Art. 23. São considerados bens estimáveis em dinheiro fornecidos pelo próprio candidato apenas aqueles integrantes do seu patrimônio em período anterior ao pedido de registro da candidatura. Parágrafo único. Os bens e/ou serviços estimáveis em dinheiro doados por pessoas físicas e jurídicas, com exceção de partidos políticos, comitês financeiros e candidatos, devem constituir produto de seu próprio serviço, de suas atividades econômicas e, no caso dos bens permanentes, deverão integrar o patrimônio do doador. Art. 33. Toda e qualquer arrecadação de recurso deverá ser formalizada mediante a emissão de recibo eleitoral, nos termos do disposto no art. 4º desta resolução, o qual deverá ser integralmente preenchido. Parágrafo único. A comprovação dos recursos financeiros arrecadados será feita mediante a apresentação dos canhotos de recibos eleitorais emitidos e dos correspondentes extratos bancários da conta de que trata o art. 12 desta resolução. 2

Art. 34. A comprovação da ausência de movimentação de recursos financeiros deverá ser efetuada mediante a apresentação dos correspondentes extratos bancários ou de declaração firmada pelo gerente da instituição financeira. Compulsando os autos e como bem ressaltou o MM. Juiz Eleitoral da 30ª Zona Eleitoral em sua decisão de fls. 125/126 foram constatadas as seguintes irregularidades: No referido Relatório consta que foi detectada a existência de recursos próprios estimáveis (VEÍCULO DE PLACA LVK-2575) em dinheiro originários do candidato, sendo que os recursos próprios estimáveis em dinheiro não integravam o patrimônio do candidato antes da solicitação do registro de sua candidatura, contrariando o art. 23 da Resolução TSE nº 23.376/2012. A candidata alegou equívoco, que foi corrigido na prestação retificadora. Porém, há contradições acerca deste recurso, sendo que no Termo de Cessão de fl. 34 consta como proprietária do veículo a Sra. EDITH RIBEIRO ALENCAR, enquanto no Termo de Cessão de fl. 58 consta o mesmo veículo como proprietário Sr. ANTONIO SANTIAGO MARTINS. Já na prestação retificadora consta como proprietário o Sr. CLAUDIO ANTONIO DE ARAUJO ALVES, apesar de no documento de fl. 44 constar como proprietário o Sr. ANTONIO SANTIAGO MARTINS. Foram detectadas divergências entre as informações relativas às doações constantes da prestação de contas em exame e aquelas constantes das prestações de contas parciais. A candidata alegou equívoco ( ). Foram detectadas ainda doações recebidas em data anterior à entrega da segunda prestação de contas parcial, ocorrida em 01/09/2012, porém não informadas à época. A candidata alegou equívoco ( ). Apesar de notificada, a candidata não providenciou assinatura nos documentos de fls. 53, 54, 59 e 60 (recibos eleitorais e termos de doação/cessão), em descumprimento à Resolução que trata do assunto. Não foram contabilizados serviços de advocacia referente ao Processo de Registro de Candidatura, sendo que no relatório final o analista detectou que houve ( ) utilização de serviços de advogado, não havendo porém emissão de recibo eleitoral, ( ). Em sede de recurso, a recorrente alega que a prestação de contas se encontra regular, embora remanesçam alguns pontos a serem esclarecidos. Analisando a documentação dos autos, verificam-se várias irregularidades, as quais examinadas em conjunto, maculam as contas prestadas pela recorrente, não havendo, no caso em apreço, possibilidade de aplicação do princípio da insignificância. São elas: omissão, carência de dados e falta de documentos que dificultam o poder de fiscalização da Justiça Eleitoral. 3

No caso em tela, a candidata teve as contas reprovadas porque a documentação comprobatória de gastos efetivados apresentou uma série de falhas, que comprometeram a sua regularidade, como por exemplo, documentos não assinados, doações recebidas e não declaradas à época da prestação de contas inicial, além de dúvida quanto à propriedade de veículo utilizado na campanha. Além disso, não há qualquer comprovação de gastos com serviços advocatícios utilizados pela recorrente. Ora, a realização de despesas deve ser comprovada pelo próprio candidato. No caso em tela, a recorrente afirma, em suas razões (fls. 136/137), que efetivamente realizou despesas com advogado. Não obstante, não junta qualquer recibo para comprovar a despesa. A Resolução TSE nº 23.376/2012 é clara quando dispõe que qualquer serviço prestado constitui gasto de campanha. Ressalta-se que, ainda que prestado gratuitamente, por consubstanciar gasto considerado serviço estimável em dinheiro doado por pessoa física, necessária a expedição de termo de doação, com o consequente repasse da informação à Justiça Eleitoral. Todavia, analisando os documentos observa-se que não constam recibos, nem tampouco a discriminação desse dado no demonstrativo de doação, ou seja, omitiu a informação concernente a essa despesa de campanha, mesmo tendo sido intimado para saná-la. Nesse contexto, e segundo o teor da Resolução que regulamenta a prestação de contas, há obrigatoriedade de ser declarados serviços com advogado, pois a contabilidade do candidato deve evidenciar a verdade dos fatos em relação às despesas contraídas, proporcionando assim efetiva transparência e evitando-se qualquer forma de abuso econômico e consequente inobservância do princípio da isonomia entre os candidatos. Logo, resta comprometida a prestação de contas apresentada pelo candidato, tendo em vista as irregularidades descritas acima, que confrontam o disposto na Resolução TSE nº 22.715/2008. Nesse sentido, seguem os entendimentos jurisprudenciais a seguir: 4

RECURSO CÍVEL - CONTAS DESAPROVADAS - ARRECADADOS RECURSOS ESTIMÁVEIS EM DINHEIRO - AUSÊNCIA DE RETIRADA E EMISSÃO DOS RECIBOS ELEITORAIS - CONTAS RESTARAM COMPROMETIDAS EM SUBSTÂNCIA - RECURSO NÃO PROVIDO. (25188 SP, Relator: WALDIR SEBASTIÃO DE NUEVO CAMPOS JÚNIOR, Data de Julgamento: 11/05/2006, Data de Publicação: DOE - Diário Oficial do Estado, Data 23/05/2006, Página 251) RECURSO ELEITORAL. PRESTAÇÃO DE CONTAS. DOAÇÃO DE BENS ESTIMÁVEIS EM DINHEIRO. CABOS ELEITORAIS. DOAÇÃO. FALTA DE RECIBOS ELEITORAIS. CONTAS DESAPROVADAS. PROVIMENTO NEGADO. Para legitimar as doações recebidas são necessários os recibos eleitorais e a documentação fiscal ou termo de doação relativa à benesse (art. 31, parágrafo único, inciso I, da Resolução TSE n.º 22.715/08). A doação de material impresso (santinhos), a despeito de ter sido apresentada cópia, quase ilegível, de nota fiscal, é possível identificar que fora emitida em nome do comitê financeiro, pelo que deveria ter sido emitido o respectivo recibo eleitoral. Restando caracterizada que a contratação de cabos eleitorais foi em doação ao candidato, referida despesa, de acordo com o art. 22, inciso VII, da Resolução TSE n.º 22.715/08, deve ser considerada gasto eleitoral e, assim,contabilizada na prestação de contas como gasto direto ou mesmo como recebimento em doação. Inexistindo nos autos, no entanto, qualquer documento mencionando a doação desse serviço, ficando comprometida a regularidade da prestação de contas ora em análise. O processo de prestação de contas, de natureza administrativa, cinge-se à análise da regularidade da movimentação financeira de campanha de candidato e comitê financeiro, não havendo necessidade de cometimento de qualquer ilícito outro para a rejeição das contas. (1400 MS, Relator: ARY RAGHIANT NETO, Data de Julgamento: 19/10/2009, Data de Publicação: DJ - Diário de justiça, Tomo 2078, Data 04/11/2009, Página 330/331) RECURSO ELEITORAL - PRESTAÇÕES DE CONTAS - ELEIÇÕES 2008 - AUSÊNCIA DE MOVIMENTAÇÃO FINANCEIRA - NÃO- ABERTURA DE CONTA BANCÁRIA - SERVIÇOS COM ADVOGADO - OMISSÃO DE DESPESA - DESAPROVAÇÃO DAS CONTAS - RECURSO IMPROVIDO.1 - Como disposto no art. 10, caput, da resolução de regência, ao comitê financeiro é obrigatória à abertura de conta bancária com o fim de registrar toda a movimentação financeira de campanha e, caso inexistente, a comprovação deve ser feita pela apresentação de extratos bancários. 2 - Efetivamente, há a obrigatoriedade de ser declarada a prestação destes serviços, assim como quaisquer outros serviços, pois a contabilidade do candidato deve ostentar a maior completude possível, assim, proporcionando efetiva transparência quanto aos gastos da campanha. (Recurso Eleitoral nº 1492, Acórdão nº 18868 de 25/05/2010, Relator(a) SEBASTIÃO DE ARRUDA ALMEIDA, Publicação: DJ - Diário de justiça, Tomo 660, Data 10/06/2010, Página 3,4 ) 5

III Diante do exposto, considerando que as irregularidades constatadas, em seu conjunto, implicam em desaprovação das contas da recorrente, tendo em vista que comprometem a transparência e a confiabilidade das informações apresentadas, o Ministério Público Eleitoral se manifesta pelo desprovimento do recurso, devendo ser mantida a decisão de fls. 125/126, que desaprovou a prestação de contas da campanha de Edith Ribeiro Alencar, que concorreu ao cargo de vereadora de Agricolândia/PI, nas eleições de 2012. Teresina, 15 de março de 2013. KELSTON PINEHIRO LAGES Procurador Regional Eleitoral Auxiliar 6