Casos Simulados Cenários para Comparação

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Transcrição:

71 8. Casos Simulados Não foi encontrado na literatura um bom modelo matemático para tratar de simulação de escoamento de fluidos supercríticos. Para poder avaliar melhor o escoamento do CO 2 nos dutos, foram pesquisados casos onde o CO 2 se encontra nos estados físicos mais conhecidos. As simulações desta dissertação estão divididas de acordo com o estado físico do CO 2. Foram estudados os efeitos das variações de diâmetro, comprimento e temperatura devido à peculiaridade do CO 2, bem como a variação da densidade com pressão e temperatura e da curva de pressão de vapor. Foi também comparado o transporte do fluido líquido e gasoso, e assim avaliada a melhor escolha de acordo com as variáveis propostas. Um dos objetivos iniciais desta dissertação era estudar os casos reais e tentar se aproximar deles através da simulação termo-hidráulica. Foram estudados dois casos distintos, um caso no exterior onde as variáveis eram conhecidas e a experiência de EOR no Brasil, feita pela Petrobras. Entretanto, devido às dificuldades apresentadas no item 8.2.2, não foi possível obter uma simulação satisfatória da experiência de EOR no Brasil. Em todas as simulações o CO 2 foi considerado com pureza absoluta, devido aos fatores observados no item 7. Infelizmente, apesar de grande procura, não foi possível encontrar um caso real onde o CO 2 seja transportado somente na forma gasosa, aparentemente porque o transporte seria muito dispendioso, como será demonstrado pelos resultados obtidos nas simulações. Entretanto, existem diversos casos onde o escoamento do CO 2 para EOR ou CCS é bifásico, i.e. os casos apresentados nos itens 4.5.1 e 5.1.1. 8.1. Cenários para Comparação Os casos simplificados estudados consideraram dutos de comprimento constante de 100 km e diâmetros iguais entre si. Os casos foram os mesmos para transporte na forma gasosa quanto na forma líquida, baseando-se na vazão mássica. Isso foi feito para permitir uma melhor comparação entre as duas formas

72 de acordo com as 18 alternativas apresentadas na Figura 35. No caso do gasoduto, poderá se observar a quantidade necessária de compressores de acordo com as condições operacionais. Através desses 18 casos simplificados, foi possível levantar o efeito que cada uma dessas variáveis tem sobre o projeto de um sistema de transporte de CO 2. Temperatura Diâmetro Nominal Vazão Mássica 10 C 20 C X 10 pol 16 pol X 500 ton/dia 30 C 20 pol 2 000 ton/dia Figura 35 - Casos teóricos estudados Para fazer as simulações de ambos os estados físicos, é muito importante estar atento à pressão de vapor do dióxido de carbono a essas temperaturas, a fim de garantir que não haja escoamento bifásico durante as simulações. Como nestes casos o escoamento será considerado isotérmico, a pressão de vapor pode ser considerada constante em cada uma das temperaturas. As Tabela 4 e 5 apresentam, respectivamente, a relação da pressão de vapor com temperatura e a pressão e custódia para cada fase do dióxido de carbono. Como se estava trabalhando com o mesmo produto, se tornam necessárias as duas condições de custódia, portanto o método de comparação será feito através da vazão mássica, que será a mesma (de acordo com a Figura 35). As espessuras utilizadas para os cálculos foram de 0,25 polegada para os dutos de 10 polegadas e 0,5 polegadas para os demais. Tabela 4 - Pressão de Vapor nas temperaturas estudadas Temperatura 10 C 20 C 30 C Pressão de Vapor 45,70 kgf/cm² 58,14 kgf/cm² 73,05 kgf/cm²

73 Estado Físico Tabela 5 - Condições de Custódia e Vazões Volumétricas Equivalentes Temperatura Pressão Massa Específica Vazão Volumétrica [ C] [bar] [kg/m³] [m³/h] [km³/dia] GÁS 20 1 1,82 LÍQUIDO 20 100 831,49 11446,89 274,73 45787,55 1098,90 25,06 0,60 100,22 2,41 8.1.1. Estado Gasoso Para todas as simulações com o fluido no seu estado gasoso, foi utilizado o software comercial Pipeline Studio, da Energy Solutions. Esse programa é utilizado pela Petrobras, TBG e pela Transpetro, assim como outros, para a simulação termo-hidráulica dos seus gasodutos. Para simular os compressores, foram utilizados compressores ideais, inerentes ao programa, a fim de permitir um estudo de sua necessidade sem um grande detalhamento. O Pipeline Studio é um programa desenvolvido para trabalhar com o escoamento de fluidos em uma dimensão. Ele permite tanto o cálculo de escoamento termo-hidraulico de líquidos como gases, entretanto não ao mesmo tempo (bifásico). O programa possui em sua base de dados a grande maioria dos compostos químicos relacionados a industria de petróleo e ao transporte de duto, como metano (CH 4 ), etano (C 2 H 6 ), etc. O programa permite a escolha da equação de estado utilizada dependendo do estado físico do fluido. No caso dos gases, as opções são Sarem, BWRS (Benedict-Webb-Rubin-Starling), Peng (Peng- Robinson) ou gás ideal. Para os líquidos, as opções são TABLE (entrada das variações de densidade e viscosidade em tabela dependendo da variação de pressão e temperatura, na forma de tabela) ou BWRS. Para o estudo do CO 2 na forma gasosa, foi utilizada a equação de Peng-Robinson. Essa escolha foi feita baseada na experiência de pessoas da área de transporte de CO 2 (Seevam P.N. 2009)[56]. A Equação de Peng-Robinson foi desenvolvida em 1976 para satisfazer algumas premissas: Os parâmetros deveriam ser expressos em termos das propriedades críticas; o modelo deveria atender a uma precisão razoável perto do

74 ponto crítico, em particular os cálculos do fator de compressão e densidade do líquido; as leis de mistura não deveriam empregar mais de um único parâmetro binário de interação, que deveria ser independente das composições de pressão e temperatura; a equação deveria ser aplicada para o cálculo de todos fluidos presentes nos processos com gás natural (Peng. D.Y.; Robinson, D.B. 1976)[60]. As equações de perda de carga, continuidade, momento, energia e área de escoamento se encontra no tópico Modeling conventions and restrictions do manual de ajuda do programa (Pipeline Studio. 2009)[57]. Apesar de o programa permitir simular mais de um duto ao mesmo tempo, devido à necessidade de avaliar a quantidade de compressores necessários de acordo com as variáveis mencionadas, optou-se por estudar cada caso em um modelo separado. As condições de contorno de pressão utilizadas no estado gasoso, apresentadas na Tabela 6 são baseadas nas pressões de vapor da Tabela 4 e nos dados dos poços da Petrobras em Buracica, que recebem o CO 2 na forma gasosa. A pressão no recebimento foi determinada por este poço. Tabela 6 - Condições de contorno das simulações do gás Temperatura Ambiente 10 C 20 C 30 C Pressão Máxima 44 kgf/cm² 57 kgf/cm² 72 kgf/cm² Pressão de Recebimento 20 kgf/cm² 8.1.2. Estado Líquido Para todas as simulações com o fluido no seu estado líquido, foi utilizado o software comercial Stoner Pipeline Simulator (SPS), da Advantica. Esse programa é utilizado pela Petrobras, e pela Transpetro para a simulação termohidráulica dos seus oleodutos. Ao contrário do Pipeline Studio, o SPS não possui as características dos produtos em seus bancos de dados, portanto elas devem ser fornecidas utilizando os comandos do programa. Para pressão de recebimento, foi considerado uma pressão de 100 kgf/cm², utilizando os dados do caso estudado no item 8.2.2.

75 O SPS é um programa de escoamento térmico hidráulico de fluidos, podendo, assim como o Pipeline Studio, trabalhar tanto com líquidos como gases, mas não ambos (bifásico). Ele trabalha com escoamento unidimensional, assim como seu concorrente. Suas equações de estado gás são BWRS, AGA (American Gas Association) e CNGA (Compressed Natural Gas Associoation); e para líquido SCL (Slight Compressive Liquid), BWRS e TABLE. Devido à peculiaridade do CO 2 de, mesmo em seu estado líquido, ter uma grande variação de densidade com a pressão e temperatura, foi utilizado a equação de estado TABLE, onde é preciso entrar com uma tabela com as variações mencionadas dentro do intervalo estudado. A Tabela 7 apresenta os dados utilizados tanto nas simulações dos casos simplificados quanto nos casos reais. Os pontos foram retirados utilizando o programa VRTherm, da empresa VRTech, que calcula os dados dos produtos de acordo com a temperatura e pressão. A entrada de dados em tabela TABLE trabalha com capacidade térmica constante, portanto foi utilizada a do CO 2 nas condições de custódia, 0,83 kj/(kg K). Tabela 7 - Propriedades do CO 2 de acordo com Pressão e Temperatura Temperatura [ C] Pressão [kgf/cm²] Massa Específica [kg/m³] Viscosidade [cp] 0 90 977,193 0,109 0 100 986,132 0,109 0 110 994,549 0,109 0 120 1002,510 0,109 10 90 901,789 0,091 10 100 914,500 0,091 10 110 926,170 0,091 10 120 936,973 0,091 20 90 807,910 0,074 20 100 827,879 0,074 20 110 845,298 0,074 20 120 860,812 0,074 25 90 749,235 0,065 25 100 776,031 0,065 25 110 798,284 0,065 25 120 817,460 0,065 30 90 676,220 0,058 30 100 715,402 0,058 30 110 745,188 0,058 30 120 769,578 0,058

76 Para calcular a curva da variação da densidade e viscosidade com a pressão e temperatura, o SPS utiliza as seguintes equações: Densidade: ρ = a 0 + a 1 T + a 2 T 2 + a 3 P + a 4 T P + a 5 P 2 + a 6 T 3 + a 7 T 2 P + a 8 T P 2 Viscosidade: log μ = b 0 + b 1 T + b 2 P + b 3 T 2 + b 4 T P + b 5 P 2 + b 6 T 3 + b 7 T 2 P + b 8 T P 2 Onde os coeficientes a 0, a 1,, a 8 e b 0, b 1,, b 8 são determinados pelo programa para produzir a melhor curva a partir dos dados fornecidos. As equações de perda de carga, continuidade, momento, energia e área de escoamento se encontram no manual do programa, nas páginas 215 a 223 (Stoner Pipeline Simulator. 2007)[58]. 8.2. Casos Reais 8.2.1. Exterior Para se obter uma validação da modelagem dos dutos de transporte líquido de CO 2 utilizando um software comercial, foi utilizado um caso real, de transporte de CO 2 para a Recuperação Avançada de Petróleo. O caso em questão é um projeto no Vietnã, com recuperação de dióxido de carbono proveniente de uma usina de fornecimento de energia (Phu My Power Plant) para o campo marítimo White Tiger Field (ou Bach Ho) [61], como pode ser visto na Figura 36.

77 Figura 36 - Bacias petrolíferas do Vietnã O Vietnã é o terceiro maior produtor de petróleo da Associação das Nações do Sudeste da Ásia, atrás apenas da Indonésia e da Malásia. Em 2004, a produção foi de 130 milhões de barris de petróleo e 200 bilhões de pés cúbicos de gás natural. A estimativa na época é que ainda restavam cerca de 6,5 a 8,5 bilhões de barris de petróleo e 75 a 100 trilhões de pés cúbicos de gás natural (Brown, D. 2005)[62]. O White Tiger Field é um grande campo petrolífero na Cuu Long Basin, no Mar da China Meridional localizado a leste do Mekong Delta, no Vietnã. É o maior campo petrolífero do Vietnã, descoberto em 1974 e posto em produção em 1986, desenvolvido pela antiga entidade Russo-Vietnamita Vietsovpetro. O campo contém reservas importantes hospedadas em rochas graníticas altamente fraturadas. Com o início do declínio de produção em 1999, a Recuperação Avançada de Petróleo se tornou vital para o programa de petróleo vietnamita. A

78 Figura 37 apresenta a plataforma Gian 1, localizada no campo em questão, onde ocorrerá a injeção de CO 2. Figura 37 - Plataforma Gian 1, localizada no White Tiger Field O projeto de EOR a ser estudado provém de um projeto da Mitsubishi para o campo. O duto seguirá a faixa de um gasoduto pré-existente, que abastece a usina de energia. Um esquema do plano de EOR se encontra na Figura 38 e os principais dados pertinentes obtidos sobre o plano de EOR se encontram listados abaixo: Usina localizada a 70 km sudoeste de Ho Chi Minh City (Saigon) Quantidade de CO 2 disponível: 35 000 ton/d Pureza do CO 2 : 99,9% Capacidade de compressão: 10 unidades de 3 000 ton/d cada Pressão de descarga máxima dos compressores: 2000 psig ou 13,79 MPa Distância total: 143,6 km (terrestre 37,1 km e marítimo 106,5 km) Tamanho dos dutos: 16 com vazão de 9 000 ton/d e 20 com vazão de 21 000 ton/d CO 2 entregue na plataforma como líquido (pressão acima de 1 200 psig ou 8,27 MPa)

79 Figura 38 - Esquematização do Plano de EOR O perfil dos dutos foi adquirido através do programa Google Earth, utilizando o caminho disposto por (Mitshubishi 2004)[61], o tamanho dos trechos do duto em terra e submarino e a localização da plataforma Gian 1, localizada no campo White Tiger, exemplificado na Figura 37. A Figura 39 demonstra o caminho percorrido pelo duto utilizado como base para as simulações feitas. A espessura do duto foi considerada constante ao longo do mesmo. A Figura 40 demonstra o perfil simplificado das simulações.

Elevação [m] 80 Figura 39 - Caminho dos dutos de CO 2 para o White Tiger Field Fonte: Google Earth 30 Perfil dos Dutos 20 10 0-10 -20-30 -40 0 15 30 45 60 75 90 105 120 135 150 Distância [km] Figura 40 - Perfil dos dutos utilizado na simulação De acordo com os dados obtidos acima, foi elaborado um modelo simplificado dos dois dutos em paralelo. Como não foram obtidos os dados dos compressores de CO 2, nem das instalações de recebimento, a usina de energia foi modelada como um tanque pressurizado de vazão constante, e a plataforma como um tanque de recebimento a pressão constante (acima de 1200 PSI ou 8,27 MPa).

81 Foi considerado como local de recebimento na plataforma um ponto a 20 metros do nível do mar. Foram modelados simultaneamente os dois dutos operando em paralelo. A Figura 41 demonstra a esquematização feita no modelo. Considerou-se inicialmente uma espessura constante de 0,5 polegadas para ambos os dutos. USINA DE ENERGIA PLATAFORMA DUTO DE 16" DUTO DE 20" Figura 41 - Fluxograma do Modelo Ao modelar o sistema, no entanto, notou-se a falta de uma informação importante: a temperatura do mar ao longo da profundidade do duto. Devido à dificuldade de se obter essa informação, surgiu a possibilidade de um estudo dos efeitos da temperatura do mar no escoamento do duto. Para isto, foram consideradas temperaturas conhecidas da profundidade do litoral brasileiro e uma temperatura comum a em águas muito mais baixas, a fim de estudar com maior precisão esses efeitos. A Tabela 8 apresenta as temperaturas estudadas. A fim de observar melhor essas variações, a temperatura marítima foi considerada constante ao longo do trecho submerso. A temperatura do trecho em terra foi considerada de 20 C. Tabela 8 - Temperaturas Estudadas Caso Temperatura do Mar Caso 1 4 C Caso 2 8 C Caso 3 12 C Caso 4 18 C Ao modelar os dutos no SPS, no entanto, encontrou-se outro problema. O SPS só trabalha com dutos enterrados, ou seja, não houve o cálculo do efeito da corrente marítima no duto. Para minimizar este problema, foi considerado um duto sem isolamento térmico, com massa específica do aço de 7846 kg/m³, capacidade térmica de 0,44 kj/(kg K) e condutividade térmica de 217,8 kj/h m K.

82 Foi considerado o duto enterrado a 2 metros de profundidade, a massa específica do solo de 1396 kg/m³, o capacidade térmica de 3,2322 kj/kg K e condutividade térmica de 6,6855 kj/h m K. 8.2.2. Brasil Além do projeto de EOR e CSS visto no item 4.5.1, o Brasil possui ainda um segundo projeto, em escala menor, para o campo de Miranga. Este projeto tem o duplo intuito de servir como projeto de EOR e CSS, assim como testar a tecnologia de separação de gás por membrana, que poderá futuramente ser utilizada nos poços off-shore. A Figura 42 apresenta o traçado dos dutos visto por satélite, utilizando o programa Google Earth, da empresa Google para identificar a faixa de duto. Figura 42 - Localização dos dutos do Alinhamento Fonte: Google Earth Parte do sistema já se encontrava instalada, e levava dióxido de carbono oriundo da estação de Camaçari até a estação de Santiago, através de um

83 carboduto de 10 de diâmetro por uma extensão de aproximadamente 33 km. O novo carboduto possui um diâmetro de 6 e se interligará ao sistema existente na estação de Santiago levando o CO 2 por uma extensão de aproximadamente 18 km até a estação de Miranga, onde está localizado o sistema de injeção nos poços, como dito por (Furley, S.J.S.; Carvalho, L.D.C. 2007)[63]. A Figura 43 mostra um arranjo esquemático desse sistema. Figura 43 - Esquemático do Sistema de Carboduto de Miranga Fonte: IBP1473_07 Retirou-se o perfil de cada trecho dos dutos através das curvas de nível inerentes ao programa Google Earth. Existe uma alta taxa de incerteza nos dados de perfil, devido a imprecisão do software em questão, mas foi decidido continuar o estudo com o traçado obtido, devido as baixa variação altimétrica do local, o que reduz o efeito desta imprecisão no modelo. O perfil do trecho entre Camaçari e Santiago se encontra na Figura 44 e o trecho entre Santiago e Miranga na Figura 45.

Elevação [m] Elevação [m] 84 200 180 160 140 120 100 80 60 40 20 0 0 5 10 15 20 25 30 35 Distância [km] Figura 44 - Perfil do duto de 10" entre Camaçari e Santiago 200 180 160 140 120 100 80 60 40 20 0 32 36 40 44 48 52 Distância [km] Figura 45 - Perfil do duto de 6" entre Santiago e Miranga Como não havia dados de espessura do duto, assumiu-se uma espessura de 0,375 para o duto de 10 e 0,312 para o duto de 6. As premissas do duto para as simulações, de acordo com os dados fornecidos por (Furley, S.J.S.; Carvalho, L.D.C. 2007)[63], são as seguintes: Pressão de entrada em Camaçari de 120 kgf/cm²

85 Temperatura de entrada em Camaçari de 45 C Pressão de saída em Miranga de 100 kgf/cm² Temperatura do solo variando entre 20 e 30 C Vazão máxima esperada para o projeto é de 470 ton/d Inicialmente, utilizou-se destes dados para tentar construir um modelo de escoamento de CO 2 supercrítico. O Pipeline Studio não trabalha na faixa de pressão e temperatura fornecida no caso de gás, portanto tentou-se validar o modelo utilizando o SPS para fazer os cálculos. Utilizando-se da mesma metodologia do item 8.1.2, utilizou-se da da entrada de dados de estado em forma de tabela TABLE para introduzir os dados da Tabela 9 no modelo. Tabela 9 - Propriedades do CO 2 de acordo com Pressão e Temperatura Temperatura [ C] Pressão [kgf/cm²] Massa Específica [kg/m³] Viscosidade [cp] 34 100 657,566 0,0556971 34 110 696,997 0,0556971 34 120 727,325 0,0556971 34 130 752,278 0,0556971 37 100 606,225 0,0556971 37 110 656,638 0,0556971 37 120 692,944 0,0556971 37 130 721,785 0,0556971 42 100 500,922 0,0556971 42 110 579,776 0,0556971 42 120 629,929 0,0556971 42 130 667,111 0,0556971 45 100 434,274 0,0556971 45 110 528,460 0,0556971 45 120 588,799 0,0556971 45 130 632,067 0,0556971 48 100 381,575 0,0556971 48 110 476,760 0,0556971 48 120 546,052 0,0556971 48 130 595,698 0,0556971 Entretanto, ao entrar com os dados de capacidade térmica, encontrou-se um sério problema: A capacidade térmica do CO 2 no estado supercrítico não é constante, como visto em (Jing, H.; Subramaniam, B. 2003)[18] e no item 2.1 desta dissertação. Entretanto a entrada de dado em forma de tabela TABLE

86 utilizada pelo SPS só aceita um valor constante de capacidade térmica, como mencionado anteriormente. Tentou-se validar o modelo utilizando um valor médio, entretanto a vazão encontrada foi aproximadamente 3 vezes maior que a apresentada por (Furley, S.J.S.; Carvalho, L.D.C. 2007)[63]. Mesmo não sendo possível validar este modelo, decidiu-se aproveitar as condições de contorno do mesmo, excluindo a temperatura de envio e a vazão máxima, para testar a afirmação feita em (Vandeginste, V.; Piessens, K. - 2008)[49] que em certos intervalos de pressão em temperatura a densidade do CO 2 pode ser considerada constante, como explicitado no item 7.1. Para isso, utilizou-se os dados estudados no item 8.1.2 e as mesmas condições de custódia e para os valores constantes de CO 2 a massa específica de 884 kg/m³ e uma viscosidade de 6,06 x 10-5 Pa.s. Foram estudados o regime isotérmico a 3 temperaturas: 20, 25 e 30 C.