Análise por elementos finitos do contato em ensaios de indentação instrumentada

Documentos relacionados
ESTUDO NUMÉRICO-EXPERIMENTAL PARA DETERMINAÇÃO DA ESPESSURA DE FILMES DE NITRETO DE TITÂNIO OBTIDOS POR PROCESSAMENTO A PLASMA

Modelagem Matemática de Laminação a frio de alumínio- Efeito do coeficiente de atrito sobre o Estado de Tensões

Simulação Numérica do Ensaio Vickers em Materiais com Características Frágeis

7 O processo de deformação mecânica do InP em nanoindentações utilizando uma ponta Berkovich

Influência do tempo e temperatura de nitretação a plasma na microestrutura do aço ferramenta ABNT H13

Engenharia de Superfícies SUPERFÍCIES EM CONTATO

Del-Rei, MG, CEP: Horizonte, CEP:

ANÁLISE DOS TESTES DE INDENTAÇÃO VICKERS EM CERMÉTICOS WC-Co

Figura Elemento Solid 187 3D [20].

5 A Influência dos dopantes na deformação mecânica do Nitreto de Gálio por nanoindentação

PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM ENGENHARIA MECÂNICA

XVII CONGRESSO NACIONAL DE ENGENHARIA MECÂNICA E INDUSTRIAL

Professor: Estevam Las Casas. Disciplina: MÉTODOS DE ELEMENTOS FINITOS MEF TRABALHO

4 Modelo Constitutivo de Drucker-Prager para materiais rochosos

UNIVERSIDADE FEDERAL DO ABC MATERIAIS E SUAS PROPRIEDADES (BC 1105) ENSAIOS MECÂNICOS ENSAIOS DE TRAÇÃO E FLEXÃO

DESENVOLVIMENTO DA EQUAÇÃO PREDITIVA GERAL (EPG)

Engenharia de Superfícies SUPERFÍCIES EM CONTATO

MODELOS PARA DETERMINAÇÃO DO MÓDULO DE ELASTICIDADE DE LIGAS METÁLICAS UTILIZANDO ENSAIOS DE PENETRAÇÃO INSTRUMENTADA

ENDENTAÇÃO E PENETRAÇÃO DE MEMBRANAS HIPERELÁSTICAS COM E SEM CONSIDERAÇÃO DE CONTATO

UNIVERSIDADE FEDERAL DO ABC CENTRO DE ENGENHARIA, MODELAGEM E CIÊNCIAS SOCIAIS APLICADAS MATERIAIS E SUAS PROPRIEDADES (BC 1105)

Principais propriedades mecânicas

COMPORTAMENTO MECÂNICO DOS MATERIAIS PARTE I

RESULTADOS E DISCUSSÕES 5.1 DOS PROCEDIMENTOS ADOTADOS PARA A VALIDAÇÃO DO MODELO

8º CONGRESSO IBEROAMERICANO DE ENGENHARIA MECANICA Cusco, 23 a 25 de Outubro de 2007

4 Estabilidade estática do aterro reforçado

Novo projeto de uma máquina para ensaio de fadiga de contato de rolamento: ensaios de validação e determinação da temperatura do lubrificante

PROPRIEDADES MECÂNICAS DOS MATERIAIS PROPRIEDADES MECÂNICAS DOS MATERIAIS

2 Revisão Bibliográfica

Propriedades Mecânicas: O Ensaio de Tração Uniaxial

Lista de Exercício 3 Elastoplasticidade e Análise Liimite 18/05/2017. A flexão na barra BC ocorre no plano de maior inércia da seção transversal.

UNIDADE 9 Propriedades Mecânicas I

ANÁLISE DO COMPORTAMENTO DE MANCAIS ELASTO-HIDRODINÂMICOS ATRAVÉS DO MÉTODO DOS ELEMENTOS FINITOS

Ensaio de Compressão do Anel: resultados experimentais e por método dos elementos finitos

5 Simulação numérica dos muros reforçados

6 Análise de Aterros Via MEF

1 Introdução 1.1 Definição do Problema

5. Exemplo De Aplicação e Análise dos Resultados

Propriedades mecânicas dos materiais

5 Resultados de Fadiga

5 Contribuição da torção do cantilever nas medidas de propriedades nanomecânicas utilizando microscopia de força atômica

GMEC7301-Materiais de Construção Mecânica Introdução. Módulo II Ensaios Mecânicos

Conectores de Cisalhamento Constituídos por Parafuso e Rebite Tubular com Rosca Interna em Pilares Mistos de Aço e Concreto com Perfis Formados a Frio

Conteúdo. Resistência dos Materiais. Prof. Peterson Jaeger. 3. Concentração de tensões de tração. APOSTILA Versão 2013

DETERMINAÇÃO DO COEFICIENTE DE ENCRUAMENTO DE METAIS ATRAVÉS DA MORFOLOGIA DAS IMPRESSÕES DE DUREZA NA ESCALA MACROSCÓPICA

7 RESULTADOS EXPERIMENTAIS

MATERIAIS ELASTOPLÁSTICOS

Investigações numéricas e experimentais da mecânica dos aneurismas em tubos isotrópicos de borracha

Prof. Dr. André Paulo Tschiptschin DESENVOLVIMENTO DE MODELO PARA A PRENSA DE FORJAMENTO DEMAG DE 8000 T INTERESSADO: VILLARES ROLLS

Análise numérica do ensaio de indentação em materiais com comportamento frágil

6 Conclusões e Sugestões

4 Modelo analítico 84

6 Análise Dinâmica. 6.1 Modelagem computacional

5 Corte em Rocha 5.1. Introdução

Os modelos numéricos propostos foram elaborados a partir do elemento Shell 63 disponibilizado na biblioteca do programa ANSYS.

4 ENSAIO DE FLEXÃO. Ensaios Mecânicos Prof. Carlos Baptista EEL

Propriedades Mecânicas Fundamentais. Prof. Paulo Marcondes, PhD. DEMEC / UFPR

Muitos materiais, quando em serviço, são submetidos a forças ou cargas É necessário conhecer as características do material e projetar o elemento

Modelagem numérica e computacional com similitude e elementos finitos CONCLUSÕES

Diagrama Tensão Deformação 0,0000 0,0005 0,0010 0,0015 0,0020 0,0025

Método para ensaios de avaliação de usinabilidade de materiais metálicos utilizando torno CNC e torno convencional (mecânico)

Ensaios Mecânicos dos Materiais

Capítulo 3: Propriedades mecânicas dos materiais

CAPÍTULO V MODELAGEM COMPUTACIONAL DA SOLDAGEM TIG VIA ELEMENTOS FINITOS

Capítulo 4 Propriedades Mecânicas dos Materiais

Universidade de Coimbra Faculdade de Ciências e Tecnologia 2001/02 Estruturas II (aulas teóricas)

Professor: Juan Julca Avila. Site:

ESTUDO DA RELAÇÃO ENTRE A PROFUNDIDADE DE PENETRAÇÃO E A ESPESSURA TOTAL DE REVESTIMENTOS EM TESTES INSTRUMENTADOS DE DUREZA

DETERMINAÇÃO DO MÓDULO DE YOUNG DE AÇOS POR DIFERENTES TÉCNICAS

FÁBIO RAFFAEL FELICE NETO MATERIAL MULTICAMADA PELO MÉTODO DOS ELEMENTOS FINITOS

Universidade de Lisboa

A composição química das amostras de metal solda, soldadas a 10 m de profundidade, está listada na Tabela 2.

PMR 2202 Projeto 2 - Estampagem

AVALIAÇÃO DE MODELO DE BIMODULARIDADE EM ENSAIOS DA MECÂNICA DA FRATURA

3. MATERIAIS E MÉTODOS

Comportamento quanto ao desgaste de compostos de borracha utilizados na fabricação de pneus

REVISÃO BIBLIOGRÁFICA CAPÍTULO

Tensão de cisalhamento

PROPRIEDADES MECÂNICAS III Propriedades de tração

DETERMINAÇÃO DO COEFICIENTE DE ENCRUAMENTO POR MEIO DE ANÁLISE DE IMPRESSÃO EM ENSAIO DE DUREZA

Estudo do atrito em chapas fosfatizadas e lubrificadas utilizadas em operações de estampagem

6 Influência da Interação Rocha-Fluido na Estabilidade de Poços: Simulações

PROPRIEDADES MECÂNICAS II

6 Resultado dos Ensaios de Caracterização Mecânica de Rocha

Teste de tração - compressão

Universidade Estadual de Campinas Faculdade de Engenharia Civil Departamento de Estruturas. Aços para concreto armado

7 Simulação numérica de prova de carga em placa sobre solo residual

ANÁLISE DA ESTAMPAGEM DE CHAPAS METÁLICAS UTILIZANDO ELEMENTOS FINITOS

INFLUÊNCIA DO TIPO DE AGREGADO E LIGANTE NO COMPORTAMENTO DAS MISTURAS BETUMINOSAS

de maior força, tanto na direção normal quanto na direção tangencial, está em uma posição no

ESTUDO NUMÉRICO E EXPERIMENTAL DE MODOS DE FALHA EM PLACAS DE AÇO APARAFUSADAS

UNIVERSIDADE FEDERAL DE SANTA MARIA Curso de Graduação em Engenharia Civil ECC 1006 Concreto Armado A ESTRUTURAS. Gerson Moacyr Sisniegas Alva

4 Validação do uso do programa ABAQUS

SIMULAÇÃO NUMÉRICA DOS ENSAIOS DE INDENTAÇÃO VICKERS

AULA 13: ESTADO DE TENSÕES E CRITÉRIOS DE RUPTURA. Prof. Augusto Montor Mecânica dos Solos

Projeto de Máquina para Ensaios de Fadiga

PARTE 6: FADIGA POR FRETTING. Fadiga dos Materiais Metálicos - Prof. Carlos Baptista EEL

Propriedades dos Materiais Fadiga INSTITUTO MILITAR DE ENGENHARIA PROGRAMA DE CIÊNCIA DOS MATERIAIS FADIGA

3 Teoria do Método dos Elementos Discretos 3.1. Introdução

Análise Experimental de Apoios para Simulação de Condições de Contorno Livre no Espaço de Placas Retangulares

3 Modelagem Numérica 3.1

Transcrição:

VIII Encontro de Iniciação Científica do LFS 03-04 maio de 2007, 6-12 Análise por elementos finitos do contato em ensaios de indentação instrumentada G. S. Böhme, R. M. Souza Laboratório de Fenômenos de Superfície LFS, Departamento de Engenharia Mecânica, Escola Politécnica, Universidade de São Paulo USP. E-mail para contato: gustavo.bohme@poli.usp.br Resumo Neste trabalho, é estudado o contato entre um indentador rígido e um material elasto-plástico durante o ensaio de indentação instrumentada utilizando-se simulações por elementos finitos. Os resultados permitiram avaliar a capacidade do uso de indentadoresrígidos e cônicos nas simulações por elementos finitos para representar os resultados experimentais obtidos com indentadores piramidais Vickers não rígidos. Adicionalmente, o raio de arredondamento da ponta do indentador foi variado ao longo das diversas simulações, verificando-se o efeito que têm nas curvas carga versus profundidade (P-h). Ensaios de indentação instrumentada foram realizados em corpos-de-prova de alumínio 6063 para comparação com as curvas, produto das simulações por elementos finitos (MEF). Palavras-chave: Indentação instrumentada, arredondamento da ponta do indentador, elementos finitos. Resumen En este trabajo se estudia el contacto entre un indentador rígido y un material elastoplástico durante el ensayo de indentación instrumentada usando simulación por elementos finitos. Los resultados permitieron evaluar la posibilidad del uso de indentadores rígidos y cónicos en las simulaciones por elementos finitos para representar los resultados experimentales obtenidos con indentadores piramidales Vickers no rígidos. Además, se varió el radio de redondeo de la punta del indentador en las diversas simulaciones, verificándose el efecto este que tiene en las curvas de carga contra profundidad (P-h). Se realizon ensayos de indentación instrumentada en probetas de aluminio 6063 para comparación con las curvas obtenidas en las simulaciones por elementos finitos. Palabras clave: Indentación instrumentada,redondeo de la punta del identador, elementos finitos. 1. INTRODUÇÃO No ensaio de indentação instrumentada (EII), também conhecida como nanoindentação, o equipamento registra as variações da profundidade (h) de penetração de um indentador em função da carga aplicada (P), quando este penetra e se afasta do material estudado, num ciclo de carregamento e descarregamento.

G. S. Böhme, R. M. Souza / VIII Encontro de Iniciação Científica do LFS, 6-12 7 Essa técnica é vantajosa, pois pode ser aplicada para a obtenção de propriedades mecânicas de materiais como dureza, módulo de elasticidade (Oliver and Pharr, 1992), limite de escoamento, coeficiente de encruamento (Cholloacoop et al, 2003) e outras informações como nível de tensão residual no material (Suresh and Giannakopoulos, 1998). Essas propriedades podem ser medidas também em filmes finos e pequenos volumes de material, nos quais ensaios convencionais não podem ser aplicados. Na Figura 1, apresenta-se uma curva típica de força em função do deslocamento do indentador, onde se indicam os principais parâmetros envolvidos no ensaio. A rigidez da amostra ensaiada é caracterizada pela inclinação da parte superior da curva de descarregamento dp/dh; P max é a carga máxima obtida no ensaio; h max é o deslocamento total do penetrador e h f é o deslocamento residual, após o descarregamento. Figura 1 - Curva de aplicada da carga em função da profundidade da penetração (Dao et al., 2001) O objetivo deste trabalho é apresentar uma estratégia de modelamento do ensaio de indentação. Além disso, será avaliada a influência do número de elementos no contato e do radio de arredondamento da ponta do indentador, assim como do limite de escoamento do material indentado sobre a forma da curva P-h, resposta da indentação resultante das simulações por elementos finitos. 2. MATERIAIS E MÉTODOS Um modelo 2D axissimétrico (elementos CAX4R) foi utilizado para modelar a resposta à indentação do material elasto-plástico (alumino Al6063). O indentador foi modelado como elemento rígido de ângulo 70,3 com raio de arredondamento da ponta de 1,5 µm. A malha foi configurada com concentração de elementos sob a região de contato. O eixo de simetria do modelo foi restringido para apenas se movimentar no eixo 2, e os elementos na base foram engastados, como pode ser visto na Figura 2. O contato indentador-amostra foi modelado fazendo uso do surface-tosurface contact (standard) do ABAQUS sem atrito, com a superfície do indentador como superfície mestra e a superfície da amostra como superfície escrava.

8 G. S. Böhme, R. M. Souza. / VIII Encontro de Iniciação Científica do LFS, 6-12 Figura 2: Condições de contorno do modelo por elementos finitos utilizado. A simulação foi dividida em duas etapas, uma de carregamento, e outra de descarregamento. A curva de aplicação da carga é apresentada na Figura 3. Para se chegar à curva utilizada, foram feitas várias simulações com diferentes velocidades de aplicação para que fosse reduzido o efeito de concentração de tensões no início do contato entre a amostra e o indentador. 1. 2 1 0. 8 P ( N ) 0. 6 0. 4 0. 2 0 0 0. 2 0. 4 0. 6 0. 8 1 t ( s ) Figura 3: Curva de aplicação da carga normal. Em paralelo com as simulações foram feitos ensaios de tração em alumínio 6063, com o objetivo de determinar as propriedades mecânicas que serviram como dados de entrada nas simulações. Também foram realizados ensaios de indentação instrumentada com carga máxima, P max de 1 N, cujas curvas Pxh resultantes foram usadas como base de comparação para as curvas de Pxh geradas nos modelos de elementos finitos. O módulo de elasticidade e o limite de escoamento obtidos foram de 68 MPa e 1656 kgf, respectivamente. 3. RESULTADOS 3.1. Influência do número de elementos em contato Foram obtidos valores diferentes do número de elementos da amostra variando-se o tamanho de elementos da amostra em contato com o indentador

G. S. Böhme, R. M. Souza / VIII Encontro de Iniciação Científica do LFS, 6-12 9 sob a carga máxima. Na Figura 4, apresentam-se as curva Pxh resultantes das simulações por elementos finitos com malhas de 2, 7 e 15 elementos no contato. Foi observado que no momento de alinhamento dos elementos da superfície da amostra com o indentador, ocorreram saltos na resposta do material. Esse fenômeno pode ser visto na Figura 4. Como se pode observar a convergência da curva de descarregamento é muito mais rápida do que para a curva de carregamento, ao utilizar 7 e 15 elementos no contato foram obtidas curvas de descarga similares. Ao refinar a malha, e ao reduzir o tamanho dos elementos próximos à ponta do indentador, tem-se um maior número de elementos que entram em contato com a superfície rígida do indentador. Uma curva lisa (sem degraus ou oscilações) poderia ser obtida ao se reduzir consecutivamente o tamanho dos elementos, mas ao fazê-lo obteve-se uma distorção excessiva na malha que desencadeou erros durante a convergência dos cálculos nas simulações. Chollacoop e Ramamurty (2006) apresentaram resultados obtidos com malhas com idêntica configuração à usada neste trabalho e reportam um mínimo de 10 elementos no contato. Figura 4: Variação do carregamento em função do número de nós em contato. 3.2. Influência do raio de arredondamento do indentador Na Figura 5, apresentam-se as curvas simuladas para diferentes valores de raio de arredondamento da ponta do indentador (R). Observa-se que as curvas simuladas, tratando-se de um comportamento elástico (inclinação da curva de descarregamento), estão de acordo com as experimentais. Há, porém, uma discrepância à curva de carregamento (em relação à parte plástica do material), onde as curvas simuladas se encontram mais deslocadas para direita, mostrando assim uma maior profundidade alcançada para uma mesma carga aplicada em relação à curva experimental. Nota-se também que as curvas deslocaram-se para a direita quando se diminui o raio de arredondamento da ponta do indentador.

10 G. S. Böhme, R. M. Souza. / VIII Encontro de Iniciação Científica do LFS, 6-12 Figura 5: Curvas de Pxh obtidas nas simulações comparadas à curva experimental. Embora muito próximas em seu formato da curva experimental, as curvas de descarregamento geradas na simulação pequenas diferenças entre ambas as curvas de descarregamento (experimental e simulada), geram uma diferença significativa entre o módulo de elasticidade de entrada obtido nos ensaios de tração, equivalente a 68 MPa, e os calculados a partir das curvas de Pxh simuladas, próximos a 90 MPa. A diferença encontrada entre o módulo de elasticidade obtido experimentalmente e aqueles obtidos através da análise das curvas da simulação, pode também ser devida ao fato de que a área em contato real não é a correspondente àquela estimada fazendo uso da curva obtida do modelamento por elementos finitos, em decorrência da elevação do material da amostra ao redor do indentador (pile-up). 3.3. Influência do limite de escoamento Devido ao fato de que a maior discrepância entre as curvas simuladas e as experimentais teve sua origem, provavelmente, na etapa de carregamento em que o material apresenta um comportamento predominantemente plástico, foram feitas simulações adicionais com os mesmos parâmetros que as anteriores, variando-se apenas o limite de escoamento. As curvas Pxh obtidas nas simulações com três valores de limite de escoamento do alumínio Al6063, juntamente com a curva experimental são apresentadas na Figura 6. Os valores do limite de escoamento foram obtidos do máximo, do mínimo e de uma estimativa aproximada possível, através da leitura do gráfico de tensão-deslocamento do ensaio de tração. Observa-se que, com o aumento do limite de escoamento em relação ao valor nominal (estimado) não houve um deslocamento significativo da curva para a esquerda.. Isto sugere que os erros na estimação do limite de escoamento não são a origem da diferença entre as curvas simuladas e a experimental. O valor estimado e utilizado anteriormente se assemelha ao

G. S. Böhme, R. M. Souza / VIII Encontro de Iniciação Científica do LFS, 6-12 11 máximo, o mais próximo a condizer com a curva experimental. É necessário ampliar este estudo em trabalhos futuros que permitam achar uma resposta às diferenças entre as curvas experimentais e as geradas através de simulação. C u r v a P x h A l 6 0 6 1 ( r a i o 1, 5 µ m ) 1 0.9 0.8 0.7 C a r g a [ N ] 0.6 0.5 0.4 E n s a i o r e a l M a i o r e s c o a m e n to M e n o r e s c o a m e n to E s c o a m e n to e s ti m a d o 0.3 0.2 0.1 0 0.0 0 E + 0 0 1.0 0 E - 0 6 2.0 0 E - 0 6 3.0 0 E - 0 6 4.0 0 E - 0 6 5.0 0 E - 0 6 6.0 0 E - 0 6 7.0 0 E - 0 6 8. 0 0 E - 0 6 P r o f u n d i d a d e [ m ] Figura 6: Curvas de Pxh com o limite de escoamento mínimo e máximo aceitáveis. 4. CONCLUSÕES Este trabalho apresenta uma estratégia de modelamento por elementos finitos do contato entre um indentador rígido e um material elasto-plástico durante o ensaio de indentação instrumentada. A análise comparativa entre as curvas carga-deslocamento (Pxh) experimentais e as obtidas nas simulações indicou que o número de elementos em contato e o raio de arredondamento da ponta do penetrador afetam a resposta à indentação do material. A diminuição do tamanho dos elementos da malha aumenta o número de elementos do material em contato com o indentador que, por sua vez, diminui a instabilidade na curva de carregamento resultante das simulações por elementos finitos. Em contraposição, elementos muito pequenos, no contato, causam o interrupção da simulação. A diminuição do radio de arredondamento do indentador produz deslocamento das curvas carga-deslocamento à direita, e, por consequentemente um afastamento da curva Pxh das simulações em relação à experimental. As discrepâncias entre as curvas experimentais e as obtidas na simulação não tem seu origem em erros na estimação do limite de escoamento do material indentado. 5. BIBLIOGRAFIA M. Dao, N. Chollacoop, K. J. Van Vliet, T. A. Venkatesh and S. Suresh Computational modeling of the forward and reverse problems in instrumented sharp indentation. Acta mater. 49, 2001, 3899 3918 N. Cholloacoop and M. Dao and S., Depth-sensing instrumented indentation with dual sharp indenters, Acta Materialia, v.51, 1993, P. 3713-3729. N. Chollacoop and U. Ramamurty, Robustness of the algorithms for extracting plastic properties from the instrumented sharp indentation data, Materials

12 G. S. Böhme, R. M. Souza. / VIII Encontro de Iniciação Científica do LFS, 6-12 Science and Engineering, A 423, 2006, P. 41-45. W. C. Oliver and G. M. Pharr, An improved technique for determining hardness and elastic modulus using load and sensing indentation experiments, Journal of Materials Research, v.7, 1992, P. 1564-1583. S. Suresh and A. E. Giannakopoulos, A new method for estimating residual stress by instrumented indentation, Acta Materialia, v.46, 1998, P. 5755-5767.