Informe Técnico n. 46, de 20 de maio de 2011.

Documentos relacionados
publicação: D.O.U. - Diário Oficial da União; Poder Executivo, de 23 de setembro de 2005

RESOLUÇÃO DE DIRETORIA COLEGIADA - RDC Nº. 270, DE 22 DE SETEMBRO DE 2005.

RESOLUÇÃO DE DIRETORIA COLEGIADA - RDC Nº. 277, DE 22 DE SETEMBRO DE 2005.

RESOLUÇÃO DE DIRETORIA COLEGIADA - RDC Nº. 272, DE 22 DE SETEMBRO DE 2005.

Legislação em Vigilância Sanitária

RESOLUÇÃO DE DIRETORIA COLEGIADA - RDC Nº. 271, DE 22 DE SETEMBRO DE 2005.

Avaliação de Alegações Propriedades Funcionais e ou de Saúde e Registro de Produtos com Alegações

MINISTÉRIO DA AGRICULTURA E DO ABASTECIMENTO SECRETARIA DE DEFESA AGROPECUÁRIA INSTRUÇÃO NORMATIVA Nº 30, DE 27 DE SETEMBRO DE 1999

Nova pagina 2. considerando a possibilidade de efeitos benéficos de nutrientes e de substâncias bioativas dos alimentos;

Informe Técnico n. 65, de 23 de fevereiro de Assunto: Esclarecimentos sobre o uso de enzimas em alimentos e bebidas.

MINISTÉRIO DA AGRICULTURA, PECUÁRIA E ABASTECIMENTO SECRETARIA DE DEFESA AGROPECUÁRIA PORTARIA Nº 567, DE 8 DE DEZEMBRO DE 2010

Ministério da Saúde - MS Agência Nacional de Vigilância Sanitária - ANVISA. (Publicada em DOU nº 40-E, de 25 de fevereiro de 2000)

SECRETARIA DE ESTADO DA SAÚDE DO PARANÁ - SESA SUPERINTENDÊNCIA DE VIGILÂNCIA. Nota Técnica nº 11/13 DVVSA/DVVSP/CEVS/SESA 10 de dezembro 2013.

item 5; revogada(o) por: Resolução RDC nº 24, de 15 de fevereiro de 2005

adota a seguinte Consulta Pública e eu, Diretor-Presidente, determino a sua publicação:

Alimentos com alegação de propriedades funcionais aprovados pela legislação brasileira

SUPLEMENTOS ALIMENTARES: STATUS DA REGULAMENTAÇÃO NO BRASIL E PERSPECTIVAS FUTURAS

Valor Calórico, Carboidratos, Proteínas, Gorduras Totais, Gorduras Saturadas, Colesterol, Fibra Alimentar, Cálcio, Ferro e Sódio.

RESOLUÇÃO N 26, DE 02 DE JULHO DE 2015

Princípios da Alimentação e Saúde

Desafios Regulatórios frente as novas Tecnologias. São Paulo- SP 7 agosto 2014 Fátima D Elia

adota a seguinte Consulta Pública e eu, Diretor-Presidente, determino a sua publicação:

atos relacionados: Lei nº 6437, de 20 de agosto de 1977 revoga: Resolução RDC nº 15, de 21 de fevereiro de 2000

SEGURANÇA DE ALIMENTOS

Tendências Regulatórias em Alimentos

Industria Legal e Segurança Alimentar. DIVISA Diretoria de Vigilância Sanitária e Ambiental do Estado da Bahia

REGULAMENTO TÉCNICO DE IDENTIDADE E QUALIDADE DE MORTADELA 1. Alcance

Portaria Nº 30, de 13 de janeiro de 1998 (*)

ANEXO III REGULAMENTO TÉCNICO DE IDENTIDADE E QUALIDADE DE LINGÜIÇA

MINISTÉRIO DA AGRICULTURA PECUÁRIA E ABASTECIMENTO INSTRUÇÃO NORMATIVA Nº 8, DE 2 DE JUNHO DE 2005.

O CONTROLE SANITÁRIO DE ALIMENTOS: a atuação da SNVS

ANEXO REGULAMENTO TÉCNICO PARA FIXAÇÃO DOS PADRÕES DE IDENTIDADE E QUALIDADE PARA FERMENTADOS ACÉTICOS

Art. 3º Esta Instrução Normativa entra em vigor na data de sua publicação. REGULAMENTO TÉCNICO DE IDENTIDADE E QUALIDADE DE QUEIJO AZUL

REGULAMENTO TÉCNICO DE IDENTIDADE E QUALIDADE DE PRESUNTO

Aspectos Regulatórios

Art. 2º Fica revogada a Instrução Normativa nº 8, de 16 de janeiro de Art. 3º Esta Instrução Normativa entra em vigor na data de sua publicação.

INSTRUÇÃO NORMATIVA INTERMINISTERIAL Nº 1, DE 1º DE ABRIL DE 2004

Art. 2º Esta Instrução Normativa entra em vigor na data de sua publicação.

A Legislação Sanitária: Agroindústria Comunitária de Polpa de Fruta

Jornal Oficial da União Europeia L 106/55

INFORME TÉCNICO N. 69/2015 TEOR DE SÓDIO NOS ALIMENTOS PROCESSADOS

ELABORAÇÃO DA LISTA DE PRODUTOS BÁSICOS PARA O PNAE

I Simpósio de Rotulagem de Alimentos CRQ-IV. Fiscalização e Monitoramento de Alimentos

FEIRA TECNOLÓGICA sobre PALMITO PUPUNHA. APTA REGIONAL POLO do VALE DO RIBEIRA. 06 e 07 de AGOSTO de 2014

CARNE BOVINA SALGADA CURADA DESSECADA OU JERKED BEEF

Curso de rotulagem geral de alimentos embalados. - 4º módulo -

Regulamento sobre a embalagem, rotulagem e propaganda dos produtos destinados à alimentação animal

Curso de rotulagem geral de alimentos embalados. 3º Módulo.

TECNOLOGIA DE PRODUTOS CÁRNEOS CURADOS E FERMENTADOS Tecnologia de Produção da Linguiça I PROF. DR. ESTEVÃN MARTINS DE OLIVEIRA

Aula 02. Enem

TABELAS NUTRICIONAIS E RÓTULOS DOS ALIMENTOS TABELA NUTRICIONAL


Lei8080,19set.1990-Art.3º(BRASIL,1990) A saúde tem como fatores determinantes e condicionantes,

LEI COMPLEMENTAR Nº 014, DE 23 DE ABRIL DE 2012.

Assunto: posicionamento da Coordenação Geral do Programa de Alimentação Escolar a respeito da aquisição de suco de laranja para a alimentação escolar.

REGULAMENTO TÉCNICO DE IDENTIDADE E QUALIDADE DE LOMBO

FARMACOTÉCNICA. Glauce Desmarais

Manual com Perguntas e Respostas sobre LACTOSE

Republicada no D.O.U de 10 de julho de 2003.

PERFIL DOS HOSPITAIS EM RELAÇÃO AO USO DE FÓRMULAS ENTERAIS NAS CIDADES DE UBERLÂNDIA, UBERABA E ARAGUARI- MG.

REGULAMENTO TÉCNICO DE IDENTIDADE E QUALIDADE DO SALAME TIPO MILANO

PERSPECTIVAS DO GOVERNO

Questionário para o Painel das PME da Rede Europeia de Empresas Perfis nutricionais dos alimentos que ostentam alegações

Assunto: Posicionamento da COTAN em relação às bebidas a base de frutas em substituição à fruta na alimentação escolar.

Avaliação da adequação dos rótulos dos suplementos para substituição parcial de refeições de atletas

INSTRUÇÃO NORMATIVA - IN Nº 9, DE 17 DE AGOSTO DE 2009.

Redubio Shake Slim Emagrece

LEITE EM PÓ INTEGRAL

REGULAMENTO TÉCNICO DE IDENTIDADE E QUALIDADE DE BACON E BARRIGA DEFUMADA

Padaria - elaboração de massas de pães salgados e doces, pães congelados atendendo à legislação vigente DANIELE LEAL

REGULAMENTO TÉCNICO DE IDENTIDADE E QUALIDADE DE COPA.

ANÁLISE DAS PROPAGANDAS DE CHÁS COM ALEGAÇÕES TERAPÊUTICAS E/OU MEDICINAIS VEICULADAS EM JOÃO PESSOA PB

REGULAMENTO TÉCNICO DE IDENTIDADE E QUALIDADE DE APRESUNTADO

Informação Nutricional Complementar

REGULAMENTO TÉCNICO MERCOSUL PARA FIXAÇÃO DE IDENTIDADE E QUALIDADE DE DOCE DE LEITE.

NOVAS OPÇÕES PARA SUA NUTRIÇÃO

Informação sobre ingredientes. que provoquem alergias ou intolerâncias

DIRETORIA COLEGIADA RESOLUÇÃO - RDC Nº 54, DE 12 DE NOVEMBRO DE 2012

Agência Nacional de Vigilância Sanitária. Consulta Pública n 246, de 5 de setembro de 2016 D.O.U de 6/09/2016

Comissão Europeia Direção-Geral da Saúde e da Segurança dos Alimentos. Projeto de questionário para o Painel das PME da Rede Europeia de Empresas

AVALIAÇÃO DA ROTULAGEM DE LEITE EM PÓ INTEGRAL COMERCIALIZADO EM MACEIÓ AL

SABES O QUE ESTÁS A COMER?

[notificada com o número C(2016) 1423] (Apenas faz fé o texto em língua dinamarquesa)

ANÁLISE DAS BOAS PRÁTICAS DE FABRICAÇÃO (BPF): APLICAÇÃO DE UM CHECK-LIST EM DOIS FRIGORÍFICOS NO MUNICÍPIO DE SALGUEIRO-PE.

REGISTROS DE FÓRMULAS ENTERAIS Dados, atividades em andamento e dificuldades. Agência Nacional de Vigilância Sanitária - Anvisa

ESPECIFICAÇÃO TÉCNICA Leite de Côco Desidratado

Autor: Senado Federal Relatora: Deputada IRACEMA PORTELLA

Secretaria de Estado da Educação do Paraná Superintendência de Desenvolvimento da Educação DEFINIÇÃO DA DOENÇA

AVALIAÇÃO DA INFORMAÇÃO NUTRICIONAL CONTIDA NOS RÓTULOS DE BISCOITOS DO TIPO RECHEADO SABOR CHOCOLATE

PREFEITURA MUNICIPAL DE MARACANÃ Secretaria Municipal de Educação CNPJ/ /

ALIMENTAÇÃO E SAÚDE 1 - A RELAÇÃO ENTRE A ALIMENTAÇÃO E SAÚDE

MACROTEMA DE ALIMENTOS

Regulamentação da Lei nº , de 2016

IA' Assunto: Bebidas não alcoólicas. Instruções N ormativas MAPA n 17, 18 e 19, de Perguntas e respostas.

RESOLUÇÃO-RDC No- 59, DE 24 DE NOVEMBRO DE 2009

O PAPEL DA ANVISA NA ALIMENTOS NO BRASIL

Análise da adequação de rótulos de ração humana à legislação vigente

A LEITURA DO RÓTULO. O que é obrigatório constar no rótulo?

ENTENDENDO O CARDÁPIO. Centro Colaborador de Alimentação e Nutrição do Escolar (CECANE)

FUNDAÇÃO UNIVERSIDADE FEDERAL DE SÃO CARLOS COMITÊ GESTOR DO PROGRAMA DE AQUISIÇÃO DE ALIMENTOS Portaria GR nº 128, de 22 de fevereiro de 2017

Transcrição:

Informe Técnico n. 46, de 20 de maio de 2011. Assunto: Esclarecimentos sobre produtos comercializados com a denominação RAÇÃO HUMANA 1. Introdução A Gerência Geral de Alimentos da ANVISA tem recebido questionamentos sobre produtos vendidos com a denominação Ração Humana, em virtude de sua crescente comercialização. Verifica-se que as formulações destes produtos variam de acordo com a empresa fabricante. Porém, de forma geral, são compostos por uma mistura de diferentes cereais, farinhas, farelos, fibras e outros ingredientes, tais como guaraná em pó, gelatina em pó, cacau em pó, levedo de cerveja, extrato de soja, linhaça, gergelim. Este informe tem por objetivo prestar esclarecimentos sobre o enquadramento e a necessidade de registro de produtos, quando houver, que vêm sendo comercializados como Ração Humana, bem como alegações comumente veiculadas nos rótulos e material publicitário. 2. Enquadramento do produto A categoria a ser enquadrado o produto depende de suas características de identidade, qualidade e finalidade de uso. É de responsabilidade da empresa o correto enquadramento do produto, de acordo com a legislação vigente. Os produtos compostos apenas por uma mistura de cereais, amidos, farinhas e farelos devem atender à Resolução ANVISA RDC n. 263, de 22 de setembro de 2005, que estabelece as características mínimas de qualidade a que devem obedecer tais produtos. Caso o produto contenha outros ingredientes, além de cereais, amidos, farinhas e farelos, contemplados pela Resolução ANVISA RDC n. 263/2005 (como por exemplo, guaraná em pó, gelatina em pó, cacau em pó, gergelim), é possível enquadrá-lo na categoria de misturas para o preparo de alimentos e alimentos prontos para o consumo. Esta categoria é regulamentada pela Resolução ANVISA RDC n. 273, de 22 de setembro de 2005, estando excluídos os alimentos definidos por outros Regulamentos Técnicos específicos.

Ressalta-se, no entanto, que a utilização de espécie vegetal, parte de vegetal ou de ingrediente que não são usados tradicionalmente como alimento, deve ser avaliada quanto à segurança de uso, em atendimento à Resolução ANVISA n. 17, de 30 de abril de 1999, conforme dispõem os itens 6.3 das Resoluções ANVISA RDC n. 263/2005 e RDC n. 273/2005. A farinha da casca de maracujá, a farinha de feijão branco cru, extratos alcoólicos de espécies vegetais, entre outros, são exemplos de ingredientes que se enquadram nessa situação, visto serem considerados novos ingredientes, de acordo com a Resolução ANVISA n. 16, de 30 de abril de 1999. Os novos alimentos e ou novos ingredientes são os alimentos ou substâncias sem histórico de consumo no País, ou alimentos com substâncias já consumidas, e que, entretanto, venham a ser adicionadas ou utilizadas em níveis muito superiores aos atualmente observados nos alimentos utilizados na dieta regular. Os novos alimentos ou produtos que contenham novos ingredientes devem ser avaliados quanto à segurança de uso, em atendimento à Resolução ANVISA n. 16/99 e à Resolução ANVISA n. 17/1999, que estabelece as Diretrizes Básicas para a Avaliação de Risco e Segurança dos Alimentos. No sítio eletrônico da ANVISA, em Alimentos Novos Alimentos e Novos Ingredientes Novos Ingredientes Aprovados, estão dispostos os novos ingredientes que quando utilizados em produtos isentos de registro, estes produtos continuam isentos do registro (Quadro 1) e os novos ingredientes que quando utilizados em produtos isentos de registro tornam o registro obrigatório (Quadro 2). Dessa forma, se o produto possuir um novo ingrediente que não conste do Quadro 1, deve ser enquadrado na categoria de novos alimentos, regulamentada pela Resolução ANVISA n. 16/1999. Vale destacar que não é permitida, na formulação de alimentos, a utilização de substâncias farmacológicas e fitoterápicas, tais como ginseng, ginkgo biloba e sene. Produtos com finalidade medicamentosa ou terapêutica estão excluídos da área de alimentos, conforme dispõe o art. 56 do Decreto Lei n. 986, de 21 de outubro de 1969. Caso a empresa deseje utilizar alegação de propriedade funcional e ou de saúde em seu rótulo e ou material publicitário, o produto deve ser enquadrado na categoria de alimentos com alegações de propriedades funcionais e ou de saúde, regulamentada pelas Resoluções ANVISA n. 18 e n. 19, de 30 de abril de 1999. A Resolução ANVISA n. 18/1999 define o que são alegações de propriedade funcional ou de saúde: - ALEGAÇÃO DE PROPRIEDADE FUNCIONAL: é aquela relativa ao papel metabólico ou fisiológico que o nutriente ou não nutriente tem no crescimento, desenvolvimento, manutenção e outras funções normais do organismo humano. - ALEGAÇÃO DE PROPRIEDADE DE SAÚDE: é aquela que afirma, sugere ou implica a existência de relação entre o alimento ou ingrediente com doença ou condição relacionada à saúde.

As orientações e informações sobre alegações de propriedades funcionais e ou de saúde estão dispostas no sítio eletrônico da ANVISA, em Alimentos Alimentos com Alegações de Propriedades Funcionais e ou de Saúde. 3. Necessidade de registro do produto A necessidade de registro de um produto alimentício depende de sua categoria de enquadramento. As categorias de alimentos com obrigatoriedade e isentas de registro estão dispostas na Resolução ANVISA RDC n. 27, de 6 de agosto de 2010. Produtos que atendem à Resolução ANVISA RDC n. 263/2005 e à Resolução ANVISA RDC n. 273/2005 estão isentos de registro, conforme disposto no Anexo I da Resolução ANVISA RDC n. 27/2010. Para estes produtos, a empresa deve protocolar o Comunicado de Início de Fabricação no órgão de vigilância sanitária local, conforme dispõe a Resolução ANVISA n. 23, de 15 de março de 2000. Por outro lado, o produto terá registro obrigatório caso se enquadre nas categorias de novos alimentos (Resolução ANVISA n. 16/1999) ou de alimentos com alegações de propriedades funcionais e ou de saúde (Resoluções ANVISA n. 18 e n. 19/1999), conforme dispõe o Anexo II da Resolução ANVISA RDC n. 27/2010. 4. Denominação do Produto O produto não pode ser designado como Ração Humana, uma vez que esta denominação não indica a verdadeira natureza e as características do alimento. De acordo com o item 2.9 da Resolução ANVISA RDC n. 259, de 20 de setembro de 2002, a denominação de venda do alimento é o nome específico e não genérico que indica a verdadeira natureza e as características do alimento e será fixado no Regulamento Técnico específico que estabelecer os padrões de identidade e qualidade inerentes ao produto. Para produtos enquadrados na categoria de produtos de cereais, amidos, farinhas e farelos, a designação deve estar de acordo com o item 3 da Resolução RDC n. 263/2005. Estes produtos podem ser designados por denominações consagradas pelo uso, podendo ser acrescida de expressões relativas ao ingrediente que caracteriza o produto, processo de obtenção, forma de apresentação, finalidade de uso e ou característica específica. A designação das farinhas, amidos, féculas e farelos deve ser seguida do(s) nome(s) comum(ns) da(s) espécie(s) vegetal(is) utilizada(s). Os amidos extraídos de tubérculos, raízes e rizomas podem ser designados de fécula. A mistura de farelos deve ser designada de "Mistura de Farelos", seguida dos nomes comuns das espécies vegetais utilizadas. A mistura de farelo(s) com outro(s) ingrediente(s) deve ser designada de "Mistura à Base de Farelo(s)". Os produtos enquadrados na categoria de misturas para o preparo de alimentos e alimentos prontos para consumo devem ser denominados conforme disposto no item 3 da Resolução ANVISA RDC n. 273/2005: - Misturas para o Preparo de Alimento: "Mistura..." ou "Pó..." ou expressão equivalente seguido do nome do alimento a ser obtido após o preparo. Pode

ser acrescida de designações consagradas pelo uso e ou expressões relativas ao processo de obtenção, finalidade de uso, característica específica ou ingrediente que caracteriza o alimento a ser preparado. - Alimentos Semi-Prontos ou Prontos para o Consumo: devem ser designados por denominação consagrada pelo uso. A designação pode ser acrescida de expressões relativas ao(s) ingrediente(s) que caracteriza(m) o produto, processo de obtenção, forma de apresentação ou característica específica. 5. Alegações terapêuticas e ou medicamentosas Alegações de propriedades terapêuticas e ou medicamentosas não são permitidas para alimentos, de acordo com o artigo 56 do Decreto lei n. 986/1969 e com o item 3.1 da Resolução ANVISA RDC n. 259/2002. Declarações deste tipo têm sido verificadas em rótulos de produtos comercializados como Ração Humana e estão em desacordo com a legislação, tais como: excelente regulador intestinal ; controla o colesterol e os triglicerídeos ; estabiliza os níveis de açúcar no sangue ; auxilia no combate do diabetes e da obesidade ; combate anemia, fadiga e reumatismo ; ajuda na desintoxicação do organismo. 6. Alegações relacionadas a emagrecimento Também não estão permitidas alegações relacionadas a emagrecimento ou declarações que indiquem o uso do produto para substituir refeições, tais como: sacia a fome, ajuda a emagrecer e manter o peso, auxilia no emagrecimento, o ideal é que pelo menos uma das refeições seja substituída pelo produto. Alimentos que se destinam a substituir refeições, com a finalidade de auxiliar o controle de peso, devem cumprir com as disposições da Portaria SVS/MS n. 30, de 13 de janeiro de 1998. Estes produtos, considerados alimentos para fins especiais, são formulados e elaborados de forma a apresentar composição definida e adequada para suprir parcialmente as necessidades nutricionais do indivíduo e são destinados a auxiliar a redução, manutenção e ou ganho de peso corporal. 7. Considerações Finais Os produtos compostos por misturas de cereais, farinhas, farelos e outros ingredientes devem atender ao Regulamento Técnico específico que estabelece suas características mínimas de qualidade. A expressão RAÇÃO HUMANA não pode ser utilizada como denominação de venda, pois está em desacordo à Resolução ANVISA RDC n. 259/2002. Os produtos devem ser obtidos, processados, embalados, armazenados, transportados e conservados em condições que não produzam, desenvolvam e ou agreguem substâncias físicas, químicas ou biológicas que coloquem em risco a saúde do consumidor. Deve ser obedecida a legislação vigente de Boas Práticas de Fabricação, Portaria 326, de 30 de julho de 1997 e Resolução ANVISA RDC n. 275, de 21 de outubro de 2002.

Os produtos devem atender aos Regulamentos Técnicos específicos de Aditivos Alimentares e Coadjuvantes de Tecnologia de Fabricação; Contaminantes; Características Macroscópicas, Microscópicas e Microbiológicas; Rotulagem de Alimentos Embalados; Rotulagem Nutricional de Alimentos Embalados; Informação Nutricional Complementar, quando houver e outras legislações pertinentes. Alegações de propriedades medicamentosas, terapêuticas e relativas a emagrecimento não podem constar do rótulo ou material publicitário do produto. Para utilizar alegações de propriedades funcionais e ou de saúde, a empresa deve protocolar pedido de registro do produto na categoria específica e atender às disposições da legislação pertinente. O consumo de produtos com alto teor de fibras, como misturas de cereais, farinhas e farelos, deve estar inserido no contexto de uma alimentação diversificada e saudável. É importante ressaltar que o consumo desses produtos em detrimento a outros alimentos ou para substituir refeições pode trazer prejuízos à saúde, pois não fornecem todos os nutrientes necessários a uma alimentação adequada. De acordo com os princípios de uma alimentação saudável, conforme Guia Alimentar da População Brasileira (BRASIL, 2006), todos os grupos de alimentos devem compor a dieta diária. A diversidade dietética que fundamenta o conceito de alimentação saudável pressupõe que nenhum alimento específico ou grupo deles isoladamente é suficiente para fornecer todos os nutrientes necessários a uma boa nutrição e conseqüente manutenção da saúde. Alimentos com perfil nutricional adequado devem ser valorizados e entrarão naturalmente na dieta adotada, sem que se precise mistificar uma ou mais de suas características, tendência esta muito explorada pela propaganda e publicidade de alimentos e complementos nutricionais. Mesmo as dietas para perda ou manutenção do peso corporal, que exigem redução calórica, devem atender ao padrão alimentar e nutricional considerado adequado e o consumo de produtos com esta finalidade deve ser orientado por nutricionista ou médico. 8. Referências: BRASIL. Decreto-Lei nº. 986, de 21 de outubro de 1969. Institui normas básicas sobre alimentos. Diário Oficial da União, Brasília, DF, 21 out. 1969, Seção 1. BRASIL. Ministério da Saúde. Guia Alimentar da População Brasileira: Promovendo a Alimentação Saudável. Brasília, 2006. 210 p. BRASIL. Portaria SVS/MS nº 326, de 30 de julho de 1997. Regulamento Técnico sobre as Condições Higiênico-Sanitárias e de Boas Práticas de Fabricação para Estabelecimentos Produtores/Industrializadores de alimentos. BRASIL. Portaria SVS/MS nº 30, de 13 de janeiro de 1998. Regulamento Técnico referente a Alimentos para Controle de Peso. Diário Oficial da União, Brasília, DF, 16 jan. 1998.

BRASIL. Resolução nº 16, de 30 de abril de 1999. Regulamento Técnico de Procedimentos para registro de Alimentos e ou Novos Ingredientes. Diário Oficial da União, Brasília, DF, 03 dez. 1999. BRASIL. Resolução nº 17, de 30 de abril de 1999. Diretrizes Básicas para Avaliação de Risco e Segurança dos Alimentos. Diário Oficial da União, Brasília, DF, 03 maio 1999. BRASIL. Resolução nº 18, de 30 de abril de 1999. Diretrizes Básicas para Análise e Comprovação de Propriedades Funcionais e ou de Saúde em Rotulagens de Alimentos. Diário Oficial da União, Brasília, DF, 03 maio 1999. BRASIL. Resolução nº 19, de 30 de abril de 1999. Regulamento Técnico de procedimentos para registro de alimento com alegação de propriedades funcionais e ou de saúde em sua rotulagem. Diário Oficial da União, Brasília, DF, 03 maio 1999. BRASIL. Resolução n. 23, de 15 de março de 2000. Manual de Procedimentos para Registro e Dispensa de Registro de Produtos. Diário Oficial da União, Brasília, DF, 16 mar 2000. BRASIL. Resolução RDC nº 275, de 21 de outubro de 2002. Regulamento Técnico de Procedimentos Operacionais Padronizados Aplicados aos Estabelecimentos Produtores/Industrializadores de Alimentos e a Lista de Verificação das Boas Práticas de Fabricação em Estabelecimentos Produtores/Industrializadores de Alimentos. BRASIL. Resolução RDC nº. 259, de 20 de setembro de 2002. Regulamento Técnico sobre Rotulagem de Alimentos Embalados. Diário Oficial da União, Brasília, DF, 23 set. 2002. BRASIL. Resolução RDC nº. 263, de 22 de setembro de 2005. Regulamento Técnico sobre Produtos de Cereais, Amidos, Farinhas e Farelos. Diário Oficial da União, Brasília, DF, 23 set. 2005. BRASIL. Resolução RDC nº. 273, de 22 de setembro de 2005. Regulamento Técnico sobre Misturas para o Preparo de Alimentos. Diário Oficial da União, Brasília, DF, 23 set. 2005. BRASIL. Resolução ANVISA RDC n. 27, de 6 de agosto de 2010. Dispõe sobre as categorias de alimentos e embalagens isentos e com obrigatoriedade de registro sanitário. Diário Oficial da União, Brasília, DF, 09 ago. 2010.