REUSO DE ÁGUA. em garagens de ônibus



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Transcrição:

3 REUSO DE ÁGUA em garagens de ônibus

2

REUSO DE ÁGUA em garagens de ônibus

Realização FETRANSPOR Federação das Empresas de Transportes de Passageiros do Estado do Rio de Janeiro Lélis Marcos Teixeira Presidente Executivo Richele Cabral Gonçalves Diretora de Mobilidade Urbana Guilherme Wilson da Conceição Gerente de Planejamento e Operações Giselle Smocking Rosa Bernardes Ribeiro Coordenadora de Meio Ambiente Morgana Batista Alves Rangel Especialista em Meio Ambiente Viviane Japiassú Viana Especialista em Meio Ambiente Eunice Horácio de Souza de Barros Teixeira Especialista em Transportes Felippe Da Cás Analista de Estudos Econômicos Miguel Ângelo Almeida Faria de Paula Especialista em Transportes Milena Santana Borges Especialista em Transportes Paula Leopoldino Barros Especialista em Transportes Sérgio Peixoto dos Santos Assistente de Planejamento Ádria Dias Vital Estagiária de Planejamento Renato Oliveira Arbex Estagiário de Planejamento Autoras Giselle Smocking Rosa Bernardes Ribeiro Coordenadora de Meio Ambiente Morgana Batista Alves Rangel Especialista em Meio Ambiente Colaboração Viviane Japiassú Viana Especialista em Meio Ambiente Produção Verônica Abdalla Revisão Tânia Mara e Patricia Gonçalves Projeto Gráfico Ampersand Comunicação Gráfica Fotos Jorge dos Santos Fetranspor e cedidas por: Auto Viação 1001 Ltda, Viação Nossa Senhora do Amparo Ltda, Viação Pendotiba Ltda, Viação Teresópolis Ltda, Viação Grande Vitória Ltda Impressão Gráfica Minister

Sumário 1. Introdução...4 2. Reuso de água aplicado ao setor de transportes: lavagem de veículos...11 3. Tipos de tratamento...15 4. Estimativa de custos e modalidades de contratos oferecidas pelo mercado...22 5. Benefícios... 25 6. Referências bibliográficas... 29

6 Introdução

A água é um recurso natural de valor inestimável. Mais que um insumo indispensável à produção e um recurso estratégico para o desenvolvimento econômico, ela é vital para manutenção dos ciclos biológicos, geológicos e químicos, que mantêm em equilíbrio os ecossistemas. Estima-se que, das águas existentes no nosso planeta, 99% não estão disponíveis para uso, pois 97% são salgadas e estão nos oceanos e 2% nas geleiras; a água doce representa apenas 1% dos recursos hídricos. No Brasil encontramos cerca de 8% de toda a água doce da superfície da Terra, estando 80% deste volume na região amazônica, o que mostra a importância do nosso país na questão hídrica, ainda mais se lembrarmos que a escassez de água atinge 40% da população mundial. Ao lado, sistema de tratamento da Viação Nossa Senhora do Amparo Ltda 7

Cálculos recentes consideram que a mudança climática será responsável por cerca de 20% da diminuição da disponibilidade de água. Outro fator que contribui para a redução dos recursos de água doce é a poluição. Segundo a Organização das Nações Unidas (ONU) dois milhões de toneladas de resíduos são despejados diariamente no meio ambiente, incluindo componentes industriais, químicos, dejetos humanos e resíduos agrícolas (fertilizantes e herbicidas). Neste contexto o reuso de água apresenta-se como uma promissora solução, sugerindo a utilização de águas de qualidade inferior para usos que as tolerem. O reaproveitamento ou reuso da água é o processo pelo qual a água, tratada ou não, é reutilizada para o mesmo ou outro fim. A água de reuso é imprópria para o consumo, mas pode ser utilizada com diversos propósitos, como, por exemplo, geração de energia, refrigeração de equipamentos, lavagem de veículos etc. Por exemplo, o processo de lavagem dos ônibus pode aceitar águas não potáveis a água utilizada é captada e enviada para uma Estação de Tratamento de Efluentes (ETE), para então ser no - vamente reutilizada na lavagem dos ônibus, fazendo com que o sistema se aproxime de um ciclo fechado, com mínima perda. Esta água também pode ser reutilizada em outras atividades da empresa, tais como: limpeza das dependências da propriedade, descargas dos banheiros, áreas de jardinagem e no combate a incêndio. Apesar do investimento para fazer as adequações necessárias, a empresa que utiliza o reuso economiza no consumo de água e no pagamento da taxa de esgoto, tornando-se assim mais competitiva no mercado. A prática do reuso permite que um volume maior de água permaneça disponível para outras finalidades, garantindo seu uso racional e reduzindo a demanda de água sobre os manan- 8

ciais, uma vez que há substituição do uso de água potável por uma de qualidade inferior. Legislação e Prazos A Resolução N 54 do Conselho Nacional de Recursos Hídricos (CNRH), de 28 de novembro de 2005, estabelece as modalidades, diretrizes e critérios gerais que regulamentam e estimulam a prática de reuso direto não potável de água em todo o território nacional. No artigo 3º desta Lei são definidas cinco modalidades de reuso de água. Ressalta-se que o reuso de água na lavagem de veículos está previsto na modalidade I reuso para fins urbanos. I reuso para fins urbanos: utilização de água de reuso para fins de irrigação paisagística, lavagem de logradouros públicos e veículos, desobstrução de tubulações, construção civil, edificações, combate a incêndio, dentro da área urbana; II reuso para fins agrícolas e florestais: aplicação de água de reuso para produção agrícola e cultivo de florestas plantadas; III reuso para fins ambientais: utilização de água de reuso para implantação de projetos de recuperação do meio ambiente; IV reuso para fins industriais: utilização de água de reuso em processos, atividades e operações industriais; e, V reuso na agricultura: utilização de água de reuso para criação de animais ou cultivo de vegetais aquáticos. 9

Já o artigo 4º atribui aos órgãos integrantes do Sistema Nacional de Gerenciamento de Recursos Hídricos (Singreh), no âmbito de suas respectivas competências, a avaliação dos efeitos sobre os corpos hídricos decorrentes da prática do reuso e o estabelecimento de instrumentos regulatórios e de incentivo para as diversas modalidades de reuso. Ressalta-se que no Estado do Rio de Janeiro esta competência está atribuída ao Instituto Estadual do Ambiente Inea. Em 8 de setembro de 2011 foi publicada a Lei Estadual 6.034, que dispõe sobre a obrigatoriedade dos postos de combustíveis, lava-rápidos, transportadoras e empresas de ônibus urbanos intermunicipais e interestaduais, lo cali - zados no Estado do Rio de Janeiro, de instalarem equipamentos para tratamento e reutilização da água usada na lavagem de veículos. Esta Lei estabelece, a partir da data de publicação, o prazo de 180 dias (6 de março de 2012) para implantação e aplicação do sistema de tratamento e reutilização da água. O não cumprimento do estabelecido sujei - ta o infrator à notificação para instalação dos equipamentos, no prazo máximo de 60 dias, sob pena de multa no valor de 150 UFIRs-RJ (Unidades de Referências Fiscais do Estado do Rio de Janeiro), dobrada em caso de reincidência. Ressalta-se que a Lei 6.034/ 2011 ainda não foi regulamentada, e que as diretrizes para sua execução serão definidas em posterior disposição regulamentar. Uma vez que ainda não existe uma legislação que regulamente os parâmetros para tratamento da água para reuso, o mercado tem adotado os critérios estabelecidos pela norma ABNT NBR 13.969 de setembro de 1997. As aplicações e padrões de qualidade descritos pela norma são apresentados no quadro a seguir. 10

Água de reuso Aplicações Padrões e qualidade Classe 1 Lavagem de carros e outros usos com contato direto com o usuário. Turbidez < 5 ut Coliformes termotolerantes < 200 NMP / 100 ml Sólidos dissolvidos totais < 200 mg / L ph entre 6 e 8 Cloro residual entre 0,5 mg/l a 1,5 mg/l Classe 2 Classe 3 Lavagem de pisos, calçadas e irrigação de jardins, manutenção de lagos e canais paisagísticos, exceto chafarizes. Descargas em vasos sanitários. Turbidez < 10 ut Coliformes termotolerantes < 500 NMP / 100 ml Cloro residual superior a 0,5 mg/l Turbidez < 5 ut Coliformes termotolerantes < 500 NMP / 100 ml Classe 4 Irrigação de pomares, cereais, forragens, pastagem para gados e outros cultivos, através de escoamento superficial ou por sistema de irrigação pontual. Coliformes termotolerantes < 5000 NMP / 100 ml Oxigênio dissolvido < 2,0 mg/l 11

Sistemas de tratamento e reutilização da água A implantação de um sistema de tratamento e reutilização da água requer um estudo para que os investimentos sejam efetivamente aproveitados e o empreendimento tenha o retorno esperado. O estudo deve abordar alternativas de sistemas de aproveitamento e reuso de água, a fim de determinar a quantidade de água gerada (oferta) pelas fontes escolhidas, assim como a quantidade de água destinada às atividades fim (demanda). Tomando-se por base estes valores, devem ser dimensionados os equipamentos, os volumes de reservas necessários, os possíveis volumes comple mentares de água, e escolhidas as tecnologias de tratamentos a serem empregadas. Com base nas alternativas de sistemas geradas, determinam-se quais as de maior eficiência, tanto no aspecto técnico quanto econômico (PIO, 2011). 12 Abaixo, leito de secagem do lodo e, ao lado, a estação de tratamento da Auto Viação 1001 Ltda Ao lado, escrever legenda para esta foto...

13

14 Reuso de água aplicado ao setor de transportes: lavagem de veículos

Neste processo, a água proveniente da lavagem de veículos é direcionada à estação de tratamento, através de canaletas e caixas separadoras de água e óleo. Nesta etapa poderá haver um pré-tratamento, no qual o efluente é separado dos sólidos mais grosseiros esta técnica é conhecida como gradeamento. A próxima fase envolve o tratamento deste efluente, que pode ser realizado através de diferentes tecnologias (química, física, biológica ou combinadas). Após o tratamento a água é armazenada em um reservatório, ficando disponível para reutilização. Ao lado, Viação Pendotiba Ltda 15

Em cada caso deverão ser avaliados os equipamentos e tecnologias mais apropriados, dentre as diversas opções existentes, ressaltando-se que uma determinada tecnologia pode ser excelente para uma implantação específica e totalmente inadequada para outra. A escolha da tecnologia mais adequada deve considerar fatores como: os usos previstos para efluente tratado; o volume de efluente a ser reutilizado; o grau de tratamento necessário; o sistema de reservatórios e de distribuição; a manutenção da operação e treinamento dos responsáveis; e as vantagens e desvantagens de cada equipamento e do custo. A seguir serão apresentados os principais tipos e tecnologias de tratamento para reutilização de água disponível no mercado. 16

Figura 1: Representação gráfica de um sistema integrado de gestão racional com reuso de água na lavagem de veículos e com o reaproveitamento da água de chuva. Fonte: Aqua Línea 17

18 Tipos de Tratamento 1

O funcionamento de uma Estação de Tratamento de Efluente (ETE) compreende basicamente as seguintes etapas: pré-tratamento (gradeamento e desarenação), tratamento primário (floculação e sedimentação), tratamento secundário (processos biológicos de oxidação), tratamento do lodo e tratamento terciário (polimento da água). No tratamento de água para reuso em lavagem de veículos, nas garagens de ônibus, geralmente são utilizadas tecnologias de tratamento primário e/ou secundário. As tecnologias de tratamento terciário são utilizadas para usos que requerem padrões de qualidade mais exigentes, por exemplo, em processos industriais. 1 (Silva & Carvalho, 2011) Ao lado, Viação Pendotiba Ltda 19

Tratamento preliminar Constituído unicamente por processos físicos. Nesta etapa, é feita a remoção dos materiais em suspensão, através da utilização de grelhas e de crivos grossos (gradeamento), bem como a separação da água residual das areias a partir da utilização de canais de areia (desarenação). Gradeamento: etapa na qual ocorre a remoção de sólidos grosseiros, em que o material de dimensões maiores do que o espaçamento entre as barras é retido. Há grades grosseiras (espaços de 5 a 10 cm), grades médias (espaços entre 2 a 4 cm) e grades finas (entre 1 e 2 cm), que têm por objetivo reter o material sólido grosseiro em suspensão no efluente. As principais finalidades do gradeamento são: proteção dos dispositivos de transporte dos efluentes (bombas e tubulações); proteção das unidades de tratamento subsequentes; e proteção dos corpos receptores. Desarenação: etapa na qual ocorre a remoção da areia por sedimentação. Os grãos de areia, devido às suas maiores dimensões e densidade, vão para o fundo do tanque, enquanto a matéria orgânica, de sedimentação bem mais lenta, permanece em suspensão, seguindo para as unidades seguintes. As finalidades básicas da remoção de areia são: evitar abrasão nos equipamentos e tubulações; eliminar ou reduzir a possibilidade de obstrução em tubulações, tanques, orifícios, sifões; e facilitar o transporte do líquido, principalmente a transferência de lodo, em suas diversas fases. 20

Tratamento primário O tratamento primário é constituído unicamente por processos físico-químicos. Nesta etapa procede-se a equalização e neutralização da carga do efluente a partir de um tanque de equalização e adição de produtos químicos. Seguidamente, ocorre a separação de partículas líquidas ou sólidas através de processos de floculação e sedimentação, utilizando floculadores e decantadores. bruto) por meio da sedimentação das partículas sólidas. Os tanques de decantação podem ser circulares ou retangulares. Os efluentes fluem vagarosamente através dos decantadores, permitindo que os sólidos em suspensão, que apresentam densidade maior do que o do líquido circundante, sedimentem gradualmente no fundo. Floculação: o processo de coagulação, ou floculação, consiste na adição de produtos químicos que promovem a aglutinação e o agrupamento das partículas a serem removidas, tornando o peso específico das mesmas maiores que o da água, facilitando a decantação. Decantação Primária: esta etapa consiste na separação sólido (lodo) líquido (efluente Peneira Rotativa: dependendo da natureza e da granulometria do sólido, as peneiras podem substituir o sistema de gradeamento ou os decantadores primários. A finalidade é separar sólidos com granulometria superior à dimensão dos furos da tela. O fluxo atravessa o cilindro de gradeamento em movimento, de dentro para fora. Os sólidos são retidos em função da perda de carga na tela, removidos continuamente e recolhidos em caçambas. 21

Tratamento secundário Etapa na qual ocorre a remoção da matéria orgânica, por meio de reações bioquímicas. Os processos podem ser aeróbicos (na presença de oxigênio) ou anaeróbicos (ausência de oxigênio). Os ae róbios simulam o processo natural de decomposição, com eficiência no tratamento de partículas finas em suspensão. O oxigênio é obtido por aeração mecânica (agitação) ou por insuflação de ar. Já os anaeróbios consistem na estabilização de resíduos feita pela ação de microrganismos, na ausência de oxigênio. Tanque de Aeração: tanque no qual a remoção da matéria orgânica é efetuada por reações bioquímicas, realizadas por microrganismos aeróbios (bactérias, protozoários, fungos etc). A base de todo o processo biológico é o contato efetivo entre esses organismos e o material orgânico contido nos efluentes, de tal forma que esse 22 possa ser utilizado como alimento pelos microrganismos. Os microrganismos convertem a matéria orgânica em gás carbônico, água e material celular (crescimento e reprodução dos microrganismos). Decantação Secundária: etapa em que ocorre a clarificação do efluente. Os decantadores secundários são os responsáveis pela separação dos sólidos em suspensão presentes no tanque de aeração, permitindo a saída de um efluente clarificado, e pela sedimentação dos sólidos em suspensão no fundo do decantador (lodo). O lodo gerado no processo é um resíduo perigoso e pode ser tratado através de adensamento e/ou desidratação processos que promovem a redução do volume e da umidade do lodo, a fim de reduzir o custo com a destinação de resíduos perigosos.

Tratamento terciário O tratamento terciário pode ser empregado com a finalidade de se conseguir remoções adicionais de poluentes em águas residuárias, antes de sua descarga no corpo receptor e/ou para recirculação em sistema fechado. Esta operação é também chamada de polimento. Em função das necessidades de cada atividade, os processos de tra ta mento terciário são muito diversificados; no entanto vale citar as seguintes etapas: filtração, cloração ou ozonização para remoção de bactérias; absorção por carvão ativado e outros processos de absorção química para remoção de cor, redução de espuma e de sólidos inorgânicos, tais como: eletrodiálise, osmose reversa e troca iônica. Ozonização: o composto químico Ozônio é um poderoso oxidante e desinfetante de ação não seletiva. Este tratamento é extremamente eficaz como germicida, destruindo 100% dos vírus, bactérias e outros agentes patogênicos. ABsorção em carvão ativado: o carvão ativado é utilizado no tratamento avançado de esgotos para remoção de materiais orgânicos solúveis que não são eliminados nos outros tratamentos. As partículas aderem aos poros do carvão até que sua capacidade se esgote. Para a regeneração, o carvão é aquecido, o que volatiliza o material orgânico tornando os poros do carvão livres novamente. É utilizado em tratamentos com auto grau de purificação da água. Troca iônica: remove praticamente todos os íons presentes na água. Como a dismineralização da água, consiste na remoção de íons presentes nela. O processo é também conhecido como deionização. Esse sistema é eficaz para remoção de nitrogênio amoniacal (nitrogênio 23

proveniente de um composto derivado do amoníaco), sendo indicado para aplicações de reuso voltadas para baixas concentrações desses contaminantes e de partículas sólidas dissolvidas. Recicladora de água (Viação Teresópolis Ltda). Ao lado, Auto Viação 1001 Ltda Separação por membranas: o uso de membranas é relativamente recente no campo da purificação da água. A observação de tecidos vegetais e animais inspirou a engenharia de sua fabricação. A água passa através dos poros da membrana, em decorrência de uma força motriz (força que causa movimento) que separa parte de suas impurezas originais, na forma de um concentrado. O tipo de membrana determina que tipo de impureza será removida. 24

A água reciclada de forma adequada não apresenta riscos à saúde humana nem prejuízos à atividade, como, por exemplo, a pintura dos veículos 25

Estimativa de custos e modalidades de contratos oferecidas pelo mercado 26

A estação de tratamento para reuso pode ser adquirida no mercado por um custo de R$ 50 mil a R$ 120 mil. Este valor varia com a vazão de água utilizada pela garagem e, portanto, com a capacidade de tratamento do sistema e com o tipo de tecnologia utilizada, e não inclui os custos com manutenção e operação do sistema. Em alguns casos o contrato com o fornecedor pode prever o treinamento de funcionários da empresa para realizar a manutenção e operação do sistema. Ressalta-se que neste valor é considerado que a garagem já possui canaletas e Caixas Separadoras de Água e Óleo (CSAO), na área de lavagem de veículos, itens necessários à implantação do sistema de tratamento. Caso a garagem não possua estes equipamentos, deve ser considerado também o custo para implantação dos mesmos. Ao lado, Viação Nossa Senhora do Amparo Ltda 27

A manutenção e a operação do sistema de reuso podem ser realizadas pelo fornecedor. Neste caso, tem-se um custo de aproximadamente R$ 2,65 por metro cúbico referente à mão de obra de assistência, produtos químico e manutenção periódica, preventiva e corretiva. Considerando uma garagem com frota de 250 veículos, tem-se um custo adicional de apro ximadamente R$ 4 mil por mês. Outra modalidade de contrato praticada pelo mercado é a terceirização de todo o processo de lavagem dos veículos, incluindo produtos químicos, funcionários e o sistema de reuso. Neste caso, tem-se um custo aproximado de R$ 120 mil por mês (custo estimado para uma garagem com frota de 250 veículos). Outra possibilidade é pagar pelo metro cúbico de água de reuso utilizada, semelhante à cobrança executada por uma concessionária de água. Este contrato inclui implantação, manutenção e operação do sistema, bem como os produtos químicos utilizados no processo, com um custo aproximado de R$ 10,2 mil por mês (para um contrato de 60 meses de duração). Estima-se um prazo de retorno do investimento de seis meses para as empresas que utilizam água fornecida pela concessionária. Para as que usam água proveniente de poço artesiano, não há retorno financeiro. Ao lado, Viação Nossa Senhora do Amparo Ltda 28

Benefícios 29

Simulação econômico-financeira Considerando a tarifa de R$ 9,941 por metro cúbico praticada pela Cedae (novembro/2011) para uma faixa de consumo maior que 30 metros cúbicos por dia, e a lavagem de uma frota de 250 veículos, tem-se um consumo de 1.500 metros cúbicos de água por mês (considerando 200 litros por veículo) e um custo estimado mensal de R$ 14.911,50. Com a implantação de um sistema de reuso, tem-se uma estimativa de redução de: 70 a 80% na conta de água; 50% na conta de esgoto; 50% no uso de produtos de lavagem; Não houve relato de aumento significativo no custo de energia. 30

Benefícios Ambientais Redução do lançamento de efluentes industriais em cursos d água, possibilitando melhorar a qualidade das águas interiores das regiões mais industrializadas; Redução da captação de águas superficiais e subterrâneas, possibilitando uma situação ecológica mais equilibrada; Aumento da disponibilidade de água para usos mais exigentes, como abastecimento público, hospitalar etc. Tanque de tratamento biológico de efluente (Viação Nossa Senhora do Amparo Ltda) Leito de secagem (Viação Teresópolis Ltda) 31

Benefícios Econômicos Conformidade ambiental em relação a padrões e normas ambientais estabelecidos; Mudanças nos padrões de produção e consumo; Redução dos custos operacionais; Aumento da competitividade do setor; Habilitação para receber incentivos e coeficientes redutores dos fatores da cobrança pelo uso da água. Benefícios Sociais Ampliação da oportunidade de negócios para as empresas fornecedoras de serviços e equipamentos, em toda a cadeia produtiva; Ampliação na geração de empregos diretos e indiretos; Melhoria da imagem do setor produtivo junto à sociedade, com reconhecimento de empresas socialmente responsáveis. 32 Ao lado, reservatórios do sistema de reuso de água, Viação Grande Vitória

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS 33

ANA, FIESP, SINCUSCON-SP, COMASP, Conservação e Reuso de água em edificações. São Paulo, 2005. Libânio, M., Fundamentos de qualidade e tratamento da água. Editora Átomo, São Paulo, 2005. FIRJAN, Manual de Conservação e Reuso da Água na Indústria, Firjan. Rio de Janeiro, 2006. MORELLI, Eduardo Bronzatti. Reuso de água na lavagem de veículos. Dissertação (Mestrado) Escola Politécnica da Universidade de São Paulo. São Paulo: 2005. PIO, A.A.B. Coord.Geral. Conservação e reuso de água em edificações. Disponível em:< http:// www.ambiente.sp.gov.br/municipioverdeazul/ DiretivaHabitacaoSustentavel/ManualConservacaoReusoAguaEdificacoes.pdf> cesso em 8 de novembro de 2011 Tabosa, E. O. Tratamento e reuso da água em lavagem de carros. XIX Prêmio Jovem Cientista. 2003. Rubio, J.; Zaneti, R. N.; Álvares, C. L. A. Reuso de água de lavagem de ônibus via floculação- flotação avançada. 24º Congresso Brasileiro de Engenharia Sanitária e Ambiental. ABES Associação Brasileira de Engenharia Sanitária e Ambiental. 2007. Silva, D.O.; Carvalho, A.R.P. Etapas de um tratamento de efluente. Disponível em< http:// www.kurita.com.br/adm/download/etapas_do_ Tratamento_de_Efluentes.pdf> Acesso em 8 de novembro de 2011 34

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