PROPOSTA TEXTUAL: A NOVA CONFIGURAÇÃO DAS FAMÍLIAS BRASILEIRAS Nova configuração da família brasileira 1- Definição: Etmologia: famulus(escravo doméstico): escravos legalizados das tribos ladinas, onde hoje é a Itália; Para Maria Helena Diniz (jurista brasileira): Sentido amplíssimo: indivíduos ligados pelo vínculo da consaguinidade ou da afinidade; Sentido lato (amplo): aquela formada além dos cônjuges ou companheiros, e de seus flhos, abrange os parentes em linha reta ou colateral, bem como os afins ; Sentido restrito: comunidade formada pelos pais e comunidade de filiação.
Para Orlando Gomes (jurista brasileiro): grupo fechado de pessoas, composto dos genitores e filhos e, para limitados efeitos, outros parentes, unificados pela convivência e comunhão de afetos, em uma só e mesma economia, sob a mesma direção ; Paulo Lôbo(jurista brasileiro)-a família é feita de duas estruturas associadas: vínculos (de sangue, de direito, de afetividade) e grupos (conjugal, parental e secundários) 2- Evolução histórica da família: Pré-história: clã patriarcal (masculino), tribos, sociedades humanas organizadas (relações de parentesco sanguíneo) ; Roma: família natural relação jurídica do casamento; Igreja Católica: casamento é instituição sacralizada e indissolúvel, e única formadora da família cristã; Legislações ocidentais vigentes: estrutura familiar baseada no casamento tanto como ato jurídico formal, quanto como sacramento religioso.
3- Situação brasileira: Código Civil (1916) família instituída pelo casamento civil, homem chefe da família (patriarcalismo), mulher casada relativamente incapaz, não reconhecimento da adoção, legitimação somente de não adulterinos ou incestuosos; Constituição Federal (1934): dedicou um capítulo à família, mas não alterou os preceitos do Código Civil; Constituição Federal (1967): artigo 167 família constituída pelo casamento ; Constituição Federal (1988): a comunidade formada por qualquer dos pais e seus descendentes ; Código Civil (2003): a família deixou de ser aquela constituída unicamente através do casamento formal (passou a ser baseada no afeto) 4- Novas configurações familiares (sec. 21): Nuclear tradicional (casal de homem e mulher com um ou dois filhos, relação matrimonial ou não); Matrimonial; Informal (fruto de união estável); Homoafetiva; Anaparental(sem a presença de ascendentes); Monoparental(apenas um dos pais se responsabiliza pela educação dos filhos); Mosaico ou pluriparental(alguém do casal têm filhos provenientes de um casamento ou relação anterior); Extensa ou ampliada (presença de parentes próximos com grande vínculo); Poliafetiva(presença de três ou mais pessoas); Outras formas: paralela ou simultânea e eudomista.
6-Censo de 2010 (IBGE): Diretriz de família: grupo de pessoas ligadas por laços de parentesco que vivem numa unidade doméstica; Três tipos: unipessoal, duas ou mais pessoas com parentesco, duas ou mais pessoas sem parentesco; 82,7% -duas ou mais pessoas com laços de parentesco; 12,1% -pessoas sozinhas (em 200, o índice era de 9,2%); 0,7% - pessoas sem parentesco; 37,3% -famílias com mulher como responsável (em 2000, o índice era de 22,2%) 7- Família no mundo: Poligamia: união entre mais de dois cônjuges (Antiguidade e Idade Média e África: Líbia, Marrocos, Quênia) Exogamia: união entre membros de grupos diferentes (japonês, alemão, africanos); Endogamia: união entre parentes ou grupos próximos (povos árabes); Poliandria: poligamia para mulheres (Vale Lahaul, no Imalaia, e na Índia);
8- Estatuto da Família: Projeto de Lei 6583/2013 de autoria do Deputado Anderson Ferreira; Objetivos: necessidade de se garantirem condições mínimas para a manutenção da entidade família tradicional (homem x mulher + filhos); Artigo 1º -disposição: direitos da família e as diretrizes das políticas públicas voltadas para a valorização e o apoiamento da entidade familiar Artigo 2º -definição de família: núcleo social formado a partir da união entre um homem e uma mulher, por meio do casamento ou união estável, ou (...) comunidade formada por qualquer dos pais e seus descendentes Artigo 3º - assegurar (...) a efetivação do direito à saúde, à alimentação, à educação, à cultura, ao esporte, ao lazer, ao trabalho, à cidadania e à convivência familiar. Situação A Dissertação argumentativa Família: um novo conceito x conceito tradicional Tese: em meio ao estágio socioeconômico dos Estados, a nova concepção de família domina os conceitos e valores anteriores, pelo que precisa ser aceita. Argumentos: 1- O conceito tradicional de família já cumpriu com seu papel social na época em que essa entidade se organizava dessa forma; 2- A evolução das sociedades exigiu uma mudança nessas relações de convivência, para a atualização dos relacionamentos humanos
Dissertação argumentativa(marcações) Veja que todo parágrafo tem três frases, o que é o básico na tipologia dissertativa. Marcações: No 1º : contextualização em forma de afirmação (GRIFADA) e apresentação do tema (AZUL), TESE (VERDE), argumentos (ITÁLICO); No 2º : apresentação do argumento (AZUL), argumentação por alusão histórica (GRIFADA), conclusão com base legal (ITÁLICO) No 3º : apresentação do argumento (AZUL), argumentação por meio de exemplificação (GRIFADA), conclusão com base em argumento de autoridade (ITÁLICO); No 4º : expressão inicial (VERMELHO), reafirmação da tese (AZUL); a ampliação do tema por exemplificação (GRIFADO); o encerramento positivo por argumento de autoridade (VERDE); Além disso, em todos os parágrafos, os elementos coesivos estão destacados com fonte vermelha. A sociedade em busca de uma nova família Com o Projeto de Lei n.º 6583 de 2013, um deputado federal propôs o Estatuto da Família, para resguardar seu tradicionalismo, mas será que existe algum conflito no entendimento dessa definição? Discussões à parte, não há como se manter preso aos antigos conceitos desse clã, com o estágio de evolução social em que os Estados ocidentais se encontram. Ainda que em outras épocas essa visão formal tenha cumprido com sua função, para uma sincronia com o século 21, há a necessidade da revisão dessas ideias. Sustentada nos preceitos cristãos e no Direito Romano, as noções de família tradicional tiveram seu papel na sociedade, o que justifica esse entendimento. Assim, se na Pré-história os laços consanguíneos eram a base dessa instituição, na Roma Antiga o casamento teve seus dogmas instituídos segundo os mecanismos de hoje, sejam civis ou religiosos. Essa visão representou o estágio social dos mais variados países até o século 20, perfazendo seus ordenamentos jurídicos, como o Código Civil Brasileiro de 1916.
Em contrapartida, se em 1930 Pagu enfrentava a mídia por fazer topless nas praias cariocas, em 2010 Dilma Rousseff se tornava Presidente da República. Isso revela que a família deixou de ter seu esteio na figura masculina, bem como outras faces desse clã surgiram como produto da pós-contemporaneidade: os homoafetivos, os monoparentais e até os pluriparentais. Dessa maneira, parece mais sensato adotar a visão do jurista Paulo Lôbo, segundo a qual a família é feita de duas estruturas: os vínculos (de sangue, de direito e de afetividade) e os grupos (conjugal, parental e secundários). Portanto, não deve haver nenhum processo de discriminação no entendimento dos grupos de relacionamento sociais, por mais diferentes que sejam. Já que o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) confirmou que esses pequenos grupos mudaram bastante no país de 2000 a 2010, por que não reconhecer sua legitimidade? Enfim, por Wittgenstein nem todos os eventos sociais de mesmo nome são iguais; logo, no tocante à família, o preconceito deve ceder espaço à tolerância e à consideração