Dinâmica do NDVI para América do sul: Jesus Fernando Mansilla Baca

Documentos relacionados
ANÁLISE DO ÍNDICE DE VEGETACAO SAZONAL PADRONIZADO A PARTIR DE IMAGENS DO SPOT VEGETATION E ESTIMATIVAS DE PRECIPITAÇÃO PADRONIZADA DO TRMM

DETERMINAÇÃO DO ÍNDICE DE VEGETAÇÃO ATRAVÉS DE IMAGENS METEOSAT-8

IV CEOS WGEdu Workshop. Geotechnologies for Natural Disaster Monitoring in Latin America. Sensoriamento Remoto para monitoramento de Secas

ANÁLISE ESPAÇO-TEMPORAL DO CULTIVO DE MILHO EM SERGIPE, COM AUXÍLIO DE NDVI/EVI- SENSOR MODIS, NO PERÍODO DE

ANÁLISE DA VARIAÇÃO DA RESPOSTA ESPECTRAL DA VEGETAÇÃO DO BIOMA PAMPA, FRENTE ÀS VARIAÇÕES DA FENOLOGIA

Sistema de Detecção de Desmatamento em Tempo Real. Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais Ministério da Ciência e Tecnologia

Dinâmica da cobertura vegetal na região sul do Brasil utilizando análise de Fourier. Cláudia Cristina dos Santos Nelson Jesus Ferreira

Aplicação das imagens do satélite meteorológico NOAA-AVHRR para o mapeamento da cobertura vegetal do estado de Minas Gerais

Roteiro Detecção de informações usando satélites Produtos oriundos de Imagens NOAA Índice de vegetação como indicador de respostas das plantas às cond

processos de formação e suas inter-relações com o ambiente. As diversas combinações de fatores (clima, relevo,

GEOPROCESSAMENTO. Sensoriamento Remoto. Prof. Luiz Rotta

Índice de vegetação espectral e sua relação com a estiagem agrícola em áreas cafeeiras no município de Três Pontas, Minas Gerais

V SIGA Ciência (Simpósio Científico de Gestão Ambiental) V Realizado dias 20 e 21 de agosto de 2016 na ESALQ-USP, Piracicaba-SP.

ATIVIDADES ESTRATÉGIAS. Diálogo com os alunos. Análise e interpretação de fontes documentais (gráficos, mapas e imagens, fotografia, entre outras).

ESTUDO DA VARIAÇÃO TEMPORAL DO ÍNDICE DE VEGETAÇÃO POR DIFERENÇA NORMALIZADA EM JUIZ DE FORA A PARTIR DE IMAGENS DE SATÉLITE

Análise de Risco em Sistemas de Informações Geográficas Aplicada ao Zoneamento Agroclimatológico de Culturas: Resultados Preliminares

Mapeamento espaço-temporal da ocupação das áreas de manguezais no município de Aracaju-SE

José Alberto Quintanilha Mariana Giannotti

PRECIPITAÇÃO PLUVIOMÉTRICA E COBERTURA VEGETAL: UMA ABORDAGEM NO MUNICÍPIO DE PAULO AFONSO-BA

ESTIMATIVA DO ALBEDO E TEMPERATURA DE SUPERFÍCIE UTILIZANDO IMAGENS ORBITAIS PARA O MUNICÍPIO DE BARRA BONITA SP

VARIABILIDADE DO NDVI NA BACIA DO RIO TRUSSU CEARÁ

Dinâmica das Áreas de Vegetação do município de Cândido Sales

O FENÔMENO ENOS E A TEMPERATURA NO BRASIL

Geoprocessamento e sensoriamento remoto como ferramentas para o estudo da cobertura vegetal. Iêdo Bezerra Sá

ESTUDO DA DINÂMICA ESPECTRAL E ANGULAR DA SOJA ATRAVÉS DE SIMULAÇÕES (PROSAIL) E DADOS DOS SENSORES MODIS E HYPERION

Dinâmica da paisagem e seus impactos em uma Floresta Urbana no Nordeste do Brasil

Relação entre a precipitação pluvial no Rio Grande do Sul e a Temperatura da Superfície do Mar do Oceano Atlântico

Sensoriamento Remoto no Estudo das Áreas Urbanas

Janne Lúcia da Nóbrega Firmino 1 Edivania de Araújo Lima 1 Manoel Francisco Gomes Filho 1 Patrícia Cordeiro de Araújo 1

Impacto de desmatamento na mudança climática regional via satélites

ESTUDO DA VARIAÇÃO DE NDVI DA MATA ATLÂNTICA NO LITORAL NORTE DE PERNAMBUCO

¹ Estudante de Geografia na Universidade Estadual de Campinas (Unicamp), estagiária na Embrapa Informática Agropecuária (Campinas, SP).

Geomática e SIGDR aula teórica 25 14/05/2013. Interpretação de imagens de detecção remota Índices de vegetação

AVALIAÇÃO DAS PROJEÇÕES DE PRECIPITAÇÃO DOS MODELOS CLIMÁTICOS GLOBAIS DO QUARTO RELATÓRIO DO IPCC PARA O BRASIL *

Mapeamento de áreas alagadas no Bioma Pantanal a partir de dados multitemporais TERRA/MODIS

O resultado é uma série de "fatias" da superfície, que juntas produzem a imagem final. (Exemplo: o radiômetro dos satélites NOAA gira a uma

PROGRAMA DE MONITORAMENTO DE QUEIMADAS E PREVENÇÃO DE CONTROLE DE INCÊNDIOS FLORESTAIS NO ARCO DO DESFLORESTAMENTO NA AMAZÔNIA (PROARCO)

3 COMPARAÇÃO DE CLASSES NDVI UTILIZANDO IMAGENS ESPACIAIS NA REGIÃO DOS CAMPOS GERAIS

Variação da temperatura da superfície da água a partir de imagens do sensor AVHRR/NOAA do reservatório de Sobradinho, Bahia, Brasil

Igor Balteiro Pereira de Campos 1 Célia Maria Paiva 1 Luciana Mara Temponi Oliveira 2 Gutemberg Borges França 1

Satélites Artificiais da Terra

CARTOGRAFIA. (do grego chartis = mapa e graphein = escrita) é a ciência que trata da concepção, produção, difusão, utilização e estudo dos mapas.

Caracterização de anos secos e chuvosos no Alto do Bacia Ipanema utilizando o método dos quantis.

SENSORIAMENTO REMOTO APLICADO A ANÁLISE AMBIENTAL NO SEMIÁRIDO: A CLASSIFICAÇÃO DO USO E COBERTURA DA TERRA NO MUNICÍPIO DE FEIRA DE SANTANA-BA

Avaliação do Processo de Desertificação em Ouricuri-PE Através de Estimativas de Tendência de Séries Temporais

ESTUDO DE CASO: ÍNDICE DE UMIDADE DO SOLO UTILIZANDO IMAGENS DO SENSOR MODIS PARA O MUNICÍPIO DE BELEM DO SÃO FRANCISCO, PE

XII Congresso Brasileiro de Meteorologia, Foz de Iguaçu-PR, 2002

INFLUÊNCIA DE CONDIÇÕES CLIMÁTICAS DISTINTAS NA ESTIMATIVA DE ÁREA CULTIVADA DA CULTURA DA SOJA A PARTIR DE DADOS DE SENSORIAMENTO REMOTO

MANANCIAL ABASTECEDOR DE CARAGUATATUBA E SÃO

COORDENADORIA DE DEFESA CIVIL MUNICÍPIO DE DUQUE DE CAXIAS - RJ

Ecologia de Paisagem Conceitos e métodos de pesquisa 2012

Sensoriamento Remoto e Qualidade da Água

BOLETIM DE INFORMAÇÕES CLIMÁTICAS PARA O ESTADO DO PIAUÍ

ANÁLISE DE TENDÊNCIAS DA VEGETAÇÃO NO PARQUE ESTADUAL DE SERRA NOVA, MG ENTRE 2012 E 2016

UTILIZAÇÃO DE IMAGENS DO SATELITE CBERS-4 E LINGUAGEM PYTHON PARA DETERMINAÇÃO DO ÍNDICES DE VEGETAÇÃO NDVI E SAVI

Área verde por habitante na cidade de Santa Cruz do Sul, RS

Mudanças Climáticas e Modelagem Ambiental

ESTUDO DE VARIABILIDADE DAS PRECIPITAÇÕES EM RELAÇÃO COM O EL NIÑO OSCILAÇÃO SUL (ENOS) EM ERECHIM/RS, BRASIL.

SISTEMAS DE PROCESSAMENTO DE IMAGENS

Definição de sensoriamento remoto. Professor: Enoque Pereira da Silva

XII Congresso Brasileiro de Meteorologia, Foz de Iguaçu-PR, 2002

Anais do Simpósio Regional de Geoprocessamento e Sensoriamento Remoto - GEONORDESTE 2014 Aracaju, Brasil, novembro 2014

COMPARAÇÃO ENTRE OS MÉTODOS DE FUSÃO IHS, PRINCIPAL COMPONENTS

Preparação dos produtos MODIS para aplicações operacionais como o Projeto DETER (Detecção de áreas desflorestadas em tempo quase real)

BOLETIM DE INFORMAÇÕES CLIMÁTICAS PARA O ESTADO DO PIAUÍ

Doc. 59. Nome: Ano: Turma: Nº.: Grupo I A Terra: Estudos e representações

COMPARAÇÃO ENTRE OS MÉTODOS DE CLASSIFICAÇÃO SUPERVISIONADA MAXVER E DISTÂNCIA MÍNIMA NA ANÁLISE DO USO E COBERTURA DO SOLO NA REGIÃO DO ALTO ARAGUAIA

ESTIMATIVAS DE PRECIPITAÇÃO DERIVADAS DE IMAGENS DO SATÉLITE GOES-8 E DE RADAR METEOROLÓGICO DOPPLER

XXIX CONGRESSO NACIONAL DE MILHO E SORGO - Águas de Lindóia - 26 a 30 de Agosto de 2012

ENSAIO COMPARATIVO SOBRE MÉTODOS DE MONITORAMENTO DA TEMPERATURA DA SUPERFÍCIE TERRESTRE NO ESTADO DO RIO GRANDE DO SUL COM USO DOS SATÉLITES NOAA

O USO DAS IMAGENS DO SATÉLITE ASTER GDEM PARA ESTIMATIVA DA TEMPERATURA DO AR EM SUPERFÍCIE

Desenvolvimento do Banco de Produtos MODIS na Base Estadual Brasileira

RELAÇÃO DA ZONA DE CONVERGÊNCIA SECUNDÁRIA DO ATLÂNTICO SUL SOBRE A OCORRÊNCIA DE SISTEMAS FRONTAIS AUSTRAIS ATUANTES NO BRASIL

ANALISE DA INFLUÊNCIA DAS VARIÁVEIS AMBIENTAIS OBTIDAS ATRAVÉS DE SATÉLITES NO AUMENTO DA DENGUE: ESTUDO DE CASO MUNICÍPIO DE CAMPO GRANDE, MS.

ANÁLISE CLIMATÓLOGICA PRELIMINAR DE EVENTOS EXTREMOS DE FRIO NO PARQUE ESTADUAL DAS FONTES DO IPIRANGA-IAG/USP

Mapeamento e comparação entre índices de vegetação utilizando imagem OLI/Landsat 8 na bacia do Rio Bacanga, São Luís (MA)

IMPLEMENTAÇÃO DE UM MÉTODO PARA ESTIMATIVA DE TEMPERATURA DA SUPERFÍCIE TERRESTRE MEDIANTE DADOS AVHRR/NOAA E GOES-8

ARTIGO COM APRESENTAÇÃO BANNER - MONITORAMENTO AMBIENTAL

Sensoriamento Remoto no Estudo da Água

USO DE GEOTECNOLOGIAS PARA ANALISE GEOMORFOLÓGICA USANDO O USO E COBERTURA DE TERRA NO MUNICÍPIO DE NITERÓI-RJ.

ANÁLISE DA PASSAGEM DE UMA FRENTRE FRIA NA REGIÃO SUL DO PAÍS NOS DIAS DE JULHO DE 2006, UTILIZANDO SENSORIAMENTO REMOTO

PROCESSAMENTO DIGITAL DE IMAGENS

Maria Gonçalves da Silva Barbalho 1 André Luiz Monteiro da Silva 1 Mariana Almeida de Araújo 1 Rafael Antônio França Ferreira 1

ESTIMATIVA DA TEMPERATURA DA SUPERFÍCIE DO MAR UTILIZANDO GOES-8 NO CPTEC/INPE

NÚMERO DE FOCOS DE QUEIMADAS NO ESTADO DE MATO GROSSO DO SUL NO ANO DE 1999 EM FUNCÃO DO ÍNDICE DE ANOMALIA DE CHUVA

Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais - INPE Divisão de Sensoriamento Remoto

Obtenção da reflectância da superfície para imagens OLI do Landsat 8 com um modelo de transferência radiativa

ANÁLISE DE NDVI NO NORDESTE BRASILEIRO POR COMPONENTES PRINCIPAIS: RESULTADOS PRELIMINARES

SENSORIAMENTO REMOTO: CONCEITOS, TENDÊNCIAS E APLICAÇÕES. Imagens de Satélites Orbitais

Sistema de Informação Geográfica

Informações Climáticas para Estudos Hidrológicos no Distrito Federal. Pablo Borges de Amorim

USO E COBERTURA DA TERRA COMO SUBSÍDIO À AVALIAÇÃO DE SERVIÇOS AMBIENTAIS POR OPÇÕES DE MANEJO EM SISTEMAS PRODUTIVOS NA AMAZÔNIA

I Workshop Internacional Sobre Água no Semiárido Brasileiro Campina Grande - PB

Resoluções das Imagens fotogramétricas e digitais. Fotogrametria e Fotointerpretação Prof. Dr. Raoni W. D. Bosquilia

Mapeamento do uso do solo para manejo de propriedades rurais

o PROGRAMA DE APLICAÇÕES DE SAT~LITES METEOROLÕGICOS DO INPE

A contribuição do NDVI para o estudo epidemiológico da Leishmaniose Visceral Americana, no interior da Bahia

VANDA PIRES, IPMA. 1º Encontro Riscos Naturais Fundação Calouste Gulbenkian Lisboa, 20 setembro

Fusão de imagens MODIS com NDVI do Landsat para a classificação de áreas de cultivo de Soja

O resultado é uma série de "fatias" da superfície, que juntas produzem a imagem final. (Exemplo: o radiômetro dos satélites NOAA gira a uma

Transcrição:

Dinâmica do NDVI para América do sul: 1981-2001 Jesus Fernando Mansilla Baca Embrapa Solos Rua Jardim Botânico 1024, Jardim Botânico, CEP - 20400-100 Rio de Janeiro RJ, Brasil jesus@cnps.embrapa.br Abstract. This paper describes the work made with south-american NDVI - AVHRR/NOAA images. It has been determined statistical NDVI images (mean, median, standard deviation, minimun, maximun) using a serial monthly of images of this continent from 1981 to 2001. They show the dynamic of the climatic and rainfall regime. Another type of images show as monthly in each site (pixel) how much of NDVI gain or lost, showing the dynamic of the severity or well health of the vegetation. Palavras-chave: NDVI, AVHRR/NOAA, sensoriamento remoto, dinâmica da paisagem, variabilidade espaçotemporal. 1. Introdução Nesta era do conhecimento e da informação as geotecnologias oferecem uma ampla gama de dados sobre a superfície terrestre, que em outras épocas seriam difíceis de serem obtidas. Tal é o caso das informações obtidas por sensores remotos empregando satélites e que oferecem informação espacial de posicionamento global (GPS) e informação de imagens com uma grande variedade de tipos de plataformas LandSat, Spot, AVHRR/NOAA, e outros. Ambos tipos de informação complementada com o poder computacional dos microcomputadores de uso pessoal permitem a obtenção de informação e conhecimento sobre a terra para realizar um melhor gerenciamento dos recursos naturais orientado pelo paradigma do desenvolvimento sustentável. O índice de vegetação por diferença normalizada (Normalized Difference Vegetation Index NDVI) considerado como o grau de verdor sobre a superfície terrestre é o resultado do processamento de dois bandas de imagens de satélites. Empregam-se diversas fontes de imagens de satélites para tal determinação, sendo uma delas as imagens AVHRR/NOAA da qual empregam-se a banda 2 de radiação no infravermelho próximo (0,725-1,1 µm) e a banda 1 da radiação do visível (0,55-0,68 µm) e cuja relação da diferença entre a primeira menos a segunda dividida pela sua soma resulta o referido índice. Este índice é empregado para diversas aplicações tais como diagnóstico da seca que segundo Kogan (1995, 1997) com o índice condicionado de vegetação (VCI) e o índice condicionado de temperatura (TCI) permitem a previsão da seca com 6 semanas de antecedência. Liu (1998) aplicou NDVI para o monitoramento da variabilidade bioclimática e seu impacto na produção agrícola, o mesmo autor aplicou este índice para a determinar modelos de estimativa de produtividade de milho, arroz, soja e cana de açúcar pela aplicação de modelos de regressão linear considerando a variável independente o NDVI acumulado. No XI SBSR (Gurgel, 2001) analisou a variabilidade espaço temporal do NDVI no território brasileiro, determinando por análise de agrupamentos nove (9) grupos de vegetação cuja variabilidade e tempo de resposta à precipitação. Em outro trabalho com NDVI Perez et al. (2003) trabalhando com imagens do nordeste brasileiro aplica componentes principais para associar os tipos de vegetação dominante da vegetação à componente principal. Este índice é de tal importância que pesquisa na internet pelo google deu uma resposta de 290000 links para a busca da palavra NDVI, o que mostra na forma como ele 3487

está sendo empregado. Outros índices, principalmente VCI e TCI permitem melhorar os análises nas suas diferentes aplicações. 2. Dados e metodologia Os dados empregados foram imagens de NDVI do continente sudamericano do sensor AVHRR do satélite NOAA cobrindo o retângulo envolvente definido aproximadamente pêlos paralelos de coordenadas geográficas 13 o N e 57 o S e pêlos meridianos com longitude 34 O e 83 o O em projeção cartogáfica Goode Interrupted Homolosine. A temporalidade destas imagens é mensal com início em Julho de 1981 até Outubro de 2001. A resolução de cada pixel é 8 km de lado, ou seja, cobrindo 84 km 2. Estes dados disponibilizados pela GSFC/NASA (Goddard Space Flight Center/National Aeronautics & Space Administration). (GIMMS Global Inventory Modeling and Monitoring Study) no site para informação (Goddard, 2004). Iniciou-se o trabalho com a série histórica verificando a consistência dos dados, havendo sido retirados alguma parte da informação que continha imagens não consistentes, principalmente produto de um erro na confecção do mosaico (apareciam linhas geométricas em varias imagens que mostravam que duas imagens mosaicadas não tinham sido corretamente homogeneizadas, também apareciam uns dentes de serra, principalmente em imagens que tinham problemas de espaço interrompido ). Para não perder toda a imagem procedeu-se a separar as imagens de cada mês sobre as quais foram determinadas as estatísticas: média, mediana, desvio padrão, mínimos e máximos. As imagens de desvio padrão permitiu fazer uma boa limpeza de informação que poderia estar com distorções pese a que na media não aparecessem tais problemas. Com os dados de médias mensais obtidas foi determinado os histogramas mensais do NDVI e como um resultado síntese foi obtido o NDVI médio mensal para todo o continente que foi apresentado num diagrama de barras mostrando a dinâmica síntese. Outro tipo de processamento feito foi determinar a diferença de índice entre dois (2) meses consecutivos. Considerando que o NDVI apresenta o grau de verdor na superfície terrestre e conhecendo que o verdor ou a vigor da vegetação é o resultado de um conjunto de variáveis atuando sobre a vegetação: clima, solo, relevo, etc. e sabendo que cada lugar tem suas características próprias pode-se ter como hipótese que cada lugar terá um grau de verdor diferente e terá também uma resposta diferente com o passar do tempo que é o que se quis determinar, ou seja, o quanto cada lugar perde (severidade) ou ganha (recupera) no seu verdor durante cada mês do ano. Finalmente aplicando o patamar de 0,22 segundo Liu (1998) foi determinado os lugares das secas pelo fatiamento de todos os valores de NDVI que estavam acima de 0 até 0,22. 3. Resultados e análises Os primeiros resultados foram a determinação das média mensais do NDVI que são apresentadas na Figura 1. Ainda que a média seja uma estatística que nos da a tendência central do NDVI, ele serve como uma referência para avaliar os resultados mensais, a série não era grande por considerar 21 anos, dos quais alguns tiveram que ser retirados, porém, na sua maioria tiveram pelo menos 18 dados, as imagens de outubro a março se apresentaram sendo as melhores trabalhadas não tendo-se perdido nenhum dado. As imagens apresentadas na Figura 1, mostra como com o passar dos messes vai mudando o vigor da vegetação em cada lugar, o que está em concordância com o conhecimento climático do continente. Uma limitação destes resultados é que a média sendo uma medida de tendência central, ela perde ou não aponta os picos ou extremos que justamente seria a informação mais importante para ser extraída do NDVI, ou seja a indicação de secas. 3488

Figura 1 NDVI mensal do continente sudamericano As imagens da Figura 1, não mostram toda sua informação, pela sua redução para fins de apresentação do presente documento pelo que animações em imagens a maior escala serão apresentadas no site da Embrapa Solos <http:\\www.cnps.embrapa.br>, juntamente com as outras estatísticas e outros resultados do presente trabalho. Outro resultado empregando as médias mensais são os gráfico de barras mensais destas médias em cada imagem, Figura 2. Nela, de novembro a maio tem-se um pico maior representado as áreas verdes e outro pico menor representando as áreas de seca permanente em toda a costa do Pacífico; de junho a outubro inicia-se a formação de outro pico e a diminuição do tamanho do histograma que mostra a o surgimento das áreas que sofrem os efeitos da perda de verdor. 3489

Figura 2 Histograma mensal das ocorrências de NDVI em cada imagem Figura 3 Diagrama de barras de ocorrência de NDVI mensal médio Um resultado síntese da variabilidade para todo o continente é apresentado na Figura 3 com um gráfico de barra com a média de NDVI mensal para todo o continente, nela vê-se 3490

claramente o que tanto nas Figuras 1 e 2 nos apresentam concluindo que o mês de maio é o de maior vigor vegetal e os meses de setembro o menor e em 17% em relação a maio. Figura 4 Diminuição ou Aumento de NDVI mensal A Figura 4 apresenta a diminuição ( perda em vermelho) ou aumento ( ganho em verde) do grau de verdor, nela pode-se notar que este fenômeno é diferenciado por lugar e região, o que pode ser uma referência para os zoneamentos de culturas considerando que o vigor verde tem uma relação com a fisiologia da planta conforme Liu (1998). 3491

A Figura 5 mostra a seca no continente sudamericano, nela existe uma ampla faixa que está situada ao lado ocidental da Cordilheira dos Andes que vai desde as pampas ao sul da Argentina, passa pelo Chile no deserto de Atacama e indo por toda a costa até o deserto de Sechura no Perú; estas extensas terras tem pouca chuva devido a corrente de Humboldt que percorre toda essas costas até a parte norte do Perú. No caso do Brasil as ocorrências de seca se apresentam na região nordeste, porém aparentemente pareceria que foram poucas áreas as que sofrem os efeitos deste fenômeno, no entanto como apontado por Liu (1998) a seca é um fenômeno cuja ocorrência em território brasileiro não tem freqüência, pelo que neste trabalho ela é oculta por estar trabalhando com a média mensal de toda a série. Figura 5 Ocorrência de seca mensal Figura 5 Ocorrência de seca mensal 3492

4. Conclusões Os resultados do presente trabalho mostram que o NDVI apresenta uma relação estreita com a dinâmica da vegetação na superfície terrestre e pode ser uma ferramenta de baixo custo e para apoiar os trabalhos de tomadas de decisões para o gerenciamento dos recursos naturais. Os resultados de médias de NDVI servem de referência para trabalhos futuros e serão continuados os trabalhos para trabalhar a nível Brasil, Unidades da Federação e ecossistemas para caracterizar esta dinâmica em cada um de estas entidades visto que a variabilidade bioclimática é diferente. Outros trabalhos empregando cadeias de Markov como máquinas de mudança de estados Mansilla Baca (2002) está sendo preparado, assim como estudos preliminares para sua predição futura empregando Redes Neurais Artificiais. Referências Goddard Distributed Active Archive Center (DAAC). Pathfinder Advanced Very High Resolution Radiometer (AVHRR) Land FTP Data, [on line]: <http://daac.gsfc.nasa.gov/campaign_docs/ftp_site/readmes/pal.html> Nov. 2004. Gurgel, H.C.; Ferreira, N.J.; Barreto, A J. Análise da Variabilidade Espacial e Temporal do NDVI sobre o Brasil. In: Simpósio Brasileiro de Sensoriamento Remoto, 10., 2001, Foz do Iguaçu. Anais... São José dos Campos: INPE, 2001. Sessão Técnica Oral. p. 315-322. Repositório da URLib: <dpi.inpe.br/lise/2001/09.14.11.53>. Disponível em: <http://iris.sid.inpe.br:1908/col/dpi.inpe.br/lise/2001/09.24.09.18/doc/1617.1624.062.pdf>. Acesso em: 19 nov. 2004. Kogan, F.N. Application of vegetation index and brightness temperature for drought detection Adv. Space Res. v. 15, n 11, p. 91 100, 1995. Kogan, F.N. Global drought watch from space Bulletion of American Metereological Society v. 78, n 4, p. 621 636, 1997. Liu, W.T. Variabilidade Bioclimática e seu impacto na produção agrícola através de dados AVHRR. 1998. 145 p. Tese (Livre docência) Departamento de Ciência Atmosféricas do Instituto Astronômico e Geofísico da Universidade de São Paulo. 1998. Mansilla Baca, J.F. Dinâmica da Paisagem: Métodos analíticos e modelos de classificação e simulação prognóstica, sob a ótica geoecológica. 2002. 184 p. Tese (Doutorado em Geografia). Universidade Federal de Rio de Janeiro, Dpto. de Geografia. Rio de Janeiro. 2002. Perez, L.P.; Ferreira, N.J.; Shimabukuru, Y.E.; Adamai, M. Análise do NDVI no Nordeste Brasileiro por componentes principais: resultados preliminares. In: Simpósio Brasileiro de Sensoriamento Remoto, 11., 2003, Belo Horizonte. Anais XI SBSR, Belo Horizonte, Brasil, 05-10 abril 2003, INPE, p. 2869-2875.. Repositório da URLib: <dpi.inpe.br/lise/2001/09.14.11.53>. Disponível em: < http://lagavulin.ltid.inpe.br:1905/col/ltid.inpe.br/sbsr/2003/03.27.11.57/doc/19_424.pdf>. Acesso em: 19 nov. 2004. 3493