PERFIL DA VIOLÊNCIA CONTRA MULHERES IDOSAS ATENDIDAS EM UM CENTRO DE REFERÊNCIA

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Transcrição:

PERFIL DA VIOLÊNCIA CONTRA MULHERES IDOSAS ATENDIDAS EM UM CENTRO DE REFERÊNCIA Jessika Lopes Figueiredo Pereira (1); Cecília Danielle Bezerra Oliveira (1); Amanda Soares (2); Gláucia de Souza Abreu Alencar (3) Universidade Estadual da Paraíba, jessikalopesenf@gmail.com(1). Escola Técnica de Saúde de Cajazeiras / Universidade Federal de Campina Grande, cecilia.dbo@gmail.com(1). Universidade Estadual da Paraíba, amandar_soares@hotmail.com(2). Universidade Estadual da Paraíba, glauciaalencargmb@hotmail.com(3). Resumo: Objetivo: descrever o perfil da violência praticada contra mulheres idosas atendidas em um Centro de Referência na cidade de Cajazeiras, Paraíba. Método: estudo documental, exploratório e retrospectivo com abordagem quantitativa. Utilizou-se um formulário para preenchimento dos dados encontrados nas fichas de acolhimento. O material da pesquisa foi organizado e tabulado pelo Programa Microsoft Office Excel 2010, com base num enfoque do método quantitativo e fazendo uso de tabelas. Os dados foram analisados a partir do embasamento teórico sobre a temática. O projeto de pesquisa teve aprovação pelo Comitê de Ética em Pesquisa, CAAE n o 32529214.8.0000.5180. Resultados: o perfil descreve a prevalência da violência contra mulheres em idade entre 60 a 69 anos, separadas, com o parente como o principal agressor, e sentimento pelo agressor, o principal motivo por continuar a conviver com a violência. Conclusão: é possível ampliar o conhecimento, principalmente dos profissionais envolvidos no atendimento a essas mulheres para que se tornem capacitados a reconhecerem tal agravo, e assim, permitir o enfrentamento do problema em questão. Descritores: Violência contra a mulher, Saúde da Mulher, Mulheres Maltratadas, Pessoa idosa. Introdução O avançar da tecnologia, o progresso da medicina e melhores condições de vida tem permitido que a população idosa atingisse padrões de qualidade de vida satisfatórios e nunca vividos antes, com isso, cada vez mais

muda-se o cenário da pirâmide populacional, na qual os idosos apresentam um significativo aumento. No entanto, juntamente com esse envelhecimento populacional, a pessoa idosa está cotidianamente se tornando alvo da violência. Fato esse, que pode estar relacionado à condição do idoso na sociedade, no qual são encarados como um problema, o que muitas vezes implica na aceitação de determinada situação, por se sentirem inferiores e ultrapassados (AFFELDT, 2011). Portanto, não são apenas as mulheres em idade reprodutiva que são alvos da violência, mas também se verifica essa situação ao avançar da idade. Os casos de violência contra mulheres idosas, geralmente são ocasionados por familiares, mas pelo fato dos mesmos representarem na sociedade uma imagem de proteção e tranquilidade e essa violência acontecer preferivelmente longe dos olhos de desconhecidos, esse tipo de agravo torna-se algo de difícil enfrentamento e resolução (MOTTA, 2009). Segundo estudo, os principais tipos de violência praticados contra os idosos são, maus tratos, negligência, violência psicológica, patrimonial e física, no qual os principais agressores são membros da família, e as mulheres idosas as que mais sofrem com esse tipo de situação (CARNEIRO; SCHIMANSKI, 2014). Caso haja verdade na afirmação de que o envelhecimento traz para muitas idosas uma melhor qualidade de vida, desempenhada por novos papeis atribuídos a si, há ainda muitas que vivenciam essa fase de forma inativa, excluída e maltratada (SANTANA et al., 2012). É perceptível a maneira que essa situação está invadindo cada vez mais os lares brasileiros, mas dentre as vítimas dessa condição, as pessoas idosas, ainda não estão sendo reconhecidas e amparadas quanto a realidade vivenciada. No entanto, aos poucos o número de denúncias de violência está aumentando, e esse fato pode estar vinculado a uma maior divulgação do Estatuto do Idoso e da Lei Maria da Penha (CARNEIRO; SCHIMANSKI, 2014). Desse modo, surgiu o interesse em investigar sobre esses casos de violência a fim de conhecer a realidade acerca desse problema, já que o reconhecimento por parte dos profissionais e enfrentamento do mesmo pelas mulheres seja ainda mais difícil. Diante disso, este estudo tem como objetivo, descrever o perfil da violência praticada contra as mulheres idosas atendidas em um Centro de Referência na cidade de Cajazeiras, Paraíba. Metodologia Trata-se de um estudo documental, exploratório e retrospectivo com abordagem quantitativa realizado em um Centro de

Referência de Atendimento à Mulher (CRAM), localizado no município de Cajazeiras, Paraíba. Para realização do estudo a amostra foi composta por todas as fichas de atendimento a violência contra a mulher idosa contidas no CRAM no período de 2010 a 2013, possuindo como critérios de inclusão mulheres com idade superior ou igual a 60 anos, vítimas de violência. E como critérios de exclusão, mulheres com idade inferior a 60 anos e que haviam sido atendidas no centro de referência por outros motivos. Deste modo, dentre as 157 fichas de acolhimento referentes à violência contra a mulher, 13 eram correspondiam às mulheres idosas. Para a obtenção dos dados foi utilizado um instrumento do tipo formulário previamente construído para o preenchimento dos registros encontrados. O material da pesquisa foi organizado e tabulado pelo Programa Microsoft Office Excel 2010, com base num enfoque do método quantitativo, e fazendo uso de tabelas, sendo os dados resultantes das variáveis quantitativas apresentadas sob a forma de percentuais, na qual, a análise foi realizada a partir do embasamento teórico sobre a temática. O projeto foi aprovado pelo Comitê de Ética em Pesquisa da Faculdade Santa Maria, Cajazeiras, sob parecer n o 768.768 e CAAE n o 32529214.8.0000.5180. Resultados e Discussão Na pesquisa desenvolvida no CRAM foram encontradas 157 fichas de atendimento referentes à violência contra a mulher, e dentre estas, 13 correspondem à violência exercida contra as mulheres idosas, representando 0,08% dos casos encontrados. Assim, é possível confirmar que esse número de casos pode ser atribuído a realidade que essa situação representa, já que os maus tratos são praticados geralmente pelos próprios familiares e cuidadores, fazendo com que haja uma distorção do que realmente acontece, pois essas mulheres dependem dessas pessoas, logo se torna ainda mais difícil seu enfrentamento, já que as mesmas por medo do que poderia acontecer tanto com si como com os agressores, elas preferem calar-se (AFFELDT, 2011). Outro fator importante, diz respeito ao pouco tempo de funcionamento do serviço, e ainda existir uma barreira quanto ao enfrentamento da situação por parte das mulheres, levando a subnotificação dos casos, mas, ainda assim é possível desenvolver ações para essa situação, mesmo que com uma parcela dos casos, pois isso já consiste na revelação de um problema extremamente complexo e por isso necessita de intervenção imediata, não sendo necessário aguardar por mais ocorrências (KIND et al., 2013).

Tabela 1 Distribuição da idade de mulheres idosas vítimas de violência Cajazeiras, 2014. IDADE N % 60 a 69 6 46 70 a 79 5 38 80 a 89 2 15 Fonte: Pesquisa direta (2014) No tocante a idade das mulheres idosas em situação de violência, a maioria tinha entre 60 a 69 anos, correspondendo a 46% dos casos. Essa prevalência pode ser atribuída ao fato da mudança de fase, ou seja, da passagem da idade adulta para a velhice, que nem sempre é bem acolhida pelas pessoas de seu convívio, devido a maior atenção que se deve proporcionar, pois muitos deles apresentam limitações e necessitam de um cuidado diferenciado, estando assim, mais vulneráveis à agressão, pela sua dependência a outras pessoas. Isso se dá pelo fato de na maioria das culturas, as pessoas idosas não receberem o devido respeito que merecem, passando a ocupar uma posição marginalizada, fazendo com que a velhice acabe sendo enfatizada como algo de conotação inferior, o que favorece atitudes injustas e discriminatórias, causando o surgimento da violência (SOUZA; MEIRA; MENEZES, 2012). Tabela 2 Distribuição das mulheres vitimadas segundo a situação conjugal e o tipo de agressor Cajazeiras. SITUAÇÃO CONJUGAL TOTAL 11 84,6 2 15,4 Fonte: Pesquisa direta (2014) A tabela 2 relaciona a situação conjugal das mulheres idosas vitimadas com os tipos de agressores, e entres os dados levantados, verificou-se que em 84,6% dos casos, o principal agressor era um familiar, o que corrobora com um estudo realizado na Bahia por evidenciar que a maioria das agressões sofridas pelos idosos seja de natureza intrafamiliar, sendo essas pessoas, as de contato mais próximo, como os filhos (SILVA et al., 2014). Portanto, a violência exercida é cada vez mais constante e carente quanto a denúncias, e caracterizada devido aos agressores viverem em coabitação com o idoso e serem dependentes financeiramente da deles. TIPOS DE AGRESSORES Parente Conhecido N % N % Casada 2 15,3 1 7,7 Viúva 4 30,8 1 7,7 Separada 5 38,5 0 0 Em contrapartida com um estudo realizado por Alencar, Santos e Hino (2014) foi verificado que em 62% dos casos os idosos referiram morar com algum companheiro(a), mas na pesquisa em questão houve o predomínio de mulheres separadas

(38,5%) em relação ao agressor mais prevalente. (RIBEIRO et al., 2012). Idosas que sofrem controle por parte de alguns membros da família geralmente relatam que os mesmos influenciam e decidem o que vestir, para onde ir, o que fazer com o dinheiro, e geralmente essas pessoas saem na maioria das vezes sem avisar e reclamam contestando que o idoso fala demais (MARTINS, 2013). Desse modo, pode-se reconhecer o quanto essas pessoas se sentem excluídas, tristes e até mesmo culpadas por estarem naquela situação, pois elas mesmas se acham o verdadeiro problema, sendo que o cenário deveria ser totalmente diferenciado, já que os idosos possuem sua história de vida, que já fizeram sua parte na sociedade, e não serem maltratados e rejeitados como muitos são em todos os lugares. Tabela 3 Distribuição das mulheres que sofreram violência segundo a situação conjugal e o motivo para conviver com a agressão Cajazeiras. Situação Conjugal Permanecer com a família Sentimento pelo agressor Acredita na melhora do agressor N % N % N % Casada 2 15,4 2 15,3 0 0 Viúva 3 23,1 0 0 1 7,7 Separada 0 0 4 30,8 1 7,7 TOTAL 5 38,5 6 46,1 2 15,4 Fonte: Pesquisa direta (2014) De acordo com a tabela 3 que evidencia a situação conjugal com os motivos que levam as vítimas a conviverem com a violência, a maioria das mulheres relatou que o sentimento pelo agressor (46,1%) era o motivo mais forte e que as faziam permanecer na situação, sendo as mulheres separadas (30,8%) as que mais relataram tal causa. Então, mesmo sofrendo violência, essa mulheres continuam a submeter-se a tal situação, devido a todo o contexto que só ela sabe e que a faz viver desse modo. Dentre eles, como o mais relatado foi possuir sentimento pelo agressor, pode-se caracterizar a esperança que essas mulheres possuem de que seus parentes, no caso os principais agressores, possam mudar e na concepção de vida delas, mesmo que não mudem, elas não podem reclamar, mas apenas resistir e aceitar. Assim, esse tipo de violência que acomete muitas mulheres todos os dias requer um olhar diferenciado, uma maior atenção por parte dos profissionais, principalmente de saúde, para que sejam capazes de reconhecer esse agravo e possam intervir da maneira correta e buscar um final diferente para a vida das mesmas, já que são pessoas de idade avançada, que nem sempre conseguem responder por si quanto mais reagir diante de tal fatalidade (RANGEL; OLIVEIRA, 2010). Conclusão

Este estudo delimitou o perfil da violência exercido contra as mulheres idosas atendidas em um Centro de Referência de Cajazeiras, Pb. Assim, com a pesquisa realizada é possível o desenvolvimento de estratégias a fim de melhorar a realidade encontrada. A pesquisa foi desenvolvida a partir de casos de violência contra mulheres de idade superior ou igual a 60 anos, e teve como principais achados mulheres separadas, com o parente como o principal agressor, e o sentimento pelo agressor, o motivo mais prevalente para aceitar e conseguir viver em tal situação. Desse modo, com a realização do estudo é possível ampliar o conhecimento, principalmente dos profissionais envolvidos no atendimento às mulheres vitimadas para que se tornem capacitados a reconhecerem tal agravo. Portanto, o reconhecimento, acolhimento, a prevenção e intervenção frente a essa violência se tornam algo de grande importância e que precisa está sendo sempre abordado. Referências 1. AFFELDT, M. A. F. Violência contra idosos: um ato que deve ser combatido por todos nós. Revista Portal de Divulgação, n. 15, p. 43-49. 2011. 2. MOTTA, A. B. Violência contra as mulheres idosas: questão feminista ou questão de gênero? In: Congresso da Latin American Studies Association, 2009, Rio de Janeiro: LASA. p. 1-14. 3. CARNEIRO S. P.; SCHIMANSKI, E. Violência contra a pessoa idosa: uma questão de gênero? Soc. Apl., v. 22, n. 2, p. 167-177, jul/dez. 2014. 4. SANTANA I. O et al. Mulher idosa: vivências do processo de institucionalização. Ex Aequo., n. 26, p. 71-85. 5. KIND, L. et al. Subnotificação e (in)visibilidade da violência contra mulheres na atenção primária à saúde. Cad Saúde Pública, v. 29, n. 9, set. 2013.. 6. SOUZA, A. S.; MEIRA, E. C.; MENEZES, M. R. Violência contra pessoas idosas promovida em instituição de saúde. Mediações, v. 17, n.2, jul/dez. 2012. 7. SILVA, R. F. et al. O perfil da violência notificada contra idosos na microrregião de Senhor do Bonfim-BA. C&D Revista Eletrônica da Fainor, v. 7, n. 1, p. 171-183, jan/jun. 2014. 8. MARTINS, M. B. Violência silenciada: violência física e psicológica contra idosos no contexto familiar. Bius, v. 4, n. 1, p. 32-45. 2013. 9. ALENCAR, K. C. A.; SANTOS, J.O.; HINO, P. Vivência de situação de violência contra idosos. Reas, v. 3, n. 1, p. 74-83. 2014. 10. RIBEIRO, P. R. et al. Violência contra a mulher. In: XIX Prêmio Expocom 2012 Exposição da Pesquisa Experimental em Comunicação. 2012. 11. RANGEL, C. M. F. R. B. A.; OLIVEIRA, E. L. Violência contra as mulheres: fatores precipitantes e perfil de vítimas e agressores. In: Anais do 9. Fazendo gênero: diásporas, diversidades, deslocamento; 2010;

Universidade Federal de Santa Catarina. Florianópolis: 2010. p. 1-11.