APEGO AO AMBIENTE ESCOLAR? UM ESTUDO SOBRE SEU NÍVEL E VARIAÇÃO EM ADOLESCENTES

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Transcrição:

APEGO AO AMBIENTE ESCOLAR? UM ESTUDO SOBRE SEU NÍVEL E VARIAÇÃO EM ADOLESCENTES Pollyana Verissimo de Araújo; Viviany Silva Pessoa; Jéssyca Cristina Ferreira Nunes; Nathália Beatriz de Souza Amorim; Rosicleia Moreira Palitot. Universidade Federal da Paraíba, polly-14@hotmail.com O presente artigo teve como objetivo analisar o nível de apego dos alunos ao ambiente escolar e sua variação em função do sistema de ensino. Para tanto, adotou-se a perspectiva da relação pessoa-ambiente que busca contribuir para a vertente institucional da psicopedagogia. Participaram do estudo 200 alunos do ensino médio, com idade média de 15,15 (DP=0,98), igualmente distribuídos entre escolas públicas e privadas de uma capital nordestina. Estes responderam a Escala Apego ao Lugar além de questões sociodemográficas. As análises indicaram que o nível de apego à escola foi considerável, evidenciando uma diferença significativa do nível de apego ao lugar em função do tipo de sistema de ensino (F(191) = -2,205; p 0,03), com destaque para a escola privada (M= 3,36; DP= 0,603). Com base nesses resultados foi possível discutir sobre a necessidade de desenvolver estratégias voltadas para promoção de identidade com a escola, percepção da escola como comunidade e atitudes positivas frente à escola. Palavras-chave: Apego ao lugar, ambiente escolar, relação pessoa-ambiente.

INTRODUÇÃO O Século XXI tem início com reformulações nos mais diversos setores, como na tecnologia com o surgimento dos computadores, telefones celulares, e internet (BALARINE, 2002). A sociedade ganhou novas visões de mundo e leis que também repercutiram na educação, na qual é possível observar, por exemplo, a implementação de leis de inclusão e a expansão de conhecimentos entre a população (FARIA; CASAGRANDE, 2004). Atualmente, dentro do universo escolar, uma das preocupações é pensar novas estratégias para atender às demandas do processo de aprendizagem (PORTO, 2011). Dentre essas estratégias é possível encontrar estudos que destacam os laços criados com o ambiente chamado escola e as implicações dessa relação para a formação geral do sujeito (CUNHA, 2013). Para compreender melhor o que vem a ser esses laços com o ambiente escolar, adotase o conceito de apego ao lugar. Para tanto é necessária uma breve especificação e diferenciação dos conceitos constituintes do termo, são eles: apego e lugar. Segundo Figueiredo (2010), no novo dicionário de língua portuguesa, apego é afeição, afêrro, insistência (de apegar). Para Bowlby (1977), apego seria algo favorável dos seres humanos ao fazerem ligações afetivas fortes com pessoas ou algo específico. Segundo Cavalcante e Nóbrega, (2011) lugar é um espaço que possui significação e importância pelas relações e emoções envolvidas, enquanto espaço é uma matéria ao qual se atribui interação ao indivíduo, no entanto se pode dizer neutro já que não possui significado. Dessa forma, apego ao lugar ou place attachment como é conhecido na literatura especializada Giuliani (2004), é um conceito complexo e de várias compreensões, cujo entendimento exige foco para as características físico-espaciais do local e as traduções de simbologia e afetividade que estão relacionadas pelos sujeitos ou grupos (ELALI; MEDEIROS, 2011; GIULIANI, 2004). Neste sentido, é possível observar as interações entre estudante-instituição, e sugerir

que indivíduos que apresentam boas relações com a escola tendem a apresentar ações adequadas tanto frente àquele ambiente quanto frente aos seus usuários frequentadores do mesmo. Desta maneira, a escola deve ser vista como um ponto fundamental de intersecção no processo de aprendizagem, pois visa oferecer meios para que o usuário se desenvolva de forma integral (DALBEM; DELL AGLIO, 2005). O interesse desse artigo foi, portanto, destacar o nível de afetividade dos estudantes com o seu ambiente escolar, tendo como base os aspectos socioculturais e ambientais associados ao processo de aprendizagem, desde uma perspectiva da psicopedagogia institucional. Desse modo, é interessante conhecer o nível de apego do estudante frente à escola e os seus ambientes constituintes, visto que o apego ao ambiente escolar ou acadêmico pode trazer implicações significativas ao crescimento pleno do usuário desse tipo de espaço (LI, 2011). Tal aspecto justifica o desenvolvimento do presente estudo. Diante desse contexto surge a hipótese de que há variação no nível de apego dos estudantes frente ao ambiente escolar. Nesse sentido, traçou-se como objetivo principal analisar o nível de apego dos alunos ao ambiente escolar. Além disso, o objetivo específico buscou verificar se existe diferença do nível de apego em função do sistema de ensino público e particular. METODOLOGIA Participantes: Contou-se com a participação de 200 estudantes do ensino médio, sendo 43% meninos e 57% meninas. A amostra foi distribuída igualmente entre uma escola pública de ensino (50%) e uma escola da rede particular de ensino (50%) de uma capital nordestina. As idades dos participantes variaram entre 14 e 19 anos (M = 15,15; DP = 0, 976. Quando perguntado o tempo de matriculado na escola, foi verificado uma maior concentração (54,5%) entre aqueles que relataram ter entre 1 (um) a 10 (dez) anos de matriculado naquela mesma escola.

Instrumentos: Para a construção e realização desta pesquisa foram utilizados dois instrumentos em forma de livreto. Escala de Apego ao Lugar (Place Attachment Scale; LI, 2011). Este instrumento é unifatorial, composto por 30 itens sendo, 10 referentes à ligação afetiva, 10 representando os aspectos comportamentais e 10 referentes aos aspectos cognitivos: item 3 Eu tenho lembranças significativas da escola. Dos 30 itens apresentados, 11 deles são invertidos (03, 07, 09, 11, 14, 15, 16, 17, 19, 21, 23). Além disso, algumas palavras foram modificadas para se ajustar ao contexto institucional (universidade-escola, prédios-áreas). As respostas foram organizadas em uma escala de 1 (Discordo totalmente) a 5 (Concordo totalmente). A medida original apresenta um índice de consistência interna adequada (α = 0,94). Na versão adaptada para o contexto escolar em análise o índice de consistência interna também foi adequado (α = 0,88), conformando sua possibilidade de uso. Os itens foram calculados para criar uma pontuação média. Questões Sociodemográficas Com fins de caracterização da amostra, o questionário foi composto pelas seguintes questões sociodemográficas: tipo de escola, idade, sexo, renda familiar estimada, tempo de matriculado na escola, em quantas escolas estudou anteriormente e sala de aula agradável. Procedimento Inicialmente foi apresentado o projeto às instituições escolhidas a fim de solicitar as devidas autorizações para a coleta dos dados. Ressaltando, na oportunidade, que o material foi submetido e aprovado pelo Comitê de Ética em Pesquisa com Seres Humanos, do Hospital Universitário Lauro Wanderley, da Universidade Federal da Paraíba (Proc. CEP/HULW nº 731401 de 29/07/2014). Após a concordância das escolas, os estudantes foram convidados a participar da pesquisa respondendo a um questionário contendo uma escala além de questões

sociodemográficas. Antes de realizar a aplicação foi informado sobre o caráter voluntário da participação, além do caráter anônimo e confidencial de todas as informações. Uma vez tendo concordado com a participação no estudo, os respondentes assinaram o Termo de Assentamento, baseado nos preceitos éticos vigentes para a realização de pesquisas com seres humanos, defendidos pela Resolução n. 466/12 do CNS/MS. Após explicar todas as dúvidas surgidas foi informado que os resultados ficariam disponíveis para os interessados, desde que estes entrassem em contato com a pesquisadora por meio de mensagem eletrônica. O questionário foi aplicado em contexto coletivo de sala de aula, mas respondido de forma independente por cada participante e teve uma duração média de 20 minutos. Análise dos dados Os dados foram analisados de forma quantitativa por meio do programa estatístico SPSS (Statistical Package for the Social Science 21), que possibilitou caracterizar o grupo amostral (média, desvio-padrão e percentuais), conhecer o nível de apego que os estudantes afirmaram ter pela escola (médias); e verificar diferenças entre escola pública e escola particular em função deste nível de apego à escola (teste t de Student). RESULTADOS E DISCUSSÃO Resultados relativos à média de apego ao lugar Os dados coletados obtiveram como média geral (M = 3,28; DP = 0, 561) o que indicou um determinado nível de apego contrário ao esperado, já que no estudo original a média obtida foi de 3,91 (LI, 2011). Esse resultado sustenta os achados na literatura nacional (GÜNTHER et al.,.2003) que indicam, por meio de dados empíricos, que a escola foi identificada como um dos lugares menos apreciados pelos adolescentes. Verificou-se, por meio dos resultados, que o apego ao lugar dos estudantes considerados para com a escola é pouco significativo, o que indica 1) a necessidade de

promoção de identificação e vínculo dos estudantes com o seu ambiente escolar e 2) estudos futuros na área institucional. Resultados relativos à comparação do nível de apego ao lugar em função do sistema de ensino Os resultados seguem com a análise de comparação com o fim de atender ao objetivo específico do estudo que foi comparar os grupos em função do sistema de ensino (público e particular) verificando a existência de significativas diferenças. Nesse sentido, os indivíduos do sistema de ensino público (M = 3,19; DP = 0,503) apresentaram menor indicador de apego ao lugar quando comparados com os estudantes do sistema de ensino particular (M = 3,36; DP = 0,603), sendo este resultado estatisticamente significativo [F(198) = 2,205; p = 0,029]. Este é um indicador interessante já que as escolas, tanto públicas quanto privadas, precisam oferecer elementos fundamentais para o ensino e o desenvolvimento dos estudantes a partir de pontos principais que envolvem a segurança, o conforto e as atividades desenvolvidas no espaço escolar. A exemplo do estudo de Raymundo, Kuhnen e Soares (2010) que apresenta que instrumentais como as atividades recreativas oferecidas pelas escolas são de tamanha importância para o crescimento psicológico, social e relacional dos estudantes, tendo em vista a construção de interações e apego com o ambiente e com as pessoas participativas deste espaço. No entanto, de acordo com esses resultados, foi possível observar que há diferença no nível de apego dos estudantes em função do contexto e que tal dado pode estar atrelado ao oferecimento de estrutura e serviços que, por sua vez, podem interferir na relação entre o usuário e o espaço em análise. Nesse sentido, evidencia-se a necessidade de se refletir sobre possíveis ações específicas para cada realidade, no intuito de atender às demandas e expectativas de inerentes ao espaço escolar, de acordo com as suas especificidades.

CONCLUSÕES De uma forma geral, os questionamentos realizados nos objetivos, a saber: 1) conhecer o nível de apego dos alunos com o ambiente escolar e 2) verificar se existe diferença em função sistema de ensino público e particular, foram atendidos nessa seção, com os dados se comportando de forma coerente com achados de pesquisas anteriores. Os resultados ainda sugeriram a possibilidade de respostas interessantes em caso de comparação de grupo para a produção de estratégias de ação voltadas para a promoção de identidade com a escola, percepção da escola como comunidade e atitudes positivas frente à escola. Embora esteja claro o atendimento aos objetivos traçados, alguns pontos do estudo precisam ser destacados como fatores limitantes. Em primeiro lugar, é importante ressaltar que a opção por uma amostra de conveniência se deu em decorrência do pouco tempo disponível para o levantamento dos dados; mesmo sabendo que, uma amostra aleatória poderia auxiliar em um levantamento de dados mais precisos, sobre a temática estudada. Este estudo possui a característica de ser ainda preliminar, pois se baseia em conhecer o nível de apego dos alunos com o ambiente escolar. O que é fundamental e pode ser visto como um ponto de partida para outras contribuições sobre o entendimento do apego a escola, a partir da variável selecionada: apego ao lugar. O intuito do estudo desenvolvido foi, portanto, mostrar à questão do aluno que cria laços afetivos com a escola a partir de um ambiente prazeroso e as repercussões desse elo afetivo nos processos educacionais, no desenvolvimento da aprendizagem e desenvolvimento humano desde um aspecto mais geral; o que parece ser um elemento positivo a promoção da qualidade de ensino, assim como para a manutenção do patrimônio escolar (DESSEN; POLONIA, 2007). Foram referenciadas pesquisas que trazem como variável relevante para a explicação de apego, o apego ao lugar e laços afetivos criados com o ambiente escolar. Consequentemente, é notável, a pertinência da reflexão relacionada com o apego escolar a partir da verificação da associação com a variável citada, principalmente no campo de estudo da educação e suas áreas correlatas.

Diante disso, o presente estudo é capaz de trazer contribuições para a pedagogia, psicologia e a psicopedagogia, a partir da promoção de debate envolvendo a educação ambiental nas escolas. A psicopedagogia, enquanto campo de atuação preocupado com os processos de aprendizagem e sua qualidade para a formação da autoria de pensamento do sujeito, considera a possibilidade de a escola ser entendida como um ambiente de formação acadêmica, afetiva, social e formador do desenvolvimento humano; discorrendo quanto à questão que as emoções influenciam positivamente e negativamente na vida de um estudante dependendo do ambiente ao qual está inserido, permitindo que cada usuário discorra de suas atitudes e percepções de uma forma objetiva e direta (BOSSA, 2011; FELIPPE; KUHNEN, 2012). Conclui-se, portanto, que há um leque de possibilidades de aplicações das contribuições deste estudo para a educação desde a vertente da educação ambiental, assim como para áreas como a psicopedagogia a pedagogia e a psicologia. Finalmente se ressalta a relevância do estudo enquanto um conhecimento interessante para o entendimento dos entraves envolvidos na aprendizagem provenientes do apego ao lugar e de suas possíveis ligações com laços afetivos criados por estudantes no âmbito institucional. Campanhas de intervenção também podem ser pensadas para a equipe docente e a escola como um todo, esclarecendo as dúvidas sobre o apego ao lugar e as suas ligações com os estudantes e a escola; focalizando os esforços para a promoção de uma aprendizagem de qualidade que, uma vez atenta aos elementos quanto aos laços afetivos e seu poder de modificação do comportamento, é capaz de favorecer o crescimento pleno desse (novo) sujeito social. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS BALARINE, O. F. O. Tecnologia da informação como vantagem competitiva. ERA eletrônica, São Paulo, v. 1, n. 1, p. 1-11, 2002. BOSSA, N. A Psicopedagogia no Brasil: contribuições a partir da prática. 4 ed. São Paulo: Wak, 2011. BOWLBY, J. The making and breaking of affectional bonds. I. A etiology and psychopathology in the light of attachment theory. An expanded version of the Fiftieth Maudsley Lecture, delivered before the Royal College of Psychiatrists, 19 November 1976.

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