GEOSUL/ III Simpósio de Engenharia Geotécnica da Região Sul- ABMS Núcleo Regional de Santa Catarina

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Transcrição:

GEOSUL/2002 - III Simpósio de Engenharia Geotécnica da Região Sul- ABMS Núcleo Regional de Santa Catarina PROJETO DE ATERROS SOBRE SOLOS MOLES - CASO DO CONJUNTO HABITACIONAL SÃO VICENTE H Eng CARLOS WILLIAMS CARRION, Ms, Gerente de Projetos CDHU, carloscarrion@uol.com.br RESUMO A Construção de edificações sobre solos moles, de baixa resistência e elevada compressibilidade deve ser evitado sempre que possível, pois é um problema de solução onerosa, e nem sempre totalmente eficaz. Muitas dificuldades costumam ocorrer na execução de aterros sobre solos moles, tanto no que diz respeito a problemas de ruptura de base, como a problemas de recalques excessivos e inesperados. Em especial, porque a espessura da camada de solo mole, geralmente varia muito dentro da área do empreendimento em construção. Este trabalho tem por objetivo descrever as soluções atuais mais recomendáveis e apresentar as dificuldades ocorridas no desenvolvimento do Projeto Geotécnico de Aterros sobre solos moles para a Construção do Conjunto Habitacional São Vicente H, sob responsabilidade da CDHU - Companhia de Desenvolvimento Habitacional do Estado de São Paulo. A Construção de edificações sobre solos moles é problema bastante comum no Litoral Paulista devendo a escolha de solução geotécnica adequada ser orientada por estudo geotécnico de análise de estabilidade de taludes e pelo orçamento estimado do aterro a executar. Entre os principais fatores que afetam a solução a ser escolhida destacam-se: as dimensões do aterro, as características do material de fundação, os materiais de construção, o programa de Construção do empreendimento e a localização da Obra. PALAVRAS CHAVES: Aterros, Solos moles, alta compressibilidade, estabilidade de taludes, ruptura de base, recalques Joinville/SC, 2003

2 1. INTRODUÇÃO A Construção de edificações sobre solos moles, de baixa resistência e elevada compressibilidade, deve ser evitada sempre que possível, pois é um problema geotécnico ambiental de solução onerosa e nem sempre totalmente eficaz. Muitas dificuldades costumam ocorrer na execução de aterros sobre solos moles, tanto no que diz respeito a problemas de ruptura de base, como a recalques excessivos e inesperados. Em especial, porque a espessura da camada de solo mole, geralmente, varia muito dentro da área do empreendimento habitacional em construção. Este trabalho tem por objetivo descrever as soluções atuais mais recomendáveis e apresentar as dificuldades ocorridas no desenvolvimento do Projeto Geotécnico de Aterros sobre solos moles para a construção do Conjunto Habitacional São Vicente H em São Vicente /SP, sob responsabilidade da CDHU - Companhia de Desenvolvimento Habitacional do Estado de São Paulo. 2 - DESCRIÇÃO DO CASO Com ocasião de vistoria técnica realizada em 10/02/2004, o local da obra apresentava topografia ligeiramente acidentada, constatando-se ainda que o relevo topográfico sofreu algumas modificações, estando a área de 23.858,78 m² totalmente desocupada. Trata-se de terreno com formato irregular e com frente para Rua José Benedito Henrique, Av. Dorival Moreira do Amaral (antiga Rua 17), por onde passa um canal de drenagem e por outro lado a Rua Travessa do Parque e a Rua Dante Cecchi, que localizam-se no perímetro urbano em zona Residencial mista. 3.1 RUPTURA DE BASE E RECALQUES EXCESSIVOS A construção de edificações sobre solos moles é bastante comum, devendo ser analisados dois aspectos fundamentais, o problema de ruptura de base e a ocorrência de recalques excessivos. A escolha de solução geotécnica adequada é

3 orientada por estudo de análise de estabilidade de taludes e pelo orçamento estimado do aterro.(almeida,1996) 3.2 FATORES QUE AFETAM A SOLUÇÃO A SER ESCOLHIDA Entre os principais fatores que afetam a solução a ser escolhida destacam-se: Dimensões do aterro Característica do material de fundação Materiais de Construção Programa de construção Localização da Obra 3.2.1 DIMENSÕES DO ATERRO As dimensões do aterro são determinada pelas características geotécnicas do perfil do subsolo.quanto mais altos forem os aterros, maiores serão as tensões e deslocamentos.quanto mais largos forem os aterros, maiores serão os bulbos de pressão e conseqüentemente, maiores serão os recalques. 3.2.2- CARACTERÍSTICA DO MATERIAL DE FUNDAÇÃO Deverá ser realizado Programa de Investigações geotécnicas visando : - Determinar o Perfil das camadas, dimensões, resistências e compressibilidade verificados por sondagens até profundidades suficientes - Retiradas de amostras indeformadas, ensaios (muitas vezes in loco) para a determinação das características acima.(silveira,1989) 3.2.3 - MATERIAIS DE CONSTRUÇÃO Quanto melhor o material, menor será a espessura do aterro a ser projetado, conseqüentemente menor será o custo do material de empréstimo para o aterro. É de vital importância pesquisar quais são os materiais disponíveis na região e avaliar principalmente:

4 - Volumes e características típicas de cada material disponível. - Peso específico previsto após a compactação - Características de resistência do maciço a ser construído - Coeficiente de empolamento e redução - Distâncias de transportes dos materiais - Custo de cada material 3.2.4 PROGRAMA DE CONSTRUÇÃO As vezes alguns métodos de execução de aterros não podem ser implementados porque exigem execução lenta não permitida pelo prazo de construção do empreendimento. O tempo disponível para o termino da construção do aterro e da edificação acaba restringindo o tipo de solução geotécnica a ser adotada, tanto do ponto de vista do aumento de resistência como do controle de recalques. Por exemplo, a disponibilidade de equipamentos especial de drenagem torna-se indispensável para adotar determinada solução.(caputo,1988) 3.2.5 LOCALIZAÇÃO DA OBRA A localização da Obra também influi no tipo de solução geotécnica a ser adotada no projeto. Sob este aspecto, podemos destacar : Topografia local condições de drenagem natural Construções vizinhas que podem não permitir: - Uso de métodos como deslocamento do material mole - Possibilidade de operação de certos equipamentos. 4 SOLUÇÕES TÍPICAS Basicamente, tem-se dois tipos de soluções geotécnicas, a seguir : a ) Remoção ou deslocamento do material mole e substituição por material bom Escavação e deslocamento pelo peso

5 - escavação mecânica - deslocamento pelo peso próprio do aterro - assentamento por jato Remoção por bomba de sucção Deslocamento com o uso de explosivos b) Lançamento do atêrro sobre o material mole uso de material leve ritmo lento de construção utilização de sobrecarga bermas de equilíbrio drenos verticais de areia ou de papelão 4.1 - REMOÇÃO DO MATERIAL MOLE A remoção do solo mole e sua substituição por material com características de resistência e compressibilidade compatíveis com a edificação em estudo, exige de grande quantidade de material de empréstimo. Este processo é exeqüível quando a camada a ser escavada tiver pouca profundidade, abaixo do nível d água (N.A.). O custo deste serviço deve ser somado ao custo do material para reposição. Temos três tipos de remoção, a seguir: (Silveira,1989) a) escavação e deslocamento mecânico (total ou parcial) b) remoção por meio de bombas de sucção c) deslocamento por explosão Estas soluções exigem: Disponibilidade de grande quantidade de material de empréstimo de baixo custo Locais para depósito do material mole com pequena distância de transporte

6 Condições de trabalho com processos econômicos. 4.1.1 ESCAVAÇÃO E DESLOCAMENTO : Escavação mecânica Deslocamento pelo peso do aterro Assentamento por jato Escavação mecânica ( total ou parcial ) Adotada quando a profundidade do material mole é grande (até 3m) abaixo do N.A, quando existe material econômico p/ substituição ou quando há necessidade de rapidez de execução do aterro. Geralmente a escavação é feita com escavadeiras (dragline) em aterros de ponta com descarga do material nos taludes laterais ou transporte do material para locais pré-estabelecidos. Existem casos onde a substituição de parte da camada resolve os problemas de estabilidade e recalques excessivos. Pode-se usar a escavação parcial combinada com outros métodos. 5 - METODOLOGIA DE PROJETO GEOTÉCNICO O Conjunto Habitacional São Vicente H será construído em terreno com formato irregular com frente para Rua José Benedito Henrique, Av. Dorival Moreira do Amaral (antiga Rua 17), por onde passa um canal de drenagem e de outro lado a Travessa do Parque é a Rua Dante Cecchi, e localiza-se no perímetro urbano em zona Residencial mista de São Vicente/SP. Para a realização do Projeto Geotécnico foi previsto o desenvolvimento das seguintes atividades: 5.1 -PROGRAMAÇÃO COMPLEMENTAR DE INVESTIGAÇÕES GEOTÉCNICAS DO SUB-SOLO Foram previstas a realização de no mínimo :

7 03 (três ) Sondagens a Percussão com torque SPT-T; perfuração com diâmetro 2 1/2, até 25m de profundidade estimada. 5.2 ENSAIOS GEOTÉCNICOS ESPECIAIS Foram programados os seguintes ensaios: 06( seis ) Ensaios de adensamento edométrico contínuo Ensaios de palheta in situ tipo vane-test (perfuração de 2 1/2 ) a cada metro de profundidade, até 12m de profundidade estimada. Extração de 06 (seis ) amostras indeformadas tipo Shelby diâmetro 100mm para ensaios de adensamento, até 15m de profundidade estimada. 5.3- ESCOPO DE SERVIÇOS GEOTÉCNICOS No programa de atividades foram programados os seguintes serviços: a) Programação, acompanhamento e execução de 03 (três ) sondagens a percussão SPT-T e Interpretação dos Resultados das sondagens SPT-T e dos Ensaios Especiais b) Estabelecimento da solução geotécnica mais adequada ao caso em estudo, independente do tempo de recalque necessário para o adensamento da argila marinha presente no subsolo da área da obra, c) Projeto Geotécnico de aterro de estabilização de recalques abrangendo: Detalhamento técnico da solução geotécnica selecionada. Projeto e Planejamento de Instrumentação do aterro sobre solos moles a ser executado visando o monitoramento dos recalques previamente avaliados com os Ensaios Especiais. 5.4 ESTUDOS GEOTÉCNICOS PRELIMINARES Conforme resultados de investigação geotécnica foram realizados 08 (oito) Sondagens a percussão com Ensaio SPT a cada metro de profundidade. As Sondagens de simples reconhecimento foram realizada com revestimento 21/ 2 e amostrador padrão tipo Terzaghi-Peck de 2. O perfil do Subsolo apresentou as seguintes camadas :

8 Camada de aterro constituída de argila siltosa mole, com espessura variando de 0,20 a 2,70m e baixa capacidade de suporte. Abaixo deste aterro identifica-se camada de argila marinha siltosa, cor cinza escura, muito mole, com índice SPT variando de 0 a 2. Profundidade: 0,20 a 8,5, da cota da boca de furo Abaixo da argila marinha encontrou-se camada de areia fina siltosa fofa cinza e/ou areia fina argilosa marrom fofa e pouco compacta, com índice SPT variando de 0 a 10,0. Profundidade: 5,5 a 13,0 cm da cota da boca do furo. Abaixo da areia fina argilosa detectamos nova camada de argila marinha cinza, muito mole com índice SPT variando de 0 a 4. Profundidade: 10,0 a 17,0 cm da cota de boca de furo. Prosseguem as intercalações do solo sedimentar terciário, representado por areia fina siltosa ou argilosa, com espessuras camadas de argila marinha até a profundidade de 55,0m. Detectou-se presença de lençol freático (NA) com profundidade variando de 0,0 a 1,20m da cota da boca do furo. 6 DIAGNÓSTICO PRELIMINAR Face ao acima exposto e dadas as condições atuais da área da Obra, considerou-se que é de vital importância que o PROJETO DE TERRAPLENAGEM obedeça as seguintes orientações e/ou diretrizes, a seguir : Que as 05 (cinco) sondagens iniciais da GEOSONDA mostraram solos subaflorantes com baixa capacidade de suporte o que implicava em condições desfavoráveis para as Obras de Terraplenagem. A Segunda bateria de 03 (três) sondagens apresentou lençol freático aflorante e subsolo com espessas camadas de argila orgânica altamente compressível resultando em condições críticas para terraplenagem. Em função da magnitude dos parâmetros de adensamento, a serem determinados, que poderão agravar as condições desfavoráveis geológico geotécnica do subsolo do terreno, foram analisadas várias soluções geotécnicas, tais como:

9 Execução de aterro com pré carregamento Processo de Drenagem, através da execução de drenos verticais de areia prévia remoção parcial do solo mole. A alternativa de drenagem através da execução de drenos verticais de areia, consiste basicamente das seguintes fases : Remoção parcial do solo turfoso por escavação e deslocamento cujos fundos de cava apresentam desnível entre montante e jusante superior à 1,0 m. A profundidade média de remoção foi de aproximadamente 1,5 m. O material selecionado para o aterro deverá ser granular e de preferência rachão nas primeiras camadas, para viabilizar a compactação abaixo do nível d água. A escavação parcial visa reduzir a espessura da camada compressível e conseqüentemente o recalque diferencial e o correspondente tempo de adensamento. Acima do material granular deverá ser lançada camada de areia de 1,0m de espessura aproximadamente com porcentagem de finos passando pela peneira 200 5%. O deslocamento do material mole sob a ação do peso do aterro pode ser feito frontalmente ou lateralmente.

10 7- REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ABMS - Associação Brasileira de Mecânica dos Solos - Solos do Interior de São Paulo, São Paulo,1998 ALMEIDA, Marcio de Souza - Aterros sobre solos moles, Editora UFRJ. Rio de Janeiro, 1996. BOWLES.E.J - Foundation Analysis and Design, Ed. McGraw-Hill do Brasil, São Paulo / SP, 1990 CAPUTO,Homero P - Mecânica dos Solos e suas aplicações, Vol 1, 6ª edição, Livros Técnicos e Científicos, Rio de Janeiro, 1988 LAMBE, R.W. - Soil Testing for Engineers, John Wiley and Sons, USA, 1.960 MELLO, Victor F.B - Mecânica dos Solos, 2ª edição, São Carlos / SP, EESC/USP, 1.980 NOGUEIRA, J.B - Ensaios de Laboratório em Mecânica dos Solos, 2ª edição São Carlos /SP, EESC - USP, 1.980. SILVEIRA, Evelyna - Aterros sobre solos Moles, 4ª edição, EESC -USP, São Carlos/SP, EESC - USP 1989 TSCHEBOTARIOFF G.P - Fundações, Estruturas de Arrimo e Obras de Terra, Ed. McGraw-Hill do Brasil, 1978 VARGAS, Milton - Introdução á Mecânica dos Solos, Mc Graw Hill do Brasil, São Paulo / SP, 1980 Eng Carlos Williams Carrion, Ms