ENERSISA Energia Silvers Ltda.



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Transcrição:

ENERSISA Energia Silvers Ltda. ESTUDO DE IMPACTO AMBIENTAL DA CONSTRUÇÃO DA TERMELÉTRICA ENERSISA, NO MUNICÍPIO DE SILVES AM VOLUME I CARACTERIZAÇÃO DO EMPREENDIMENTO JANEIRO, 2008 Realização: LIGA Consultores S/S

INFORMAÇÕES GERAIS Identificação do Empreendedor Nome: UTE ENERSISA Razão Social: ENERSISA Energia Silvers Ltda. Representante: José Alves Neto Sócio -Presidente Engenheiro Eletricista CPF : 277.651.991-53 RG: 1281222 SSP/GO CNPJ: 07.666.854/0001-50 Inscrição Estadual:10.410157-1 Endereço: Rua T-34, No. 2.197, Setor Bueno, CEP: 74223 220 Goiânia -GO. Identificação do Proponente Razão Social: LIGA Consultores S/S CNPJ: 04.464.290/0001-85 Endereço: Rua São Raimundo, nº 269, Bairro Santo Antônio CEP 69025-000 Manaus/ AM i

EQUIPE MULTIDISCIPLINAR Equipe de Pesquisadores responsáveis pela elaboração do estudo de Impacto Ambiental EIA UTE ENERSISA Nome: Carlos Edwar de Carvalho Freitas Coordenador Titulação: Doutorado em Engenharia Ambiental - USP N CREA/AM: 2979-D N IPAAM:069/03 PF Assinatura: Nome: Alexandre Almir Ferreira Rivas Impactos Titulação: PhD em Economia Ambiental The University of Ambientais Tennessee/USA e N CREA/AM:4328 D Prognóstico N IPAAM:071/03 - PF Assinatura: Nome: Fabíola Aquino do Nascimento Coordenação Titulação: Mestrado Biologia de Água Doce e Pesca Interior - INPA N CREA/AM:9221-03 N IPAAM:213/07 - PF Assinatura: Nome: Flávia Kelly Siqueira de Souza Titulação: Mestrado Biologia de Água Doce e Pesca Interior - INPA N CREA/AM:9213 - D N IPAAM:126/06 - PF Assinatura: Nome: Káren Lorena Lôbo Prado Titulação: Mestrado Biologia de Água Doce e Pesca Interior - INPA N CREA/AM: 10523 - D N IPAAM: 069/06 - PF Assinatura: Coordenação Ictiofauna ii

Nome: Maria Angélica Corrêa Laredo Titulação: Graduação em Economia - CIESA N CORECON/AM: 1312 N IPAAM: 198/07 - PF Assinatura: Nome: Carlos Augusto da Silva Titulação: Especialização em Arqueologia Amazônica N IBAMA: 1955390 N IPAAM: 140/03 PF Assinatura: Nome: Suzy Cristine Pedroza da Silva Titulação: Mestrado em Agricultura e Sustentabilidade na Amazônia N CREA/AM: 9261-D N IPAAM: 035/07 PF Assinatura: Nome: Vinícius Tadeu de Carvalho Titulação: Ciências Biológicas N CRBio: 5058/06 - D N IPAAM: 1255/06 Assinatura: Nome: Hedinaldo N. Lima Titulação: Doutorado em Solos N CREA/AM: 4223 N IPAAM: 113/06 - PF Assinatura: Nome: Clauzionor Lima da Silva Titulação: Doutorado em Geologia UFAM N CREA/AM: 3949 - D N IPAAM: 2133/T/07 Assinatura: Sócioeconomia Arqueologia Flora Fauna Pedologia Geomorfologia iii

Nome: Tereza Cristina Souza de Oliveira Titulação: Doutorado em Ciências Química Analítica PUC N CRQ/AM: 14100699 N IPAAM: 2392/07 Assinatura: Nome: Blenda Araújo Saraiva Titulação:Mestrado em Modelagem Ambiental - COPPE N CREA/AM: 8821 - D N IPAAM: 0877/07 - PF Assinatura: Nome: Olívia Leonardi Ribeiro Titulação: Graduação em Geologia - UNESP N CREA/MG: 07001126 N IPAAM: 2132/T/07 Assinatura: Nome: Paulo Moisés de Araújo Pereira Titulação: Tecnólogo em Mecânica N CREA/AM: 10576-D N IPAAM: 4558 / 07 - PF Assinatura: Nome: Renata Reis Mourão Titulação: Bacharel em Economia N CORECON/AM: 1756 N IPAAM: 0925/T/06 Assinatura: Nome: Beatriz Furtado Rodrigues Titulação: Bacharel em Economia UFAM N CORECON/AM: 1917 N IPAAM: 067106 - PF Assinatura: Limnologia Resíduos e Emissões Atmosféricas Geomorfologia Resíduos e Emissões Atmosféricas Impactos ambientais E Prognóstico Impactos Ambientais e Prognóstico iv

Nome: Edileuza Carlos de Melo Titulação: Mestrado em Engenharia Mecânica Área Ambiental UnB N CREA/AM:4925 AM - RR N IPAAM:231/07 - PF Assinatura: Nome: Willer Pinto Titulação: Especialista em Geoprocessamento Msc em Geociências N CREA/AM: 8038-D N IPAAM: 256/07 - PF Assinatura: Geoporcessamento Geoprocessamento v

Equipe de colaboradores na elaboração do estudo de Impacto Ambiental EIA UTE ENERSISA Arqueologia Nome: Eduardo Góes Neves Titulação: Doutorado Indiana University/ USA Nome: Helena Pinto Lima Titulação: Doutorado MAE USP Nome: Bruno Marcos Moraes Titulação: História USP Nome: Levemilson Mendonça da SIlva Titulação: História UFAM Hidrologia Nome: Naziano Pantoja Filizola Junior Titulação: Doutorado em Hidrologia e Geologia Comunicação Nome: Jackson Colares Antunes Titulação: Doutorado em Tecnologia Educacional UIB/Espanha Fauna Nome: Eduardo Schmidt Eler Titulação: Mestrado em Genética, Conservação e Biologia Evolutiva Nome: Rafael Bernhaird Titulação: Mestrado em Ecologia INPA Nome: Paulo César Machado Andrade vi

Titulação: Mestrado em Zootecnia Piracicaba Nome: Reynier de Souza Omena Junior Titulação: Especialista em Gestão Ambiental Nome: Lucéia Bonora Titulação: Licenciatura em Ciências Biológicas UNIC Nome: Anndson Brelaz de Oliveira Titulação: Bacharel em Engenharia de Pesca UFAM LIGA CONSULTORES S/S Pedologia Nome: Venceslau Geraldes Teixeira Titulação: Doutorado em Ciências do Solo Nome: Aildo da Silva Gama Titulação: Mestrado em Ciências Agrárias Nome: Rodrigo Macêdo Titulação: Ciências Naturais - Impactos Ambientais e Prognóstico Nome: Melyse Amaralina da Silva Cordeiro Titulação: Bacharel em Economia UFAM Geoprocessamento Nome: Leonara de Oliveira Queiroz Titulação: Bacharel em Biológicas UNINORTE Nome: Francimara Torres de Freitas Titulação: Licenciada em Geográfica UFAM Flora Nome: Jonathas Nascimento Titulação: Bacharel em Engenharia Florestal UFAM vii

Limnologia Nome: Danielle de Oliveira Vieira Titulação: Química CEFET Resíduos e Emissões Atmosféricas Nome: César Ricardo Barbosa da Silva Titulação: Bacharelado em Administração viii

APRESENTAÇÃO A LIGA CONSULTORES S/S foi contrata pela ENERSISA ENERGIA SILVERS LTDA para a elaboração do Estudo de Impacto Ambiental (EIA) e respectivo Relatório de Impacto sobre o Meio Ambiente (RIMA). Este documento atende ao Termo de Referência No.003/07 GEPE, para a construção de uma Usina Termelétrica, movida a combustão de gás natural no município de Silves AMAZONAS. O objetivo deste documento é apresentar o Estudo de Impacto Ambiental - EIA ao Instituto de Proteção Ambiental do Estado do Amazonas IPAAM e demais órgãos de atuação na área ambiental do Estado do Amazonas, e ainda aos diversos segmentos da população com interesse no assunto. O EIA apresenta informações detalhadas a respeito das características do empreendimento e das características físicas, biológicas, sociais e econômicas da região de influência, em que o empreendimento se insere, em atendimento à Legislação Brasileira, para que o projeto possa prosseguir em seu desenvolvimento, implantação e operação. Para efeito de melhor apresentação, o EIA foi subdividido em quatro (04) volumes, cujos conteúdos encontram-se indicados no Sumário, reproduzido em todos os volumes. De forma geral, tais volumes constarão: VOLUME I - Caracterização do Empreendimento VOLUME II - Diagnóstico Ambiental VOLUME III - Impactos Ambientais Prognóstico Ambiental Medidas Mitigadoras, Compensatórias VOLUME IV - Programas Ambientais,.Referências Bibliográficas e Anexos. ix

CONTRATANTE A empresa ENERSISA Energia Silvers Ltda., cuja sede provisória é Rua T 34 nº 2.197, Setor Bueno em Goiânia Goiás é controlada pelo Grupo Empresarial ENGEBRA Empresa de Energia do Brasil Ltda, que possui 99% das ações da empresa. O Grupo ENGEBRA, ao qual a ENERSISA integra, tem competência e profundo conhecimento do mercado energético brasileiro, devido ao know-how adquirido ao longo dos anos inserido na malha energética brasileira. Além de parcerias com empresas líderes mundiais em seus respectivos segmentos, detentoras de alta tecnologia. O que concede à empresa credibilidade e capacidade para a realização de projetos multidimensionais. A ENGEBRA, além da ENERSISA, detém o controle acionário de outras empresas: Empreendimento UTE DAIA Usina Termelétrica de Anápolis Ltda. A Usina Termelétrica de Anápolis UTE-DAIA, produtora independente de energia elétrica, está localizada no Distrito Agroindustrial de Anápolis-GO, ocupando uma área de 40.000 m². Sua estrutura é composta de dois galpões com 33 conjuntos motores geradores, que produzem 44,3 MW de energia elétrica disponibilizada para o Sistema Interligado Nacional. Empreendimento UTE Palmeiras Usina Termelétrica de Palmeiras de Goiás Ltda. Usina Termelétrica Palmeiras de Goiás - UTE-PALMEIRAS, também produtora independente de energia elétrica, com potência instalada de 174,30KW, na tensão de 230kV, freqüência de 60Hz, localizada no Município de Palmeiras de Goiás-GO, constituída para o fornecimento de energia no Sistema Interligado Nacional, submercado Sudeste/Centro-Oeste e participação no Leilão de Energia Nova de 2006. Empreendimento Hedesa Tecnologias Ltda (www.hedesa.com.br). No início de 2006, a ENGEBRA tornou-se sócia majoritária da Hedesa, empresa que tem como foco o uso de tecnologia inovadora em x

craqueamento para produção de biocombustível, através do aproveitamento de resíduos derivados de petróleo. Empreendimento Hidrogás Ltda. Ainda implementa ações que tem como resultado uma elevação substancial da qualidade de vida e no aumento da capacidade de gerar riquezas da comunidade sob a área de influência de seus projetos. Um exemplo é o Projeto Escola-Empresa, na qual a ENGEBRA é pioneira, que, através da modernização de ambientes universitários, proporciona aos docentes e discentes conforto, tecnologia e conhecimento associando prática à teoria. Com relação à responsabilidade ambiental, o Grupo ENGEBRA implanta Programas de SMS (Saúde, Meio Ambiente e Segurança), programa este, que tem o intuito de conduzir os negócios de maneira responsável e comprometida com o meio ambiente e a sociedade, de forma a manter a segurança e a saúde dos seus funcionários, parceiros e sociedade em geral, mantendo a preservação do meio ambiente. Para todos os projetos, inclusive a UTE ENERSISA, são desenvolvidos e aplicados todos os quesitos gerais propostos por um programa de SMS e outros que serão criados conforme a necessidade local ou para melhoramentos diversos de acordo com o surgimento de novas tecnologias. Dentro do quesito saúde, além da manutenção da saúde ocupacional, são realizadas Ciclos de Palestras com os funcionários e familiares sobre a manutenção da saúde, esclarecimentos e orientações sobre epidemias, etc. Para o quesito de meio ambiente será implantado um Sistema de Gestão Ambiental SGA, que será reforçado com o desenvolvimento de Projetos Ambientais que abranjam Gerenciamento de Resíduos Sólidos, Gerenciamento de Resíduos Líquidos, Reaproveitamento de Água, Educação Ambiental, etc. xi

SUMÁRIO I INTRODUÇÃO... 1 I.I - Justificativa... 3 I.I.I - Usinas Termelétricas... 7 I.I.II - Termelétricas no Brasil... 10 I.I.III - Termelétricas no Estado do Amazonas... 12 I.I.IV - Alternativas Tecnológicas... 15 I.I.V - A Comparação... 21 II - CARACTERIZAÇÃO DO EMPREENDIMENTO... 26 II.I - Localização do Empreendimento... 27 II.II - Área de Influência do Empreendimento... 29 II.III - Capacidade de Geração... 32 II.IV - Modulação da Usina... 32 II.IV.I - Equipamentos... 32 II.IV.II - Arranjo da Usina e da Sub-estação associada... 40 I.IV.III - Informações dos sistemas de proteção, controle, medição e de comunicação.... 41 II.IV.IV - Diagramas unifilares... 45 II.IV.V Fluxogramas dos sistemas de recepção, medição, armazenamento e tratamento de combustíveis.... 45 II.V.VI Características Elétricas... 46 xii

LISTA DE FIGURAS Figura 1. Fontes primárias para geração de energia elétrica nos anos de 1997 e 1999.... 4 Figura 2. Estrutura de oferta interna segundo a natureza da Fonte Primária de geração 1... 4 Figura 3. Consumo de gás natural no Brasil entre 1974 e 2004.... 6 Figura 4. Localização dos municípios de Silves e Manaus, no estado do Amazonas.... 27 Figura 5. Placa que sinaliza a localização da termelétrica de Silves AM.... 28 Figura 6. Placa que sinaliza a localização da termelétrica de Silves AM.... 28 Figura 7. Delimitação da Área de influência direta e indireta no estudo da Termelétrica - ENERSISA.... 31 LISTA DE TABELAS Tabela 1. Participação das fontes energéticas na produção de energia elétrica nas centrais autoprodutoras (Gwh), no período de 1995 à 1999.... 5 Tabela 2. Oferta Interna de Energia no Brasil em 2005 e 2006 (milhões de tep). 7 Tabela 3. Algumas instalações termelétricas presentes no Estado do Amazonas.... 14 Tabela 4. Aproveitamentos hidroelétricos situados até 500 km de Manaus... 17 Tabela 5.. Principais vantagens e desvantagens das diversas alternativas energéticas para a cidade de Manaus.... 24 Tabela 6. Nível mínimo de potência despachada pela termelétrica, quando operando em 4 LM6000PC.... 35 Tabela 7. Nível mínimo de potência despachada pela termelétrica, quando operando em 3 LM6000 PC e 2 LM2500 PE... 35 Tabela 8. Desempenho da usina termelétrica quando operando com 4LM6000 PC (primeira alternativa).... 36 xiii

Tabela 9. Desempenho da usina termelétrica quando operando com 3LM6000 PC e 2 LM2500 PE (segunda alternativa).... 36 Tabela 10. Curvas de consumo específico de combustível por unidade geradora no ponto de 100%.... 37 Tabela 11. Curvas de consumo específico de combustível por unidade geradora no ponto de 85%.... 37 Tabela 12. Curvas de consumo específico de combustível por unidade geradora no ponto de 75%.... 37 Tabela 13. Curvas de consumo específico de combustível por unidade geradora no ponto de 50%.... 38 Tabela 14. Curvas de consumo específico de combustível para a usina completa, considerando o despacho econômico, para a carga de 100%... 38 Tabela 15. Curvas de consumo específico de combustível para a usina completa, considerando o despacho econômico, para a carga de 85%... 38 Tabela 16. Curvas de consumo específico de combustível para a usina completa, considerando o despacho econômico, para a carga de 75%... 39 Tabela 17. Curvas de consumo específico de combustível para a usina completa, considerando o despacho econômico, para a carga de 70%... 39 Tabela 18. Cálculo dos parâmetros elétricos da linha de transmissão... 47 xiv

I INTRODUÇÃO Foi com a edição da Lei n.º 6.938/1981 Lei de Política Nacional do Meio Ambiente, que o Estudo Prévio de Impacto Ambiental EIA, passou a integrar, a legislação ambiental brasileira. A referida Lei foi regulamentada pelo Decreto N o..88.3351/1983, posteriormente revogado e substituído pelo Decreto N o.99.274/1990, que disciplinou alguns aspetos gerais e atribuiu ao Conselho Estadual do Meio Ambiente - CONAMA, competência para fixar critérios quanto à exigência de estudo de impacto ambiental para fins de licenciamento. O Estudo de Impacto Ambiental - EIA é um instrumento de política pública, eminentemente técnico-científico e de caráter multidisciplinar, capaz de definir, mensurar, monitorar, mitigar e corrigir as possíveis causas e efeitos de determinada atividade sobre determinado ambiente, materializando-o num documento, agora já direcionado ao público leigo, denominado de Relatório de Impacto de Impactos ao Meio Ambiente - RIMA. O presente Estudo de Impacto Ambiental EIA e o respectivo Relatório de Impactos ao Meio Ambiente - RIMA, foram construídos em completo atendimento às exigências da legislação ambiental, tanto Federal quanto Estadual, além de procurar atender, ainda, as necessidades de preservação da qualidade de vida de uma região onde será implantada uma usina termelétrica, situada no município de Silves-AM, que utilizará como combustível o gás natural produzido pelo poço 1- RUT-1-AM, já prospectado e com viabilidade de extração confirmada. Tal projeto visa a contratação de suprimento de energia elétrica na modalidade de Produtor Independente de Energia PIE, para atendimento do mercado da Manaus Energia S/A e CEAM. Após a construção da termelétrica, está prevista a construção de um gasoduto para o transporte do gás natural do poço à UTE e de uma linha de transmissão, deste local da usina, nas imediações do município de Silves até Manaus, no Bay de entrada da Subestação Manaus I. 1

Desta forma, o presente EIA, elaborado em conformidade com o que disciplina a Resolução CONAMA N o.001/86, tem por finalidade especificar as atividades a serem desenvolvidas pela UTE ENERSISA, no que concerne ao desenvolvimento de atividades, visando a regularização do empreendimento junto ao Instituto de Proteção Ambiental do Amazonas IPAAM. Sendo assim, o objetivo do EIA UTE ENERSISA é fundamentar a análise do empreendimento, discriminando as atividades necessárias para sua implantação e sua rotina de operação, enfatizando o detalhamento dos impactos ambientais que podem ocorrer em cada etapa, como requisito básico para a regularização e operacionalização do empreendimento junto aos órgãos ambientais e à sociedade em geral. 2

I.I Justificativa A geração de energia elétrica no Brasil caracteriza-se, diferentemente do contexto médio global, em termos da dependência quanto às fontes energéticas fósseis. Em uma situação privilegiada, ela se estabeleceu a partir do meio deste século com base nos potenciais hidráulicos existentes. A Figura1 mostra as fontes primárias (produtos energéticos providos pela natureza na sua forma direta, como petróleo, gás natural, carvão mineral, resíduos vegetais e animais, energia solar, eólica etc.) utilizadas para a geração de energia elétrica nos anos de 1997 e 1999. A energia hidráulica apresentou uma redução relativa de 96,8% para 90,5% nestes três anos, permanecendo, entretanto, como a principal fonte de energia dentro da matriz energética brasileira. O carvão e a energia nuclear não apresentaram grandes alterações (PLANO PLURIANUAL DE GOVERNO PPA - RESULTADOS OBTIDOS, 2000 a 2003). Com relação a geração térmica, observa-se uma mudança significativa neste intervalo de três anos, que evoluiu de 1,3% em 1997 para 6,4% em 1999. Já no ano de 2004, a geração térmica foi de 13% (Fig.2), um aumento substancial ao valor de 1999 que foi de 6,4% (BEM,2005). 3

120 100 80 60 40 20 0 1997 1999 Hidro Derivados de petróleo Carvão Nuclear Figura 1. Fontes primárias para geração de energia elétrica nos anos de 1997 e 1999. Fonte: ELETROBRAS, 1999,2000 Figura 2. Estrutura de oferta interna segundo a natureza da Fonte Primária de geração 1. Fonte: BEN,2005 4

No Brasil, a produção térmica se destina aos sistemas isolados e à complementação no atendimento do mercado dos sistemas interligados nos períodos hidrologicamente desfavoráveis ou para atendimento localizado, quando ocorrem restrições de transmissão. A Tabela 1 mostra a participação de cada fonte energética na produção de energia elétrica nas centrais autoprodutoras no período 1995-1999. Nota-se claramente que a opção termelétrica é majoritária na geração autônoma. Entre as principais fontes de energia da produção termelétrica destacam-se o bagaço de cana, a lixívia, o gás natural e o óleo combustível (PLANO PLURIANUAL DE GOVERNO PPA - RESULTADOS OBTIDOS, 2000 a 2003). Tabela 1. Participação das fontes energéticas na produção de energia elétrica nas centrais autoprodutoras (GWh), no período de 1995 à 1999. Fontes 1995 1996 1997 1998 1999 Geração Eletricidade 14.923 17.994 19.135 20.583 23.925 Geração Térmica 11.474 13.619 14.749 15.472 18.089 Gás Natural 560 973 1.107 1.171 2.005 Carvão Vapor 276 322 247 267 266 Lenha 646 669 727 687 741 Bagaço de Cana 2.574 3.593 3.880 3.982 4.110 Lixívia 2.195 2.273 2.509 2.526 2.936 Outras Recuperações 1.373 1.406 1.745 1.947 2.247 Óleo Diesel 378 709 853 1.055 1.510 Óleo Combustível 2.103 2.130 2.070 2.171 1.975 Gás de Coqueira 304 429 317 440 812 Outras Secundárias 1.065 1.115 1.294 1.226 1.487 Geração Hidrelétrica 3.449 4.324 4.386 5.111 3.840 Fonte: BEN, 2000 5

O consumo de gás natural no Brasil para fins energéticos no período de 30 anos (1974-2004) teve um crescimento acentuado a partir na década de 1990, com uma queda na década seguinte (Fig.2). No Brasil, as reservas provadas são da ordem de 230 bilhões de m 3, dos quais 48% estão localizados no Estado do Rio de Janeiro, 20% no Amazonas, 9,6% na Bahia e 8% no Rio Grande do Norte. A produção é concentrada no Rio de Janeiro (44%), no Amazonas (18%) e na Bahia (13%) (ANP, 2003). Este aumento na utilização de gás natural para a produção de energia pode ser explicado pelo fato de em 2000, o Ministério das Minas e Energia ter lançado o Programa Prioritário de Termeletricidade (PPT) (Tab.2), com o objetivo de reduzir a dependência das condições hidrológicas desfavoráveis e diminuir a vulnerabilidade do sistema. Apesar do aumento significativo no uso deste combustível no setor energético, a participação do gás natural na matriz energética brasileira ainda é pouco expressiva, da ordem de 5,6% do consumo final (MME, 2003) Figura 3. Consumo de gás natural no Brasil entre 1974 e 2004. Fonte: BEN, 2005 6

Tabela 2. Oferta Interna de Energia no Brasil em 2005 e 2006 (milhões de tep). Energético 2005 2006 04/03 (%) Oferta Total 218,7 226,1 3,4 Energia Não-Renovável 121,3 124,4 2,6 Petróleo e Derivados 84,6 85,5 1,1 Gás Natural 20,5 21,6 5,3 Carvão Mineral 13,7 13,6-0,5 Urânio (U 2 O 8 ) 2,5 3,7 44,1 Energia Renovável 97,3 101,6 4,4 Energia Hidráulica 28,5 28,6 0,6 Lenha e Carvão Vegetal 30,1 32,8 8,7 Outras Renováveis 6,3 6,7 5,4 Fonte: BEN,2006. I.I.I - Usinas Termelétricas A usina Termelétrica é uma instalação que produz energia elétrica a partir da queima de carvão, óleo combustível ou gás natural em uma caldeira projetada para esta finalidade específica. O funcionamento das centrais termelétricas é semelhante, independentemente do combustível utilizado. O combustível é armazenado em parques ou depósitos adjacentes, de onde é enviado para a usina, onde será queimado na caldeira. O vapor é gerado pela caldeira a partir da água que circula por uma extensa rede de tubos que revestem suas paredes. A função do vapor é movimentar as pás de uma turbina, cujo rotor gira juntamente com o eixo de um gerador que produz a energia elétrica. Essa energia é transportada por linhas de alta tensão aos centros de consumo. O vapor é resfriado em um condensador e convertido outra vez em água, que volta aos tubos da caldeira, dando início a um novo ciclo. A água em circulação que esfria o condensador expulsa o calor extraído da atmosfera pelas torres de 7

refrigeração, que grandes estruturas que identificam essas centrais. Parte do calor extraído passa para um rio próximo ou para o mar. As termelétricas podem operar em ciclo simples, em ciclo combinado ou em co-geração: Ciclo simples a queima de um determinado combustível em caldeiras simples, turbinas ou em motores de Ciclo Otto, fornece a energia mecânica para o gerador de energia elétrica. Eficiência média do sistema 30 a 42%. Ciclo combinado a queima do combustível fornece energia mecânica para o gerador de energia elétrica, e os gases da queima do combustível com uma temperatura em torno de 550ºC são direcionados a uma caldeira de recuperação de calor para produzirem vapor, e este vapor irá movimentar uma turbina a vapor que estará ligada a um outro gerador de energia elétrica. Eficiência média do conjunto - 42 a 58%. Co-geração é semelhante ao sistema em ciclo combinado, no qual o vapor produzido na caldeira de recuperação de calor será também utilizado no processo industrial de alimentos, papel, bebida, aquecimento de ambiente, ect. Eficiência média do conjunto 42 a 80%. O combustível utilizado para a obtenção do calor necessário para o processo, apresenta-se sob diversas formas: Gás natural Derivados de petróleo Carvão mineral e vegetal Xisto betuminoso Resíduos de madeira e da produção agrícola Bagaço de cana de açúcar 8

Lixo doméstico Os combustíveis mais utilizados em termelétricas são de origem fóssil. Como, por exemplo, o carvão mineral, óleo diesel, óleo combustível, gás natural, entre outros. Entretanto, também existe tecnologias disponíveis para a utilização de combustíveis alternativos, com destaque para a biomassa, principalmente no aproveitamento de resíduos agrícolas, como o bagaço de cana de açúcar e a palha de arroz (MEDEIROS, 2003). A principal vantagem é poderem ser construídas onde são mais necessárias, economizando assim o custo das linhas de transmissão. E essas usinas podem ser encontradas na Europa e em alguns estados do Brasil. O gás natural pode ser usado como matéria-prima para gerar calor, eletricidade e força motriz, nas indústrias siderúrgica, química, petroquímica e de fertilizantes, com a vantagem de ser menos poluente que os combustíveis derivados do petróleo e o carvão. Entretanto, o alto preço do combustível é um fato desfavorável, além da quantidade e o tipo de efluentes gerados pelo empreendimento. A intensidade do impacto varia conforme a tecnologia utilizada, mas em geral compreendem: efluentes sólidos que são depositados no local ou comercializados, efluentes líquidos, efluentes aéreos compostos de gases e material particulado, rejeito térmico, ruído e efeitos estéticos. A emissão de poluentes na atmosfera pode ser considerada a principal ação impactante de usinas termelétricas. Essa emissão consiste na descarga de material particulado e gases resultantes do processo de combustão, cuja quantidade e composição variam conforme a tecnologia e o combustível utilizado (MEDEIROS, 2003). 9

O controle de emissão de poluentes pode se dar em três etapas: antes, durante ou após o processo de combustão. A decisão sobre a necessidade de utilização desses métodos é responsabilidade daqueles que projetam e operam as usinas termelétricas (MEDEIROS, 2003). I.I.II - Termelétricas no Brasil A energia térmica começou a ser utilizada no Brasil em 1954, quando entrou em operação a Usina Termelétrica de Piratiningas. Após uma década iniciou-se um lento processo de inauguração de novas usinas. Entretanto, a instalação de novas geradoras só ganhou força a partir de 1999, após o blecaute provocado pela redução contínua dos níveis de armazenamento de água nos reservatório das hidrelétricas. O baixo índice pluviométrico nos anos de 1997 e 1998 e o processo de aumento do consumo de energia ampliam o risco de novas crises no setor, dependente em 90% da hidroeletricidade. Em 2000, o Ministério das Minas e Energia lançou o Programa Prioritário de Termeletricidade - PPT, com o objetivo de reduzir a dependência das condições hidrológicas desfavoráveis e diminuir a vulnerabilidade do sistema. Em relação ao ano anterior, a oferta interna de energia elétrica em 2006 proveniente de termelétricas, no Brasil, teve um crescimento de 8,3%, e sua participação no total da eletricidade gerada passou de 16,2% para 16,8%, alcançando a marca de 71TWh (BEN,2006). As usinas termelétricas em operação no Brasil são de diversos portes, tecnologias e de diferentes combustíveis, isto acontece devido à finalidade de atendimento, quantidade de demanda, disponibilidade de preço e oferta de combustível no local de geração. Segundo a ANEEL, em 2003 o parque termelétrico brasileiro era de 15.421MW instalados. 10

Vários são os motivos para o investimento do Brasil em termelétricas. Entre elas, porque há um esgotamento das fontes de energia hidrelétricas próximas dos grandes centros, elevando os novos projetos, localizados cada vez mais longe dos centros de consumo, além das rigorosas exigências ambientais que têm contribuído para o aumento do tempo de implantação. O gás natural é um dos principais combustíveis utilizados em usinas termelétricas no Brasil, e seu uso na geração de energia é relativamente recente recente (após a Segunda Guerra Mundial). Junto ao setor elétrico, o uso mais generalizado dessa tecnologia tem ocorrido somente nos últimos 15 ou 20 anos. Ainda assim, restrições de oferta de gás natural, o baixo rendimento térmico das turbinas e os custos de capital relativamente altos foram, durante muito tempo, as principais razões para o baixo grau de difusão dessa tecnologia no âmbito do setor elétrico. Nos últimos anos, esse quadro tem-se modificado substancialmente, na medida em que o gás natural surge como uma das principais alternativas de expansão da capacidade de geração de energia elétrica em vários países, inclusive no Brasil. Atualmente, as maiores turbinas a gás chegam a 330 MW de potência e os rendimentos térmicos atingem 42%. Com o esgotamento dos melhores potenciais hidráulicos do país e a construção do gasoduto Bolívia Brasil (GASBOL), o gás natural tornou-se uma alternativa importante para a necessária expansão da capacidade de geração de energia elétrica. Nesse contexto, foi criado o Plano Prioritário de Termelétricas (PPT), pelo Decreto n 3.371 de 24 de fevereiro de 2000. 11

I.I.III - Termelétricas no Estado do Amazonas No Estado do Amazonas, o percentual da população atendido por energia elétrica atinge atualmente 71,4% da população total. A população não atendida (28,6% do total) corresponde basicamente à parcela que vive em pequenas localidades isoladas no interior do estado e a demanda reprimida nas sedes dos municípios (SOUZA & SANTOS, 2003). Nos sistemas isolados, a principal forma de fornecimento de energia elétrica para populações das sedes municipais tem sido a geração térmica usando óleo Diesel (Tab.3). Nas comunidades dispersas predominam os sistemas motorgerador a Diesel, doados às comunidades pelas prefeituras municipais (SOUZA & SANTOS, 2003). Algumas capitais e municípios também contam com uma contribuição da geração hidroelétrica. No estado do Amazonas, a Hidrelétrica de Balbina (250 MW) atende parte da demanda de Manaus, capital do estado, e do município de Presidente Figueiredo no interior do estado. Em Rondônia, a Hidrelétrica de Samuel (216MW) atende Porto Velho; e, no Amapá a Hidrelétrica Coaracy Nunes (40MW) atende Macapá (SOUZA & SANTOS, 2003). A partir da construção do Gasoduto Coari-Manaus, as termelétricas que utilizam diesel deverão ser gradativamente substituídas por aquelas que empregam o gás natural, para que ocorra uma redução de cerca de 10 mil barris dia -1 no consumo deste combustível de grande valor na balança comercial brasileira, resultando que a mudança da matriz energética dos sistemas isolados constituí-se em questão de soberania. 12

Esta substituição apresenta vantagens econômicas e ambientais imediatas, pois a Conta de Consumo de Combustíveis (CCC), criada pelo governo para subsidiar os sistemas isolados de geração de energia elétrica, contabiliza em Manaus prejuízos da ordem de US$ 1.000.000 (um milhão de dólares) por dia, destinados a pagar a diferença entre o preço do óleo diesel e do gás natural. Esse dinheiro é debitado nas contas de energia de todos os consumidores das demais regiões do Brasil. Dessa forma, quanto mais rápida for a implantação de Termelétricas a gás natural menores serão as perdas ocasionadas pela utilização do diesel. O uso do gás natural apresenta maior segurança operacional, devido a este combustível ser muito mais leve que o ar, e por isso se dissipar rapidamente na atmosfera. Além disso, sua ignição se dá a temperaturas muito mais altas que os outros combustíveis. Devido à sua composição predominantemente de hidrocarbonetos leves e ainda por ser um gás, não precisa ser atomizado para queimar, resultando numa combustão limpa com reduzida emissão de poluentes e melhor rendimento térmico, o que se constitui em fatores ambiental e econômico significativos, pois, além de poluir muito menos que os demais combustíveis fósseis, também aumenta o período de vida útil e reduz os gastos com a manutenção dos equipamentos envolvidos no processo de conversão térmica. Essas propriedades levam o Gás Natural a ser recomendado como combustível tanto sob o aspecto de segurança quanto sob o aspecto ambiental. 13

Tabela 3. Algumas instalações termelétricas presentes no Estado do Amazonas. Termelátricas Capacidade Município UTE Caviana 450 kw Manacapuru UTE Sacambu 372 kw Manacapuru UTE Campinas 440 kw Manacapuru UTE Murituba 230 kw Codajás UTE Belém do Solimões 520 kw Tabatinga UTE Caiambé 488 kw Tefé UTE Axinim 425 kw Borba UTE Betânia 300 kw Santo Antônio de Içá UTE Alvarães 1.588 kw Alvarães UTE Amarutá 1.598 kw Amarutá UTE Codajás 4.600 kw Codajás UTE Envira 3.285 kw Envira UTE Estirão do Equador 575 kw Envira UTE Iauaretê 600 kw Santo Antônio de Içá UTE Santo Antônio do Içá 3.062 kw Santo Antônio de Içá UTE São Paulo de Olivença 3.268 kw São Paulo de Olivença UTE São Sebastião de Uatumã 1.884 kw São Sebastião do Uatumã UTE Uarini 1.678 kw Uarini UTE Barcelos 2.482 kw Barcelos UTE Barreirinha 3.170 kw Barreirinha UTE Cucuí 440 kw São Gabriel da Cachoeira UTE Palmeiras 444 kw Atalaia do Norte UTE Pedras 438 kw Barreirinha UTE Camutama 2.000 kw Camutama UTE Urucurituba 2.530 kw Urucurituba UTE Nhamundá 1.800 kw Nhamundá UTE Silves 2.892 kw Silves UTE Cametá 424 kw Barreirinha UTE Feijoal 500 kw Benjamin Constant UTE Arara 242 kw Caapiranga UTE Jacaré 217 kw Manacapuru UTE Tuiué 450 kw Manacapuru UTE Santa Rita do Weill 300 kw São Paulo de Olivença Fonte: Resolução Normativa nº 111, de 16/11/2004, do Diretor-Geral da ANEEL. 14

I.I.IV - Alternativas Tecnológicas Qualquer sociedade, mesmo que ela seja 100% orgânica, gera poluição para satisfazer suas necessidades de sobrevivência. O caso da escolha da fonte energética para o abastecimento dos municípios do Estado do Amazonas não é diferente. Assim, neste segmento procura-se analisar aspectos positivos e negativos das principais fontes energéticas. Ênfase especial será dada aos aspectos ambientais, sociais e econômicos. Como não há um consenso em relação a melhor fonte energética para abastecer a cidade de Manaus e outras cidades do Estado do Amazonas, apresentam-se aqui as principais considerações disponíveis na literatura e transfere-se ao leitor a tarefa de buscar as fontes indicadas, entre outras, para produzir uma análise mais aprofundada sobre o assunto (Tab.4). Alternativas Hidroenergéticas O Estado do Amazonas, apesar de apresentar uma admirável malha fluvial, possui poucos aproveitamentos hidráulicos. A principal razão para este fato é o relevo pouco acentuado da região, o que pode ser comprovado pela cota do rio Amazonas a 3.100km de sua foz (nível do mar), que é de apenas 65 metros (a altitude máxima da cidade de Manaus é 92m). Este fato reflete-se também no impacto ambiental causado pela grande área inundada das barragens já construídas na região, como constitui-se em caso exemplar a Hidroelétrica de Balbina. 15

Apesar disto, o Governo Federal planeja construir quatro usinas ao longo do rio Madeira. Os empreendimentos Santo Antônio e Jirau, em território brasileiro, ficarão próximos a Porto Velho, capital do estado de Rondônia. Juntas, a capacidade instalada será de 6.450MW. Os outros dois serão Guajará-Mirim, na fronteira entre Brasil e Bolívia, e Cachuela Esperanza, em território boliviano. Devido ao alto impacto que a construção de hidroelétricas, o Governo Federal tem enfrentado oposição à construção das hidroelétricas na região Amazônica. O que acarreta no adiamento ou cancelamento da execução das obras. Assim, não se deve contar com estes aproveitamentos antes do final da primeira década do presente século, mesmo que alguma destas obras seja iniciada imediatamente, o que tecnicamente não seria possível, uma vez que a maioria dos aproveitamentos encontra-se atualmente ainda na fase de estudos e que os prazos de construção de hidroelétricas de porte são bastante longos (Tab.4). Quanto à Hidroelétrica de Cachoeira Porteira, esta é uma das alternativas da Eletrobrás e da Eletronorte para o suprimento de energia elétrica para a região de Manaus. Localizada no rio Trombetas, no Estado do Pará, e situada a aproximadamente 480km de Manaus, prevê-se para este empreendimento o aproveitamento de um potencial de 700MW elétrico (mais 700MW em uma segunda etapa). 16

Tabela 4. Aproveitamentos hidroelétricos situados até 500 km de Manaus. Aproveitamento Rio (Estado) Potencial (MW) Situação Balbina Uatuma(AM) 250(efetiva) Op. Desde de 1989 Apui Juma(AM) 1,60(nominal) Op. prevista 1997 Katuema Jatapu(AM) 346(nominal) Estudos Onça Jatapu(AM) 306(nominal) Estudos Fumaça Pitinga(AM) 107(nominal) Estudos Pitinga Pitinga(AM) 10(efetiva) Estudos Ponta da Ilha Trombetas(AM) 98(nominal) Estudos Treze Quedas Trombetas(PA) 168 Estudos Turuna Turuna(PA) 55 Estudos Manoel José Trombetas(PA) 163 Estudos Maniva Trombetas(PA) 83 Estudos Taja Trombetas(PA) 272 Estudos Ananai Cachorro(PA) 208 Estudos Carona Mapuera(PA) 254 Estudos Cachoeira Porteira 1 Trombetas(PA) 700 Estudos Cachoeira Porteira 2 Trombetas(PA) 350 (ou 700) a Estudos Armazém Erepecuru(PA) 590 Estudos Mel Erepecuru(PA) 748 Estudos Paciência Erepecuru(PA) 625 Estudos Carapanã Erepecuru(PA) 920 Estudos Itapacura 1 Itapacura(PA) 8,2 Estudos Itapacura 2 Itapacura(PA) 6,7 Estudos Uma outra possibilidade de abastecimento hidroelétrico de Manaus e outros municípios do Estado do Amazonas, é a interligação da Usina Hidroelétrica de Tucuruí, localizada no Estado do Pará, com a margem esquerda do rio Amazonas, envolvendo as cidades de Belo Monte, Serra Azul, Alenquer. A Usina Hidroelétrica de Cachoeira Porteira (em estudos) e a Hidroelétrica de Balbina (já em operação), chegando-se até a cidade de Manaus, perfazendo um total de aproximadamente 1.600km. 17

As quantidades de energia transportadas pelo sistema seriam da ordem de 400 MW em uma primeira etapa, atingindo-se o equivalente a 1.500MW em uma etapa posterior, quando ocorre a entrada em operação da Usina de Cachoeira Porteira. Sem considerar a construção desta usina, o prazo para instalação deste sistema é estimado em aproximadamente 3 anos, após a conclusão do projeto básico e do processo de licenciamento ambiental. Uma terceira opção que está sendo considerada é a importação de energia dá Usina Hidroelétrica de Guri, na Venezuela, com distância aproximada de uns 1.600km de Manaus. Esta opção é bastante complexa, pois envolve negociações e acordos internacionais com o país vizinho, sendo que no momento os estudos realizados trabalham com uma previsão de fornecimento de 500MW, que poderá atingir até 1.000MW. Pelas semelhanças técnicas (linhas de transmissão) e distância, pode-se estimar, também para este caso, um prazo de aproximadamente 3 anos, a partir do início das obras, para esta energia estar disponível em Manaus. Entre as vantagens de uso da energia hidráulica, podemos destacar o fato de ela ser renovável (pelo menos enquanto os ciclos hidrológicos não forem alterados por problemas de ordem global), não ser uma fonte continua de emissão de gases que contribuem para o aquecimento global (exceto aqueles produzidos nos reservatórios devido à decomposição de matéria orgânica, particularmente quando existe inundação de florestas) e ser potencialmente abundante num país de dimensões continentais como o Brasil. Cerca de 96% da energia consumida no Brasil é de origem hidráulica. As desvantagens das hidroelétricas são bastante conhecidas. Entre elas existem os problemas de ordem ambiental e social. Do ponto de vista ambiental, os principais problemas são as inundações de grandes áreas que acabam 18

gerando alterações irreversíveis no meio ambiente. Particularmente, os principais efeitos adversos dizem respeito à qualidade da água, sobre a pesca e área terrestre inundada, perda de habitas e emissão de gases que contribuem para o efeito estufa (problema acentuado em regiões tropicais). Além disso, existem estudos indicando a emissão de gases contribuintes para o efeito estufa a partir de grandes reservatórios. O desmatamento associado à faixa de servidão das linhas de transmissão também é um dos impactos negativos. Da ótica social os problemas não são menores. Entre eles destacam-se os impactos sobre a saúde, problemas de deslocamento de pessoas, efeitos adversos sobre populações indígenas e pouca ou nenhuma inserção do empreendimento na dinâmica econômica local. Ou seja, os benefícios ocorrem em outra parte do país enquanto os custos são arcados especialmente pelas populações na área de influência direta do empreendimento. Alternativas Termoenergéticas O Estado do Amazonas possui, atualmente, grande parte de sua matriz energética baseada em Termelétricas, que utilizam a queima de derivados de petróleo como fonte de energia. Os derivados do petróleo utilizados na geração de energia, o óleo diesel e óleos combustíveis têm uma série de desvantagens em relação a outras fontes. A primeira destas desvantagens é de ordem ambiental. A queima do combustível em grupos geradores produz gases que podem afetar a saúde das pessoas e do planeta. A saúde das pessoas pode ser afetada através dos gases lançados na atmosfera ou de particulados depositados sobre corpos d água e alimentos. Em relação à saúde do planeta, o principal problema é a emissão de gases que contribuem para o aquecimento global e aumento da taxa de depleção dos estoques dos recursos. 19

Economicamente, a utilização de derivados do petróleo para a geração de energia é cara e sujeita às flutuações no mercado internacional. No caso do Amazonas, a situação é ainda mais séria, uma vez que o combustível utilizado para a geração de energia na região é pesadamente subsidiado. Tal subsídio distorce o mercado e gera um custo social tremendamente elevado. A distorção de mercados leva a utilização sub-ótima dos recursos gerando um custo extra chamado de externalidade que não é capturado pelo sistema de mercado, mas é arcado pela sociedade. Isso ocorre, por exemplo, através da depleção mais rápida do recurso (petróleo), geração de problemas de saúde por alterações na qualidade do ar, entre outros. O principal subsídio existente hoje é a Conta de Consumo de Combustíveis, a CCC. A CCC, em vigor desde 1993, arrecada recursos junto às concessionárias de energia elétrica do sistema interligado, para financiar o óleo diesel da geração termelétrica das áreas isoladas, não atendidas pelo serviço de eletrificação; concentrada na Região Norte do País. A CCC obedece a um cronograma de eliminação gradativa a partir de 2013. Ou seja, desse ano em diante haverá uma redução de 25% do subsídio por ano até sua eliminação total em 2016. As termelétricas também podem ser alimentadas por gás natural, que é um combustível fóssil que se encontra na natureza, normalmente em reservatórios profundos no subsolo, associado ou não ao petróleo. O uso desse gás leva a uma menor poluição atmosférica que aquela proveniente de derivados de petróleo, devido sua queima ser mais limpa que os demais combustíveis, pois não precisa ser atomizado para queimar, o que lhe confere uma combustão limpa e mais eficiente no que se refere ao seu rendimento térmico, reduzindo a emissão de CO 2, NO X, material particulado e metais pesados. 20

A substituição dos derivados de petróleo por gás natural gera uma menor emissão específica de carbono contribuindo para redução do aquecimento global, abrindo oportunidades do Brasil obter créditos de carbono nos termos no Mecanismo de Desenvolvimento Limpo do Protocolo de Kioto. I.I.V - A Comparação Diante das considerações apresentadas até aqui é possível construir a Tab.5 que apresenta as principais vantagens e desvantagens das diversas alternativas energéticas para suprimento da cidade de Manaus e de demais municípios do Estado do Amazonas. No que diz respeito à energia de fonte hidráulica cabe ressaltar que as alternativas indicadas acima propõem ou a construção/ampliação de usinas hidrelétricas ou distribuição da energia já produzida atualmente através de linhas de transmissão. Além dos impactos ambientais e sociais já bem conhecidos, nesta forma de geração de energia há pelo menos três situações que devem ser ponderadas: (1) vulnerabilidade a grandes períodos de estiagem; (2) instabilidades políticas internacionais; e, (3) baixo nível de inserção regional do empreendimento. O planeta tem passado por alterações climáticas significativas decorrentes da ação humana. Um dos efeitos diretos é a possibilidade mais freqüente de grandes períodos de estiagem. Como há uma proposta de se utilizar no Estado do Amazonas a energia gerada em Tucuruí através de uma longa linha de transmissão, reflete-se sobre como ficaria o suprimento de energia para o Estado se uma grande estiagem ocorresse. A questão seria se a hidroelétrica de Tucuruí teria condições de cobrir o déficit energético da região caso ocorresse um evento semelhante ao ocorrido em 2001, quando o baixo nível dos reservatórios que abastecem as usinas do Nordeste e do Sudeste resultou em racionamento de energia em grande parte do Brasil. 21

Em vários documentos técnicos e de divulgação científica há a clara indicação de que o planejamento da Eletronorte considera a conexão da linha de transmissão proveniente de Tucuruí com a de Guri na Venezuela. Aqui reside um outro problema potencial. A instabilidade política na Venezuela tem se agravado nos últimos anos. Os Estados do Amazonas e Roraima poderiam ficar relativamente vulneráveis a ações terroristas ou represálias populares que objetivassem o corte do suprimento de energia para o Brasil. O último ponto adverso em relação ao abastecimento energético do Amazonas através de fontes hidráulicas é aquele relativo à inserção regional. Para fins de esclarecimento, inserção regional é uma terminologia utilizada na Economia do Desenvolvimento que significa fazer com que os impactos positivos de um empreendimento tenham seus efeitos apreendidos pela região, beneficiando a população local e quebrando a natureza de enclave que é intrínseca aos empreendimentos hidrelétricos. Atualmente, o Estado do Amazonas faz parte de um sistema isolado. Isso quer dizer que a energia utilizada no Estado é também nele produzida através de fontes termo ou hidroelétricas sem conexão com a rede nacional. No Amazonas, a principal fonte são as usinas termelétricas, as quais utilizam óleo combustível para funcionamento dos grupos geradores. Além do parque térmico do Estado ser bastante velho, esta fonte também possui alto potencial impactante sobre o meio ambiente. Alternativa energética é a de implantar novas termelétricas utilizando gás natural. Sem o funcionamento de termelétricas a gás, o Estado do Amazonas continuará a utilizar óleo diesel e óleo combustível para geração de energia, com significativas perdas econômicas e impactos ambientais. A principal vantagem identificada com a não construção do empreendimento é que não ocorrerá nenhum tipo de impacto ambiental causado pela construção e operação da termelétrica. Por outro lado, a lista de aspectos negativos mostra alguns pontos relevantes. A não construção deixaria o Estado do Amazonas 22

dependente do atual sistema de fornecimento de energia e ao longo prazo, de um sistema nacional, que tem priorizado outras regiões do país, com profundas implicações negativas sobre as políticas de desenvolvimento. 23

Tabela 5.. Principais vantagens e desvantagens das diversas alternativas energéticas para a cidade de Manaus. Alternativa Vantagens Desvantagens Fonte renovável Hidrelétricas Recurso natural abundante na Amazônia Elevados impactos ambientais Depois de construído pode fornecer energia para Elevados impactos sociais diversos pontos através de linhas de transmissão Empreendimentos com baixa ou nenhuma inserção regional No processo de geração de energia não há produção de Reservatório pode contribuir para as emissões de gases do gases do efeito estufa Com exceção do metano CH 4 efeito estufa Possibilidade de interligação com o sistema nacional / Vulnerabilidade à instabilidades políticas internacional Termelétrica a derivados de petróleo Alto consumo gera receita direta significativa para o Estado Preços sujeitos à flutuações do mercado internacional É subsidiado através da CCC Produz gases que contribuem para o aquecimento global Produz gases nocivos à saúde humana Risco de derramamentos e acidentes ambientais Termelétrica a gás natural O gás não é tóxico e se dissipa facilmente na atmosfera Combustão limpa e mais eficiente Mais seguro Pode estimular a economia do Estado direta e indiretamente Reduz a importação de diesel do Brasil Reduz o custo da geração termelétrica Levar à redução direta no nível de ICMS arrecadado pelo Estado 24

A não construção Não acontecerá nenhuma alteração dos meios físico, biótico e socioeconômico decorrente da implantação e operação do empreendimento. Os municípios do Estado do Amazonas continuarão vulneráveis e dependentes em relação ao seu suprimento de energia A economia do Estado perderá uma potencial fonte de dinamização Manutenção e tendência crescente do custo de oportunidade. 25

II - CARACTERIZAÇÃO DO EMPREENDIMENTO LIGA CONSULTORES S/S O projeto em referência representa uma planta da ENERSISA, empresa do grupo ENGEBRA Empresa de Energia Elétrica do Brasil Ltda. para a MANAUS ENERGIA, visando a contratação de suprimento de energia elétrica na modalidade de Produtor Independente de Energia PIE, para atendimento do mercado da Manaus Energia S/A e CEAM. Nas proximidades de onde será construída a termelétrica de Silves, há a presença de um poço de gás natural. A usina termelétrica será construída praticamente na boca deste poço, e para a passagem do gás natural para a termelétrica, será construído um gasoduto de cerca 1,2km (Fig.4 Anexo I). Devido a esta proximidade, não será necessária a instalação de estação compressora de gás, já que a pressão do poço é suficiente para atender à pressão solicitada pelas turbinas a gás. Figura 4.Distância, em linha reta, entre o poço de Gás Natural Azulão e a UTE ENERSISA. 26

II.I - Localização do Empreendimento A área onde será construída a Usina Termelétrica movida à combustão de Gás Natural Termelétrica ENERSISA SILVES, está localizada no município de Silves, distante cerca de 200km da cidade de Manaus, estado do Amazonas (Fig.5). O empreendimento apresenta uma área total de cerca de 280.000m 2 de extensão, dos quais a área onde será construída a UTE é de somente 3.000 m 2, com perspectiva de ampliação em 10.000m 2. (Anexo II) O acesso principal a área do empreendimento é por via terrestre, através da rodovia AM 010, que liga os municípios de Manaus e Itacoatiara no estado do Amazonas. Nesta estrada, existe uma via de acesso conhecida como estrada da Várzea, que dá acesso ao município de Silves (Fig.8). E é aproximadamente no Km10 que se encontra a área onde será construída a Termelétrica ENERSISA (Figs.6 e 7). Manaus Silves Figura 4. Localização dos municípios de Silves e Manaus, no estado do Amazonas. Fonte: http://images.google.com.br/imgres?imgurl=http://www.citybrazil.com.br (2007). 27