UNIVERSIDADE DO VALE DO ITAJAÍ. Daiane Karoline Silveira da Silva

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Transcrição:

UNIVERSIDADE DO VALE DO ITAJAÍ Daiane Karoline Silveira da Silva A Exceção à Regra Para Concessão de Benefícios aos Dependentes da Previdência Social

Biguaçu 2008

Daiane Karoline Silveira da Silva A Exceção à Regra Para Concessão de Benefícios aos Dependentes da Previdência Social Monografia apresentada à Universidade do Vale do Itajaí UNIVALI, como requisito parcial a obtenção do grau em Bacharel em Direito. Orientador: Prof. MSc. Márcio Roberto Paulo

Biguaçu 2008

Daiane Karoline Silveira da Silva A Exceção à Regra Para Concessão de Benefícios aos Dependentes da Previdência Social Esta Monografia foi julgada adequada para a obtenção do título de bacharel e aprovada pelo Curso de Direito, da Universidade do Vale do Itajaí, Centro de Ciências Sociais e Jurídicas. Direito Previdenciário: Biguaçu, 11 de novembro de 2008. Prof. MSc. Márcio Roberto Paulo UNIVALI Campus de Biguaçu Orientador Prof. MSc Allexsandre Luckmann Gerent UNIVALI Campus de Biguaçu Membro

Prof. Esp. Roberta Schneider Westphal UNIVALI Campus de Biguaçu Membro

DEDICATÓRIA Dedico este trabalho a meus pais por serem meus exemplos de vida e principalmente aos meus queridos irmãos Victor e Nathália razões da minha existência, a quem dedico todo o meu amor.

Ao meu amado Cristiano, a quem serei eternamente grata por todo carinho e incentivo para a realização desta conquista. A todos os meus amigos e amigas, principalmente Andreza, Fabrina e Rosângela, que durante toda a fase acadêmica estiveram ao meu lado me apoiando e incentivando, não me deixando nunca desanimar nem tão pouco desistir diante de alguma dificuldade ou obstáculo. A vocês dedico não somente este trabalho acadêmico, mas também todo o meu carinho e gratidão que serão eternos. AGRADECIMENTOS Ao meu querido amigo, orientador e professor Márcio, meus sinceros agradecimentos não só pelo conhecimento transferido durante as aulas em que ele apavorava com os alunos, mas principalmente por ter aceitado participar da elaboração desta pesquisa. Agradeço principalmente pela dedicação, carinho e amizade os quais guardarei para sempre em minha memória. Ao professor Allexsandre, ou melhor dizendo Allex um amigo que não poderia deixar de agradecer pelo seu exemplo e dedicação não só como professor, mas também como profissional. A todos os professores que passaram durante a jornada universitária, minha sincera gratidão pela presteza em tentar passar seu conhecimento e experiência a nós alunos. A todos que de qualquer forma direta ou indiretamente acreditaram na realização deste sonho e que contribuíram para que ele se concretizasse transformando-se em uma grande conquista em minha vida.

E, sobretudo a Deus, que sempre esteve presente me protegendo e confortando ao longo desta jornada, conduzindo meus passos sempre que estive no limite de meus esforços, me fazendo chegar até aqui.

Todo homem tem direito a um padrão de vida capaz de assegurar a si e a sua família saúde e bem-estar, inclusive alimentação, vestuário, habitação, cuidados médicos e os serviços sociais indispensáveis, e direito à segurança em caso de desemprego, doença, invalidez, viuvez, velhice, ou outros casos

de perda dos meios de subsistência em circunstâncias fora de seu controle. (Declaração universal dos direitos humanos, art. XXV. 1) TERMO DE ISENÇÃO DE RESPONSABILIDADE Declaro, para todos os fins de direito, que assumo total responsabilidade pelo aporte ideológico conferido ao presente trabalho, isentando a Universidade do Vale do Itajaí, a coordenação do Curso de Direito, a Banca Examinadora e o Orientador de toda e qualquer responsabilidade acerca do mesmo. Biguaçu, 11 de novembro de 2008. Daiane Karoline Silveira da Silva

RESUMO A presente monografia trata sobre os Benefícios devidos aos dependentes de segurado no Regime Geral da Previdência Social no Brasil. Apresenta a origem da proteção social através da evolução histórica e legislativa. Conceitua a seguridade social, bem como estabelece sua função social. Descreve os princípios constitucionais da seguridade social mencionados no artigo 194 da Constituição da República Federativa do Brasil de 1988 e trata do financiamento da seguridade. Aborda o modo de filiação e inscrição do segurado e seus dependentes, define a noção de segurados do Regime Geral, bem como a prescrição e decadência, manutenção e perda da qualidade de segurado e dependente. Finalmente trata sobre a comprovação da dependência econômica e das espécies de benefícios devidos ao segurado e seus dependentes. Palavras chaves: seguridade social; segurados; dependência econômica.

RESUMÉN La actual monografía trata de las ventajas debidas a los dependientes de asegurados en el régimen general de la asistencia social en el Brasil. Presenta el origen de la protección social con su evolución histórica y legislativa. Valora la Seguridad Social, así como establece su función social. Describe los principios constitucionales de la Seguridad Social mencionada en el artículo 194 da Constitución de la República Federativa del Brasil de 1988 y se ocupa del financiamiento de la seguridad. Se acerca de la manera de filiación y el registro de los asegurados y sus dependientes, define la noción de asegurados del régimen general, como también de la pérdida del efecto y el decaimiento, mantenimiento y pérdida de la calidad de asegurados y del dependiente. Finalmente se ocupa de la evidencia de la dependencia económica y de los tipos de ventajas debidas a los asegurados y a sus dependientes. Palabras-llaves: seguridad social; asegurados; dependencia económica.

ROL DE ABREVIATURAS OU SIGLAS Ampl. - Ampliada; APFESP- Instituto de Aposentadoria e Pensões dos Ferroviários e Servidores Públicos; Art. - Artigo; Caput - Cabeça do artigo; Ceme - Central de Medicamentos; CIC- Cadastro de Identificação de Contribuinte; CLT- Consolidação das Leis do Trabalho; CPC - Código de Processo Civil; CRFB - Constituição da República Federativa do Brasil; Dataprev - Empresa de Processamento de Dados da Previdência Social; DIB - Data de Inicio do Beneficio; DJ Diário de Justiça;

EC- Emenda Constitucional; ed.- Edição; Funabem - Fundação Nacional do Bem Estar do Menor; GPS - Guia da Previdência Sócial; Iapas - Instituto de Administração Financeira da Previdência Social; IAPB - Instituto de Aposentadoria e Pensões dos Bancários; IAPC - Instituto de Aposentadoria e Pensões dos Comerciários; IAPETC - Instituto de Aposentadoria e Pensões dos Empregados em Transportes e Cargas; IAPI - Instituto de Aposentadoria e Pensões dos Industriários; IAPM - Instituto de Aposentadoria e Pensões dos Marítimos; Inamps - Instituto Nacional de Assistência Médica da Previdência Social; inc. - Inciso; incs.- Incisos; INPS - Instituto Nacional de Previdência Social; INSS - Instituto Nacional de Previdência; in verbis - Nestas Palavras; IPASE- Instituto de Previdência e Assistência dos Servidores do Estado; LBA - Fundação Legião Brasileira de Assistência; LOPS - Lei Orgânica de Previdência Social;

Min.- Ministro; nº- Número; NIT - Número de Identificação do Trabalhador; OGMO - Órgão Gestor de Mão-de-obra; p.- Página; PBPS Plano de Beneficio da Previdência Social; PIS/PASEP - Programa de Integração Social; Rel. - Relator; RESP- Recurso Especial; RG - Registro Geral; RGPS - Regime Geral de Previdência Social; RPS - Regulamento da Previdência Social; Rev. - Revisada; SASSE- Serviço de Assistência e Seguro Social dos Economiários; STF - Superior Tribunal Federal; STJ Superior Tribunal de Justiça; SUDS - Sistema Único Descentralizado de Saúde; SUS- Sistema Único de Saúde; UNIVALI - Universidade do Vale do Itajaí;

v.- Volume. ROL DE CATEGORIAS Rol de categorias que Autora considera estratégicas à compreensão do seu trabalho, com seus respectivos conceitos operacionais.

SEGURIDADE SOCIAL: A seguridade social compreende um conjunto integrado de ações de iniciativa dos Poderes Públicos e da sociedade, destinadas a assegurar os direitos relativos à saúde, à previdência e à assistência social. 1 PREVIDÊNCIA SOCIAL: A palavra previdência é derivada do verbo prever, sinônima de antever. Prever ou antever, como o nome está a exprimir, tem significado de ver antecipadamente fato ou situação que poderá ocorrer no futuro. 2 FILIAÇÃO: A filiação é a relação jurídica que se estabelece entre os segurados e o INSS Instituto Nacional do Seguro Social (Previdência Social), da qual decorrem direitos e obrigações. 3 INSCRIÇÃO: A inscrição é o ato pelo qual o segurado faz constar dos assentamentos da instituição previdenciária seus dados identificadores e os de seus dependentes. 4 SEGURADO: (...)segurados são as pessoas físicas que exercem, exerceram ou não atividade, remunerada ou não, efetiva ou eventual, com ou sem vínculo empregatício. 5 1 BRASIL, Constituição (1988) 27ª ed. Atlas, 2006. 2 GONÇALVES, Odonel Urbano. Manual de Direito Previdenciário. 11ª ed. São Paulo: Atlas, 2005. p.27. 3 SETTE, André Luiz Menezes Azevedo. Direito Previdenciário Avançado. 2ª ed. atualizado até a Emenda Constitucional n. 47/05. Belo Horizonte: Mandamentos, 2005. p.172. 4 COIMBRA, José dos Reis Feijó. Direito Previdenciário Brasileiro. 11ª ed. Rio de Janeiro: Edições Trabalhistas, 2001. p.112. 5 MARTINS, Sérgio Pinto. Direito da Seguridade Social. 23º ed. São Paulo: Atlas, 2006. p.79.

PERDA DA QUALIDADE DE SEGURADO: A perda da qualidade do segurado importa em caducidade dos direitos inerentes a essa qualidade. Entretanto, essa perda não prejudica o direito à aposentadoria, para cuja concessão tenham sido preenchidos todos os requisitos, segundo a legislação em vigor à época em que estes requisitos foram atendidos. 6 DEPENDENTES: São as pessoas que, embora não contribuindo para a Seguridade Social, a Lei de Benefícios elenca como possíveis beneficiários do Regime Geral de Previdência Social RGPS, fazendo jus às seguintes prestações: pensão por morte, auxílio-reclusão, serviço social e reabilitação profissional. 7 DEPENDÊCIA ECONOMICA: O conceito de dependência econômica deve abranger não só o que se refere às necessidades elementares, mas também o que corresponde ao padrão de vida desfrutado pelo casal. 8 PENSÃO POR MORTE: A pensão por morte é benefício direcionado aos dependentes do segurado, visando à manutenção da família, no caso da morte do responsável pelo seu sustento. 9 AUXÍLIO-RECLUSÃO: O auxílio reclusão é um benefício pago aos dependentes do segurado de baixa renda, enquanto estiver recluso. 10 6 EDUARDO, Ítalo Romano. Curso de Direito Previdenciário: teoria, jurisprudência e mais 900 questões. 3ª ed. Rio de Janeiro: Campus, 2006. p. 265/266. 7 CASTRO, Carlos Alberto Pereira de. Manual de Direito Previdenciário. 7ª ed. rev. São Paulo: LTR, 2006. p.213. 8 FELIPE, J. Franklin Alves. Curso de Direito Previdenciário. 11ª ed. Rio de Janeiro: Forense, 2003. p.68. 9 IBRAHIM, Fabio Zambitte. Curso de Direito Previdenciário. 9ª ed. Rio de Janeiro: Impetrus, 2007. p.562. 10 OLIVEIRA, Lamartino França. Direito Previdenciário: manuais de concursos e graduação. São Paulo: Editora Revista dos Tribunais, 2005. p.285.

HABILITAÇÃO E REABILITAÇÃO PROFISSIONAL: A habilitação e reabilitação profissional tem como objetivo proporcionar ao beneficiário incapacitado parcial ou totalmente para o trabalho e para as pessoas deficientes meios de educação ou reeducação e adaptação profissional e social. 11 SUMÁRIO INTRODUÇÃO...1 1 CONTEXTUALIZAÇÃO HISTÓRICA DA PROTEÇÃO SOCIAL...3 1.1 EVOLUÇÃO HISTÓRICA E LEGISLATIVA NO BRASIL...3 1.1.1- ANO DE 1543 - CRIAÇÃO DA CASA DE MISERICÓRDIA DE SANTOS QUE COMEÇA A PRESTAR SERVIÇOS ASSISTENCIAIS...3 1.1.2- EM 1835 CRIAÇÃO DO MONGERAL MONTEPIO GERAL DOS SERVIDORES DO ESTADO 1ª EMPRESA ESPECÍFICA A FUNCIONAR NO PAÍS...4 1.1.3- CONSTITUIÇÃO DE 1891- INSERIU NA REDAÇÃO O VOCÁBULO APOSENTADORIA PARA OS SERVIDORES PÚBLICOS QUE SERVIAM A NAÇÃO...4 1.1.4-1923- DECRETO - LEI 4.682/1923 (LEI ELOY CHAVES)...5 1.1.5- ENTRE 1930/1940 UNIFICAÇÃO DAS CAIXAS EM INSTITUTOS, TAIS COMO IAPTEC, IAPB, IAPC...6 1.1.6- CONSTITUIÇÃO/1934 CRIADA A TRÍPLICE FORMA DE PARTICIPAÇÃO NO CUSTEIO...6 1.1.7- CONSTITUIÇÃO/1937 CRIOU-SE A EXPRESSÃO SEGURO SOCIAL...7 11 GONÇALVES, Odonel Urbano. Manual de direito previdenciário. 11ª ed. São Paulo: Atlas, 2005. p.139.

1.1.8- CONSTITUIÇÃO/1946 UTILIZOU-SE PELA PRIMEIRA VEZ A LOCUÇÃO PREVIDÊNCIA SOCIAL...8 1.1.9-1960 LEI 3.807- LEI ORGÂNICA DE PREVIDÊNCIA SOCIAL...8 1.1.10-1966 - DECRETO - LEI 72/1966- CRIAÇÃO DO INPS QUE VEIO A UNIFICAR OS INSTITUTOS EXISTENTES...9 1.1.11-1977- Lei 6.439/1977- CRIAÇÃO DO SINPAS (SISTEMA NACIONAL DE PREVIDÊNCIA E ASSISTÊNCIA SOCIAL)...9 1.1.12- CONSTITUIÇÃO/1988 CRIOU-SE A DENOMINAÇÃO SEGURIDADE SOCIAL QUE AGREGA O SISTEMA DE SAÚDE ÚNICO (SUS)...10 1.1.13-1990- LEI 8.029/1990 FUSÃO DO INPS E IAPAS PARA O SURGIMENTO DO INSS (INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL)...11 1.1.14-1991- EDIÇÃO DAS LEIS 8.212 e 8.213/1991 (PLANO DE CUSTEIO E ORGANIZAÇÃO DA SEGURIDADE SOCIAL E PLANO DE BENEFÍCIOS DA PREVIDÊNCIA SOCIAL)...12 1.1.15-1998- EMENDA CONSTITUCIONAL Nº 20 EC/20, DESTINAÇÃO DO PRODUTO ARRECADADO PELO INSS PARA A PREVIDÊNCIA E ASSISTÊNCIA SOCIAL...12 1.1.16-2003 - LEI Nº 10.666, de 08.05.2003. ALTEROU SIGNIFICATIVAMENTE AS REGRAS DE CUSTEIO DA PREVIDÊNCIA...13 1.1.17-2003- EMENDA CONSTITUCIONAL Nº 41: ALTEROU O REGIME GERAL DA PREVIDÊNCIA DO SERVIÇO PÚBLICO...14 1.2 SEGURIDADE SOCIAL...14 1.3 FUNÇÃO SOCIAL DE SEGURIDADE...16 1.4 PRINCÍPIOS CONSTITUCIONAIS QUE REGEM A SEGURIDADE SOCIAL BRASILEIRA...18 1.4.1- PRINCÍPIO DA UNIVERSALIDADE DE COBERTURA E ATENDIMENTO...18 1.4.2- PRINCÍPIO DA UNIFORMIDADE E EQUIVALÊNCIA DOS BENEFÍCIOS E SERVIÇOS ÀS POPULAÇÕES URBANAS E RURAIS...19

1.4.3- PRINCÍPIO DA SELETIVIDADE E DISTRIBUTIVIDADE NA PRESTAÇÃO DOS BENEFÍCIOS E SERVIÇOS...20 1.4.4- PRINCÍPIO DA IRREDUTIBILIDADE DO VALOR DOS BENEFÍCIOS...21 1.4.5- PRINCÍPIO DA EQUIDADE NA FORMA DE PARTICIPAÇÃO NO CUSTEIO...21 1.4.6- PRINCÍPIO DA DIVERSIDADE DA BASE DE FINANCIAMENTO...22 1.4.7- PRINCÍPIO DO CARÁTER DEMOCRÁTICO E DESCENTRALIZADO DA ADMINISTRAÇÃO, MEDIANTE GESTÃO QUADRIPARTITE, COM PARTICIPAÇÃO DOS TRABALHADORES, DOS EMPREGADOS, DOS APOSENTADOS E DO GOVERNO NOS ÓRGÃO COLEGIADOS...22 1.5 FINANCIAMENTO DA SEGURIDADE SOCIAL...23 2 BENEFICIÁRIOS DO REGIME GERAL DA PREVIDÊNCIA SOCIAL (RGPS)...26 2.1 FILIAÇÃO E INSCRIÇÃO DOS SEGURADOS E SEUS DEPENDENTES...26 2.1.1 FILIAÇÃO...26 2.1.2 INSCRIÇÃO...27 2.2 DECADÊNCIA E PRESCRIÇÃO DA QUALIDADE DE SEGURADO...28 2.2.1 DECADÊNCIA...29 2.2.2 PRESCRIÇÃO...30 2.3 SEGURADOS DO RGPS...31 2.3.1 SEGURADO OBRIGATÓRIO...32 2.3.2 EMPREGADO...32 2.3.3 TRABALHADOR DOMÉSTICO...33 2.3.4 TRABALHADOR AVULSO...33 2.3.5 SEGURADO ESPECIAL...34 2.3.6 SEGURADO FACULTATIVO...35

2.3.7 CONTRIBUINTE INDIVIDUAL...36 2.4 MANUTENÇÃO E PERDA DA QUALIDADE DE SEGURADO...36 2.5 DEPENDENTES...39 2.5.1-DEPENDENTES DA PRIMEIRA CLASSE OU PREFERENCIAIS...41 2.5.1.1 CÔNJUGE MARIDO E MULHER...41 2.5.1.2 COMPANHEIRO E COMPANHEIRA...41 2.5.1.3 UNIÃO ESTÁVEL COM SEGURADO OU SEGURADA JÁ CASADOS...43 2.5.1.4 CONSEQUÊNCIAS NA SEPARAÇÃO OU DIVÓRCIO (EX-MULHER E EX- MARIDO)...44 2.5.1.5 FILHO MENOR DE 21 ANOS...44 2.5.1.6 EQUIPARADOS A FILHOS (MENOR TUTELADO E ENTEADO)...45 2.5.1.7 MENOR SOB GUARDA...46 2.5.2 DEPENDENTES DA SEGUNDA CLASSE...46 2.5.2.1 PAIS...46 2.5.3 DEPENDENTES DA TERCEIRA CLASSE...47 2.5.3.1 IRMÃO MENOR DE 21 ANOS OU INVÁLIDO DE QUALQUER IDADE...47 2.6 PERDA DA QUALIDADE DE DEPENDENTE...48 3 DEPENDENCIA ECONÔMICA DOS DEPENDENTES...50 3.1 COMPROVAÇÃO DA DEPENDÊNCIA ECONÔMICA...50 3.2 ESPÉCIES DE BENEFÍCIOS DEVIDOS AO SEGURADO E AOS SEUS DEPENDENTES...52 3.2.1 DA PENSÃO POR MORTE...53 3.2.2 DO AUXÍLIO - RECLUSÃO...60 3.2.3 HABILITAÇÃO E REABILITAÇÃO PROFISSIONAL...68

CONCLUSÃO...73 REFERÊNCIAS...76

INTRODUÇÃO A presente Monografia tem como objeto tratar do Regime dos Dependentes da Previdência Social no Brasil. O seu objetivo é analisar as hipóteses de concessão dos benefícios para os dependentes do segurado da Previdência Social, com vistas para os benefícios devidos em regra geral tais como a pensão por morte e o auxílioreclusão. Como benefício de exceção à essa regra temos a habilitação e reabilitação profissional, que são concedidas como espécie de auxilio ao dependente e ao segurado. Considerando que a hipótese de não concessão desses benefícios provocaria uma série de problemas, principalmente financeiros para a família do segurado que fica desamparada quando da morte, reclusão ou inabilitação para o trabalho do segurado. Para tanto, principia se com o esboço histórico da Previdência social no Brasil, trazendo os principais fatos que contribuíram para a formação do sistema de Previdência que temos atualmente. Logo após, conceitua-se a seguridade social, bem como sua função social. Situa-se sobre os princípios Constitucionais que a regem, tendo como

foco os princípios expressos no caput do artigo 194 parágrafo único da Constituição da República Federativa do Brasil de 1988. Define-se ainda as forma de financiamento da seguridade social. Passamos assim para os modos de inserção do segurado e de seus dependentes na Previdência social, tais como a sua filiação e inscrição. Conceitua-se os segurados do Regime Geral de Previdência Social, trata-se sobre a prescrição e decadência da qualidade de segurado, bem como manutenção e perda da qualidade de segurado. Por fim trata-se da perda da qualidade de dependente, bem como conceitua-se os dependentes da previdência social. Define-se a comprovação da dependência econômica e os benefícios devidos ao segurado e aos seus dependentes. Analisa-se a pensão por morte, o auxilio reclusão, habilitação e reabilitação profissional. Pesquisa-se na monografia o papel da Previdência Social, a qual deve atuar em defesa dos interesses sociais garantindo o cumprimento dos direitos individuais de cada cidadão. E como mecanismo de controle e verificação deste cumprimento temos a Constituição da República Federativa do Brasil, que assegura o cumprimento dos direitos individuais. O presente Relatório de Pesquisa se encerra com a Conclusão, na qual são apresentados pontos destacados do conjunto dos argumentos referidos, seguidos da estimulação à continuidade dos estudos e das reflexões sobre a concessão dos benefícios para os dependentes do segurado da Previdência Social no Brasil.

Para a presente monografia foram levantadas as seguintes hipóteses: Os benefícios são devidos a todos os dependentes do segurado, tais como pais e cônjuge simultaneamente sem qualquer direito de preferência? Com relação a formulação de problema temos quais as critérios utilizados para que a concessão dos benefícios de regra geral e o de exceção para os dependentes. Quanto à Metodologia empregada, registra-se que, foi utilizado o método indutivo, ao qual parte de teorias e leis gerais para ocorrência de fenômenos particulares. Nas diversas fases da Pesquisa, foram acionadas as técnicas do Referente, da Categoria, do Conceito Operacional e da Pesquisa Bibliográfica.

1CONTEXTUALIZAÇÃO HISTÓRICA DA PROTEÇÃO SOCIAL 1.1 Evolução Histórica e Legislativa no Brasil Ao acompanharmos a evolução das Constituições Federais, Decretos e demais normas jurídicas que regeram o Estado, é possível compreender o conceito e a história da previdência social no Brasil. Entre elas destacam-se algumas datas: 1.1.1- Em 1543 - Criação da Casa de Misericórdia de Santos que começa a prestar serviços assistenciais Em 1543 É fundada a Santa Casa de Misericórdia de Santos, por Brás Cubas, visando a entrega das prestações assistenciais. Paralelamente, também é criado plano de pensão para seus empregados sendo estendido às Santas Casas de Misericórdia do Rio de Janeiro e de Salvador abrangendo ainda os empregados das Ordens Terceiras e outras que mantinham hospitais, asilos, orfanatos e casas de amparo a seus associados e também para os desvalidos. 12 No primeiro momento prevalecia a beneficência, inspirada pela mútua caridade, a preocupação do Estado primeiramente era com a prestação assistencial, evoluindo posteriormente essa preocupação para as outras áreas que 12 HORVANT JÚNIOR, Miguel. Direito Previdenciário. 5ª ed. São Paulo: Quartier Latin, 2005, p.20/21.

também necessitavam do amparo Estatal. Nesse mesmo ano houve também a criação de planos de pensão para os empregados das casas de misericórdia, abrangendo ainda os demais empregados que mantinham instituições tais como asilos e demais casas de amparo destinadas ao auxílio dos desvalidos e necessitados. 1.1.2- Em 1835 - Criação do Mongeral - Montepio Geral dos Servidores do Estado - 1ª empresa específica a funcionar no país O Montepio dos Servidores do Estado (Mongeral) apareceu em 22 de junho de 1835, foi a primeira entidade privada a funcionar no país. Tal instrumento legal é anterior à lei austríaca, de 1845, e à lei alemã, de 1833. Previa um sistema típico do mutualismo (sistema por meio do qual várias pessoas se associam e vão se cotizando para a abertura de certos riscos, mediante a repartição dos encargos com todo o grupo). Continha a maior parte dos institutos jurídicos securitários existentes nas modernas legislações e foi concebido muito tempo antes da Lei Eloy Chaves. 13 Em 1835 foram criadas instituições conhecidas como montepios, que são conhecidas como as manifestações mais antigas de Previdência Social. Os montepios eram instituições em que, mediante o pagamento de cotas, cada um de seus membros adquiria o direito de, por motivo de morte deixar pensão pagável a alguém de sua escolha, garantindo assim um certo conforto em termos financeiros para os membros de sua família. 13 MARTINS, Sérgio Pinto. Direito da Seguridade Social. 23º ed. São Paulo: Atlas, 2006, p.6.

1.1.3- Constituição de 1891- Inseriu na redação o vocábulo aposentadoria para os servidores públicos que serviam a nação A Constituição de 1891 (...) foi a primeira a conter a expressão aposentadoria, a qual era concedida a funcionários públicos, em caso de invalidez no serviço da nação. Os demais trabalhadores não possuíam qualquer proteção. 14 Temos aqui a utilização pela primeira vez da expressão aposentadoria, esta por sua vez não aplicava a todos os trabalhadores, mas somente aos funcionários públicos que ficaram inválidos no serviço da Nação. A aposentadoria era totalmente custeada por recursos públicos. 1.1.4-1923- Decreto - lei 4.682/1923 (Lei Eloy Chaves) A Lei Eloy Chaves (...) previa a criação de um sistema de caixa de aposentadoria e pensão. No início, cada empresa do ramo ferroviário deveria organizar a sua caixa. Seguindo o exemplo de Bismarck *, as contribuições seriam devidas pelos trabalhadores e empregadores, as quais manteriam o sistema protetivo que deveria cobrir alguns riscos sociais como invalidez, acidente de trabalho, incapacidade temporária. 15 14 IBRAHIM, Fabio Zambitte. Curso de direito previdenciário. 9ª ed. Rio de Janeiro: Impetrus, 2007, p.44. 15 OLIVEIRA, Lamartino França. Direito previdenciário: manuais de concursos e graduação. São Paulo: Editora Revista dos Tribunais, 2005, p.23.

*Na Alemanha em 1883, Otto Von Bismarck Instituiu o segurodoença obrigatório para os trabalhadores da indústria, sob a forma tríplice contribuição. 16 Essa foi a primeira norma a instituir a previdência no Brasil, através da criação das caixas de aposentadoria para os ferroviários. Objetivo das empresas era obter numerários para pagar futuras aposentadorias aos seus funcionários. A partir dela surgiram dezenas de caixas chegando a atingir a quantia de 83 caixas beneficiando outros empregados entre eles os do ramo portuário e transporte aéreo. 1.1.5- Entre 1930/1940 - Unificação das caixas em Institutos, tais como IAPTEC, IAPB, IAPC A primeira instituição brasileira de previdência social de âmbito nacional, com base na atividade econômica, foi o IAPM - Instituto de Aposentadoria e Pensões dos Marítimos, criada em 1933, pelo Decreto nº 22.872, de 29 de junho daquele ano. Seguiram-se o IAPC - Instituto de Aposentadoria e Pensões dos Comerciários e o IAPB - Instituto de Aposentadoria e Pensões dos Bancários, em 1934; o IAPI - Instituto de Aposentadoria e Pensões dos Industriários, em 1936; o IPASE - Instituto de Previdência e Assistência dos Servidores do Estado, e o 16 TAVARES, Marcelo Leonardo. Direito Previdenciário. 10ª ed. rev. ampl. e atual. Rio de Janeiro: Lumen Juris, 2008. p.37.

IAPETC - Instituto de Aposentadoria e Pensões dos Empregados em Transportes e Cargas, estes em 1938. 17 O sistema de caixas deixou de ser estruturado por empresa e passou a abranger categorias profissionais, cada categoria tinha seu próprio fundo, o amparo social deixou de ser somente de uma determinada empresa, passando para uma determinada categoria profissional, abrangendo todo território nacional. 1.1.6- Constituição/1934 - Criada a tríplice forma de participação no custeio (...) a Constituição de 1934 estabelecia a competência da União para fixar regras de assistência social, ficando a cargo dos Estados - Membros o cuidado com a saúde e as assistências públicas, além da fiscalização das leis sociais. No art. 121, 1º, h, falava - se em assistência médica e sanitária ao trabalhador e na proteção à gestante. Nesse mesmo dispositivo mencionava - se o custeio com a participação do ente público, empregado e empregador, com contribuição obrigatória. O art. 170, 3º, previa a aposentadoria compulsória para os funcionários públicos aos 68 anos de idade. Em caso de invalidez, previa-se a aposentadoria com salário integral, que não poderia exceder os vencimentos da ativa. 18 17 CASTRO, Carlos Alberto Pereira de. Manual de Direito Previdenciário. 7ª ed. rev. São Paulo: LTR, 2006, p.67. 18 CORREIA, Marcus Orione Gonçalves. Curso de direito da seguridade social. 2º ed. São Paulo: Saraiva, 2002, p.11/12.

Essa Constituição instituiu como obrigatória a forma tríplice de custeio da assistência social, que consistia na arrecadação de contribuições dos trabalhadores, das empresas e do próprio governo. Era a primeira vez que o texto constitucional inscrevia o amparo social como obrigação do Estado. 1.1.7- Constituição/1937 - Criou-se a expressão Seguro Social A carta Magna de 1937, outorgada em 10 de novembro, é muito sintética em matéria previdenciária. Não evoluiu nem um pouco em relação às anteriores, ao contrário, regrediu. A previdência social é disciplinada apenas em duas alíneas do art. 137. A alínea m menciona a instituição de seguros de velhice, de invalidez, de vida e para os casos de acidente do trabalho". A alínea n trata que as associações de trabalhadores têm o dever de prestar aos seus associados auxílio ou assistência, no referente às praticas administrativas ou judiciais relativas aos seguros de acidente do trabalho e aos seguros sociais". A Carta Política de 1937 emprega muito a expressão seguro social, em vez de previdência social. 19 Apenas duas alíneas da constituição de 1937 faziam menção a matéria previdenciária, uma mencionava a instituição de seguros de velhice, de invalidez, de vida e para os casos de acidente do trabalho e a outra referia-se ao dever das associações de trabalhadores em prestar aos seus associados auxílio ou assistência, no que se referia às praticas administrativas ou judiciais relativas aos 19 MARTINS, Sérgio Pinto. Direito da Seguridade Social. 23º ed. São Paulo: Atlas, 2006, p.10.

seguros de acidente do trabalho e aos seguros sociais. Utiliza-se também pela primeira vez a expressão seguro social. 1.1.8- Constituição/1946 - Utilizou-se pela primeira vez a locução Previdência Social A Constituição de 1946 previa normas sobre previdência no capítulo que versava sobre Direitos Sociais, obrigando, a partir de então, o empregador a manter seguro de acidente de trabalho. Foi a primeira tentativa de sistematização constitucional de normas de âmbito social, elencadas no art. 157 do texto. A expressão previdência social foi empregada pela primeira vez numa Constituição brasileira. 20 Aqui podemos verificar que o uso da expressão seguro social desaparece e começa a utilização da expressão previdência social. Importante evolução dá-se com a obrigação de o empregador manter seguro de acidente de trabalho para os seus empregados. 1.1.9-1960 Lei 3.807- Lei Orgânica de Previdência Social Somente em 28/08/1960, com a Lei nº 3.807, chamada de Lei Orgânica de Previdência Social (LOPS), houve a uniformização da legislação 20 CASTRO, Carlos Alberto Pereira de. Manual de Direito Previdenciário. 7ª ed. rev. São Paulo: LTr, 2006, p.67/68.

previdenciária, há a inclusão de benefícios como o auxílio-reclusão, o auxílio-funeral e o auxílio-natalidade, abrangendo um maior número de segurados, tais como os empregadores e os profissionais liberais. 21 A lei 3.807 Consolida e amplia a legislação previdenciária na Lei Orgânica da Previdência Social e estabelece uma unidade de tratamento entre os segurados e dependentes. Surgimento de novos benefícios, tais como: auxílioreclusão, o auxílio-funeral e o auxílio-natalidade. 1.1.10-1966 - Decreto - lei 72/1966- Criação do INPS, que veio a unificar os Institutos existentes O Decreto-Lei nº 72, de 21.11.1966, criou o INSS - Instituto Nacional de Previdência, que unificou os institutos previdenciários com gestão estatal. A unificação administrativa não foi cabal, posto que sobreviveram ao lado do INSS (Instituto Nacional de Previdência Social) o: I) IAPFESP- Instituto de Aposentadoria e Pensões dos Ferroviários e Servidores Públicos (art. 76 da LOPS); (II) IPASE- Instituto de Previdência e Assistência dos Servidores do Estado, que consagrava os funcionários públicos federais (Decreto- Lei nº 288, de 23.2.1938); III) SASSE- Serviço de Assistência e Seguro Social dos Economiários que filiava os empregados das caixas econômicas federais (Lei nº 3.149, de 21.5.1957).(grifo nosso) 22 21 EDUARDO, Ítalo Romano. Curso de Direito Previdenciário: teoria, jurisprudência e mais 900 questões. 3ª ed. Rio de Janeiro: Campus, 2006, p. 9. 22 HORVANT JÚNIOR, Miguel. Direito Previdenciário. 5ª ed. São Paulo: Quartier Latin, 2005, p.26.

Ocorreu aqui a tentativa de consolidação do sistema previdenciário brasileiro com a unificação dos institutos de aposentadoria e pensões em único órgão o INSS. A unificação não foi plena tendo em vista a permanência de vários institutos, fracassando assim a tentativa de unificação. 1.1.11-1977- Lei 6.439/1977- Criação do Sinpas (Sistema Nacional de Previdência e Assistência Social) Em 1977, foi instituído o Sistema Nacional de Previdência e Assistência (Sinpas), responsável pela integração das áreas de assistência social, previdência social, assistência médica e gestão das entidades ligadas ao Ministério da Previdência e Assistência Social. O sinpas contava com os seguintes órgãos: Instituto Nacional de Previdência Social (INPS) Autarquia responsável pela administração dos benefícios. Instituto de Administração Financeira da Previdência Social (Iapas) - Autarquia responsável pela arrecadação, fiscalização e cobrança de contribuições e demais recursos. Instituto Nacional de Assistência Médica da Previdência Social (Inamps) Autarquia responsável pela saúde. Fundação Legião Brasileira de Assistência (LBA) Fundação responsável pela assistência social. Fundação Nacional do Bem Estar do Menor (Funabem) Fundação responsável pela promoção de política social em relação ao menor. Central de Medicamentos (Ceme) Órgão ministerial responsável pela distribuição de medicamentos.

Empresa de Processamento de Dados da Previdência Social (Dataprev) Empresa pública responsável por gerenciar os sistemas de informática previdenciários. Todas essas entidades foram posteriormente extintas, exceto a Dataprev, que existe até hoje, com função de gerenciar os sistemas informatizados do Ministério da Previdência Social. 23 O SIMPAS era destinado a integrar as atividades da previdência, assistência social e médica e gestão financeira e patrimonial das diversas entidades ligadas a previdência vinculadas ao Ministério da Previdência e Assistência Social, contando com o apoio de diversos órgãos. 1.1.12- Constituição/1988- Criou-se a denominação Seguridade Social que agrega o Sistema de Saúde Único (SUS) A Constituição Federal de 1988 estabeleceu o sistema de Seguridade Social, como objetivo a ser alcançado pelo Estado brasileiro, atuando simultaneamente nas áreas da saúde, assistência social e previdência social, de modo que as contribuições sociais passaram a custear as ações do Estado nestas três áreas, e não mais somente no campo da Previdência Social. Porém, antes mesmo da promulgação da Constituição, já havia disposição legal que determinava a transferência de recursos da Previdência Social para o então Sistema Único Descentralizado de Saúde SUDS, hoje Sistema Único de Saúde - SUS. 24 23 KERTZMAN, Ivan. Direito Previdenciário. São Paulo: Barros, Fischer & Associados, 2005, p.23. 24 CASTRO, Carlos Alberto Pereira de. Manual de Direito Previdenciário. 7ª ed. rev. São Paulo: LTR, 2006, p.71.

A Constituição de 1988 impôs uma nova e profunda redistribuição da renda destinada ao custeio das prestações da seguridade social. Que envolve a saúde, assistência social e previdência. Assim os que contribuíam eram beneficiados nessas três áreas. 1.1.13-1990- Lei 8.029/1990 - Fusão do INPS e Iapas para o surgimento do INSS (Instituto Nacional do Seguro Social) O art. 17 da Lei nº 8.029, de 12-04-1990, permitiu a criação do INSS. O Decreto nº 99.350, de 27-06-1990, criou o INSS (Instituto Nacional do Seguro Social), autarquia federal vinculada ao então Ministério do Trabalho e Previdência Social, mediante a fusão do IAPAS com o INPS. O INSS passa a ter a finalidade de cobrar as contribuições e pagar os benefícios. Não há mais dois órgãos para cada finalidade, mas apenas um só. 25 O INSS foi instituído com a finalidade cobrar as contribuições e pagar os benefícios. Sendo até hoje responsável pela arrecadação, fiscalização, cobrança, aplicação de penalidades (multas) e regulamentação da parte de custeio do sistema da seguridade social como pela concessão de benefícios e serviços aos segurados e dependentes. 1.1.14-1991- Edição das Leis nº 8.212 e 8.213/1991 (Plano de Custeio e Organização da Seguridade Social e Plano de Benefícios da Previdência Social) 25 MARTINS, Sergio Pinto. Direito da Seguridade Social. 23º ed. São Paulo: Atlas, 2006, p.16.

Em 24 de julho de 1991, entraram em vigor os diplomas básicos da Seguridade Social: a Lei 8.212 (Plano de Custeio e Organização da Seguridade Social) e a Lei 8.213 (Plano de Benefícios da Previdência Social), revogando totalmente a LOPS. A LOPS, desde a promulgação da Constituição de 1988 até a publicação das leis supracitadas, continuou sendo aplicada, já que não havia outro diploma legal, apesar de não ter sido recepcionada em grande parte. Este expediente gerou um período conhecido como buraco negro, sendo os benefícios aí concedidos objeto de revisão, com novo cálculo da renda mensal inicial, segundo os padrões da Lei nº 8.213/91 (art. 144). 26 As leis 8.212 e 8.213 tratavam do custeio da seguridade social, dos benefícios e serviços previdenciários incluindo os por acidente de trabalho. Essas duas leis vigoram até hoje mesmo com as alterações ocorridas em diversos dos seus artigos. 1.1.15-1998- Emenda Constitucional 20 EC/20, destinação do produto arrecadado pelo INSS para a previdência e assistência social A Emenda Constitucional nº 20, de 15/12/1998, trouxe substanciais mudanças à seguridade, normatizando as regras previdenciárias dos servidores públicos, determinando a destinação específica à previdência e assistência social do produto arrecadado pelo INSS com as contribuições, impondo 26 IBRAHIM, Fabio Zambitte. Curso de direito previdenciário. 9ª ed. Rio de Janeiro: Impetrus, 2007, p.51.

ao juízes do trabalho a execução das contribuições previdenciárias oriundas de suas sentenças, extinguindo a aposentadoria por tempo de serviço, criando a aposentadoria por tempo-contribuição e tornando mais rigorosos os requisitos exigidos para a fruição de alguns benefícios, além de outras alterações. 27 A emenda Constitucional nº 20 tentou realizar o equilíbrio financeiro determinando a destinação à previdência e assistência social do produto arrecadado pelo INSS com as contribuições, além de outras mudanças importantes. 1.1.16-2003 - Lei nº 10.666, de 08.05.2003. Alterou significativamente as regras de custeio da previdência Lei 10.666, de 08 de maio de 2003 prevê contribuições adicionais para as empresas tomadoras de serviços de cooperado; estabelece que a perda da qualidade de segurado não será considerada para a concessão da aposentadoria por idade, tempo de contribuição e especial. Estabelece a obrigação de a empresa arrecadar a contribuição do segurado contribuinte individual a seu serviço. 28 A lei 10.666, alterou significativamente as regras de custeio da previdência social, obrigando a empresa a arrecadar a contribuição do segurado contribuinte individual que estiver a seu serviço. Estabeleceu a regra de que a perda 27 TAVARES, Marcelo Leonardo. Direito Previdenciário. 10ª ed. rev. ampl. e atual. Rio de Janeiro: Lumen Juris, 2008. p.43. 28 HORVANT JÚNIOR, Miguel. Direito Previdenciário. 5ª ed. São Paulo: Quartier Latin, 2005, p.30.

da qualidade se segurado não seria considerada para a concessão de aposentadoria por idade, tempo de contribuição e especial. 1.1.17-2003- Emenda Constitucional 41: Alterou o Regime Geral da Previdência do Serviço Público Com as modificações da EC nº41/03, o caput do art. 40 da Carta de 1988 assegura, expressamente, o direito do servidor a regime previdenciário de caráter contributivo e solidário. Entendo que tal preceito não impõe, necessariamente, a criação de regimes próprios pelos Entes Federativos em favor de seus servidores ocupantes de cargo efetivo. 29 A emenda 41 estabeleceu uma nova reforma previdenciária atingindo mais os funcionários públicos. Reduziu a proteção previdenciária dos agentes públicos ocupantes de cargos efetivos e vitalícios, quase que equiparando as normas dos regimes próprios às do regime geral. Através desse esboço histórico pode-se verificar que a evolução da seguridade deu-se de forma lenta, sofrendo alterações e se moldando passo a passo. A medida que a mentalidade social evoluía, sentiu-se a necessidade de o Estado prestar amparo a sociedade. Saímos da assistência prestada por caridade pelas casas de misericórdia e chegamos a prestação de proteção aos direitos sociais individuais nas mais variadas formas prestadas pelo Estado. 29 IBRAHIM, Fabio Zambitte. Curso de direito previdenciário. 9ª ed. Rio de Janeiro: Impetrus, 2007, p.41.

1.2 Seguridade Social A Seguridade Social ou proteção social teria surgido nos primórdios dos tempos com a formação da unidade familiar, que vivia em aglomerados e incumbia aos seus membros mais jovens a responsabilidade pela subsistência dos mais velhos, tendo o Estado assumido essa responsabilidade muito mais tarde. Nas palavras de Fábio Zambitte Ibrahim: Pode-se afirmar que a proteção social nasceu, verdadeiramente, na família. A concepção da família já foi muito mais forte do que nos dias de hoje e, no passado, as pessoas comumente viviam em largos aglomerados familiares. O cuidado aos mais idosos e incapacitados era incumbência dos mais jovens e aptos para o trabalho. Contudo, nem todas as pessoas eram dotadas de tal proteção familiar e, mesmo quando esta existia, era freqüentemente precária. Daí a necessidade de auxílio externo, com natureza eminentemente voluntária de terceiros, muito incentivada pela Igreja. O Estado só viria a assumir alguma responsabilidade no século XVII, com a edição da famosa Lei dos Pobres. 30 O objetivo proteger e dar tranqüilidade a entidade familiar e os membros que dela participam continua até hoje, no entanto diferente do que ocorria, o Estado acabou por assumir esse papel que antes era desempenhado por entes familiares. 30 IBRAHIM, Fabio Zambitte. Curso de direito previdenciário. 9ª ed. Rio de Janeiro: Impetrus, 2007, p.1.

Tem-se como idéia ou objetivo da Seguridade Social (...) dar aos indivíduos e a suas famílias tranqüilidade no sentido de que, na ocorrência de uma contingência (invalidez, morte, etc.), a qualidade de vida não seja significativamente diminuída, proporcionando meios para a manutenção das necessidades básicas dessas pessoas. Logo, a Seguridade Social deve garantir os meios de subsistência básicos do indivíduo, não só mas principalmente para o futuro, inclusive para o presente, independentemente de contribuição para tanto. Verifica-se, assim, que é uma forma de distribuição de renda aos mais necessitados, que não tenham condição de manter a própria subsistência. 31 A seguridade desta forma acaba por desempenhar um papel fundamental para a vida em sociedade. Visa bem do individuo e luta para que ocorra a redução de desigualdades sociais ainda existentes, principalmente as advindas por algum evento que possa diminuir a sua qualidade de vida. Marisa Ferreira dos Santos, assim comenta: Garantindo os mínimos necessários à sobrevivência do indivíduo, a seguridade social é instrumento de bem- estar. É, também, redutor das desigualdades sociais causadas pela falta de ingressos financeiros no orçamento do indivíduo e de sua família, e instrumento de justiça social. 32 31 MARTINS, Sérgio Pinto. Direito da Seguridade Social. 23º ed. São Paulo: Atlas, 2006, p.19. 32 SANTOS, Marisa Ferreira dos. Direito Previdenciário. 2ª ed. rev. e atual. São Paulo: Saraiva, 2007, p.2.

A Constituição da República Federativa do Brasil de 1988 33 em seu art. 194 nos traz o conceito apropriado para definir a Seguridade Social: Art. 194 A seguridade social compreende um conjunto integrado de ações de iniciativa dos Poderes Públicos e da sociedade, destinadas a assegurar os direitos relativos à saúde, à previdência e à assistência social. Esse artigo trata os direitos relativos à saúde, previdência e assistência social, os quais são direitos básicos que devem ser assegurados pelo Poder Público e pela sociedade como um todo, com o intuito de proteger os cidadãos. 1.3 Função Social da Seguridade Qualquer pessoa pode obter os benefícios da Seguridade Social, independente de estar exercendo atividade remunerada ou não. Como afirma Aristeu Oliveira: Qualquer pessoa acima de 16 anos de idade pode ser segurado da Previdência Social, sendo que o menor aprendiz já o pode aos 14 anos. Os que exercem atividade remunerada são segurados obrigatórios. Estão aí enquadrados os que têm carteira assinada e os que não têm carteira assinada, como avulsos, temporários, autônomos. As donas de casa podem ser filiadas como segurados facultativos. 34 33 BRASIL, Constituição (1988) 27ª ed. Atlas, 2006. 34 OLIVEIRA, Aristeu. Manual Prático da Previdência Social. 19ª ed. São Paulo: Atlas, 2003, p.17.

O indivíduo passa a utilizar dos benefícios da seguridade social quando o mesmo não tem condições de prover seu sustento e ou de sua família, em razão de desemprego, doença, invalidez ou de qualquer outra causa prevista em lei. No art. 201 da CRFB/88 35 encontrar-se os eventos que são cobertos pela proteção previdenciária em que os segurados e dependentes tem direito, quais sejam: I- cobertura dos eventos de doença, invalidez, morte e idade avançada; II- proteção à maternidade, especialmente à gestação; III- proteção ao trabalhador em situação de desemprego involuntário;* IV- salário-família e auxílio-reclusão para os dependentes dos segurados de baixa renda; V- pensão por morte do segurado, homem ou mulher, ao cônjuge ou companheiro e dependentes. *Seguro desemprego aparece aqui como benefício previdenciário, mas na verdade não é. Sua concessão é feita pelo Ministério do Trabalho e Emprego, com recursos do Fundo de Amparo ao Trabalhador. Verifica-se, portanto que a Previdência Social objetiva assegurar aos seus beneficiários meios indispensáveis de manutenção, por motivo de incapacidade, idade avançada, tempo de serviço, desemprego involuntário, 35 BRASIL, Constituição (1988) 27ª ed. Atlas, 2006.

encargos de família e reclusão ou morte daqueles de quem dependiam economicamente. 36 1.4 Princípios Constitucionais que regem a Seguridade Social Brasileira A Seguridade Social é regida por princípios próprios que a organizam, no parágrafo único do artigo 194 da CRFB/88 37 encontrar esses princípios, os quais serão comentados individualmente. Art. 194 Parágrafo único. Compete ao Poder Público, nos termos da lei, organizar a seguridade social, com base nos seguintes objetivos: I- universalidade da cobertura e do atendimento; II- uniformidade e equivalência dos benefícios e serviços às populações urbanas e rurais; III- seletividade e distributividade na prestação dos benefícios e serviços; IV- irredutibilidade do valor dos benefícios; V- eqüidade na forma de participação no custeio; VI- diversidade da base de financiamento; VII- caráter democrático e descentralizado da administração, mediante gestão quadripartite, com participação dos trabalhadores, dos empregadores, dos aposentados e do Governo nos órgãos colegiados. 1.4.1- Princípio da universalidade de cobertura e atendimento 36 OLIVEIRA, Aristeu. Manual Prático da Previdência Social. 19ª ed. São Paulo: Atlas, 2003, p.15. 37 BRASIL, Constituição (1988) 27ª ed. Atlas, 2006.

O principio da universalidade da seguridade social (...) se verifica quando notamos que ela se destina a todas as pessoas residentes no Brasil, mesmo se de outra nacionalidade. A cobertura é termo abstrato que pressupõe que esses habitantes poderão ser atendidos. Já o atendimento pode ser entendido como a materialização da previsão de cobertura. Ou seja, o uso do sistema por quem estava coberto. O segurado facultativo, a assistência social aos carentes e a saúde, via SUS, a todos, são exemplos. 38 Universalidade significa que os habitantes do país, farão jus a seus benefícios diante de uma mesma circunstância ou contingência recebendo cobertura por igual, não devendo existir distinção, principalmente entre segurados urbanos e rurais. O segurado facultativo que recolher contribuição também terá direito aos benefícios da previdência social, assim como os estrangeiros que residirem em nosso país. A universalidade de cobertura deve se entendida como as eventualidades que serão cobertas, como idade avançada e impossibilidade de retorno ao trabalho. Já a universalidade de atendimento se refere às prestações que independente de pagamento de contribuição devem ser pagas. Sendo esse pagamento um direito da pessoa e um dever do Estado. 1.4.2- Princípio da uniformidade e equivalência dos benefícios e serviços às populações urbanas e rurais 38 OLIVEIRA, Lamartino França. Direito previdenciário: manuais de concursos e graduação. São Paulo: Editora Revista dos Tribunais, 2005, p.39.

Não deverá haver distinção entre trabalhadores urbanos ou rurais. As prestações securitárias devem ser idênticas para os trabalhadores rurais ou urbanos, não sendo lícita a criação de benefícios diferenciados. Como se sabe, o trabalhador rural tinha tratamento diferenciado até o advento da Constituição de 1988, a qual determinou o fim desse regramento previdenciário distinto. Assim, por exemplo, todos os segurados, inclusive os rurais, nunca terão aposentadoria em valor inferior a um salário mínimo. 39 Deverá ser conferido tratamento igualitário aos trabalhadores urbanos e rurais, havendo assim a uniformidade (benefícios e serviços idênticos) e equivalência (para os mesmos eventos cobertos pelo sistema). Isso não significa que o valor do beneficio será idêntico, e sim as regras para a sua concessão que acabam se tornando idênticas. 1.4.3- Princípio da seletividade e distributividade na prestação dos benefícios e serviços O principio da seletividade na prestação dos benefícios e serviços (...) implica que tal prestação seja fornecida apenas a quem realmente necessitar, desde que se enquadre nas situações que a lei definir. Somente poderão usufruir o auxílio-doença, por exemplo, os segurados que se encontrarem em situação de incapacidade temporária para o trabalho. O princípio da distributividade é melhor aplicável à previdência e à assistência social. O Poder Público vale-se da seguridade social para distribuir renda entre a população. Isso porque as 39 IBRAHIM, Fabio Zambitte. Curso de direito previdenciário. 9ª ed. Rio de Janeiro: Impetrus, 2007, p. 56.

contribuições são cobradas de acordo com a capacidade econômica dos contribuintes. Assim, uma vez nos cofres previdenciários, os recursos captados são distribuídos para aqueles que precisem de proteção. 40 Princípio da seletividade pressupõe que os benefícios serão concedidos a quem deles realmente necessite. Razão pela qual é necessário o beneficiário preencher certos requisitos exigidos por lei. Por exemplo, um trabalhador que não possua dependentes não terá a concessão do salário-família. A distributividade refere-se a distribuição de renda e bem- estar social. Por exemplo, a concessão do beneficio assistencial ao idoso que não possua meios de subsistência. 1.4.4- Principio da irredutibilidade do valor dos benefícios A irredutibilidade pode ser de duas formas: nominal ou real. A primeira significa dizer que o valor expresso em números não pode ser reduzido. Se é R$ 100,00 não pode ser reduzido para R$ 90, 00. Entretanto, isso não traz nenhuma garantia ao beneficiário ainda em tempos de inflação. A outra a verdadeira irredutibilidade é real. Significa dizer que o poder aquisitivo deve ser mantido. Hoje está expressamente consagrada no art. 201, 4º, da Constituição Federal, segundo o qual é assegurado o reajustamento dos benefícios para preservar-lhes, em caráter permanente, o valor real conforme critérios definidos em lei. 41 40 KERTZMAN, Ivan. Direito Previdenciário. São Paulo: Barros, Fischer & Associados, 2005, p.29. 41 VIANNA, João Ernesto Aragonés. Curso de direito previdenciário. 2ª ed. São Paulo: LTr, 2007, p.28.

Todo beneficio deve sofrer correção monetária para manter o poder de compra de seu beneficiário. O supremo considera constitucional a redução do poder de compra, desde que não altere e reduza o valor do beneficio recebido. 1.4.5- Princípio da eqüidade na forma de participação no custeio Sobre a equidade na forma de participação no custeio pode-se afirmar: É um princípio dirigido exclusivamente ao legislador. Como feitor das leis, deve ao elaborá-las primar pelo ideal de justiça, tendo em mente que a tributação para fins da seguridade social deverá se der de acordo com a capacidade contributiva dos diversos tipos de contribuintes do sistema. 42 Apenas os contribuintes que estiverem em igualdade de condições contributivas é que terão de contribuir da mesma forma. O trabalhador não pode contribuir da mesma forma que a empresa, por não possuir as mesmas condições financeiras para tal. A maior parte da receita da seguridade social deverá vir da contribuição das empresas que já incluem no preço das mercadorias ou dos serviços prestados o custo da contribuição previdenciária. 1.4.6- Principio da diversidade da base de financiamento O art. 195 da CRFB/88 prevê que a seguridade seja financiada por toda a sociedade. O custeio é feito por meio de recursos orçamentários da 42 OLIVEIRA, Lamartino França. Direito previdenciário: manuais de concursos e graduação. São Paulo: Editora Revista dos Tribunais, 2005, p.40.