FACULDADE DE CIÊNCIAS CONTÁBEIS E DE ADMINISTRAÇÃO DO VALE DO JURUENA - AJES ESPECIALIZAÇÃO EM GESTÃO AMBIENTAL E SAÚDE PÚBLICA



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Transcrição:

FACULDADE DE CIÊNCIAS CONTÁBEIS E DE ADMINISTRAÇÃO DO VALE DO JURUENA - AJES ESPECIALIZAÇÃO EM GESTÃO AMBIENTAL E SAÚDE PÚBLICA GESTÃO AMBIENTAL NO LATICÍNIO PRIMÍCIA MUNICÍPIO DE COMODORO MT. Autora: Delma Suely Rezende Orientadora: Ms. Cynthia Cândida Correa Comodoro MT / 2010

FACULDADE DE CIÊNCIAS CONTÁBEIS E DE ADMINISTRAÇÃO DO VALE DO JURUENA - AJES ESPECIALIZAÇÃO EM GESTÃO AMBIENTAL E SAÚDE PÚBLICA GESTÃO AMBIENTAL NO LATICÍNIO PRIMÍCIA MUNICÍPIO DE COMODORO MT Autora: Delma Suely Rezende Orientadora: Ms. Cynthia Cândida Correa Trabalho apresentado como exigência parcial para a obtenção do título de Especialização em Gestão Ambiental e Saúde Pública pela AJES Associação Juinense de Ensino Superior do Vale do Juruena. Desenvolvido sob orientação da Professora Ms. Cynthia Cândida Correa Comodoro - MT / 2010

RESUMO O Sistema de Gestão Ambiental é uma importante ferramenta para qualquer organização que lida com os recursos naturais. Além de utilizar os recursos do meio na qual está inserida, compete a tais organizações em retorno, um comprometimento e disponibilidade de tais recursos para as populações. Este processo visa garantir a qualidade de vida do ser humano e da biodiversidade, assim como assegurar às novas gerações o planejamento e a política ambiental com responsabilidade, avaliação e acompanhamento periódico de tais ações. O presente trabalho objetiva uma análise das condições ambientais e do projeto de gestão ambiental de uma empresa do setor de laticínios, denominada PRIMICIA, instalada no município de Comodoro Estado de Mato Grosso, visando a redução do impacto ambiental por meio da implantação de sistemas de tratamento de efluentes, bem como o desenvolvimento de transferência de tecnologias para o aproveitamento de subprodutos. Utilizou-se de entrevistas com o corpo dirigente da empresa e observações a partir de um roteiro pré-estabelecido, bem como análise de documentos e projetos da empresa, a fim de agrupar informações em relação ao fluxo de entrada de insumos; projeto, processo e fabricação; fluxo de saída dos produtos e relações com os recursos humanos. Na empresa estudada, dentre as inúmeras preocupações, observou-se que a questão ambiental e a qualidade são fatores extremamente importantes para a sobrevivência da empresa, bem como sua competitividade no mercado. Palavras chave: gestão ambiental, tratamento de efluentes, laticínio

SUMÁRIO INTRODUÇÃO 5 CAPÍTULO I - 8 1. REFERENCIAL TEÓRICO 8 1.1. Legislação Ambiental Brasileira 8 1.2. Licenciamento Ambiental Único (LAU) 10 1.2.1. Licença Prévia (LP) 10 1.2.2. Licença de Instalação (LI) 10 1.2.3. Licença de Operação (LO) 11 1.3. Outras Legislações pertinentes 12 1.4. Gestão Ambiental 14 1.4.1. Fundamentos da Gestão Ambiental 15 1.4.2. Finalidade básica da Gestão Ambiental e Empresarial 16 1.4.3. Princípios e elementos de um Sistema de Gestão Ambiental 17 1.4.4. Avaliação Ambiental Inicial 17 1.4.4.1. A avaliação ambiental permite às organizações 18 1.4.4.2. As principais técnicas comuns para se fazer a avaliação podem incluir 19 1.4.5. Política Ambiental 19 1.4.6. ISO 14.000 19 1.5. A importância do meio ambiente para o agronegócio (Agroindústria) 21 CAPÍTULO II 24 2. METODOLOGIA 24 2.1. O espaço amostral e universo da pesquisa 25 2.2. Natureza da pesquisa e procedimento de coleta de dados 25

CAPÍTULO III 27 3. ANÁLISE E DISCUSSÃO DE DADOS 27 3.1. CARACTERIZAÇÃO DA ÁREA DE ESTUDO 27 3.1.1. O município de Comodoro MT 27 3.1.2. Histórico da Empresa 30 3.2. O processamento industrial do Laticínio Primícia 31 3.3. Gestão Ambiental da Empresa 33 3.3.1. Plano de Gerenciamento de Resíduos Sólidos Industriais (PGRSI) 34 3.3.2. Alternativas para o gerenciamento de resíduos sólidos 35 3.3.3. Alternativas para o controle das emissões atmosféricas 36 3.3.4. Lançamento de efluentes 37 3.3.4.1. Dados coletados nos tanques de sedimentação Resultado das análises 42 3.3.4.2. Enquadramento dos parâmetros (Resolução Nº 357/05 CONAMA) 43 3.3.4.3. Considerações sobre os resultados dos parâmetros 44 3.3.5. Programa de educação Ambiental 45 3.3.6. Resultados e discussão 46 3.3.6.1. Fluxo de entrada 46 3.3.6.2. Processo de fabricação do produto 47 3.3.6.3. Fluxo de saída 48 3.3.6.4. Recursos humanos 48 CONSIDERAÇÕES FINAIS 49 REFERENCIA BIBLIOGRÁFICA 50 ANEXO 52

5 INTRODUÇÃO A temática ambiental vem sendo amplamente discutida desde as grandes repercussões em Conferencias Mundiais como em Estocolmo em 1972 e a Eco-92 realizada no Rio de Janeiro. A gestão ambiental envolve uma relação ampla de como o homem usufrui os recursos, viabiliza o tratamento dos resíduos que são gerados e mais ainda, preocupar com o futuro da sociedade, para que o uso dos recursos naturais não possa comprometer ainda mais elementos essenciais a vida. Ela está diretamente relacionada à Responsabilidade Social. Não se pode implantar um Programa de Gestão Ambiental sem que este aborde as questões sociais, pois se faz uma análise nas formas como estão dispostos o ambiente físico e os impactos que o homem vem causando ao mesmo. Neste caso, a empresa deve ter a preocupação com as áreas do entorno, pois é responsável por possíveis impactos a comunidade. Por meio das mudanças de paradigma, novos padrões ambientais estão sendo instituídos, bem como as organizações estão passando por processos de inovação que trarão uma melhor utilização dos recursos e maior diminuição dos custos. Percebe-se o grande peso das organizações na nova construção social, pois através da transformação das empresas e conseqüentemente de seus exemplos, as pessoas podem se tornar cidadãos mais conscientes e pró-ativos. Dentro desse contexto, de mudanças rápidas e significativas, o objetivo desse trabalho é analisar as condições ambientais do processo produtivo e do projeto de gestão ambiental de uma indústria de laticínios, denominada PRIMÍCIA, situada no município de Comodoro, na região Oeste de Mato Grosso, por já existir uma política ambiental em andamento. Assim, na busca deste objetivo, será analisado como é assimilado o entendimento por parte dos empregados das novas normas estabelecidas pelo diagnóstico ambiental do sistema de gestão, aperfeiçoando-o em qualquer falha para que se tenha o melhor produto final. A busca de novas tecnologias mitigadoras e alternativas na área de emissão de efluentes e resíduos sólidos e líquidos através do plano de gestão de resíduos que estão disponíveis no setor de laticínios também buscará a consolidação dos objetivos primários da empresa.

6 Através dos objetivos específicos, procurar-se-á relatar e acompanhar as ações implantadas pela Empresa Laticínios Primícia em seu sistema de gestão ambiental; Identificar os benefícios oriundos do processo de gestão ambiental adotado pela empresa. A Empresa também já está enquadrada nas normas da série ISO 14000, e continua na busca de melhorias para permanecer dentro das normas ambientais exigidas pelos padrões nacionais e internacionais, a qual a preservação e conservação são de exigências para o controle de qualidade, tanto do produto, quanto da qualidade de vida no ambiente em geral. Diante dos inúmeros problemas enfrentados pelas pequenas empresas no Brasil, como crédito difícil, juros elevados e competição predatória interna e externa, constata-se que o controle dos impactos ambientais causados por essas indústrias não é considerado uma questão prioritária. Todavia, as exigências crescentes da legislação ambiental, aliada a um movimento progressivo da conscientização da população no sentido de, cada vez mais, se consumir produtos e serviços que gerem menor impacto no meio ambiente têm forçado uma mudança mais rápida de atitude por parte dos empresários, no sentido de controlar a poluição. Dentre os principais impactos ambientais das indústrias de laticínios pode-se destacar a geração de quantidades significativas de efluentes líquidos com elevada carga orgânica, a geração de resíduos sólidos e emissões atmosféricas bem como o destino dado à parcela não aproveitada do soro de queijo. Constata-se, na prática, que os impactos ambientais causados pelas indústrias de laticínios poderiam ser minimizados a partir da otimização e do controle dos processos industriais, inclusive com a adequação do consumo de alguns insumos (água, lenha, detergentes, desinfetantes, etc.) e, sobretudo, pela implantação de tecnologia para a utilização adequada de subprodutos gerados no processo produtivo (soro lácteo, soro de ricota, etc.) Os efluentes líquidos nada mais são do que despejos líquidos originários de diversas atividades desenvolvidas na indústria, contendo leite e produtos do leite, detergentes, desinfetantes, areia, lubrificantes, essências e condimentos diversos, diluídos nas águas de lavagem de equipamentos, tubulações, pisos e demais instalações da indústria.

7 Durante o processamento dos produtos lácteos são gerados resíduos sólidos que abrangem embalagens plásticas e de papel, bobonas plásticas, lixo doméstico, cinzas de caldeira, aparas de queijo e, em menor quantidade, metais e vidros. Na indústria de laticínios, as emissões atmosféricas são provenientes da queima dos combustíveis nas caldeiras, geralmente a óleo ou à lenha, cujo vapor é usado para a limpeza e desinfecção de pisos e equipamentos e em etapas do processo produtivo, como a pasteurização do leite e a fabricação de queijos. A queima da lenha libera poluentes atmosféricos, tais como material particulado, óxidos de enxofre, óxidos de nitrogênio, hidrocarbonetos e monóxido de carbono, além de compostos voláteis como ácido acético, metanol, acetona, metilacetato, acetaldeído e alcatrão. A minimização e controle de todas estas variáveis fazem parte deste estudo sobre gestão ambiental. Desta forma no capítulo I, trabalhar-se-á na conceituação sobre a legislação ambiental referente à gestão ambiental e da Indústria de Laticínios bem como no levantamento das referencias bibliográficas que foram de extrema importância para a conceituação da informação. No capítulo II, serão descrita a metodologia utilizada para elaboração do trabalho, o espaço amostral e universo da pesquisa. No capítulo III, far-se-á a análise e discussão dos dados, a caracterização da área de estudo, seu posicionamento geográfico, histórico da empresa e a implantação da gestão ambiental na empresa, suas particularidades, implicações e controle ambiental, concluindo na parte final, como a gestão ambiental contribui para um produto de qualidade aliado a um meio ambiente local estável e equilibrado.

8 CAPÍTULO I 1. REFERENCIAL TEÓRICO 1.1. Legislação Ambiental Brasileira É o conjunto de normas jurídicas que se destinam a disciplinar a atividade humana, para torná-la compatível com a proteção do meio ambiente. No Brasil, as leis voltadas para a conservação ambiental começaram a ser implementadas com a lei Nº 6938, de 31 de agosto de 1981, que criou a Política Nacional do Meio Ambiente. Posteriormente, novas leis foram promulgadas, vindo a formar um sistema bastante completo de proteção ambiental. A Resolução do Conselho Nacional do Meio Ambiente (CONAMA) Nº 237, de 19 de dezembro de 1997, dispõe sobre o licenciamento ambiental, competência da União, Estados e Municípios, listando as atividades sujeitas ao licenciamento; Estudos de Impacto Ambiental e Relatório de Impacto Ambiental. Assim, em seu Artigo 1º, fazem-se as seguintes definições: I. Licenciamento Ambiental: procedimento administrativo pelo qual o órgão ambiental competente licencia a localização, instalação, ampliação e a operação de empreendimento e atividades utilizadoras de recursos ambientais, consideradas efetiva ou potencialmente poluidoras ou daquelas que, sob qualquer forma, possam causar degradação ambiental, considerando as disposições legais e regulamentares e as normas técnicas aplicáveis ao caso; II.Licença Ambiental: ato administrativo pelo qual o órgão ambiental competente, estabelece as condições, restrições e medidas de controle ambiental, que deverão ser obedecidas pelo empreendedor, pessoa física ou jurídica, para localizar, instalar, ampliar e operar empreendimentos ou atividades utilizadoras dos recursos ambientais consideradas efetiva ou potencialmente poluidoras ou aquelas que, sob qualquer forma, possam causar degradação ambiental; III.Estudos Ambientais: são todos e quaisquer estudos relativos aos aspectos ambientais relacionados à localização, instalação, operação e ampliação de uma atividade ou empreendimento, apresentado como subsídios para a análise da licença requerida, tais como: relatório ambiental, plano e projeto de controle ambiental, relatório ambiental preliminar, diagnóstico ambiental, plano de manejo, plano de recuperação de área degradada e análise preliminar de risco; IV. Impacto Ambiental Regional: é todo e qualquer impacto ambiental que afete diretamente (área de influencia direta do projeto), no todo ou em parte, o território de dois ou mais Estados. O Licenciamento Ambiental para indústrias e empreendimentos como o caso em estudo, laticínio, é realizado em etapas definidas por legislação. Para realizá-lo é

9 necessário o Relatório de Controle Ambiental (RCA), o Plano de Controle Ambiental (PCA) e, por vezes, o Estudo de Impacto Ambiental (EIA) e seu respectivo Relatório de Impacto Ambiental (RIMA). O Relatório de Controle Ambiental é feito através das informações obtidas a partir de levantamentos e/ou estudos para identificar as não conformidades legais decorrentes da instalação e funcionamento do empreendimento, a fonte de poluição. O conteúdo básico do RCA deverá abordar a descrição do empreendimento a ser licenciado, a descrição do processo de produção, a caracterização das emissões geradas nos diversos setores do empreendimento no que concerne a ruídos, efluentes líquidos, efluentes atmosféricos e resíduos sólidos. O Plano de Controle Ambiental é constituído de propostas para prevenir ou corrigir não conformidades legais relativas à poluição, decorrentes da instalação e operação do empreendimento, conforme identificado do Relatório de Controle Ambiental. O PCA deverá abordar medidas corretivas para situações em que haja poluição ou risco de poluição decorrente da emissão de efluentes líquidos e atmosféricos e do armazenamento transitório, da disposição final ou do tratamento dado aos resíduos sólidos de origem animal. O estudo de Impacto Ambiental e seu respectivo relatório de Impacto Ambiental é um estudo amplo e profundo que caracteriza o meio biótico e antrópico e suas inter-relações, tentando descrever o ambiente em que se encaixa o empreendimento e o impacto deste no meio ambiente. A nível estadual mato-grossense, a Lei Complementar Nº 232, de 21 de dezembro de 2005, altera a Lei Complementar Nº 38, de 21 de novembro de 1995, Código Estadual do Meio Ambiente e em seu Artigo 2º dita: O Sistema Estadual do Meio Ambiente tem como finalidade integrar os órgãos e instrumentos da Política Estadual do Meio Ambiente, sob a gestão da Secretaria de Estado do Meio Ambiente SEMA... Desta forma, qualquer empreendimento que lida com produtos e subprodutos derivados dos recursos naturais devem estar submetidos às leis ambientais correspondentes e estar assessorado por um responsável técnico que procederá na orientação e implementação correta dos trâmites legais.

10 1.2. Licenciamento Ambiental Único (LAU) O Licenciamento Ambiental é um dos instrumentos de controle institucional, cujo objetivo é o desenvolvimento sustentável. Este mecanismo, instituído pela Lei Nacional do Meio Ambiente constitui um sistema de gestão ambiental composto em três etapas sucessivas: 1.2.1. Licença Prévia (LP) A licença prévia é requerida na fase preliminar de planejamento do empreendimento ou atividade. Nessa primeira fase do licenciamento, o órgão ambiental avalia a localização e a concepção do empreendimento, atestando a sua viabilidade ambiental e estabelecendo os requisitos básicos a serem atendidos nas próximas fases. A licença prévia não concede qualquer direito de intervenção no meio ambiente, correspondendo à etapa de estudo e planejamento do futuro empreendimento. O seu prazo de validade é definido pelo cronograma apresentado pelo empreendedor para a elaboração dos planos, programas e projetos, não podendo ser superior a 4 anos, conforme dispõe a Resolução CONAMA. 1.2.2. Licença de Instalação (LI) A Licença de Instalação é a segunda fase de licenciamento ambiental, quando são analisados e aprovados os projetos executivos de controle de poluição e as medidas compensatórias, que compõe o documento denominado Plano de Controle Ambiental. A L.I. gera o direito à instalação do empreendimento ou sua ampliação, ou seja, a implantação do canteiro de obras, movimentos de terra, abertura de vias, construção de galpões, edificações e montagens de equipamentos. A L.I. concedida especifica as obrigações do empreendedor no que se refere às medidas mitigadoras

11 dos impactos ambientais, sendo exigido o emprego da melhor tecnologia disponível para prevenir a poluição. Quando o empreendimento já iniciou as obras de implantação sem haver se submetido à avaliação ambiental prévia, é cabível a Licença de Instalação, de caráter corretivo, estando o interessado obrigado a apresentar os documentos referentes à etapa de obtenção da Licença Prévia, juntamente com os relativos à fase de LI. O prazo de validade da Licença de Instalação corresponde, no mínimo, ao estabelecido pelo cronograma de implantação do empreendimento, não podendo ser superior a 6 anos. A LI pode ter seu prazo de validade prorrogado por 2 anos, desde que não seja ultrapassado o limite máximo de 6 anos. 1.2.3. Licença de Operação (LO) A Licença de Operação autoriza a operação do empreendimento, após a verificação do efetivo cumprimento do que consta das licenças anteriores, com as medidas de controle ambiental e condicionante determinadas para a operação. Assim, a concessão da LO vai depender do cumprimento daquilo que foi examinado e deferido nas fases de LP e LI. A LO deve ser requerida quando o novo empreendimento, ou sua ampliação está instalado e prestes a entrar em operação (licenciamento preventivo) ou já está operando (licenciamento corretivo). Para os empreendimentos em operação, sem haver obtido as licenças ambientais, a formalização do processo requer a apresentação conjunta dos documentos, estudos e projetos previstos para as fases de Licença Prévia, Licença de Instalação e Licença de Operação. A Legislação Ambiental prevê dois tipos especiais de Licença de Operação: Licença Sumária, cabível somente para os empreendimentos e atividades de pequeno porte, não listados na Resolução CONAMA (o que não é o caso de laticínios), cujas especificidades, a critério do órgão ambiental, não exijam a elaboração de estudos ambientais. Nesse caso, o licenciamento compete ao Secretário Executivo do órgão ambiental, mediante a apresentação do

12 Formulário de caracterização do Empreendimento, preenchido pelo requerente; Licença Precária, concedida quando for necessária a entrada em operação do empreendimento exclusivamente para teste de eficiência de sistema de controle de poluição, com validade nunca superior a seis meses. O prazo de validade da Licença de Operação deve considerar o Plano de Controle Ambiental, sendo de, no mínimo, 4 anos e, no máximo, 8 anos, em função da classificação do empreendimento, segundo o porte e o potencial poluidor. 1.3. Outras legislações pertinentes Outras legislações estão diretamente relacionadas à Indústria de Laticínios. São elas: INSTRUÇÃO NORMATIVA Nº 22, de 7 de julho de 2009, que Estabelece as Normas Técnicas para a utilização de Tanques Comunitários visando a conservação da qualidade do leite cru, proveniente de diferentes propriedades rurais, Ministério da Agricultura,Pecuária e Abastecimento (MAPA), publicado no Diário Oficial da União de 08/07/2009,Seção1,página 08. INSTRUÇÃO NORMATIVA Nº 51, de 18 de setembro de 2002, Aprova os Regulamentos Técnicos de Produção, Identidade e Qualidade do Leite tipo A, do leite tipo B, do leite tipo C, do leite Pasteurizado e do leite Cru Refrigerado e o Regulamento Técnico de Coleta de leite cru refrigerados e seu transporte a Granel, Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (MAPA), publicado no Diário Oficial da União de 20/09/2002, Seção 01, página 13. INSTRUÇÃO NORMATIVA Nº 06, de 31 de março de 2008, emitida pela Secretaria de Estado do Meio Ambiente (SEMA-MT), que estabelece diretrizes para a apresentação do INVENTÁRIO DE RESÍDUOS SÓLIDOS INDUSTRIAIS no Estado de Mato Grosso;

13 INSTRUÇÃO NORMATIVA Nº 07, de 31 de março de 2008, emitida pela Secretaria de Estado do Meio Ambiente (SEMA-MT), que disciplina sobre o Termo de Referencia para a Elaboração e Apresentação do PLANO DE GERENCIAMENTO DE RESÍDUOS SÓLIDOS INDUSTRIAIS PGRSI; Resolução CONAMA Nº 357, de 17 de março de 2005, que dispõe sobre a Classificação dos corpos de água e diretrizes ambientais para seu enquadramento, bem como estabelece as condições e padrões de lançamento de efluentes, e dá outras providencias. Lei nº. 7862/02 Política Estadual de Resíduos Sólidos. Lei nº. 7888/03 Dispõe sobre a Educação Ambiental no Estado de Mato Grosso. Lei nº. 9605/98 Lei de Crimes Ambientais. Resolução CONAMA nº. 275/01 Estabelece o código das cores para diferenciar tipos de resíduos. Resolução CONAMA nº. 263/99 Inclui o inciso IV no Art. 6º da Resolução CONAMA 257/99. Resolução CONAMA nº. 313/02 Inventário Nacional dos Resíduos Sólidos Industriais. Resolução CONAMA nº. 316/02 Procedimentos e critérios para o funcionamento de sistemas de tratamento térmico dos resíduos. Resolução CONAMA nº. 06/88 Dispõe sobre a geração de resíduos nas atividades industriais. Resolução CONAMA nº. 237/97 Licenciamento Ambiental. Resolução CONAMA nº. 275/01 Estabelece o código das cores para os diferentes tipos de resíduos. NBR 10004/04 Resíduos Sólidos Classificação. NBR 10005/04 Lixiviação de Resíduos Procedimento. NBR 10006/04 Solubilização de Resíduos Procedimentos. NBR 10007/04 Amostragem de Resíduos Procedimentos. NBR 7500/03 Identificação para transporte terrestre, manuseio, movimentação e armazenamento de produtos. NBR 11174/89 Armazenamento de resíduos não inertes e inertes. NBR 10157/87 Aterros de resíduos perigosos. NBR 11175/90 Incineração de resíduos perigosos.

14 Portaria MINTER nº. 53/79 Dispõe sobre o destino e tratamento de resíduos. NBR 9191/00 Especificação de sacos plásticos para acondicionamento de lixo. NBR 13896/97 Aterro de resíduos não perigosos. 1.4. Gestão ambiental A gestão ambiental é conceituada como a administração do exercício de atividades econômicas e sociais de forma a utilizar de maneira racional os recursos naturais, renováveis ou não. Visa o uso de práticas que garantam a conservação e preservação da biodiversidade e a reciclagem das matérias primas. O sistema de gestão ambiental permite que a organização atinja o nível de desempenho ambiental por ela determinado e promova sua melhoria contínua ao longo do tempo, visando o atendimento a demanda da sociedade estabelecendo a definição de políticas e objetivos baseados em indicadores ambientais. Consiste, essencialmente, no planejamento de suas atividades, visando à eliminação ou minimização dos impactos ao meio ambiente, por meio de ações preventivas ou medidas mitigadoras, sendo primordial para o crescimento e melhoria das empresas e para a conservação dos recursos naturais, implicando na redução de custos, na prestação de serviços e em prevenção. O compromisso com o meio ambiente é citado segundo Brito e Câmara (1998) como uma preocupação crescente da sociedade e do discurso político e científico: A questão ambiental faz parte de questionamentos científicos e dos discursos políticos, e vem como uma onda que leva as nações a assumirem compromissos sobre o meio ambiente. Essas preocupações são compartilhadas não só com os cientistas mas, também, com cidadãos comuns, como proprietários rurais, empresários, industriais, que já exultam suas preocupações com o meio ambiente.(brito; CÂMARA,1998, p.25). É importante mencionar que no segmento de laticínios há um fator de grande importância, que ocorre neste segmento, por suas próprias características, uma grande agressão ao meio ambiente, ocasionada principalmente pelos efluentes líquidos gerados (MINAS AMBIENTE, 1998).

15 Moreira (2001) comenta que ao implementar um sistema de gestão ambiental como forma de gerenciamento das atividades organizacionais, deve-se lembrar que o compromisso passa a ser permanente, pois exige uma mudança definitiva da antiga cultura e das velhas práticas e paradigmas. Para tanto é imprescindível a busca da melhoria contínua, princípio de um sistema de gestão ambiental. 1.4.1. Fundamentos da gestão ambiental Os fundamentos predominantes podem variar, mas podem ser resumidos da seguinte forma: os recursos naturais (matérias primas) são limitados e estão sendo fortemente afetados pelos processos de utilização, exaustão e degradação decorrentes de atividades públicas ou privadas, portanto estão cada vez mais escassos relativamente mais caros ou se encontram legalmente mais protegidos. Os bens naturais (água, ar) já não são mais bens livres e gratuitos. Por exemplo, a água possui valor econômico, ou seja, se paga, e cada vez se pagará mais por este recurso natural. A legislação ambiental exige cada vez mais respeito e cuidado com o meio ambiente, exigência essa que conduz coercitivamente a uma maior preocupação ambiental. Pressões públicas de cunho local, nacional e mesmo internacional exigem cada vez mais responsabilidades ambientais das empresas. Bancos, financiadores e seguradoras dão privilégios a empresas ambientalmente sadias ou exigem taxas financeiras e valores de apólices mais elevadas de firmas poluidoras. A sociedade em geral e a vizinhança em particular está cada vez mais exigente e crítica no que diz respeito a danos ambientais e à poluição provenientes de empresas e atividades. Organizações não governamentais estão sempre mais vigilantes, exigindo o cumprimento da legislação ambiental, a minimização de impactos, a reparação de danos ambientais ou impedem a implantação de novos empreendimentos ou atividades. Compradores de produtos intermediários estão exigindo cada vez mais produtos que sejam produzidos em condições ambientais favoráveis. A imagem de empresas ambientalmente saudáveis é mais bem aceita por acionistas, consumidores, fornecedores e autoridades públicas. Acionistas conscientes da responsabilidade ambiental preferem investir em empresas lucrativas sim, mas ambientalmente responsáveis.

16 Entende-se, portanto a necessidade e importância da gestão ambiental para a empresa principalmente por poder visualizar os danos e efeitos ambientais possíveis de ocorrerem durante o ciclo de vida do produto, compreendendo os impactos sobre o meio ambiente, inclusive a saúde humana, decorrentes da obtenção e transporte de matérias primas, da transformação, ou seja, a produção propriamente dita, da distribuição e comercialização, do uso dos produtos, da assistência técnica e destinação final dos bens. Deve-se salientar que a empresa é a única responsável pela adoção de um Sistema de Gestão Ambiental (SGA) e, por conseguinte de uma política ambiental. Só após sua adoção, o cumprimento e a conformidade devem ser seguidos integralmente. Assim, ninguém é obrigado a adotar um SGA e/ou política ambiental, porém, depois de adotados, cumpra-se o estabelecido sob pena da organização empresarial cair em descrédito no que se refere às questões ambientais. 1.4.2. Finalidades básicas da gestão ambiental e empresarial Servir de instrumento de gestão com vistas a obter ou assegurar a economia e o uso racional de matérias primas e insumos, destacando-se a responsabilidade ambiental da empresa. Orientar consumidores quanto à compatibilidade ambiental dos processos produtivos e dos seus produtos e serviços; Subsidiar campanhas institucionais da empresa com destaque para a conservação e a preservação da natureza; Servir de material informativo a acionistas, fornecedores e consumidores para demonstrar o desempenho empresarial na área ambiental; Orientar novos investimentos privilegiando setores com oportunidades em áreas correlatas; Subsidiar procedimentos para a obtenção da certificação ambiental nos moldes da série de normas ISO 14.000; Subsidiar a obtenção da rotulagem ambiental de produtos. Os objetivos e as finalidades inerentes a um gerenciamento ambiental nas empresas evidentemente devem estar em consonância com o conjunto das

17 atividades empresariais. Portanto, eles não podem e nem devem ser vistos como elementos isolados, por mais importantes que possam parecer num primeiro momento. Assim, ressalta-se o trinômio das responsabilidades empresariais: Responsabilidade ambiental; Responsabilidade econômica; Responsabilidade social. 1.4.3. Princípios e elementos de um Sistema de Gestão Ambiental Comprometimento e política É recomendado que uma organização defina sua política ambiental e assegure o comprometimento com o seu SGA; Planejamento É recomendado que uma organização formule um plano para cumprir sua política ambiental; Implementação Para uma efetiva implementação, é recomendado que uma organização desenvolva a capacitação e os mecanismos de apoio necessários para atender sua política, seus objetivos e metas ambientais; Medição e avaliação É recomendado que uma organização mensure, monitore e avalie seu desempenho ambiental; Análise crítica e melhoria É recomendado que uma organização analise criticamente e aperfeiçoe continuamente seu sistema de gestão ambiental, com o objetivo de aprimorar seu desempenho ambiental global 1.4.4. Avaliação Ambiental Inicial O processo de implementação de um SGA começa pela avaliação ambiental inicial. Na prática, esse procedimento pode ser realizado com recursos humanos internos ou externos, pois, quando a empresa já dispõe de pessoal habilitado com questões ambientais, como, por exemplo, técnicos da área de saúde e segurança de trabalho ou controle de riscos, essa tarefa poderá ser feita internamente. Por outro lado, não existindo tal possibilidade, a organização poderá recorrer aos serviços de

18 terceiros, quer seja ao de consultores autônomos ou ao de firmas de consultoria ambiental. Empresas em geral e as mais poluentes em particular possuem uma série de problemas ambientais que vão desde suas fontes poluidoras, destino de resíduo e despejos perigosos, até o cumprimento da legislação ambiental. Constata-se que muitas empresas não conseguem perceber suas deficiências em termos de meio ambiente, pois vários aspectos contribuem para isso, como por exemplo: Falta de percepção ou conscientização ecológica de dirigentes e colaboradores; Forma tradicional de produção, tratamento de efeitos poluidores no fim do processo industrial; Redução de despesas, a qualquer custo, em detrimento do meio ambiente; Manutenção da competitividade em setores que em geral não cuidam das questões ambientais; Falta de monitoramento ou fiscalização dos órgãos ambientais competentes; 1.4.4.1. A avaliação ambiental permite às organizações: Conhecer seu perfil e desempenho ambiental; Adquirir experiência na identificação e análise de problemas ambientais; Identificar pontos fracos que possibilitem obter benefícios ambientais e econômicos, muitas vezes óbvios; Tornar mais eficientes a utilização de matérias primas e insumos; Servir de subsídios para fixar a política ambiental da organização. Para a execução da avaliação ambiental, podem ser usadas várias técnicas isoladamente ou de forma combinada. Tudo dependerá do porte e da atividade do empreendimento a ser avaliado.

19 1.4.4.2. As principais técnicas comuns para se fazer a avaliação podem incluir: Aplicação de questionários previamente desenvolvidos para fins específicos; Realização de entrevistas dirigidas, com o devido registro dos resultados obtidos; Utilização de listas de verificação pertinentes às características da organização. Estas se mostram muito apropriadas para analisar atividades, linhas de produção, permitindo comparações; Inspeção e medições diretas em casos específicos, como por exemplo: emissões atmosféricas, quantidades e qualidades de despejos; Avaliação de registros de ocorrência ambiental, como infrações, multas, etc. Estudo das melhores práticas ambientais sejam elas de setores da própria organização ou de terceiros, permitindo adotá-las ou aprimorá-las. 1.4.5. Política Ambiental A alta administração deve definir a política ambiental da organização e assegurar que ela: Seja apropriada à natureza, escala e impactos ambientais de suas atividades; Inclua o comprometimento com a melhoria contínua e com a prevenção da poluição; Inclua o comprometimento com o atendimento à legislação e normas ambientais aplicáveis e demais requisitos subscritos pela organização; Forneça a estrutura para o estabelecimento e revisão dos objetivos e metas ambientais; Seja documentada, implementada, mantida e comunicada a todos os empregados; Esteja disponível para o público 1.4.6. ISO 14000 As normas de gestão ambiental têm por objetivo prover as organizações de elementos de um sistema de gestão ambiental (SGA) eficaz que possam ser

20 integrados a outros requisitos da gestão, e auxiliá-las e alcançar seus objetivos ambientais e econômicos. Não se pretende que estas Normas, tais como outras Normas, sejam utilizadas para criar barreiras comerciais não-tarifárias, nem para ampliar ou alterar as obrigações legais de uma organização. Esta Norma especifica os requisitos para que um sistema da gestão ambiental capacite uma organização a desenvolver e implementar política e objetivos que levem em consideração requisitos legais e informações sobre aspectos ambientais significativos. Pretende-se que se apliquem a todos os tipos e portes de organizações e para adequar-se a diferentes condições geográficas, culturais e sociais. O sucesso do sistema depende do comprometimento de todos os níveis e funções e especialmente da Alta Administração. Um sistema deste tipo permite a uma organização desenvolver uma política ambiental, estabelecer objetivos e processos para atingir os comprometimentos da política, agir, conforme necessário, para melhorar seu desempenho e demonstrar a conformidade do sistema com os requisitos desta Norma. A finalidade geral desta Norma é equilibrar a proteção ambiental e a prevenção de poluição com as necessidades socioeconômicas. Devese notar que muitos desses requisitos podem ser abordados simultaneamente ou reaprendidos ou reapreciados a qualquer momento. Esta Norma é baseada na metodologia conhecida como Plan-Do-Check-Act (PDCA) / (Planejar-Executar-Verificar-Agir). O PDCA pode ser brevemente descrito da seguinte forma: Planejar: Estabelecer os objetivos e processos necessários para atingir os resultados em concordância com a política ambiental da organização; Executar: Implementar os processos; Verificar: Monitorar e medir os processos em conformidade com a política ambiental, objetivos, metas, requisitos legais e outros, e relatar os resultados; Agir: Agir para continuamente melhorar o desempenho do sistema da gestão ambiental. A adoção e a implementação, de forma sistemática, de um conjunto de técnicas de gestão ambiental podem contribuir para a obtenção de resultados ótimos para todas as partes interessadas. Contudo, a adoção desta Norma por si só não garantirá resultados ambientais ótimos. Para atingir os objetivos ambientais e a política ambiental, pretende-se que o sistema da gestão ambiental estimule as

21 organizações a considerarem a implementação das melhores técnicas disponíveis, onde apropriado e economicamente viável, e que a relação custo-benefício de tais técnicas seja levada integralmente em consideração. Esta Norma não inclui requisitos específicos de outros sistemas da gestão, tais como aqueles para qualidade, segurança e saúde ocupacional, finanças ou gerenciamento de risco, muito embora seus elementos possam ser alinhados ou integrados com os de outros sistemas da gestão. É possível a uma organização adaptar seu(s) sistema(s) de gestão existente (s) de maneira a estabelecer um sistema da gestão ambiental que esteja em conformidade com os requisitos desta Norma. Deve-se notar, contudo, que a aplicação de vários elementos do sistema da gestão pode diferir, dependendo dos objetivos pretendidos e das partes interessadas envolvidas. O nível de detalhe e complexidade do sistema da gestão ambiental, a extensão de sua documentação e dos recursos dedicados a ele irá depender de alguns fatores, tais como: o escopo do sistema, o porte da organização e a natureza de suas atividades, produtos e serviços. Este pode ser em particular, o caso das pequenas e médias empresas. 1.5. A Importância do meio ambiente para a Agroindústria Todos os elementos de uma cadeia de produção no agronegócio, desde atividades industriais na produção de insumos e processamento de produtos agropecuários, até o transporte e as atividades em empresas rurais, afetam diretamente o meio ambiente. Box Berg (1997) analisa que a base de nosso sistema econômico é o mercado. Portanto, o mundo vive a interesses que saturam dentro do próprio ser humano, sua capacidade de produção, onde sobrevivem as empresas que garantem simplesmente os preços baixos e produtos de qualidade, para beneficiamento do consumidor, independente de suas práticas ambientais e tampouco suas ações a serem cumpridas mediante a sociedade, independente da exigência ou não de metas a serem atingidas por órgãos do governo ou do estado. Segundo Medeiros (1999), usualmente a análise de desenvolvimento econômico de um país ou uma região verifica-se nos planos econômicos, político e

22 social, em que são observados aspectos econômicos/financeiro como o crescimento, a dimensão e composição dos mercados, a capacidade de investimento e poupança, e indicadores dos setores primário, secundário e terciário. O aspecto social é observado segundo parâmetros de qualidade de vida, o crescimento demográfico e movimentos migratórios, bem como a taxa de urbanização e a estratificação social. A agregação da variável ambiental na análise permite uma interpretação sistêmica do conjunto, isto é, verificando a forma de intercambio entre o meio ambiente e os setores econômicos, bem como em relação aos aspectos sociais, políticos e culturais, e a correspondente articulação interno e global. Esta forma de interpretação possibilita verificar as inadequações e conflitos manifestados no conjunto de atividades, com respeito à apropriação dos recursos naturais e a resultante da atuação antrópica incidente na capacidade de assimilação do meio ambiente. Há tempos, a atuação do homem sobre o meio ambiente é uma ação rápida e inconseqüente, mas precisa ser repensada. A transformação da nossa economia ambientalmente destrutiva para uma que possa sustentar o progresso dependerá de uma mudança em nossa mentalidade econômica, um reconhecimento de que a economia é a parte do ecossistema da Terra e só poderá sustentar o progresso caso seja reestruturada de forma que seja compatível com ele. Dentro deste preceito, o papel da empresa é aliar a economia com os recursos ambientais e sociais, buscando humanizar seus aspectos, democratizar ações e pleitear junto à sociedade, uma empresa ambientalmente correta. Como toda causa tem seu efeito correspondente, todo benefício que o homem extrai da natureza tem certamente também seus malefícios. Desse modo, parte-se do princípio de que toda ação humana no ambiente natural ou alterado, causa algum impacto em diferentes níveis, gerando alterações com graus diversos de agressão, levando às vezes as condições ambientais a processos até mesmo irreversíveis (ROSS,1996, p.48). É evidente que uma empresa não existe sem causar algum impacto, porém ela é verdadeiramente responsável por minimizá-los, discernir a conscientização ambiental e a preservação dos recursos naturais com a sociedade além daquilo que o homem busca em primeiro plano, a geração de emprego e renda. Ross (1996) já previu que a intervenção humana não é somente positiva, pois ela por fim quebra um ciclo de sinergia existente dentro da natureza, para beneficiamento próprio e até hoje pouco se preocupa o bastante com as ações

23 humanas, em detrimento da qualidade de vida que temos hoje e um ambiente perfeitamente equilibrado. sociedade. Conforme Branco (1988), as indústrias e o consumismo são inevitáveis para a A sociedade atual não pode passar sem as indústrias. Talvez fosse possível, porém, conter o ritmo descontrolado de seu crescimento, se o homem moderno conseguisse abandonar o consumismo que o caracteriza. O consumismo é um processo eticamente condenável pois faz com que as pessoas comprem mais coisas do que realmente necessitam. Através de sistemas complexos de propaganda, que envolvem sutilezas psicológicas e recursos espetaculares, industriais e produtores em geral convencem a população a adquirir sempre os novos modelos de carros, geladeiras, relógios, calculadoras e outras utilidades, lançando fora o que já possui. Esse processo garante aos fabricantes uma venda muito maior de seus produtos, permitindo a ampliação contínua das instalações industriais. (BRANCO, 1988, p.62). Assim sendo, existe uma reciprocidade: a indústria torna-se essencial ao desenvolvimento econômico, principalmente quando tratarmos de um município cujas bases econômicas ainda são essencialmente primárias, tão como o desenvolvimento sustentável é necessário para garantir simples recursos às demais gerações humanas. Durante muito tempo, o meio ambiente foi considerado um recurso em abundancia e por isso era classificado na categoria de bens livres, ou seja, daqueles bens para os quais não há necessidade de trabalho para sua obtenção. Além do mais, dificultou de certa forma, que se criassem critérios normativos para a sua utilização, acarretando assim graves problemas de poluição ambiental, passando a afetar a totalidade da população, por meio de uma apropriação indevida do ar, da água e do solo (BECKER, 1995). Almeida (2002) considera ainda que for ecoeficiente significa combinar desempenho econômico e desempenho ambiental para criar e promover valores com menor impacto sobre o meio ambiente. A eco eficiência alia duas preocupações chaves do ser humano: os aspectos econômicos e os aspectos ambientais. O homem preocupa-se com os aspectos humanos, mas não o considera um fator isolado, mas pertinente ao conjunto ambiental. Aceitar as limitações dos recursos do meio ambiente e protege-los para a utilização e consumo eficiente é um dos grandes enfoques que existem nos sistemas de gestão ambiental das empresas.

24 A gestão ambiental tem recebido um enfoque especial do setor de laticínios. As ações desenvolvidas têm visado à redução do consumo de água, planejamento da linha de produção para reduzir perdas, aproveitamento de resíduos, recuperação das soluções e higienização e água de enxágüe (WASEN, 1998). A indústria de laticínios caracteriza-se por consumir grande quantidade de água para operações de processamento e limpeza, tendo por outro lado, a geração de vazões elevadas de efluentes (1,1-6,8 m 3 efluente/m 3 leite processado) contendo nutrientes, poluentes orgânicos persistentes e agentes infectantes. Neste cenário, considera-se como atitude necessária à implementação de sistemas de tratamento de efluentes otimizados e integrados com a identificação dos pontos críticos de geração dos despejos líquidos no processo produtivo. Para isto, as indústrias beneficiadoras leiteiras, devem implantar um plano de gerenciamento de resíduos sólidos, que minimizarão o impacto deste final da cadeia produtiva e que será descrito no próximo capítulo.

25 CAPÍTULO II 2. METODOLOGIA Para a descrição metodológica e para alcançar os objetivos que orientaram a elaboração do trabalho, adotaram-se os postulados do paradigma interpretativo de análise organizacional. Os estudos desenvolvidos sob esta ótica partem do pressuposto de que os integrantes de uma organização são os principais atores da sua construção social, ou seja, pressupõe que os membros de uma organização são os criadores, mantenedores de valores, crenças, significados e os principais agentes de transformação da realidade organizacional. Portanto, a organização, de acordo com essas concepções teóricas, é descrita como o resultado das interpretações que os seres humanos fazem do que ocorre a sua volta e dos cursos de ação que eles escolhem tomar diante das interpretações que realizam acerca de uma realidade (Brito 2000). Um método de pesquisa considerado adequado para o desenvolvimento de uma investigação qualitativa é o estudo de caso, pois este tipo de abordagem procura trabalhar com cenários sociais bastante específicos. A presente investigação constitui um estudo de caso, uma vez que circunscrita a uma unidade de estudo, nesse caso, o Laticínio Primícia, tendo caráter de profundidade e detalhamento. Como a análise esteve embasada na localidade e nas contingências situacionais, achou-se necessária à adoção de uma perspectiva interpretativa, a fim de se proporcionar maior dinamismo e precisão de estudo. (FLEURY, 1986). 2.1. O espaço amostral e universo da pesquisa O universo em que se realizou a investigação abrange uma agroindústria de médio porte, inserida no ramo de laticínios, de nome comercial, Laticínio Primícia, localizada no município de Comodoro, sudoeste do estado de Mato Grosso. 2.2. Natureza da pesquisa e procedimento de coleta de dados

26 Foi realizada uma pesquisa qualitativa no laticínio, por envolver a interpretação das particularidades dos comportamentos ou atitudes cotidianas dos indivíduos e as práticas ambientais desenvolvidas. Devido ao tipo de abordagem escolhida, essa pesquisa procurou avaliar as ações do laticínio, no que diz respeito à responsabilidade e comprometimento com o meio ambiente. A obtenção dos dados para análise deste estudo de caso embasou-se na triangulação de algumas técnicas de pesquisa, tais como entrevista com a sóciaproprietária, da referida organização, Sra. Delma Suely Rezende, observação nãoparticipante e análise documental. A entrevista foi pautada em um questionário semi-estruturado, previamente formulado. Cabe ressaltar que a realização de uma única entrevista foi satisfatória para fins desta pesquisa de natureza quantitativa, que não exige tratamento estatístico dos dados nem estabelecimento de coeficientes de fidedignidade nos instrumentos utilizados para sua realização (TRIVIÑOS, 1992). Para a realização desta entrevista, procurou-se seguir as orientações de Triviños (1992), como ouvir mais e falar menos, perguntar quando não compreender a resposta ou quiser obter mais informações acerca do assunto tratado, pedir aos participantes para contar episódios ocorridos na organização, evitar reforçar as respostas, partilhar experiências, dentre outras técnicas. A escolha da entrevista como método de coleta de dados foi considerado adequado ser menos rígida, no sentido de conservar certa padronização das perguntas sem impor opções de respostas; e menos constrangedoras, por permitir ao entrevistado formular uma resposta pessoal, que melhor descrevesse suas opiniões acerca das práticas ambientais vigentes na empresa. Na análise de documentos e projetos, visou-se identificar a existência de uma preocupação com as questões ambientais por meio de programas e procedimentos em iminência de se concretizarem. Essa ferramenta da gestão ambiental tem como objetivo o desenvolvimento de alternativas viáveis para a utilização do soro e tratamento de efluentes. O estudo dos documentos da empresa pesquisada também permitiu a comparação entre o Layout do Laticínio e a distribuição ideal, embasada em normas técnicas.

27 CAPÍTULO III 3. ANÁLISE E DISCUSSÃO DE DADOS 3.1. CARACTERIZAÇÃO DA ÁREA DE ESTUDO 3.1.1. O município de Comodoro (MT) O município de Comodoro localiza-se a oeste do Estado de Mato Grosso sob as coordenadas geográficas: Latitude 13º 66 30 S e Longitude - 059º 78 58 W, MC:-57º, FUSO 21L, possuindo uma área total de 21.743 km 2. Limita-se ao Norte com o município de Juína e Sapezal; a Leste com o município de Campos de Júlio; a Oeste com o município de Cabixi e a cidade de Vilhena - RO; e a República da Bolívia e ao Sul com o município de Vila Bela da Santíssima Trindade e Nova Lacerda. O perímetro urbano, com uma extensão de 5,90 km 2, localiza-se a 120 km de VILHENA-RO e a 650 km da capital Cuiabá (RIBEIRO et al). Inserida na superfície mais elevado do Planalto dissecado dos Parecis, a uma altitude média de 625 metros, conforme a figura 01. N VILHENA-RO JUÍNA SAPEZAL CAMPOS DE JÚLIO VILA BELA S SA TRINDADE NOVA LACERDA FIGURA 01:Mapa de localização do município de Comodoro no estado de Mato Grosso e seus respectivos municípios limítrofes. Fonte: SIGIPLAN / CTO / PV. 2007 No que diz respeito ao clima, a cidade de Comodoro pelo sistema de classificação de KOPPEN é classificado como (AM): Quente e Úmido, com chuvas do tipo monçônico. Na verdade é um tipo climático de transição entre clima

28 equatorial super úmido (Af) da Amazônia e o tropical úmido (Aw) do Planalto Central. Caracteriza-se por elevadas precipitações, cujo total anual compensa a estação seca. O período chuvoso ocorre de Setembro a Abril e concentra 80% (oitenta por cento) das precipitações ocorridas durante o ano todo. Possui período seco de Maio a Agosto, apresentando nesse período meses consecutivos, com precipitação abaixo de 60 mm (sessenta milímetros). A precipitação pluviométrica média na região é de 1800 mm/ano (mil e oitocentos milímetros). A temperatura média anual varia de 23º a 25º C, sendo os meses de primavera e verão os mais quentes. O período de inverno coincide com o período seco. (Instituto Nacional de Metereologia - INMET). Possui no setor econômico, a pecuária, bovinocultura de corte, como principal atividade de representação econômica para o município e em segundo lugar o rebanho leiteiro, principalmente para o pequeno e médio criador. Características numéricas: Rebanho bovino de corte e leite (Nº de cabeças) = 273.493 cabeças; Produção anual de carne (Toneladas) = 18.000 T; Produção anual de leite (Litros) = 7.200.000 litros. Tabela 1: Quadro é tabela ou quadro? caracterizando a estrutura fundiária municipal ESTRUTURA FUNDIÁRIA RURAL Distribuição das Propriedades Rurais por Área Classificação dos Imóveis (ha) Nº Imóveis Área Total (ha) % Nº Imóveis Até 50 600 14.507,15 44,8 51-100 374 8.653,08 27,93 101-200 127 11.093,70 9,48 201-500 73 7.355,97 5,45 501-1000 65 13.926,86 4,85 Acima de 1000 100 797.825,09 7,49 TOTAL 1339 853.361,85 100 Fonte:EMPAER - Dezembro/2005 A tabela 1 caracteriza a estrutura fundiária rural e como as propriedades rurais estão distribuídas no município de acordo com sua área. O Laticínio Primícia absorve grande parte da produção leiteira dos pequenos e médios produtores com área até 200 hectares, ou 2 módulos rurais, perfazendo um montante de

29 aproximadamente 82,21 % dos imóveis situados nas glebas rurais. Estes possuem um rebanho leiteiro idôneo, inspecionado pelo INDEA local e fornecem seu produto in natura que são armazenados em latões, recolhidos por caminhão próprio da empresa em dias e locais pré-determinados para que não fiquem expostos às condições climáticas extremas, evitando a degradação e deterioração da matéria prima. Tabela 2: Quadro caracterizando a estrutura fundiária dos assentamentos ASSENTAMENTOS RURAIS ÁREA DAS PROPRIEDADES (ha) ASSENTAMENTOS Nº FAMÍLIAS 01-50 ha 51-100 ha Área Total (ha) CABIXI 70 50 20 24.300 COLONIA DOS MINEIROS 110 110-5.234 GRANJA 122 122-3.528 MACUCO 219 219-6.162 MIRANDA ESTANCIA 282 184 98 18.402 NOROAGRO 279 186 93 16.008 NOVA ALVORADA 116 80 36 7.870 TOTAL 1198 951 247 81.504 Fonte: INCRA - EMPAER - Dezembro/2005 A Tabela 2 indica os assentamentos rurais existentes no município independente de sua legalização junto ao INCRA ou INTERMAT. Ela demonstra como é a ocupação territorial das famílias. Geralmente as mais populosas são as mais próximas do centro urbano do município ou da BR 174 que corta o município no sentido longitudinal ligando os grandes centros e capital do estado a VILHENA- RO. As Glebas Águas Claras, Masutti também fazem parte do montante dos produtores fornecedores de leite para o Laticínio Primícia. A caracterização da estrutura fundiária rural deve ser ressaltada por ser esta população a fornecedora da matéria prima do laticínio e por ser o início do processo de gestão ambiental da empresa. Sem uma compreensão dos tratos culturais, sanitários e alimentares do rebanho bovino, haverá um maior comprometimento da produção, tanto na qualidade quanto na quantidade de leite recebido pelo laticínio.

30 3.1.2. Histórico da Empresa A Empresa Laticínio Primícia, anteriormente denominada Alvorada, localizase na Rodovia 174, km 415, s/nº, bairro Setor Industrial, a 3 km do centro da cidade de Comodoro e se situa sob as coordenadas geográficas: Latitude: 13º41 15 S e Longitude: 59º53 17 W. No ano de 1999, a prefeitura municipal então representada pelo Prefeito em exercício Sr. Jair Benedetti, doou uma área de 4.84.00 ha (quatro hectares e oitenta e quatro ares) incluindo um poço artesiano, situada na área industrial aos proprietários. Com isso, deu-se início a construção da estrutura da Fábrica Indústria e Comércio de Laticínios Primícia Ltda., que possui em sua filosofia estrutural a preocupação com a qualidade da matéria prima obtida na região e que foi se adaptando e se organizando conforme as imposições legais propostas pela administração municipal e estadual. Possui em seu quadro de funcionários, 20 pessoas, sendo 12 ligados diretamente ao processamento e beneficiamento, 4 no serviço administrativo, 2 guardas e 2 nos serviços externos, mais fruteiros e produtores rurais. Os produtos produzidos nesta empresa, passam por rigorosos testes de qualidade e inúmeras análises. Essas análises são feitas por laboratórios de análises de alimento, 1 situado em Cuiabá-MT e outro em Goiânia. O laboratório de Cuiabá é responsável pela parte físico-químico e microbiológico dos produtos: queijo, creme e água. O laboratório de Goiânia analisa o leite em granel individual e amostra de tanques. Figura 02. Prédio administrativo Fonte: Relatório Técnico de LAU

31 FIGURA 03 Imagens do setor administrativo e Indústria Fonte: Relatório Técnico de LAU 3.2. O processamento industrial do Laticínio Primícia O leite in natura chega à indústria em caminhões cobertos e dentro de latões galvanizados ou plásticos, com capacidade unitária de cinqüenta litros cada, ou em caminhões-tanque com o produto resfriado. Na plataforma de recepção, conforme figura 03, os latões de leite são colocados em esteira transportadora mecânica para que sejam coletadas amostras individuais dos produtos para execução das análises de controle de qualidade de matéria prima, tais como: teste de alizarol para verificação da acidez e provas para a detecção de fraudes (crioscopia) Após a seleção o leite é despejado em tanques com telas, onde é pesado. Em seguida é descarregado em tanques de recepção de aço inox e segue para a pasteurização e padronização. Os latões vazios são encaminhados à máquina de lavar latões, onde é feita a lavagem à vapor utilizando detergente alcalino (metassilicato de sódio tenso ativo não iônico) e esterilização dos mesmos. Posteriormente, os latões limpos e secos são conduzidos aos caminhões transportadores. A pasteurização do leite é feita por um pasteurizador de placas. Ao passar pelo pasteurizador o leite é aquecido até a temperatura de 72º por quatorze segundos, e, em seguida é resfriado para 5ºC, através de um trocador de placas com circuito de água gelada. Durante esta etapa o leite é padronizado por intermédio de uma padronizadora. A padronização é um processo feito

32 mecanicamente por meio de um equipamento no qual uma parte da gordura do leite é retirada ou reposta de modo a manter o leite com um percentual fixo de gordura, determinado em função do produto a ser fabricado. Nas plataformas de recepção e estocagem de leite são gerados efluentes diversos provenientes de operação tais como: lavagem de latões com injeção direta de vapor e adição de solução detergente, lavagem manual dos tanques de estocagem, descartes eventuais de leite ácido, descartes das soluções de lavagem das tubulações de leite, pasteurizador, resfriador e padronizadora. Dessas plataformas, o leite é conduzido por bombeamento aos tanques de fabricação, com agitação mecânica (QUEIJOMATIC linha de queijo prato) ou manual, a depender do tipo de massa que se desejar obter (prensada ou não, cozida, semi-cozido ou sem cozimento). Nestes tanques colocam-se os ingredientes necessários, tais como: corante natural, cloreto de cálcio na proporção de 20 ml/100 litros de leite. É feita a agitação da massa e após um período de trinta a quarenta minutos a massa coalhada começa a sofrer os cortes para posteriormente receber o cozimento até o ponto necessário. Em seguida, o soro é drenado para a seção de padronização e estocagem de soro, enquanto a massa é conduzida a outros tanques denominados dreno prensas, onde são realizadas a prensagem e a separação do restante do soro. A depender do tipo de produto a ser fabricado, ocorrem variações típicas nos processos, tais como a adição de água, a incorporação de sal refinado na massa ou eliminação da prensagem. Após essas etapas. Os queijos de massa prensada são colocados e submetidos a uma prensagem em prensas pneumáticas verticais e encaminhadas às banheiras de salga, com imersão em soluções de cloreto de sódio com concentrações em torno de 45%. A reposição de solução nas banheiras de salga é realizada constantemente, de acordo com as análises da acidez e concentração salina. O descarte da solução salina é feito em média a cada seis meses. Desta seção, os produtos são encaminhados à secagem e maturação/cura em períodos de temperaturas que variam de acordo com o tipo de produto a ser obtido. Terminando o processo de maturação do produto nas prateleiras das câmaras, os queijos são submetidos a uma operação denominada toilet, que procede a embalagem. Essa operação consiste em lavagem com água ou pintura do produto com fuccina e /ou a verificação de possíveis defeitos mecânicos na massa dos queijos

33 (rachaduras ou olhaduras em excesso), assim como a degustação dos lotes para controle de qualidade. A embalagem é feita em sacos plásticos termo encolhíeis com vácuo, solda por resistência elétrica e imersão do produto ensacado em um tanque com água a 90ºC. Alguns tipos são embalados com rótulo adesivo. O acondicionamento às câmaras de estocagem e expedição por transporte frigorificado. 3.3. Gestão ambiental na empresa O Programa de Gestão Ambiental do Laticínio Primícia está na difusão de projetos entre os funcionários e busca ampla divulgação à comunidade local. Os projetos são de longo prazo e necessários para viabilizar, aperfeiçoar e facilitar o trabalho da equipe técnica, auxiliando a empresa no melhoramento de suas atividades com a sociedade e em prol de uma qualidade de vida para todos. As maiores dificuldades apresentadas são o orçamento para investir em tecnologias que facilite e viabilize melhores condições para o processo de recuperação ambiental, afim de que os impactos sofridos pelo ambiente sejam minimizados. Dentro do Programa de Gestão Ambiental proposto foram traçados vários objetivos: reduzir a geração de efluentes líquidos na limpeza dos latões na recepção do leite na indústria e nas fazendas dos produtores, reduzir o volume de efluentes líquidos na limpeza do pasteurizador, e melhorar a qualidade e reduzir a quantidade dos efluentes líquidos na limpeza de vidrarias e dos descartes de amostras do laboratório, reduzir a geração de efluentes líquidos na limpeza de equipamentos da recepção e industrialização, reduzir a carga e destinar adequadamente os efluentes líquidos na operação de fuligem e lavagem/cozimento dos queijos, reduzir o consumo de água de refrigeração dos queijos, reduzir as perdas pelo derramamento de leite, reduzir o encaminhamento de pedaços de massas e outros resíduos sólidos para a rede de esgoto, eliminar os descarte de soro, destinar os resíduos sólidos aproveitáveis originados da fabricação do queijo, reduzir os despejos de soro no curso no curso d água, reduzir a geração de resíduos sólidos das embalagens de materiais e insumos e destiná-los apropriadamente, reduzir a geração de emissões atmosféricas das caldeiras, destinar cinzas da caldeira, racionalização do uso de energia elétrica e ainda manter o controle do consumo de água.

34 Assim, o Programa de Gestão Ambiental passou desde então a registrar e encarar com seriedade as metas previstas por seu próprio sistema, assim como o de acompanhar a evolução dos primeiros trabalhos que reocupam com a temática ambiental, inclusive com o enfoque na redução do consumo dos recursos naturais, que se encontravam sem controle operacional. 3.3.1. Plano de Gerenciamento de Resíduos Sólidos Industriais (PGRSI) O PGRSI segue um roteiro pré-estabelecido em um Termo de Referencia confeccionado pela equipe do órgão ambiental estadual, que tem o objetivo de orientar os empreendimentos industriais quanto a elaboração e apresentação deste, em atendimento a Lei nº. 7862 de 19/12/2002 Política Estadual de Resíduos Sólidos. (ANEXO) O PGRSI deve abordar todas as ações visando minimizar a geração de resíduos na fonte, bem como todos os procedimentos a serem adotados na segregação, coleta, classificação, acondicionamento, armazenamento interno/externo, transporte interno/externo, reciclagem, reutilização, tratamento interno/externo e disposição final. O Plano de Gerenciamento é parte integrante do processo de licenciamento ambiental dos empreendimentos industriais, ficando assim obrigados a apresentá-lo para análise, a Secretaria Estadual do Meio Ambiente SEMA/MT, quando do requerimento da Licença de Instalação LI. O PGRSI deve ser apresentado para fins de regularização, quando a indústria estiver em operação e que ainda não tenha apresentado o Plano a SEMA ou quando a indústria já apresentou o Plano, porém o mesmo não contém as informações com o grau de detalhamento deste Termo de Referência. As atividades industriais de pequeno porte e pequeno nível de poluição devem apresentar o PGRSI atendendo os critérios básicos constantes do Art. 20 da Lei nº. 7862 de 19/12/02 Política Estadual do Meio Ambiente. O PGRSI deve ser elaborado e acompanhado por profissional ou equipe técnica habilitada, com cadastro na SEMA, podendo ser profissionais da própria empresa ou terceirizados, desde que, possuam formação adequada e compatível

35 com as atividades do empreendimento, devidamente registrados no Conselho de Classe pertinente. O Plano deve ser revisado ao primeiro ano de operação do empreendimento e a partir daí ser atualizado, quando ocorrer alguma alteração ou modificações operacionais que resultem na ocorrência de novos resíduos ou na eliminação destes e deverá ter parâmetros de avaliação, visando seu aperfeiçoamento contínuo. Quando o empreendimento ainda não estiver em operação, a quantificação dos resíduos identificados deverá ser estimada com base na produção prevista e com base nas matérias primas a serem utilizadas, ou em fatores de geração por tipologia industrial. Quando o empreendimento estiver em operação, a informação sobre a quantificação deverá ser real, obtida através de medição por peso ou volume. Caso a indústria não possua histórico sobre a quantificação dos resíduos gerados, esta medição deverá ser feita por sete dias consecutivos, tirando-se a média diária e projetando-se uma média mensal. Os Planos de Gerenciamento de Resíduos Sólidos Industriais deverão ter um planejamento compatível com o período de implantação de seus programas e projetos de acordo com a complexidade, relativa às atividades desenvolvidas e devem ser apresentados em duas vias assinadas pelo profissional responsável pela elaboração do PGRSI e pelo responsável pelo empreendimento. 3.3.2. Alternativas para o gerenciamento de resíduos sólidos Os principais resíduos gerados nas pequenas e médias indústrias de laticínios são embalagens e bombonas plásticas, embalagens de papéis, lixo doméstico, cinzas de caldeiras, aparas de queijo e, em menor quantidade, metais e vidros. As ações de gerenciamento recomendadas para estas indústrias são descritas abaixo: Quadro 1: Ações de gerenciamento dos resíduos sólidos na indústria de laticínios

36 Alternativa de gerenciamento REDUÇÃO NA FONTE COLETA SELETIVA RECICLAGEM ENCAMINHAR PARA A COLETA PÚBLICA Ações e cuidados a serem tomados Melhorias nos procedimentos operacionais da empresa, como a adoção de procedimento padronizado para a operação de equipamentos. Treinamento operacional e conscientização dos operadores Melhor planejamento da produção, minimizando o retorno de produtos. Substituição de equipamentos com defeitos ou pouco eficientes Armazenar os resíduos em recipientes separados Estocar o material, em local fechado, livre das intempéries, bem como distante da matéria prima e produtos fabricados pela empresa (para evitar contaminação) Encaminhar os resíduos potencialmente recicláveis (plástico, papel, papelão e vidro) para empresa de reciclagem Articular junto aos fornecedores de produtos químicos o retorno das embalagens Incentivar as prefeituras a adotar coleta seletiva Incentivar a implantação de indústrias de reciclagem no município e construção de aterros sanitários Fonte: Diagnóstico Ambiental SGA. XXVII Congresso Interamericano de Engenharia Sanitária Ambiental ABES. 2005. 3.3.3. Alternativa para o controle das emissões atmosféricas Para controlar as emissões atmosféricas provenientes de caldeiras nas indústrias de laticínios são propostas as alternativas de otimização da operação da caldeira, mudança de combustível, equipamento de controle e mudança de caldeira. As indústrias devem procurar aperfeiçoar a operação da caldeira mediante: verificação do excesso de ar fornecido à queima por meio da análise dos gases de combustão (CO 2, CO, O 2 e fuligem); melhoria na atomização do combustível com aquecimento adequado ou aumento da perda de carga através do queimador; limpeza periódica da caldeira, para evitar a formação de incrustações; adequação do isolamento térmico de recipientes, tubulações e equipamentos; proteção da lenha contra chuva e umidade para mantê-la seca. Há uma perspectiva para o uso de filtros, porém esses possuem um custo muito elevado para a atual situação.

37 Outra alternativa que também pode ser adotada é a mudança de combustível. Combustíveis gasosos queimam com mais facilidade e, por serem em geral mais limpos, exercem um menor impacto sobre o meio ambiente. Os combustíveis líquidos e sólidos, por sua vez, produzem maior quantidade de fuligem, já que a combustão é menos eficiente e, além disso, esses combustíveis apresentam maior quantidade de impurezas. As alternativas de substituição do óleo combustível residual ou mesmo da lenha, recaem principalmente no uso de óleo diesel, gás natural e GLP (Gás Liquefeito de Petróleo). O grande problema na utilização de combustível mais limpa são os seus custos mais elevados. Em geral, equipamentos de controle de poluição não são utilizados pelas pequenas e médias indústrias de laticínios e, quando o são, não se mostram efetivos o suficiente para enquadrar as emissões de material particulado à legislação ambiental do Estado. No limiar da vida útil de uma caldeira torna-se difícil um controle adequado de suas condições operacionais, ocorrendo assim não só uma queda no rendimento térmico da caldeira, mas também um aumento nas emissões de fuligem para a atmosfera. A partir de 20-25 anos de operação da caldeira é importante iniciar o planejamento de compra de uma nova unidade. Utilizar uma caldeira além de seu limite de exaustão compromete as condições de segurança, viola as leis ambientais e desperdiça recursos energéticos. 3.3.4. Lançamento de efluentes A indústria de laticínios caracteriza-se por consumir grande quantidade de água para operações de processamento e limpeza, tendo por outro lado, a geração de vazões elevadas de efluentes (1,1-6,8 m 3 efluente/m 3 leite processado) contendo nutrientes, poluentes orgânicos persistentes e agentes infectantes. Neste cenário, considera-se como atitude necessária à implementação de sistemas de tratamento de efluentes otimizados e integrados com a identificação dos pontos críticos de geração dos despejos líquidos no processo produtivo. Ademais, a geração das correntes efluentes acarreta a perda de matéria prima, sendo inclusive estabelecidos, coeficientes volumétricos e de carga em termos dos parâmetros gerais: m 3 efluente/m 3 leite processado; DBO 5, nitrogênio, fósforo e óleos e graxas (Brião e Tavares, 2003).

38 Desta forma, obedecendo às necessidades de regularização junto ao órgão ambiental estadual, implantou-se o sistema de tratamento de efluentes na empresa a partir de 2009, buscando a identificação dos pontos críticos quanto ao impacto ambiental no processo produtivo, melhoria da eficiência da ETE e identificação de opções que possam tornar a indústria de laticínios mais próxima de uma produção mais limpa. Assim, requisitou-se assessoria profissional para a implantação do sistema que realizou após a obra, de estudos e amostragens para a maximização de tratamento dos efluentes. Estas amostras foram coletadas sempre no período de processamento dos queijos, sendo analisados parâmetros físico, físico-químicos, químicos e biológicos para a caracterização. Para a montagem do fluxograma de produção foram feitos levantamentos em cada etapa do processo a partir do processamento geral. Consideraram-se as características de operação, consumo de água e seqüência de etapas. Estes dados foram coletados na rotina diária da indústria de laticínios. Na etapa final dos trabalhos avaliou-se a eficiência da seqüência de tratamento adotada e possíveis melhorias a serem adotadas. A identificação dos pontos críticos foi utilizada para a proposição de implementação da produção mais limpa, visando medidas de curto prazo. A Figura 04 identifica o fluxograma de produção da indústria estudada, sendo que esta unidade caracteriza-se como produtora de queijo prato e mussarela. A unidade de laticínio opera com coeficiente volumétrico (m3 de efluente gerado/m3de leite processado) e índice de carga poluente em termos de DBO 5 (Demanda Bioquímica de Oxigênio) (kg/m 3 ) dentro dos valores referendados pela UNIDO (WASTEWATER, 1999).

39 FIGURA 04 Fluxograma de Funcionamento da operacionalização do Laticínio Primícia Fonte: Diagnóstico Ambiental - SGA Em termos operacionais são destacados os seguintes procedimentos como críticos na geração de efluentes: 1. Lavagem dos caminhões tanque, gerando grande volume de resíduos (concentrado em leite) com elevada carga orgânica; 2. Pasteurização do leite. No processamento de higienização do pasteurizador são utilizadas soluções alcalinas e ácidas muito concentradas que apesar do recolhimento segregado acabam fluindo para a estação de tratamento de efluentes; 3. Na etapa de coagulação, corte, homogeneização e drenagem do soro identificase outro ponto crítico, pois se utiliza grande volume de água para remover o soro e coágulos de queijo resultantes do processo. Este resíduo também é rico em matéria orgânica e acaba chegando à estação de tratamento de efluentes; 4. No final do expediente de trabalho é feita limpeza rigorosa de todos os equipamentos utilizados no processamento do queijo, incluindo mesas, prensas, formas, dessoradoras e tanques. Também é feita a lavagem do piso na sala de

40 produção. Nesta etapa utiliza-se elevada quantidade de água, pois o resíduo gerado é rico em sólidos do leite, coágulos de queijo, detergentes e desinfetantes. 5. No setor de embalagens de queijo também é realizada lavagem rigorosa dos equipamentos e do piso. Todos os efluentes gerados nas operações acima citadas direcionam-se para a estação de tratamento de efluentes (ETE) diagramada na Figura 05. FIGURA 05 Fluxograma/diagrama do sistema de tratamento de efluentes (ETE) Fonte: Diagnóstico Ambiental - SGA Figura 06. Imagens da Estação de Tratamento de Efluentes na área do entorno da empresa Fonte: Relatório Técnico de LAU