O MEDO DE CAIR EM IDOSOS DA COMUNIDADE URBANA DO MUNICÍPIO DE LONDRINA/PR.

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Transcrição:

O MEDO DE CAIR EM IDOSOS DA COMUNIDADE URBANA DO MUNICÍPIO DE LONDRINA/PR. Fabiana Satiko Fucahori (Araucária), Juliana Jaqueline Aparecida Correia, Carolina Kruleske da Silva, Celita Salmaso Trelha (Orientadora), e-mail: celita@uel.br. Universidade Estadual de Londrina/Deptº. de Fisioterapia/Londrina, PR. Área: Ciências da Saúde. Sub-área: Fisioterapia e Terapia Ocupacional. Palavras-chave: Medo de cair, idoso, acidentes por quedas Resumo: As quedas em idosos podem gerar conseqüências como lesões, diminuição da capacidade funcional, hospitalização e até mesmo o medo de quedas recorrentes. O medo de cair atua no dia-a-dia do idoso como fator de proteção, porém pode levar a restrição de atividades ou imobilidade com prejuízo à qualidade de vida. Foi realizado um estudo descritivo com objetivo de avaliar o medo de cair em idosos da comunidade. Foram avaliados 38 idosos, com idades entre 61-86 anos, por meio da Falls Efficacy Scale International-Brasil (FES-I). Os resultados demonstram elevada frequência do medo de quedas entre os participantes, com 97,37% relatando medo de queda em no mínimo uma das atividades avaliadas; e 7,9% apresentando pontuação relacionada ao alto risco de quedas recorrentes. A avaliação desta variável pode colaborar para o estabelecimento de indicadores e para a elaboração de estratégias preventivas e intervenções específicas. Introdução A população brasileira passa por um processo de envelhecimento intimamente ligado às baixas taxas de natalidades, quedas na taxa de mortalidade e avanços na área da saúde, podendo os idosos de 65 anos ou mais ultrapassar a taxa de 22,71% da população total em 2050, que era de 6,53% em 2008 (IBGE, 2008). Em Londrina, o envelhecimento populacional tem acompanhado os parâmetros nacionais e dados de 2009 já apontavam 12,1% da população com 60 anos ou mais de idade (Secretaria Municipal do Idoso, 2010). Sendo assim, é importante uma atenção maior à população idosa, que necessita de cuidados específicos, devido ao processo normal ou não de envelhecimento físico, mental e social com o intuito de proporcionar uma melhora em sua qualidade de vida. O processo de envelhecimento afeta o equilíbrio do idoso e aumenta o risco de quedas (Swift, 2006). A queda pode ser conseqüência de fatores intrínsecos ou extrínsecos que geram desafios ao idoso (Ribeiro et al. 2008). Nesta população, as quedas representam uma das principais causas de morbidade e mortalidade, levando à incapacidade funcional, hospitalização, institucionalização e consumo de serviços sociais e de saúde (Masud;

Morris, 2001). Além disso, pode resultar em diminuição da qualidade de vida, envolvendo incapacidade física, perda da autonomia, excesso de proteção familiar e medo de novas quedas. O medo, quando utilizado para aumento do cuidado, é um fator positivo na prevenção de quedas, porém, pode gerar um comportamento de restrição de atividades devido à baixa auto-eficácia ou confiança em evitar quedas e pelo medo da própria conseqüência de uma possível queda. A diminuição da mobilidade pode afetar diretamente o estado funcional do idoso de forma que o medo de cair pode ser compreendido como conseqüência ou causa da queda (Camargos, 2007). Nesse contexto, o tema medo de cair pode ser comparado a um ciclo vicioso, que inclui o risco de quedas, o déficit de equilíbrio e mobilidade, o medo de cair, o declínio funcional repercutindo em mais medo (Gillespie, Friedman, 2007). O objetivo deste estudo foi avaliar o medo de cair em idosos da comunidade do Bairro Cabo Frio/Imagawa, Londrina/PR, cadastrados no Programa Saúde da Família. Materiais e métodos Foi realizado um estudo transversal descritivo. Foram incluídos indivíduos idosos, com idade igual ou superior a 60 anos, de ambos os sexos. Os critérios de exclusão foram: condições de saúde instáveis, doenças/déficits neurológicos e cognitivos, limitações físicas e sensoriais como incapacidade de compreender; perda grave da acuidade visual e auditiva incapacitante às AVD; amputações e uso de próteses. O medo de cair foi avaliado em entrevistas domiciliares por meio da FES-I, adaptada e validada por Camargos (2007) para a população de idosos comunitários brasileiros apresentando excelentes propriedades psicométricas similares à escala original. O instrumento avalia o medo de cair em 16 atividades de vida diária (AVD), com pontuação total entre 16-64 pontos, de forma que maiores pontuações indicam maior preocupação em cair. Os participantes responderam a questões sócio-demográficas e a percepção da saúde foi expressa em uma escala de 0-10. Todos os participantes assinaram o termo de consentimento livre e esclarecido, segundo critérios do Comitê de Ética em Pesquisa da UEL e do Conselho Nacional de Saúde - Resolução 196/96 (Brasil, 1996). Os dados sócio-demográficos e demais variáveis estudadas são apresentados e analisados de forma descritiva Resultados e Discussão Dos 56 idosos participantes, seis foram excluídos por comprometimento neurológico; dois por deficiência visual incapacitante; um devido ao uso de prótese; e nove por não terem sido encontrados no domicílio no período da pesquisa. No total, 38 idosos foram avaliados pela FES-I, sendo os resultados relacionados ao escore total apresentados na Tabela 1. Dentre os participantes, 78,95% eram aposentados e 15,80% referiam

trabalhar. A maioria (52,63%) apresenta ensino fundamental incompleto. A média da percepção da saúde foi de 8±1,6 pontos, com mínimo de cinco e máximo de dez, para ambos os sexos. Todos os indivíduos apresentaram co-morbidades, sendo mais recorrente: problemas visuais (78,95%); hipertensão arterial (60,53%) e depressão (26,32%). Dos participantes, 19 (50%) praticam atividade física regularmente (mínimo de uma hora, três vezes/semana) e destes, 15 apresentam boa percepção de saúde ( 8). Três participantes fazem uso de órtese (bengala/muleta), relatando queda nos últimos 12 meses e apresentando FES-I >23 pontos. Tabela 1 Pontuação obtida no FES-I. Homens Mulheres Total Participantes n=11 (28,95%) n=27 (71,05%) n=38 Idade¹ 72,82±4,90 71,11±6,73 71,61±6,05 FES-I² Escore 21,91±2,36 26,00±6,70 24,82±6,31 FES-I ² = 16 n=1 (2,63%) n=0 n=1 (2,63%) FES-I ² 23 n=4 (10,53%) n=17 (44,74%) n=21 (55,26%) FES-I ² 31 n=0 n=3 (7,89%) n=3 (7,89%) ¹Idade: Média em anos. ²FES-I = Falls Efficacy Scale - Internacional Brasil: Média do escore em pontos. Queda no último ano foi relatada por 44,74% dos indivíduos sendo 58,82% (n=10) no domicílio, 35,30% (n=6) em ambiente externo e 5,88% (n=1) em ambos os locais, corroborando com resultados do estudo de Berg et al. (1997). O escore final no FES-I foi de 16-29 pontos para homens e 17-47 pontos para mulheres, indicando maior preocupação quanto ao risco de quedas no sexo feminino, que também prevalece quanto à presença de quedas nos últimos 12 meses (64,71%). O sexo feminino é uma das variáveis que aumentam o risco de queda de forma independente e significativa, além da história prévia de fratura, dificuldade na execução de atividades físicas e déficit visual (Perracini; Ramos, 2002). A maioria dos idosos (94,1%) relata conseqüências para as quedas sendo mais freqüente dor (75%), seguida do medo de nova queda (56,25%). Outros autores também apontam o medo de queda como conseqüência presente em 44% a 88,5% dos idosos (Fabrício et al., 2004; Ribeiro et al., 2008). Na avaliação pelo FES-I 55,26% (n=21) dos idosos apresentaram pontuação maior ou igual a 23 pontos e três (7,89%), maior que 31 pontos, o que se correlaciona respectivamente ao alto risco potencial para quedas e para quedas recorrentes (Camargos, 2007). Considerando o intervalo de pontos de 38-152 para somatória de cada atividade da FES-I, identificou-se que os itens de maior pontuação foram: andando sobre uma superfície escorregadia (97 pontos); caminhando sobre uma superfície irregular (92 pontos); subindo ou descendo uma ladeira (84 pontos) e subindo ou descendo escadas (73 pontos), resultado semelhante ao encontrado por Lopes et al. (2009). Neste trabalho, as pontuações no FES-I não se mostraram diretamente relacionadas ao histórico de quedas em 12 meses; percepção de saúde; idade ou prática de atividade física regular. Em Lopes et al.

(2009), dentre os idosos que apresentaram medo de cair (90,48%) em pelo menos uma das atividades da FES-I, 54,42% relataram histórico de quedas. A determinação de fatores desencadeantes do processo de medo de cair e redução da auto-eficácia ou fatores desencadeados por ele é de difícil investigação, pois o medo relacionado às quedas é de etiologia multifatorial, apresentando influência física, comportamental e funcional (Camargos, 2007; Legters, 2002). Conclusão Os resultados demonstraram elevada frequência de medo de cair entre os indivíduos entrevistados com pontuações indicando a presença de indivíduos com alto risco potencial para quedas e quedas recorrentes. A avaliação destas variáveis pode colaborar para o estabelecimento de indicadores e elaboração de estratégias preventivas e de intervenções específicas para idosos com risco de quedas. Referências Berg, W.P. et al. Circumstances and consequences of falls in independent community-dwelling older adults. Age Ageing 1997, 26, 261. Brasil. Conselho Nacional de Saúde. Resolução 196/96 Diretrizes e normas regulamentadoras da pesquisa envolvendo seres humanos. 1996. Disponível em: http://conselho.saude.gov.br/. Acesso em: 21 nov. 2009. Camargos, F.O.C. Adaptação transcultural e avaliação das propriedades psicométricas da Falls Efficacy Scale International: um instrumento para avaliar medo de cair em idosos. Dissertação de Mestrado, Universidade Federal de Minas Gerais, 2007. Fabrício, S.C.C. et al. Causas e conseqüências de quedas de idosos atendidos em hospital público. Rev.Saúde Pública. 2004, 38, 93. Gillespie, S.M.; Friedman, S.M. Fear of falling in new long-term care enrollees. J Am Med Dir Assoc. 2007, 8, 307. Legters, K. Fear of falling. Physical Therapy. 2002, 82, 264. Lopes, K.T. et al. Prevalência do medo de cair em uma população de idosos da comunidade e sua correlação com mobilidade, equilíbrio dinâmico, risco e histórico de quedas. Rev. Bras.Fisioter. 2009, 13, 223. Masud, T.; Morris, R.O. Epidemiology of falls. Age Ageing 2001, 30, 3. Perracini, M.R.; Ramos, L.R. Fatores associados a quedas em uma coorte de idosos residentes na comunidade. Rev. Saúde Púb. 2002, 36, 709. IBGE - Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística. Projeção da População do Brasil - população brasileira envelhece em ritmo acelerado. 2008. Disponível em: www.ibge.gov.br - Acesso em 20 jul. 2010. Ribeiro, A.P. et al. A influência das quedas na qualidade de vida de idosos. Ciênc.Saúde Coletiva. 2008, 13, 1265. Secretaria Municipal do Idoso. Perfil da população idosa de Londrina. Disponível em: http://home.londrina.pr.gov.br. Acesso em 12 mar. 2010. Swift, C.G. The role of medical assessment and intervention in the prevention

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