A Nova Lei Complementar n o 135, de 4 de Junho de (Lei da Ficha Limpa)

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Transcrição:

Atualização

A Nova Lei Complementar n o 135, de 4 de Junho de 2010 (Lei da Ficha Limpa) Resumo de Direito Eleitoral Há algum tempo tem sido divulgada a necessidade de regulamentação do princípio da moralidade insculpido no art. 14, 9 o, da Constituição da República, visto ter o STF decidido, na ADPF n o 144, que tal dispositivo não é autoaplicável. Assim, após a iniciativa popular na elaboração de lei que atendesse aos anseios da sociedade, foi aprovada a Lei Complementar n o 135/2010, que não se ateve à simples regulamentação dos chamados fichas sujas, indo mais além na matéria atinente à inelegibilidade. Dentre as inúmeras inovações trazidas pela lei, podemos elencar algumas que reputamos as principais: Os prazos de inelegibilidade aumentaram para 8 anos. Foi ampliado o rol de crimes que geram a inelegibilidade pelo prazo de oito anos após o cumprimento de pena (por exemplo, crimes contra a dignidade sexual, hediondos, furto, etc.). As contas relativas ao exercício de cargos ou funções públicas rejeitadas por irregularidade insanável só ensejarão 2

a inelegibilidade se essa irregularidade configurar ato doloso de improbidade administrativa (art. 1 o, inciso I, g, da LC n o 64/1990). Passaram a estar inelegíveis: a) os que forem excluídos do exercício da profissão, por decisão sancionatória do órgão profissional competente, em decorrência de infração ético-profissional; b) condenados por terem desfeito ou simulado desfazer vínculo conjugal ou de união estável para evitar caracterização de inelegibilidade; c) os que forem demitidos do serviço público em decorrência de processo administrativo ou judicial; d) a pessoa física e os dirigentes de pessoas jurídicas responsáveis por doações ilegais; e) os magistrados e membros do Ministério Público que forem aposentados compulsoriamente por decisão sancionatória, que tenham perdido o cargo por sentença ou que tenham pedido exoneração na pendência de processo administrativo disciplinar. A sentença que declara a inelegibilidade enseja a negação do registro, o seu cancelamento ou declaração de nulidade do diploma, se já tiver sido expedido (art. 15). Assim, considerando tais efeitos e a revogação do inciso XV do art. 22 da Lei Complementar n o 64/90 (que determinava a remessa ao Ministério Público para ajuizamento da AIME e RCED), passou a ser desnecessário o ajuizamento dessas demandas posteriormente à AIJE, se com os mesmos fundamentos. A pena de inelegibilidade alcança todas as eleições que se realizarem nos oito anos subsequentes à eleição em que se verificou. Em geral, os efeitos já podem incidir com a decisão do colegiado, não sendo necessário o trânsito em julgado da decisão sobre a inelegibilidade. 3 A Nova Lei Complementar n o 135, de 4 de Junho de 2010 (Lei da Ficha Limpa)

Não será considerada a potencialidade do fato de alterar o resultado da eleição, mas apenas a gravidade das circunstâncias que o caracterizam (art. 22, inciso XVI). A prática de atos protelatórios por parte da defesa acarreta a revogação do efeito suspensivo. Nesse diapasão, o TSE foi instado a se manifestar sobre a aplicação dessa lei já para as eleições de 2010. O Senador Arthur Virgilio (PSDB-AM) propôs uma consulta ao TSE questionando se lei eleitoral que disponha sobre inelegibilidades e que tenha sua entrada em vigor antes do prazo de 5 de julho poderá ser efetivamente aplicada para as eleições gerais de 2010. O Plenário do TSE decidiu que a lei complementar passou a vigorar na data de sua publicação, devendo ter aplicação imediata e, portanto, há a incidência da lei para as eleições de 2010. Veja a íntegra da Lei Complementar n o 135/2010. Veja a notícia do TSE sobre a consulta sobre inelegibilidades Resumo de Direito Eleitoral A nova lei deve ser aplicada já nas eleições de 2010. O TSE irá em breve tratar do tema sobre a aplicação da lei para os casos, por exemplo, de abuso do poder econômico praticados antes do dia 4 de junho de 2010, ou seja, data de plena validade e aplicação da lei nova. É importante salientar que a lei nova trata de temas processuais que devem ter aplicação imediata, sem nenhuma dúvida, porque são normas cuja natureza jurídica é procedimental por exemplo, o caso da condenação por órgão judicial colegiado. É norma de plena aplicabilidade, até mesmo aos já condenados, pois a expressão os que forem condenados também era utilizada na lei complementar originária, LC 64/90, que foi aplicada aos casos daquela época. No entanto, a lei nova possui um prazo maior de inelegibilidade, que é de oito anos, para diversos casos. Nesse ponto, como se trata de norma de conteúdo material, sanção, pena, a lei deve apenas ser aplicada aos casos praticados desde o dia 4 de junho de 2010. 4

A Lei n o 11.330/2006 foi objeto de resolução do TSE n o 22.205/2006, que tratou de lhe conferir aplicabilidade nos artigos que não atentavam para temas constitucionais, mas apenas infraconstitucionais. Pode-se seguir a mesma linha de entendimento para a aplicação da LC n o 135/2010. Cumpre frisar ainda: 1. A revogação da súmula 19 do TSE, o prazo de três anos passa para oito anos de inelegibilidade. 2. É mantida a regra da potencialidade lesiva para caracterizar o abuso do poder econômico ou político. No entanto, não se considera a alteração do resultado das eleições, mas a gravidade do fato em si. Pouco importa se o candidato tenha aumentado seus votos em razão da prática do abuso do poder econômico; o que interessa é o ato ilícito eleitoral. 3. A ação de investigação judicial eleitoral é suficiente para anular o diploma, conforme nova redação do inciso XIV do art. 22 da LC n o 64/1990. Assim, revoga-se o inciso XV do art. 22 da mesma lei, em razão do art. 4 o da LC n o 135/2010. Não é necessária a propositura da ação de impugnação ao mandato eletivo ou do recurso contra a expedição do diploma, sendo suficiente o julgamento da AIJE, pois a decisão retroage para nulificar a diplomação. 4. A ação de impugnação ao mandato eletivo e o recurso contra a expedição do diploma continuam sendo propostos, mas após a diplomação, quando, durante o período de propaganda política eleitoral, não forem reunidas provas, ou seja, conhecido o fato abusivo. 5. A ampliação do rol dos crimes que acarretam inelegibilidade (letra e do art. 1 o, inciso I, da lei das inelegibilidades) é de eficácia imediata, abrangendo todos os que já tiverem sido condenados por órgão colegiado judicial ou tiverem sentença transitada em julgado. Trata-se de norma de aparelhamento da moralidade em conformidade com o 9 o do art.14 da Constituição da República. 5 A Nova Lei Complementar n o 135, de 4 de Junho de 2010 (Lei da Ficha Limpa)

1) A INELEGIBILIDADE PREVISTA NA LEI COMPLEMENTAR N o 64/90, ART. 1 o, INCISO I, ALÍNEA d. d) os que tenham contra sua pessoa representação julgada procedente pela Justiça Eleitoral, em decisão transitada em julgado ou proferida por órgão colegiado, em processo de apuração de abuso do poder econômico ou político, para a eleição na qual concorrem ou tenham sido diplomados, bem como para as que se realizarem nos 8 (oito) anos seguintes; (Redação dada pela Lei Complementar n o 135, de 2010). Resumo de Direito Eleitoral A Lei Complementar n o 135/2010 alterou a redação da lei antiga, disciplinando que uma condenação por órgão colegiado, mesmo sem o trânsito em julgado acarreta a inelegibilidade. E ainda, aumentou o prazo de 3(três) para 8(oito) anos. Como se percebe, o termo representação se refere à ação de investigação judicial eleitoral ou à representação por abuso do poder econômico e/ou político; à ação de impugnação ao mandato eletivo e ao próprio recurso contra a diplomação (art. 262, inciso IV, do Código Eleitoral), ou seja, às ações ou recursos que apliquem sanções de inelegibilidade. É importante ressaltar o que afirmado pelo Colendo TSE em recente julgamento: Na hipótese de condenação pretérita em ação de investigação judicial eleitoral em que já tenha decorrido o prazo alusivo à inelegibilidade de três anos imposta ao candidato, não cabe o reconhecimento da inelegibilidade por oito anos do art. 1 o, I, d, da Lei Complementar n o 64/1990, com a redação dada pela Lei Complementar n o 135/2010. Se o candidato for condenado, com base na antiga redação do art. 22, XIV, da LC n o 64/1990, a três anos de inelegibilidade a partir da eleição de 2006, não há como se aplicar a nova redação da alínea d e concluir que ele está inelegível por oito anos. (Agravo Regimental no Recurso Ordinário n o 902-41/ AL, rel. Min. Arnaldo Versiani, em 19/10/2010). 6

Assim, faz-se necessária a inscrição no sistema, não apenas com o trânsito em julgado da representação, mas já com a decisão condenatória pelo órgão colegiado, sob pena de tal informação passar despercebida num possível requerimento de registro de candidatura, gerando o deferimento indevido de uma eventual candidatura vícios, inclusive ensejando eventual preclusão temporal de argüição em ação de impugnação ao mandato eletivo ou recurso contra a expedição do diploma (arts. 14, 10 e 11 da Constituição da República Federativa do Brasil e 262, I a IV do Código Eleitoral), conforme exegese do art. 259 e parágrafo único do Código Eleitoral. 2) A INELEGIBILIDADE PREVISTA NA LEI COMPLEMENTAR N o 64/90, ART. 1 o, INCISO I, ALÍNEA e. e) os que forem condenados, em decisão transitada em julgado ou proferida por órgão judicial colegiado, desde a condenação até o transcurso do prazo de 8 (oito) anos após o cumprimento da pena, pelos crimes: (Redação dada pela Lei Complementar n o 135, de 2010). 1. contra a economia popular, a fé pública, a administração pública e o patrimônio público; (Incluído pela Lei Complementar n o 135, de 2010). 2. contra o patrimônio privado, o sistema financeiro, o mercado de capitais e os previstos na lei que regula a falência; (Incluído pela Lei Complementar n o 135, de 2010). 3. contra o meio ambiente e a saúde pública; (Incluído pela Lei Complementar n o 135, de 2010). 4. eleitorais, para os quais a lei comine pena privativa de liberdade; (Incluído pela Lei Complementar n o 135, de 2010). 5. de abuso de autoridade, nos casos em que houver condenação à perda do cargo ou à inabilitação para A Nova Lei Complementar n o 135, de 4 de Junho de 2010 (Lei da Ficha Limpa) 7

Resumo de Direito Eleitoral o exercício de função pública; (Incluído pela Lei Complementar n o 135, de 2010). 6. de lavagem ou ocultação de bens, direitos e valores; (Incluído pela Lei Complementar n o 135, de 2010). 7. de tráfico de entorpecentes e drogas afins, racismo, tortura, terrorismo e hediondos; (Incluído pela Lei Complementar n o 135, de 2010). 8. de redução à condição análoga à de escravo; (Incluído pela Lei Complementar n o 135, de 2010). 9. contra a vida e a dignidade sexual; e (Incluído pela Lei Complementar n o 135, de 2010). 10. praticados por organização criminosa, quadrilha ou bando; (Incluído pela Lei Complementar n o 135, de 2010). Como se nota, o prazo de inelegibilidade de oito anos se inicia com a decisão do Tribunal de Justiça (órgão colegiado) e é suspenso até a data em que for certificado nos autos do processo o trânsito em julgado da decisão penal condenatória, pois a partir deste momento o réu estará com seus direitos políticos suspensos, o que significa dizer que o título de sua restrição política não é, neste momento de cumprimento da pena, uma inelegibilidade, mas, sim, uma causa constitucional prevista no art. 15, III da Carta Magna. Após cumprida a pena, reinicia-se o prazo restante de inelegibilidade que estava suspenso quando foi certificado o trânsito em julgado da sentença penal condenatória. Por exemplo, se entre a data da condenação colegiada e o trânsito em julgado transcorreu o prazo de 1 ano, este tempo de inelegibilidade será abatido do prazo total de 8 (oito) anos após o cumprimento da pena, como se fosse uma espécie de detração. Registre-se que o art. 1 o, I, e, enumera alguns bens jurídicos tutelados, tais como: fé pública, Administração Pública e patrimônio público. É importante salientar que a Lei Complementar n o 135/2010 acrescentou o 4 o ao art. 1 o da Lei Complementar n o 64/90, nos seguintes termos: 8

4 o A inelegibilidade prevista na alínea e do inciso I deste artigo não se aplica aos crimes culposos e àqueles definidos em lei como de menor potencial ofensivo, nem aos crimes de ação penal privada. (Incluído pela Lei Complementar n o 135, de 2010). Observa-se que estão excluídos do rol dos crimes que acarretam as inelegibilidades posteriores ao prazo da condenação ou do cumprimento da pena, os delitos culposos, de menor potencial ofensivo e os de ação penal privada. É importante ressaltar que o TSE definiu que tal inelegibilidade somente pode incidir após a publicação do acórdão condenatório. Isso porque a existência jurídica do acórdão tem início apenas com sua publicação, independentemente da data do julgamento e do conhecimento das partes acerca do conteúdo da decisão colegiada. (Agravo Regimental no Recurso Ordinário n o 684-17/TO, rel. Min. Aldir Passarinho Junior, em 5.10.2010). Também foi definido pelo TSE, no julgamento do Recurso Ordinário n o 169795, que o Tribunal do Júri é efetivamente um órgão colegiado, para efeito de incidência da inelegibilidade prevista nesta alínea e. Ressaltou-se que os membros do júri são constitucionalmente considerados juízes leigos e que entendimento contrário desqualificaria o papel e a importância do Tribunal do Júri no Judiciário brasileiro. Apresentamos um resumido rol contemplado pela alínea e: A Nova Lei Complementar n o 135, de 4 de Junho de 2010 (Lei da Ficha Limpa) Crimes contra economia popular. Lei n o 1.521, de 26 de dezembro de 1951, Crimes contra a economia popular (arts. 2 o a 4 o ); Lei n o 4.591, de 16 de dezembro de 1964, que Dispõe sobre o condomínio em edificações e as incorporações imobiliárias (art. 65); Lei n o 4.595, de 31 de dezembro de 1964, que Dispõe sobre a política e as instituições monetárias, bancárias e creditícias. Cria o Conselho Monetário Nacional e dá outras providências (art. 34); Lei n o 4.728, de 14 de julho de 1965, que Disciplina o mercado de capitais e estabelece 9

Resumo de Direito Eleitoral medidas para seu desenvolvimento (arts. 72 a 74); Lei n o 4.729, de 14 de julho de 1965, que Define o crime de sonegação fiscal e dá outras providências (art. 1 o ); Lei n o 7.134, de 26 de outubro de 1983, que Dispõe sobre a obrigatoriedade de aplicação dos créditos e financiamentos de organismos governamentais e daqueles provenientes de incentivos fiscais, exclusivamente nos projetos para os quais foram concedidos (arts. 1 o e 2 o ); Lei n o 7.492, de 16 de junho de 1986, que Define os crimes contra o sistema financeiro nacional e dá outras providências (arts. 2 o a 23); Lei n o 7.505, de 2 de julho de 1986, que Dispõe sobre benefícios fiscais na área do imposto de renda concedidos a operações de caráter cultural e artístico (arts. 11 e 14); Lei n o 7.752, de 14 de abril de 1989, que Dispõe sobre benefícios fiscais na área do imposto de renda e outros tributos, concedidos ao desporto amador (art. 14); Lei n o 8.078, de 11 de setembro de 1990, que Dispõe sobre a proteção ao consumidor ; Lei n o 8.137, de 27 de dezembro de 1990, que Define os crimes contra a ordem tributária, econômica e contra as relações de consumo, e dá outras providências ; Lei n o 8.176, de 8 de fevereiro de 1991, que Define os crimes contra a ordem econômica e cria o Sistema de Estoque de Combustíveis (arts. 1 o e 2 o ); Lei n o 8.212, de 24 de julho de 1991, que Dispõe sobre a organização da Seguridade Social, institui o Plano de Custeio e dá outras providências ; Lei n o 8.884, de 11 de junho de 1994, que Transforma o Conselho Administrativo de Defesa Econômica Cade em autarquia, dispõe sobre a prevenção e a repressão às infrações contra a ordem econômica e dá outras providências ; Lei n o 9.249, de 26 de dezembro de 1995, que Altera a legislação do Imposto de Renda das pessoas jurídicas, bem como da Contribuição Social sobre Lucro Líquido, e dá outras providências (art. 34); Lei n o 9.613, de 3 de março de 1998, que Dispõe sobre os crimes de lavagem ou ocultação de bens, direitos e valores; a prevenção da utilização do sistema financeiro para os ilícitos previstos nesta Lei; cria o Conselho de Controle de Atividades Financeiras Coaf e dá outras providências ; e Lei n o 10.303, de 31 de outubro de 2001, que Altera e acrescenta dispositivos na Lei n o 6.404, de 15 10

de dezembro de 1976, que dispõe sobre as Sociedades por Ações, e na Lei n o 6.385, de 7 de dezembro de 1976, que dispõe sobre o mercado de valores mobiliários e cria a Comissão de Valores Mobiliários. A enumeração não é exaustiva e procura identificar os crimes tipificados nas leis penais especiais, por identidade de bem jurídico tutelado com os crimes de economia popular. As leis acima aludidas podem ter crimes com dupla objetividade jurídica, sendo que pelos menos uma é contra a economia popular. Crimes contra fé pública. Compreende os delitos tipificados nos arts. 289 a 311 do Código Penal. Nesse sentido, Joel José Cândido. Registramos, ainda, os seguintes: a) arts. 36 a 39 da Lei n o 6.538/78 (Dispõe sobre os serviços postais); art. 25 da Lei n o 7.170/83 (Lei de Segurança Nacional); arts. 7 o, 9 o, 10, 14, 15, 16, 21 da Lei n o 7.492/86 (Crimes contra o Sistema Financeiro Nacional); art. 1 o, VII-B da Lei n o 8.072/90; arts. 63, 66 e 71 da Lei n o 8.078/90 (Código de Defesa do Consumidor); arts. 1 o a 3 o da Lei n o 8.137/90 (Crimes contra a Ordem Tributária); art. 64 da Lei n o 8.383/91 (Institui a Unidade Fiscal de Referência, altera a legislação do imposto de renda e dá outras providências); art. 17 da Lei n o 8.929/94 (Institui a Cédula de Produto Rural e dá outras providências); arts. 192 e 195, I, II e VIII, da Lei n o 9.279/96 (Regula direitos e obrigações relativos à propriedade industrial); art. 312 da Lei n o 9.503/97 (Código de Trânsito Brasileiro); art. 66 da Lei n o 9.605/98 (Lei Ambiental); art. 79 da Lei n o 9.615/98 (Normas gerais de Desporto); art. 49 do Decreto-Lei n o 5.452/43 (CLT); art. 256 do Decreto n o 3.000/99 (Regulamenta a tributação, fiscalização, arrecadação e administração do Imposto de Renda e Proventos de Qualquer Natureza); art. 27-C da Lei n o 10.303/2001 (Comissão de Valores Mobiliários) e arts. 311 a 318 do Código Penal Militar. A Nova Lei Complementar n o 135, de 4 de Junho de 2010 (Lei da Ficha Limpa) 11

Crimes contra administração pública. São os arts. 312 a 337-D do Código Penal. O doutrinador Joel José Cândido amplia até o crimes do art. 359-H. No Código Penal Militar, compreende os crimes dos arts. 289 a 339; e, ainda, o art. 9 o da Lei n o 1.079/50 (Crimes de responsabilidade); os delitos tipificados no art. 1 o do Decreto-Lei n o 201/67 (Dispõe sobre os crimes de prefeitos); Lei n o 8.137/90 (Crimes contra a ordem tributária, econômica e relações de consumo); arts. 89 a 98 da Lei n o 8.666/93 (Institui normas de licitações e contratos na Administração Pública); e arts. 66 a 69 da Lei n o 9.605/98 (Lei Ambiental). Crimes contra patrimônio público. De lege ferenda assiste inteira razão ao doutrinador Joel José Cândido, que inclui, entre os crimes contra o patrimônio público, o patrimônio privado. O entendimento do Tribunal Superior Eleitoral não dá essa extensão. Por patrimônio público, deve-se entender apenas os seguintes delitos: arts. 163, parágrafo único, III; 165, 166, 168-A, 177 a 179, todos do Código Penal; arts. 240, 5 o, 251, 3 o, 257, 1 o, 259, parágrafo único, 262 a 266, 268, 1 o, II, 383 a 385, todos do Código Penal Militar; arts. 38, 40, 49, 62, 63, 64 e 65 da Lei n o 9.605/98 (Lei Ambiental). Resumo de Direito Eleitoral Crimes contra o sistema financeiro. São os delitos tipificados nas Leis n o 4.595/64; n o 4.728/65; n o 7.492/86; n o 9.613/98 e Lei Complementar n o 105/2001. Crimes contra o mercado de capitais. Lei n o 6.385/76. Crimes falimentares. Previstos na Lei n o 11.101/05. 12

Crimes de tráfico de entorpecentes. Compreende a Lei n o 11.343/2006, além dos crimes dos arts. 290 e 291 do Código Penal Militar. Crimes eleitorais. No Código Eleitoral, arts. 289 a 354; art. 25 da Lei Complementar n o 64/90; art. 11 da Lei n o 6.091/74; art. 15 da Lei n o 6.996/82; arts. 33, 3 o e 4 o, 34, 2 o, 39, 5 o, 40, 68, 2 o, 72, 91, parágrafo único, e 94, 2 o, da Lei n o 9.504/97 (Lei das Eleições). Em relação aos crimes eleitorais, é importante frisar que somente aqueles para os quais a lei comine pena privativa de liberdade acarretam a inelegibilidade por oito anos após o cumprimento da pena, segundo previsto no n o 4 da alínea e do inciso I do art. 1 o da Lei Complementar n o 64/90, de acordo com a nova redação da Lei Complementar n o 135/2010. Desta forma, não acarretam inelegibilidade os seguintes delitos eleitorais: arts. 292, 303, 304, 306, 313, 320, 338 e 345 do Código Eleitoral; além do art. 11, incisos II e V da Lei n o 6.091/74. Crimes contra o patrimônio privado. No Código Penal, são incluídos os delitos dos arts. 155 a 180. No Código Penal Militar, incluem-se os arts. 240 até 267 e 404 até 406. No Decreto-lei n o 3.688 de 3 de outubro de 1941 (Lei das contravenções penais), incluem-se as infrações dos arts. 24 a 26. No entanto, a Lei Complementar n o 64/90 atualizada pela Lei Complementar n o 135/2010, não compreende os delitos de menor potencial ofensivo, os culposos e os de ação penal privada, conforme redação do 4 o do art. 1 o da Lei das Inelegibilidades. Neste caso, a violação às regras penais da Lei de contravenções penais não deve ser anotada para fins de inelegibilidade. A Nova Lei Complementar n o 135, de 4 de Junho de 2010 (Lei da Ficha Limpa) 13

Crimes contra o meio ambiente. Lei n o 9.605/98; Lei n o 6.938/81. Crimes contra a saúde pública. Código Penal, arts. 267 até 285; Lei n o 8.072/90; Lei n o 9.677/98; Lei n o 8.137/90; Lei n o 9.279/96; Lei n o 10.357/01; Código Penal Militar, arts. 290 até 297. Crimes de abuso de autoridade. Lei n o 4.898/65 e Código Penal, art. 350. Crimes de lavagem ou ocultação de bens, direitos e valores. Lei n o 9.613/98. Crime de racismo. Lei n o 7.716/89. Crime de tortura. Lei n o 9.455/97. Crime de terrorismo. Lei n o 7.170/83, art. 20; Lei n o 8.072/90. Resumo de Direito Eleitoral Crimes hediondos. Lei n o 8.072/90. Crime de redução à condição análoga à de escravo Código Penal, art. 149. 14

Crimes contra a vida. Código Penal, art. 121 a 128; Código Penal Militar, arts. 205 até 208, 401 e 402. Crimes contra a dignidade sexual. Código Penal, arts. 213 até 234-C; Código Penal Militar, arts. 232 até 239. Crimes praticados por organização criminosa, quadrilha ou bando. Código Penal, art. 288 e Lei n o 9.034/95. 3) A INELEGIBILIDADE PREVISTA NO ART. 1 o, INCISO I, ALÍNEA g. g) os que tiverem suas contas relativas ao exercício de cargos ou funções públicas rejeitadas por irregularidade insanável que configure ato doloso de improbidade administrativa, e por decisão irrecorrível do órgão competente, salvo se esta houver sido suspensa ou anulada pelo Poder Judiciário, para as eleições que se realizarem nos 8 (oito) anos seguintes, contados a partir da data da decisão, aplicando-se o disposto no inciso II do art. 71 da Constituição Federal, a todos os ordenadores de despesa, sem exclusão de mandatários que houverem agido nessa condição; (Redação dada pela Lei Complementar n o 135, de 2010) A Nova Lei Complementar n o 135, de 4 de Junho de 2010 (Lei da Ficha Limpa) No julgamento do Recurso Ordinário n o 751-79/TO, rel. Min. Arnaldo Versiani, em 8/9/2010, o TSE definiu que na expressão ordenadores de despesa constante da transcrita alínea g acima, não alcança os chefes do Poder Executivo: ainda que o Prefeito seja responsável pela execução de orçamento e pela captação de receitas e ordenação de despesas, o Tribunal de Contas não é competente para julgamento das suas contas, porquanto o art. 31 da Constituição Federal é claro ao atribuir à Câmara Municipal tal competência. 15

Assim, no que tange ao disposto no art. 71, II da CRFB, não se pode considerar como ordenador de despesas o prefeito, para efeito de seu julgamento pelo tribunal de contas, visto que a competência para apreciação de suas contas é da Câmara Municipal. 4) A INELEGIBILIDADE PREVISTA NO ART. 1 o, INCISO I, ALÍNEA h. h) os detentores de cargo na administração pública direta, indireta ou fundacional, que beneficiarem a si ou a terceiros, pelo abuso do poder econômico ou político, que forem condenados em decisão transitada em julgado ou proferida por órgão judicial colegiado, para a eleição na qual concorrem ou tenham sido diplomados, bem como para as que se realizarem nos 8 (oito) anos seguintes; (Redação dada pela Lei Complementar n o 135, de 2010) A inovação normativa nesse ponto foi em configurar a inelegibilidade quando houver a decisão condenatória por órgão colegiado, e não apenas com o seu trânsito em julgado. Ainda assim, em relação ao prazo, passou de três para oito anos. 5) A INELEGIBILIDADE PREVISTA NO ART. 1 o, INCISO I, ALÍNEA j. Resumo de Direito Eleitoral 16 j) os que forem condenados, em decisão transitada em julgado ou proferida por órgão colegiado da Justiça Eleitoral, por corrupção eleitoral, por captação ilícita de sufrágio, por doação, captação ou gastos ilícitos de recursos de campanha ou por conduta vedada aos agentes públicos em campanhas eleitorais que impliquem cassação do registro ou do diploma, pelo prazo de 8 (oito) anos a contar da eleição; (Incluído pela Lei Complementar n o 135, de 2010) A partir desta alínea j, todas as hipóteses são completas inovações trazidas pela Lei Complementar n o 135/2010. As decisões colegiadas com base na captação ilícita de sufrágio, por si só, acarretam o efeito automático da inelegibilidade,

o que deverá ensejar a comunicação e inserção no banco de dados da Justiça Eleitoral. Assim, quando o Tribunal Regional Eleitoral julgar e condenar o infrator pelo art. 41-A, é necessário anotar na zona eleitoral e em código específico, a inelegibilidade deste dispositivo legal, independentemente do transito em julgado da decisão. Se a decisão, por exemplo, do Tribunal Superior Eleitoral reformar a decisão do Tribunal Regional Eleitoral faz-se nova anotação, objetivando um efetivo e permanente controle desta causa de inelegibilidade. No caso do juiz eleitoral da zona eleitoral condenar o infrator e não for interposto recurso ocorrendo o transito em julgado da decisão do art. 41-A, também é necessário o lançamento no código próprio da zona eleitoral respectiva. A alínea j tratou do efeito secundário ou reflexo da decisão sobre os tipos ali referidos, v.g., compra de votos. Assim, a inelegibilidade por 8(oito) anos contada da data da eleição atua como causa defluente da própria imposição legal, como se fosse uma hipoteca judicial na sentença condenatória (art. 466 do CPC). Vejamos. É importante observar que, a desaprovação das contas em procedimento eleitoral com base no art. 30, III, da Lei n o 9.504/97, ou seja, quando verificadas falhas que comprometam a regularidade, não acarreta, por si só, a inelegibilidade, pois é imprescindível que ocorra uma representação com pedidos de cassação do registro ou do diploma na forma do art. 30-A da norma de regência. É cediço que nem toda insanabilidade de contas é caracterizadora de abuso do poder econômico; e, além de tudo, neste caso, a lei foi específica em estabelecer um nexo de causalidade homogêneo entre a cassação do registro ou diploma e a inelegibilidade, até porque a alínea d do mesmo artigo desta lei das inelegibilidades, faz menção a (...) representação julgada procedente pela Justiça Eleitoral... em processo de apuração de abuso do poder econômico... Destaca-se na lei a expressa doação. De certo que o termo doação está interligado ao aspecto ilícito. Nesta linha, é possível 17 A Nova Lei Complementar n o 135, de 4 de Junho de 2010 (Lei da Ficha Limpa)

que o candidato infrator tenha recebido doações de pessoas físicas ou jurídicas, previstas no art. 24 da Lei n o 9.504/97, tais como: concessionários de serviços públicos, sindicatos, entidades religiosas, esportivas etc. São as fontes proibidas de doar. E ainda, a alínea j tratou como efeito secundário da sentença na representação por condutas vedadas (arts. 73, 4 o,74, 75, parágrafo único e 77 da Lei das Eleições), a inelegibilidade por 8 (oito) anos. No que tange a essa alínea, o TSE decidiu que há de ser reconhecida a inelegibilidade, ainda que a condenação somente tenha imposto a respectiva multa, em virtude de o candidato não haver sido eleito. Não fosse assim, somente seria inelegível aquele candidato cuja prática de captação ilícita de sufrágio importou em sua efetiva eleição. Já aquele candidato que não se elegeu, apesar da mesma prática de captação ilícita de sufrágio, seria elegível, o que não se mostra razoável diante da interpretação da alínea j, que prevê igualmente a inelegibilidade daqueles que forem condenados por captação ilícita de sufrágio, não se estabelecendo nenhuma distinção entre aqueles que tiveram sucesso ou insucesso no resultado final da compra de votos. (TSE, Recurso Ordinário n o 1.715-30/DF, rel. Min. Arnaldo Versiani, em 2/9/2010). Resumo de Direito Eleitoral Há de se observar, ainda, o que esclarecido no julgamento do Agravo Regimental no Recurso Ordinário n o 854-97/RR, rel. Min. Marcelo Ribeiro, em 13/10/2010; em que estabelecida a inelegibilidade de 8 (oito) anos do pretenso candidato (a contar das eleições de 2006), que fora condenado em 2007 por captação ilícita de sufrágio relativa às eleições de 2006. Argumentou-se o decurso do prazo de 3 (três) anos previsto na lei anterior, o que foi desconsiderado pelo Tribunal, visto que a hipótese de inelegibilidade por condenação em captação ilícita de sufrágio é inovação legal, e, portanto, sujeito ao período de 8 anos. 18

6) A INELEGIBILIDADE PREVISTA NO ART. 1 o, INCISO I, ALÍNEA k. k) o Presidente da República, o Governador de Estado e do Distrito Federal, o Prefeito, os membros do Congresso Nacional, das Assembleias Legislativas, da Câmara Legislativa, das Câmaras Municipais, que renunciarem a seus mandatos desde o oferecimento de representação ou petição capaz de autorizar a abertura de processo por infringência a dispositivo da Constituição Federal, da Constituição Estadual, da Lei Orgânica do Distrito Federal ou da Lei Orgânica do Município, para as eleições que se realizarem durante o período remanescente do mandato para o qual foram eleitos e nos 8 (oito) anos subsequentes ao término da legislatura; (Incluído pela Lei Complementar n o 135, de 2010) A inelegibilidade prevista nesta alínea tem como termo inicial o oferecimento de representação ou petição que possua uma capacidade meritória de autorizar a abertura de processo por infringência a dispositivos constitucionais. Desta forma, o infrator não se sujeitará à inelegibilidade aqui tratada se ele renunciar ao mandato antes do oferecimento da petição referida. Segundo preceitua o Código de Ética e Decoro Parlamentar da Câmara dos Deputados: Art. 14. A aplicação das penalidades de suspensão temporária A Nova Lei Complementar n o 135, de 4 de Junho de 2010 (Lei da Ficha Limpa) do exercício do mandato, de no máximo trinta dias, e de perda do mandato são de competência do Plenário da Câmara dos Deputados, que deliberará em escrutínio secreto e por maioria absoluta de seus membros, por provocação da Mesa ou de partido político representado no Congresso Nacional, após processo disciplinar instaurado pelo Conselho de Ética e Decoro Parlamentar, na forma deste artigo. 1 o Será punível com a suspensão temporária do exercício do mandato o deputado que incidir nas condutas descritas nos incisos IV, V e IX do art. 5o 19

e com a perda do mandato o deputado que incidir nas condutas descritas no art. 4o. 2 o Poderá ser apresentada, à Mesa, representação popular contra deputado por procedimento punível na forma deste artigo. 3 o A Mesa não poderá deixar de conhecer representação apresentada nos termos do 2o, devendo sobre ela emitir parecer fundamentado, determinando seu arquivamento ou o envio ao Conselho de Ética e Decoro Parlamentar para a instauração do competente processo disciplinar, conforme o caso. 4 o Recebida representação nos termos deste artigo, o Conselho observará o seguinte procedimento:. Resumo de Direito Eleitoral A capacidade meritória que autoriza a abertura de um processo nos termos do dispositivo legal é verificada, preliminarmente, pela Mesa da Casa respectiva ou órgão equivalente de previsão regimental. Por exemplo, se a Mesa arquivar a representação, não há que se falar em inelegibilidade. De certo que não é suficiente apenas o oferecimento da representação ou petição, pois ela deve ter elementos probatórios que possam efetivamente autorizar um processo disciplinar que ensejará a perda do mandato. O art. 55 da Carta Magna trata nos incisos I a VI das hipóteses que acarretam a perda do mandato do deputado ou senador, o que é repetido em normas das Cartas estaduais e leis orgânicas municipais. Uma das hipóteses é a falta de decoro parlamentar, que enseja uma análise ética e subjetiva de valoração moral. Outro caso importante é a incompatibilidade prevista no art. 54 da Constituição Federal. Não são todos os casos que acarretam a inelegibilidade, até porque não se pode admitir o bis in idem. Assim sendo, entendemos em consonância com o autor Uadi Lammêgo Bulos, em sua obra Curso de Direito Constitucional, p. 972, 4ª Ed., editora Saraiva, que a renúncia do parlamentar nos 20

moldes do art. 55, 4 o da Constituição Federal refere-se à violação do art. 54 e ao decoro parlamentar. Destacamos: Art. 55. (...) 4 o A renúncia de parlamentar submetido a processo que vise ou possa levar à perda do mandato, nos termos deste artigo, terá seus efeitos suspensos até as deliberações finais de que tratam os 2 o e 3 o. É importante ressaltar que o legislador não considerou a desincompatibilização pela renúncia (afastamento definitivo), que é realizado pelos chefes do Poder Executivo, como uma causa ensejadora da inelegibilidade prevista nesta alínea, mas ressalvou que é possível o reconhecimento pela Justiça Eleitoral de uma eventual fraude. Destacamos: Lei Complementar n o 64/90, art. 1 o, 5 o. : A renúncia para atender à desincompatibilização com vistas a candidatura a cargo eletivo ou para assunção de mandato não gerará a inelegibilidade prevista na alínea k, a menos que a Justiça Eleitoral reconheça fraude ao disposto nesta Lei Complementar. No Recurso Ordinário n o 1616-60/DF, em que se questionava perante o TSE a validade da norma em relação à hipótese em tela, argumentou-se ser a renúncia um ato jurídico perfeito, razão pela qual norma posterior não o poderia alcançar. Entretanto, o Colendo TSE rechaçou essa tese ao considerar que mesmo sendo ato jurídico perfeito, não se pode ter a renúncia como ato infenso a consequências futuras de inelegibilidade, sob pena de se entender que a prática de crime, por exemplo, também seria infensa a essas mesmas conseqüências (...) Afinal, a condição de ato jurídico perfeito significa que a renúncia não pode ser desconstituída, mas não que outros efeitos dela não possam ser extraídos, sobretudo para ser erigida em causa de inelegibilidade, se configurados os pressupostos exigidos na legislação. Nessa mesma oportunidade, o TSE ponderou que A Nova Lei Complementar n o 135, de 4 de Junho de 2010 (Lei da Ficha Limpa) 21

...não cabe à Justiça Eleitoral examinar a idoneidade da representação protocolada contra o ora recorrente quando ele era Senador da República. Não compete à Justiça Eleitoral avaliar se o candidato sofreria, ou não, a perda de seu mandato por infração a dispositivo da Constituição Federal. Interessa à Justiça Eleitoral apenas verificar se, nos termos da alínea k, houve renúncia desde o oferecimento de representação ou petição capaz de autorizar a abertura de processo por infringência a dispositivo da Constituição Federal,... O que importa, no entanto, para os fins da alínea k, é que a renúncia ocorra após o oferecimento da representação, e não que o parlamentar tenha tido comprovado conhecimento, sobretudo oficial, dos seus termos. (...) para imposição da inelegibilidade basta a capacidade de abertura do processo, e não de perda do mandato. Do contrário, a própria Justiça Eleitoral é que teria de julgar a eventual infração, para saber se ela poderia levar, ou não, à perda do mandato. (...) Resumo de Direito Eleitoral Assim, parece-me que o juízo de valor a ser exercido pela Justiça Eleitoral, nessas hipóteses de renúncia, é apenas para aquilatar se ela visou a trancar o processo disciplinar, ou se houve outra motivação subjacente que não aquela. No caso, entretanto, o candidato não apresenta nenhum motivo que procure justificar a renúncia, especialmente motivo que não possa ser compreendido como ato deliberado e tendente a encerrar o processo disciplinar. Tendo sido eleito em 2006 para a legislatura 2007-2015 e empossado no cargo de Senador, mas renunciando ao mandato em 2007, o candidato está inelegível pelo período de 8 (oito) 22

anos a contar do término daquela legislatura, o que alcança as próximas eleições de 2010. 7) A INELEGIBILIDADE PREVISTA NO ART. 1 o, INCISO I, ALÍNEA l. l) os que forem condenados à suspensão dos direitos políticos, em decisão transitada em julgado ou proferida por órgão judicial colegiado, por ato doloso de improbidade administrativa que importe lesão ao patrimônio público e enriquecimento ilícito, desde a condenação ou o trânsito em julgado até o transcurso do prazo de 8 (oito) anos após o cumprimento da pena; (Incluído pela Lei Complementar n o 135, de 2010) A suspensão dos direitos políticos aqui tratada, é baseada no art. 15, V da Carta Magna e nas ações civil de improbidade ou popular, (Leis 8.429/92 e 4.717/65), mas é inegável que os atos de improbidade podem ter feição eleitoral, pois praticados durante as campanhas eleitorais ou objetivando-as, nos anos de eleição. Nesta linha diz o art. 73, 7 o da Lei n o 9.504/97, que as condutas vedadas aos agentes públicos são atos que acarretam a cominação das sanções do art. 12, III da Lei n o 8.429/92, ou seja, se um candidato a Prefeito em sua reeleição desvia dinheiro público para a campanha, se submete a sanção de suspensão dos direitos políticos. No entanto, esta sanção não se aplica na esfera de competência da Justiça Eleitoral, pois segue a lei de improbidade administrativa. Desta maneira, a Justiça Eleitoral poderá julgar uma representação por conduta vedada que acarreta a cassação do registro, diploma, multa e possui como efeito secundário ou reflexo da sentença a inelegibilidade. Não é de competência da Justiça Eleitoral condenar o infrator pela suspensão dos direitos políticos (art. 15,V da Carta Magna). Todavia, se o ato de improbidade for tipificado como lesivo ao patrimônio e gerador de enriquecimento ilícito, ou seja, se ambas as hipótese coexistirem, além do infrator se sujeitar a suspensão dos direitos políticos nos prazos estabalecidos na Lei 23 A Nova Lei Complementar n o 135, de 4 de Junho de 2010 (Lei da Ficha Limpa)

Resumo de Direito Eleitoral n o 8.429/92 ele ficará inelegível por 8(oito) anos. Trata-se de uma causa de inelegibilidade que é efeito secundário da sentença ou acórdão não eleitoral, mas que impedirá o registro de uma candidatura e até mesmo servirá como matéria de impugnação ao mandato eletivo. Devemos separar o dispositivo legal em duas hipóteses: a primeira, refere-se a sentença transitada em julgado na esfera da competência da Justiça não eleitoral (comum ou federal), mas que reconheceu a lesão ao patrimônio e o enriquecimento ilícito. Nesta trilha, criou o legislador a possibilidade de após o cumprimento da pena de suspensão dos direitos políticos se suceder outra vedação, ou seja, a inelegibilidade de 8 (oito) anos, asssim como, o fez no caso da alínea e da mesma lei. É possível a criação desta causa super veniente de inelegibilidade, após uma causa originária de suspensão dos direitos políticos. É opção de legitimação democrática do sistema legislativo eleitoral, pois se valoriza a probidade na Administração Pública como um fator antecedente ao acesso aos mandatos eletivos. A segunda premissa legal se arrima desde a condenação até o trânsito em julgado, quando o réu estará inelegível. Com a superveniência da coisa julgada ele estará na causa de suspensão dos direitos políticos, mas se deve detrair o período de inelegibilidade já cumprido do que se despontará após o cumprimento da pena de suspensão. O princípio da soberania popular impõe limitações aos futuros escolhidos nas eleições, o que justifica a existência antecedente à suspensão dos direitoas políticos da causa de inelegibilidade, bem como a sua superveniência, após o período desta suspensão. Por fim, cumpre a Justiça Eleitoral no exame do registro do candidato verificar se a condenação na ação civil de improbidade é em sua fisionomia um ato doloso, pois o culposo não enseja a inelegibilidade. 24

8) A INELEGIBILIDADE PREVISTA NO ART. 1 o, INCISO I, ALÍNEA m. m) os que forem excluídos do exercício da profissão, por decisão sancionatória do órgão profissional competente, em decorrência de infração éticoprofissional, pelo prazo de 8 (oito) anos, salvo se o ato houver sido anulado ou suspenso pelo Poder Judiciário; (Incluído pela Lei Complementar n o 135, de 2010) É importante salientar que as definições de infrações éticoprofissionais são variáveis na análise da consulta aos diversos estatutos profissionais. Por exemplo, na Lei n o 8.906/94 (que dispõe sobre o estatuto da advocacia), destaca-se: Art. 38. A exclusão é aplicável nos casos de: I aplicação, por três vezes, de suspensão; II infrações definidas nos incisos XXVI a XXVIII do art. 34. Parágrafo único. Para a aplicação da sanção disciplinar de exclusão, é necessária a manifestação favorável de dois terços dos membros do Conselho Seccional competente. Nesse diapasão, é importante firmar um acordo com os Conselhos de Classe para que estes venham comunicar à Justiça Eleitoral, a fim de que se proceda à devida anotação do cadastro correspondente. A Nova Lei Complementar n o 135, de 4 de Junho de 2010 (Lei da Ficha Limpa) 9) A INELEGIBILIDADE PREVISTA NO ART. 1 o, INCISO I, ALÍNEA n. n) os que forem condenados, em decisão transitada em julgado ou proferida por órgão judicial colegiado, em razão de terem desfeito ou simulado desfazer vínculo conjugal ou de união estável para evitar caracterização de inelegibilidade, pelo prazo de 8 (oito) anos após a decisão que reconhecer a fraude; (Incluído pela Lei Complementar n o 135, de 2010) 25

Como se verifica, um dos cônjuges ou companheiro pretende se candidatar em uma determinada circunscrição eleitoral, mas, para evitar a incidência do 7 o do art. 14 da Carta Magna, engana a Justiça Eleitoral, simulando o desfazimento do vínculo. Nada impede que, por exemplo, a trama simulatória seja descoberta no momento do deferimento do registro da candidatura. Neste caso, o juiz eleitoral ou o tribunal pode, de ofício, reconhecer a fraude e esta decisão servirá para declarar a inelegibilidade e indeferir o pedido de candidatura. 10) A INELEGIBILIDADE PREVISTA NO ART. 1 o, INCISO I, ALÍNEA o. o) os que forem demitidos do serviço público em decorrência de processo administrativo ou judicial, pelo prazo de 8 (oito) anos, contado da decisão, salvo se o ato houver sido suspenso ou anulado pelo Poder Judiciário; (Incluído pela Lei Complementar n o 135, de 2010) Essa inelegibilidade deve ser analisada em razão de consultas dos estatutos dos servidores públicos. Por exemplo, a Lei n o 8.112/90 (dispõe sobre o regime jurídico dos servidores públicos civis da União, das autarquias e das fundações públicas federais) consagra, no art. 127, III, a pena de demissão, quando, por exemplo, for violado o art. 132, in verbis: Art. 132. A demissão será aplicada nos seguintes casos: Resumo de Direito Eleitoral I crime contra a administração pública; II abandono de cargo; III inassiduidade habitual; IV improbidade administrativa; V incontinência pública e conduta escandalosa, na repartição; VI insubordinação grave em serviço; 26

VII ofensa física, em serviço, a servidor ou a particular, salvo em legítima defesa própria ou de outrem; VIII aplicação irregular de dinheiros públicos; IX revelação de segredo do qual se apropriou em razão do cargo; X lesão aos cofres públicos e dilapidação do patrimônio nacional; XI corrupção; XII acumulação ilegal de cargos, empregos ou funções públicas; XIII transgressão dos incisos IX a XVI do art. 117. É importante salientar que uma das causas que acarreta a demissão é a improbidade administrativa, que também é causa de inelegibilidade nas alíneas g e l da Lei das Inelegibilidades. Assim, o intérprete deve ter o cuidado em contabilizar o prazo total de inelegibilidade de oito anos pela incidência, eventualmente concomitante, desses dispositivos legais, pois podem ocorrer casos concretos em que o infrator tenha, por exemplo, uma condenação por improbidade na via judicial e este mesmo fato serviu para, em âmbito administrativo, fundamentar a sua demissão. Não se pode admitir o bis in idem das causas de inelegibilidade quando decorrentes do mesmo fato. A Nova Lei Complementar n o 135, de 4 de Junho de 2010 (Lei da Ficha Limpa) 11) A INELEGIBILIDADE PREVISTA NO ART. 1 o, INCISO I, ALÍNEA p. p) a pessoa física e os dirigentes de pessoas jurídicas responsáveis por doações eleitorais tidas por ilegais por decisão transitada em julgado ou proferida por órgão colegiado da Justiça Eleitoral, pelo prazo de 8 (oito) anos após a decisão, observando-se o procedimento previsto no art. 22; (Incluído pela Lei Complementar n o 135, de 2010) 27

Neste caso, a inelegibilidade pelo prazo de oito anos deflui após o reconhecimento, pela Justiça Eleitoral, de uma doação ilegal advinda de pessoa física ou jurídica. Na hipótese, não se pune a pessoa jurídica, mas sim, os dirigentes, que são pessoas físicas, mas apenas quando a responsabilidade possa ser individualizada. O art. 24 da Lei n o 9.504/97 contempla as denominadas fontes vedadas, que são impedidas de doar para as campanhas eleitorais, por exemplo, os concessionários de serviço público. Outrossim, o art. 23, 1 o, I, da Lei das Eleições admite a doação por pessoa física até o limite de 10% dos rendimentos brutos que foram auferidos no ano anterior à eleição. O art. 81 da mesma norma de regência limita a 2% do faturamento bruto as doações de pessoas jurídicas. Assim sendo, quando os doadores ultrapassarem os limites previstos na legislação eleitoral, podem ser alvo de uma representação que obedecerá ao rito previsto no art. 22 e incisos da Lei das Inelegibilidades, no que couber, que culminará com a declaração da inelegibilidade. 12) A INELEGIBILIDADE PREVISTA NO ART. 1 o, INCISO I, ALÍNEA q. Resumo de Direito Eleitoral q) os magistrados e os membros do Ministério Público que forem aposentados compulsoriamente por decisão sancionatória, que tenham perdido o cargo por sentença ou que tenham pedido exoneração ou aposentadoria voluntária na pendência de processo administrativo disciplinar, pelo prazo de 8 (oito) anos; (Incluído pela Lei Complementar n o 135, de 2010) Contemplou o dispositivo da Lei das Inelegibilidades que o pedido de exoneração ou a aposentadoria voluntária na pendência de um processo administrativo disciplinar pode acarretar a inelegibilidade pelo prazo de oito anos da decisão final. Todavia, se o procedimento enseja uma sanção de advertência, suspensão e outras diversas da aposentadoria compulsória e da demissão, não se pode aplicar a causa de inelegibilidade aqui prevista, pois o 28

intuito do legislador foi o de evitar a evasão do infrator em relação às punições finais de aposentadoria compulsória ou demissão. Desta forma, como se nota, é inegável a ampliação das causas de inelegibilidades que devem ser lançadas no sistema ELO do Egrégio Tribunal Superior Eleitoral. É necessária a comunicação das decisões condenatórias colegiadas proferidas pelos Tribunais de Justiça e Federais à Justiça Eleitoral, pois elas acarretam as inovadoras causas de inelegibilidade. MARCOS RAMAYANA Apresentamos ao Leitor as Recentes Decisões Dos Tribunais Eleitorais Sobre A Nova Lei da Ficha Limpa. Jurisprudência Selecionada Lei Complementar n o 135/2010 Lei da Ficha Limpa I. Decisões do TSE sobre a Lei Complementar n o 135/2010 Lei da Ficha Limpa...01 1. Aplicabilidade da Lei Complementar 135/2010 às eleições de 2010...01 2. Alínea g do inciso I do art. 1 o da Lei Complementar n o 64/1990, introduzida pela Lei Complementar n o 135/2010...73 3. O disposto no art. 26-C da LC n o 64/90, inserido pela LC n o 135/2010, não afasta o poder geral de cautela do juiz, nem transfere ao Plenário a competência para examinar, inicialmente, pedido de concessão de medida liminar, ainda que a questão envolva inelegibilidade...75 4. O afastamento da inelegibilidade da alínea g do inciso I do art. 1 o da Lei Complementar n o 64/1990, com redação dada pela Lei Complementar n o 135/2010, pressupõe a obtenção de medida liminar ou de antecipação de tutela que suspenda os efeitos de decisão de rejeição de contas... 76 5. A inelegibilidade prevista na alínea e do inciso I do art. 1 o da Lei Complementar n o 64/1990, com redação conferida pela Lei A Nova Lei Complementar n o 135, de 4 de Junho de 2010 (Lei da Ficha Limpa) 29

Complementar n o 135/2010, somente pode incidir após a publicação do acórdão condenatório...77 6. Na hipótese de condenação pretérita em ação de investigação judicial eleitoral em que já tenha decorrido o prazo de inelegibilidade de três anos, não cabe o reconhecimento da inelegibilidade por oito anos...78 7. Divergência entre a aplicação da alínea d e a alínea j do art. 1 o da LC n o 64/1990, ambas com redação dada pela LC n o 135/2010......79 8. TSE conclui que Tribunal do Júri é um órgão colegiado...82 II. Decisões do STF sobre a Lei Complementar n o 135/2010 Lei da Ficha Limpa...83 1. Inelegibilidade e renúncia...83 I. Decisões do TSE sobre a Lei Complementar n o 135/2010 Lei da Ficha Limpa 1. Aplicabilidade da Lei Complementar 135/2010 às eleições de 2010: Resumo de Direito Eleitoral Aplicação. Lei Complementar n o 135/2010. Eleições 2010. Trata-se de consulta formulada pelo Senador da República Arthur Virgílio Neto questionando a aplicabilidade para as eleições de 2010 de lei que disponha sobre inelegebilidade que entre em vigor antes do dia 5 de julho. Inicialmente, o Ministro Relator Hamilton Carvalhido ponderou que, embora iniciado o período para a realização das convenções, quando o Tribunal não mais conhece das consultas formuladas, tal entendimento comporta exceção, caracterizado na espécie, tendo em vista tratar da aplicação da nova Lei de Inelegibilidade Lei Complementar n o 135, publicada em 7.6.2010. Ressalvou que o conhecimento das consultas pelo Tribunal Superior Eleitoral tem a função precípua de orientar os tribunais regionais eleitorais, os juízes eleitorais e os jurisdicionados quanto à aplicação da Lei Eleitoral, absolutamente necessária no caso em tela. No mérito, o eminente relator assentou que a nova lei, denominada Lei da Ficha Limpa, não deixa dúvida em seus termos quanto à sua aplicação alcançar situações anteriores ao início de sua vigência e, consequentemente, as eleições de 2010. Nesse sentido destacou o disposto no art. 3 o da nova lei. Em sequência, afirmou a inexistência de óbice à incidência imediata da norma quanto ao princípio da anualidade estatuído no art. 16 da Constituição Federal. Nesse ponto, destacou que as inovações 30