Carlos Alberto Costa Veloso 1 e Anna Cristina Malcher Muniz 2

Documentos relacionados
Comportamento de plantas de açaizeiro em relação a diferentes doses de NPK na fase de formação e produção

AVALIAÇÃO DO DESEMPENHO DO FONOLITO VIA MINERAL EM LARANJEIRAS ADULTAS

NPK EM MUDAS DE GRAVIOLEIRA

Boletim de Pesquisa e Desenvolvimento 61

INTRODUÇÃO. Eng. Agrôn. M.Sc. Embrapa Amazônia Oriental, Caixa Postal 48, CEP Belém, PA.

Concentrações de Nutrientes no Limbo Foliar de Melancia em Função de Épocas de Cultivo, Fontes e Doses de Potássio.

Estratégias de manejo da fertilidade do solo na citricultura

IV Congresso Brasileiro de Mamona e I Simpósio Internacional de Oleaginosas Energéticas, João Pessoa, PB 2010 Página 637

DOSES DE FERTILIZANTES PARA O ABACAXIZEIRO PÉROLA NA MESORREGIÃO DO SUL BAIANO

ADUBAÇÃO NPK DO ALGODOEIRO ADENSADO DE SAFRINHA NO CERRADO DE GOIÁS *1 INTRODUÇÃO

18 PRODUTIVIDADE DA SOJA EM FUNÇÃO DA

Atributos químicos no perfil de solos cultivados com bananeira sob irrigação, no Projeto Formoso, Bom Jesus da Lapa, Bahia

Avaliação de Doses e Fontes de Nitrogênio e Enxofre em Cobertura na Cultura do Milho em Plantio Direto

CALAGEM E GESSAGEM DE SOLO CULTIVADO COM ALGODÃO NO CERRADO DE RORAIMA 1 INTRODUÇÃO

DOSES DE NITROGÊNIO EM COBERTURA NO MILHO SAFRINHA, FONTES E MODOS DE APLICAÇÃO DE FÓSFORO EM SISTEMA DE SUCESSÃO COM SOJA NO ESTADO DO MATO GROSSO

431 - AVALIAÇÃO DE VARIEDADES DE MILHO EM DIFERENTES DENSIDADES DE PLANTIO EM SISTEMA ORGÂNICO DE PRODUÇÃO

CÁLCULOS DE FECHAMENTO DE FORMULAÇÕES E RECOMENDAÇÃO DE ADUBAÇÃO

Recomendação de calagem e adubação

A Cultura do Algodoeiro

EFEITO DE ADUBAÇÃO NITROGENADA EM MILHO SAFRINHA CULTIVADO EM ESPAÇAMENTO REDUZIDO, EM DOURADOS, MS

16 EFEITO DA APLICAÇÃO DO FERTILIZANTE FARTURE

INFLUÊNCIA DA ADUBAÇÃO COM NITROGÊNIO, FÓSFORO E POTÁSSIO' NA FORMAÇÃO DE MUDAS DE JABORANDI

Teor de N, P e K em alface-americana em função da aplicação de nitrogênio e potássio em adubação de cobertura, nas condições de inverno.

Doses de potássio na produção de sementes de alface.

43ª Reunião Anual da Sociedade Brasileira de Zootecnia 24 a 27 de Julho de 2006 João Pessoa - PB

PARCELAMENTO DA COBERTURA COM NITROGÊNIO PARA cv. DELTAOPAL E IAC 24 NA REGIÃO DE SELVÍRIA-MS

LEANDRO ZANCANARO LUIS CARLOS TESSARO JOEL HILLESHEIM LEONARDO VILELA

Análise do crescimento de plantas de cebola (Allium cepa L.) em função de doses de nitrogênio em semeadura direta.

PRODUÇÃO DE ABACAXI PEROLA EM DIFERENTES DOSES DE ADUBAÇÃO EM FLORESTA DO ARAGUAIA, PARÁ

ADUBAÇÃO DE CULTURAS ANUAIS EM SOLOS ARENOSOS. Heitor Cantarella

FRUTÍFERAS TROPICAIS LINDBERGUE A. CRISOSTOMO EMBRAPA AGROINDÚSTRIA TROPICAL

A cultura da soja. Recomendação de correção e adubação

COMPONENTES DE PRODUÇÃO DO ALGODOEIRO EM FUNÇÃO DE CALAGEM E GESSAGEM NO CERRADO DE RORAIMA 1

Protocolo. Dinâmica do K. Dinâmica do potássio em solo de textura arenosa

RESPOSTA DE MILHO SAFRINHA CONSORCIADO COM Brachiaria ruziziensis À ADUBAÇÃO, EM DOURADOS, MATO GROSSO DO SUL

Comportamento do milho em função da Densidade Populacional e da Adubação Nitrogenada no Oeste Paraense

Piracicaba SP / 09 de Junho de 2016

Comportamento do paricá submetido à adubação fosfatada e nitrogenada em um Latossolo Amarelo distrófico do sudeste paraense (1)

Unidade IX. José Ribamar Silva

Mestrando da Universidade Federal Rural da Amazônia UFRA, Av. Presidente Tancredo Neves, 2501, , Belém, PA; (2)

RESPOSTA DO FEIJÃO-CAUPI À ADUBAÇÃO FOSFATADA E POTÁSSICA EM LATOSSOLO AMARELO DO NORDESTE PARAENSE

Efeito de Fontes e Doses de Fertilizantes Fosfatados na Cultura do Milho Elvio Brasil Pinotti 1, Leandro José Grava de Godoy 2 e Mateus Manji 3

INFLUÊNCIA DA ADUBAÇÃO ORGÂNICA E MATERIAL HÚMICO SOBRE A PRODUÇÃO DE ALFACE AMERICANA

ADUBAÇÃO DE MANUTENÇÃO COM NITROGÊNIO E FÓSFORO PARA A PRODUÇÃO DE FENO COM O CAPIM MASSAI (Panicum maximum CV. Massai)

IV Congresso Brasileiro de Mamona e I Simpósio Internacional de Oleaginosas Energéticas, João Pessoa, PB 2010 Página 726

XXIX CONGRESSO NACIONAL DE MILHO E SORGO - Águas de Lindóia - 26 a 30 de Agosto de 2012

RESPOSTA DO ALGODOEIRO A DOSES E MODOS DE APLICAÇÃO DE FÓSFORO EM SISTEMAS DE PLANTIO DIRETO E CONVENCIONAL NO CERRADO (*)

Eficiência agronômica de inoculante líquido composto de bactérias do gênero AzospirÜ!um

ATRIBUTOS QUÍMICOS DO SOLO E PRODUTIVIDADE DE MANDIOCA EM FUNÇÃO DA CALAGEM, ADUBAÇÃO ORGÂNICA E POTÁSSICA 1

Protocolo. Boro. Cultivo de soja sobre doses de boro em solo de textura média

ADUBAÇÃO DO TRIGO VIII EXPERIÊNCIAS COM N, P, K E S EM SOLOS DE VÁRZEA DO VALE DO PARAÍBA ( 1,2 )

ADUBAÇÃO POTÁSSICA DA SOJA EM SISTEMA DE PLANTIO DIRETO NO SUDOESTE DE GOIÁS

ADUBAÇÃO NITROGENADA E QUALIDADE DA ÁGUA DE IRRIGAÇÃO E SEUS EFEITOS NA PRODUTIVIDADE E COMPONENTES DE PRODUÇÃO DO ALGODOEIRO HERBÁCEO *

Função de resposta do milho verde a adubação nitrogenada para as condições edafoclimáticas de Teresina-PI

Gestão da fertilidade do solo no sistema soja e milho

ISSN Dezembro, Guia Prático para a Adubação da Laranjeira com Base em Análises de Solo e Folha

ADUBAÇÃO NITROGENADA DO ALGODOEIRO HERBÁCEO IRRIGADO NO CARIRI CEARENSE

CANA-DE-AÇÚCAR: COMPORTAMENTO DE VARIEDADES EM PIRACICABA, SP 0

MANIPUEIRA COMO ADUBO ORGÂNICO PARA CULTIVO DA MANDIOCA EM ROÇA SEM FOGO, BAIÃO-PARÁ

FONTES DE ADUBOS FOSFATADOS EM ARROZ DE TERRAS ALTAS.

Continente asiático maior produtor (80%) Arroz sequeiro perdendo área para milho e soja

38º Congresso Brasileiro de Pesquisas Cafeeiras DOSES DE ADUBAÇÃO NITROGENADA E POTÁSSICA NA PRODUTIVIDADE DE CAFEEIROS NAS MATAS DE MINAS

AVALIAÇÃO DA CONCENTRAÇÃO DE METAIS PESADOS EM GRÃOS DE SOJA E FEIJÃO CULTIVADOS EM SOLO SUPLEMENTADO COM LODO DE ESGOTO

Avaliação Agronômica de gramíneas Forrageiras sob Três Níveis de Fertilização Fosfatada nos Cerrados de Rondônia

OBSERVAÇÕES SOBRE A ADUBAÇÃO FOLIAR EM FEI- JOEIRO (Phaseolus vulgaris L.) II ( 1 ). EDUARDO ANTÔNIO

11 EFEITO DA APLICAÇÃO DE FONTES DE POTÁSSIO NO

RESPOSTA DA LARANJEIRA-PÊRA À ADUBAÇÃO COM NITROGÊNIO, FÓSFORO E POTÁSSIO EM UM LATOSSOLO AMARELO DOS TABULEIROS COSTEIROS 1

"ADUBAÇÃO MINERAL,NA CULTURA DO, RABANETE (Raphanus sativus L.S.'

Impacto Ambiental do Uso Agrícola do Lodo de Esgoto: Descrição do Estudo

AVALIAÇÃO AGRONÔMICA DOS FOSFATOS NATURAIS DE ARAD, DE DAOUI E DE GAFSA EM RELAÇÃO AO SUPERFOSFATO TRIPLO. Resumo

PP = 788,5 mm. Aplicação em R3 Aplicação em R5.1. Aplicação em Vn

CORRELAÇÃO FENOTÍPICA ENTRE CARACTERES EM VARIEDADES E HÍBRIDOS DE MANDIOCA (Manihot esculenta Crantz)

Influência de doses de fósforo e de nitrogênio na produção de abobóra híbrida, tipo tetsukabuto, na região norte de Minas Gerais

AVALIAÇÃO DO USO DO PÓ DE ROCHA NO DESEMPENHO DE DUAS VARIEDADES DE MANDIOCA DE MESA

Protocolo. Enxofre. Resposta da cultura da sojaa fontes e doses deenxofre

AVALIAÇÃO DA FITOMASSA E COMPRIMENTO DAS RAÍZES DA MAMONEIRA BRS NORDESTINA INFLUENCIADOS PELA FERTILIZAÇÃO ORGÂNICA

ESTRATÉGIAS DE APLICAÇÃO E FONTES DE FERTILIZANTES NA CULTURA DA SOJA 1

CONTEÚDO DO MICRONUTRIENTE MOLIBDÊNIO NA SEMENTE DE FEIJÃO E PRODUTIVIDADE DAS PLANTAS-FILHAS

CALAGEM SUPERFICIAL E INCORPORADA E SUA INFLUÊNCIA NA PRODUTIVIDADE DO MILHO SAFRINHA AO LONGO DE CINCO ANOS

8º Congresso Brasileiro de Algodão & I Cotton Expo 2011, São Paulo, SP 2011 Página 1656

AVALIAÇÃO DA EFICIÊNCIA DO FERTILIZANTE ORGANOMINERAL VALORIZA. VALORIZA/Fundação Procafé

DOSES DE P E K PARA O FEIJÃO CAUPI EM SOLO ÁCIDO, DE BAIXA FERTILIDADE DO ESTADO DO PARÁ.

Protocolo Gessagem. Doses de gesso agrícola e seu residual para o sistema de produção soja/milho safrinha

Calagem no Sistema Plantio Direto para Correção da Acidez e Suprimento de Ca e Mg como Nutrientes

SUMÁRIO. Capítulo 1 ESCOPO DA FERTILIDADE DO SOLO... 1

Nutrição, Adubação e Calagem

13 AVALIAÇÃO DE PROGRAMAS DE NUTRIÇÃO VIA

PRODUTIVIDADE AGRÍCOLA DO MILHO HÍBRIDO AG7088 VT PRO3 CULTIVADO SOB DIFERENTES DOSES DE NITROGÊNIO

Enriquecimento de substrato com adubação NPK para produção de mudas de alface

Adubação de plantio para Eucalyptus sp.

Palavras chave: doses de calcário, ph do solo, formas de manejo, produção.

DISPONIBILIDADE DE MACRONUTRIENTES EM LATOSSOLO APÓS O USO DE ADUBAÇÃO VERDE

ADUBAÇÃO DA MAMONEIRA DA CULTIVAR BRS ENERGIA.

Recomendação de correção e adubação para citros

EFICIÊNCIA AGRONÔMICA E VIABILIDADE TÉCNICA DO PROGRAMA FOLIAR KIMBERLIT EM SOJA

Avaliação da Eficiência Agronômica do Milho Em Função da Adubação Nitrogenada e Fosfatada Revestida com Polímeros

Anais do Congresso de Pesquisa, Ensino e Extensão- CONPEEX (2010)

A CULTURA DO MILHO: CORREÇÃO, ADUBAÇÃO E ESTUDO DE CASO

BOLETIM TÉCNICO nº 19/2017

Transcrição:

Resposta da Laranjeira-Pêra aos Nutrientes N, P, K em Latossolo Amarelo do Nordeste Paraense Carlos Alberto Costa Veloso 1 e Anna Cristina Malcher Muniz 2 Introdução A citricultura no Brasil tem apresentado marcante expansão ao longo dos últimos anos, em função da excelente demanda dos mercados nacional e internacional, voltados ao consumo in natura e/ou à fabricação de suco concentrado. Com o avanço conseguido pela citricultura nesse período, o Estado do Pará passou a assumir posição de destaque, ficando entre os seis maiores produtores de laranja no Brasil. Entretanto, a produtividade dos pomares comerciais, utilizando a laranjeira como principal fruteira ainda é baixa, com um rendimento médio de 300 frutos/planta (Anuário... 1997). Uma série de fatores pode ser responsável pela baixa produtividade, dos quais podemse destacar: existência de laranjais que ainda não atingiram a plena produção; falta de tratamentos fitossanitários; práticas culturais inadequadas; adubação e correção inadequadas de acidez do solo (Veloso et al. 1999). A adubação assume relevante importância quando se constata a existência de grandes áreas citrícolas, em solos de baixa fertilidade, como os da Região Amazônica. A adubação nitrogenada é indispensável para manter a produção alta e constante. As doses de adubo dependerão da idade, tamanho e produção das plantas. Cohen (1976) indica que as plantas maduras requerem aproximadamente 100 a 300 kg de N/ha. O nitrogênio está muito correlacionado com o desenvolvimento vegetativo, principalmente com o de plantas novas (Malavolta, 1983). Em relação ao fósforo, apesar de as quantidades requeridas pela planta cítrica serem bem menores, quando comparadas com as de Ca, N e K, nos solos tropicais os teores de P no solo é muito baixo e age como fator limitante na produção. O nutriente atua na fotossíntese, na respiração, no armazenamento e transferência de energia, na divisão celular, no crescimento das células, além de outros processos. Quanto ao efeito do potássio, as doses empregadas nas regiões citrícolas variam muito, entre 150 a 230 kg/ha/ano, dependendo das características químicas dos solos e da produção. Entretanto, a influência do K na produção e qualidade dos frutos é facilmente notada, durante a maturação ocorre uma diminuição no teor foliar, provavelmente pela migração das folhas para os frutos e tecidos lenhosos (Cohen, 1976). 1 Eng. Agrôn, Dr. Embrapa Amazônia Oriental, Caixa Postal 48, CEP 66.017-970. Belém, PA.. E-mail: veloso@cpatu.embrapa.br 2 Eng. Agrôn, M.Sc. Estudante de Pós-Graduação da FCAP, Caixa Postal 917, CEP 66077-530. Belém, PA.

O objetivo deste trabalho foi estudar o efeito da aplicação de doses de nitrogênio, fósforo e potássio sobre a produção e qualidade dos frutos da laranjeira-pêra em formação, no Município de Capitão Poço, PA. Material e Métodos O experimento foi conduzido na área da fazenda da Citropar - Cítricos do Pará S.A., situada na mesorregião do nordeste paraense, no Município de Capitão Poço, no período compreendido entre fevereiro de 1996 e dezembro de 1999, em solo classificado como Latossolo Amarelo distrófico, textura franco-arenosa, cuja amostragem, antes da instalação do experimento, foi efetuada na camada de 0-20 cm de profundidade, e que apresentou os seguintes resultados: ph (H 2 O) = 4,9; M.O.= 16,9 g/kg; P= 1,3 mg dm -3 ; e os cátions trocáveis, em mmol c dm -3, K = 1,5; Ca 2+ =5,0; Mg 2+ =2,0; Al 3+ =19,0; H + Al= 54,0. Utilizou-se o delineamento em blocos ao acaso, com os tratamentos dispostos num esquema fatorial fracionado do tipo (4x4x4) 1/2, correspondendo a quatro doses de nitrogênio, quatro doses de fósforo e quatro doses de potássio. Cada parcela foi composta de seis plantas da variedade "Pêra (Citrus sinensis L. Osbeck) sobre limão Cravo (Citrus limonia L. Osbeck), espaçadas 6,8 m entre fileiras e 4,3 m entre plantas. Os tratamentos no primeiro ano corresponderam a quatro doses de nitrogênio (75; 150; 225 e 300 g/planta de N) na forma de uréia, quatro doses de fósforo (70; 110; 150 e 190 g/planta de P 2 ) na forma de superfosfato simples e quatro doses de potássio (75; 150; 225 e 300 g/planta de K 2 O) na forma de cloreto de potássio. A partir do segundo ano agrícola, quando as plantas completaram 3 anos de idade, elevaram-se as doses de N, para (100; 200; 300 e 400 g/planta de N), as doses de fósforo para (80; 130; 180 e 230 g/planta de P 2 ) e as doses de potássio para (100; 200; 300 e 400 g/planta de K 2 O). A adubação fosfatada foi realizada anualmente de uma única vez. As adubações, nitrogenada e potássica, foram aplicadas parceladamente de três vezes, em intervalos de 45 dias, em cobertura. Os frutos das plantas úteis foram contados, pesados e feita a análise qualitativa em amostra de cada planta útil da parcela, para determinação do peso médio, teor de suco, acidez total titulável, sólidos solúveis totais, relação sólidos solúveis totais/acidez total e espessura da casca. Os dados obtidos foram submetidos à análise estatística utilizando-se o programa estatístico SAS (Statistical Analysis System). Efetuou-se análise de correlação e regressão

para a produção de frutos/planta, produção de frutos, teor de suco, acidez total titulável, sólidos solúveis totais, relação sólidos solúveis totais/acidez total e espessura da casca em função das doses de N, P 2 e K 2 O. Resultados e Discussão A análise de correlação linear mostrou correlação positiva e altamente significativa entre a produção de frutos, número de frutos/plantas com o teor de suco e a espessura da casca. Não houve correlação significativa entre a produção de frutos com sólidos solúveis totais, acidez total e a relação sólidos solúveis/acidez. Produção de Frutos Os resultados acumulados de três anos indicaram, pela análise da variância, efeito significativo do nitrogênio, fósforo e ausência de resposta do potássio, para a produção de frutos/planta e t/ha (Tabela 1), o que coincide com os dados obtidos por Magalhães (1987) em outras áreas cultivadas com citros no Brasil, onde uma adubação nitrogenada adequada torna-se necessária para obtenção de altas produtividades. Os dados de produção de laranja em t/ha apresentaram comportamento similar aos de número de frutos/planta, verificando-se, entretanto, que as maiores produções máximas estimadas foram de 109 t/ha, para o ano de 1999. Levando-se em conta que a produção ótima seria atingida com 90% da máxima produção com as doses testadas, a análise de regressão possibilitou estimar que os melhores resultados foram obtidos com a aplicação de 333 g/planta de nitrogênio, para a laranjeira Pêra. A nutrição nitrogenada adequada, segundo Malavolta (1983), não havendo outros fatores limitantes, é evidenciada no desenvolvimento rápido, no aumento da ramificação dos galhos frutíferos e na formação de folhas verdes e brilhantes. De acordo com Sanchez (1981), além da fixação biológica, um aporte importante de N em solos tropicais é devido às chuvas, podendo ser superior a 10 kg de N/ha. Segundo este autor, nas regiões com estação seca definida, pode haver acumulação de nitratos neste período, explicada pela nitrificação. Cohen (1976) indica que as plantas maduras requerem aproximadamente 100 a 300 kg de N/ha, dependendo da situação dos fatores naturais do meio que afetam o crescimento das plantas, pois doses de 260 kg de N/ha são utilizados apenas em pomares com alta produtividade (Smith,1969).

Tabela 1. Efeito do nitrogênio, fósforo e potássio sobre as características fitotécnicas da laranjeira Pêra, em 1998 e 1999. Anos Tratamentos 1998 1999 Número Peso Produção Espessura Número Peso Produção Espessura frutos/ médio/ (t/ha) da casca frutos/ médio/ (t/ha) da casca planta frutos (g) (mm) planta frutos (mm) N1 354,88 210,50 25,41 2,79 840,77 271,65 83,85 2,87 N2 435,00 192,38 28,83 3,02 913,73 259,04 84,41 2,64 N3 521,00 216,25 38,71 2,92 1278,50 258,81 121,38 2,65 N4 610,75 213,63 45,03 2,90 1044,44 259,50 100,26 2,71 P1 440,75 207,50 35,99 2,83 913,67 264,28 97,89 2,76 P2 380,63 209,75 31,85 2,97 1044,79 257,74 98,69 2,76 P3 588,25 204,50 27,26 3,06 1079,75 255,33 89,52 2,66 P4 512,00 211,00 42,87 2,77 1039,23 271,66 103,79 2,69 K1 451,00 208,50 35,11 2,95 938,75 259,39 90,99 2,71 K2 455,25 205,88 32,68 2,85 952,92 262,38 91,36 2,79 K3 492,25 207,50 32,07 2,94 1018,96 264,64 96,02 2,59 K4 523,13 210,88 38,11 2,89 1166,81 262,60 111,53 2,79 CV (%) 32,02 7,67 34,81 12,54 26,42 8,95 29,36 10,89 No que diz respeito ao fósforo observou-se que as equações de regressão possibilitaram estimar que os melhores resultados foram obtidos com a aplicação de 288 g/planta de P 2, para a laranjeira Pêra em 1999. Também Cohen (1976) demonstrou que em alguns países foram estabelecidas doses de adubação para uma produção de 20 t/ha. Na Espanha, 100 a 120 kg/ha; no Japão, 150 kg/ha; e em Israel, 100 kg de P/ha. Smith (1969) comprovou que a aplicação de 1,9 kg/planta aumentou a produção de limão de 9% a 60%. Em Matão e Botucatu, resposta a P foram observadas por Cantarella et al. (1992), nestes locais a análise de solo

revelou baixos teores de P, em ambos os casos a resposta foi linear, com tendência de produção da laranja Valência de estabilizar próximo da dose máxima usada (140 kg/ha de P 2 ). Observou-se na Tabela 1, reduções da produção com a elevação das doses de K 2 O. Os efeitos de doses de K aplicadas sobre a produção de frutos/planta e t/ha não ocorreram resposta em relação a aplicação de K. As respostas ao potássio tem sido poucas e, segundo Smith (1969), e confirmados por Magalhães (1987) e Cantarella et al. (1992), são necessários vários anos para caracterizar o baixo nível de K da folha, com reflexos na produção de laranja. Assim, embora os efeitos de potássio não tenham ocorrido, os resultados indicam a necessidade de se manter uma adubação equilibrada. Conclusões Há resposta positiva de nitrogênio e fósforo com relação à produção de laranja pêra (frutos/planta e t/ha) e, na qualidade do fruto (teor de suco e acidez total) com a aplicação de 333 g/planta de N e 288 g/planta de P 2. Os teores de N, P e K nas folhas aumentam com a aplicação dos adubos nitrogenados, fosfatados e potássicos. Referências Bibliográficas ANUARIO ESTATÍSTICO DO BRASIL. Rio de Janeiro: IBGE, 1997. v.57, p.3-32. CANTARELLA, H.; QUAGGIO, J.A.; BATAGLIA, O.C.; VAN RAIJ, B. Response of citrus do NPK fertilization in a network of field trials in São Paulo State, Brazil. Proceedings of International Society of Citriculture. v.2, p.607-612, 1992. COHEN, A. Citrus fertilizacion. Bern: International Potash Institute, 1976. 45 p. (International Potach Institute. Bulletin, 4). MAGALHÃES, A.F. de J. Influência da adubação na composição mineral do solo, nas folhas e produção da laranja pera. Revista Brasileira de Fruticultura, Cruz das Almas, v.9, n.3, p.31-37,1987. MALAVOLTA, E. Nutrição mineral e adubação dos citros. Piracicaba: Instituto da Potassa & Fosfato, 1983. p13-71 ( Instituto da Potassa & Fosfato. Boletim Técnico, 5). SANCHEZ, P.A. Suelos del tropico: características y manejo. San Jose: IICA, 1981. 660 p. (IICA. Libros y Materiales Educativos, 48). SMITH, P.F. Effects of nitrogen rates on tining of application on Marsh grapefruit in Flórida. In:

INTERNATIONAL CITRUS SYMPOSIUM, 3., 1969, Califórnia. Proceedings. California: Universidade Califórnia, 1969. p.1559. VELOSO, C.A.C.; BRASIL, E. C.; MENDES, F.A.T.; SILVA, A. de. B.; TRINDADE, D.R. Diagnóstico da citricultura na microrregião do Guamá, PA. Belém: Embrapa Amazônia Oriental, 1999. 26p. (Embrapa Amazônia Oriental. Documentos, 24).