REFLEXÕES SOBRE O COTIDIANO DE CUIDADORES DE UMA INSTITUIÇÃO DE LONGA PERMANÊNCIA PARA IDOSOS

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Transcrição:

REFLEXÕES SOBRE O COTIDIANO DE CUIDADORES DE UMA INSTITUIÇÃO DE LONGA PERMANÊNCIA PARA IDOSOS BEZERRA, Maria Mércia 1 ; FERNANDES, Larissa Maria Lacerda 2 ; MEDEIROS, Fabíola de Araújo Leite 3 1,2 Graduandas do Curso de Enfermagem da Universidade Estadual da Paraíba- Campus 1- Campina Grande; 3 Profa Dra em Enfermagem do Departamento de Enfermagem da Universidade Estadual da Paraíba- Campus 1- Campina Grande e Orientadora do PIBIC/CNPq/UEPB. mariamercia2010@gmail.com; ifernades6277@gmail.com; profabiola@bol.com.br. RESUMO Introdução: Os cuidadores são considerados elos entre o idoso e a equipe multiprofissional, seja no ambiente domiciliar e familiar, seja em uma Instituição de Longa Permanência para Idosos, principalmente, quando o idoso apresenta incapacidades funcionais que interferem na sua autonomia e independência 1-6. A função do cuidador da pessoa idosa é uma ocupação reconhecida pelo Ministério do Trabalho, pela Classificação Brasileira de Ocupações (CBO) que reconhece, nomeia e codifica as ocupações existentes no mercado de trabalho brasileiro e essa faz parte da categoria da família ocupacional de cuidadores de crianças, jovens, adultos e idosos sob registro de número 2162-10 7. É considerada uma pessoa capacitada para auxiliar o idoso que apresenta limitações para realizar suas atividades da vida diária 2. O cuidador de idosos, seja na circunstância domiciliar e familiar, seja em uma ILPI, é o elo entre o idoso e a equipe multiprofissional, principalmente, quando o idoso apresenta incapacidades funcionais que interferem na sua autonomia 2-4. Torna-se necessário conhecer o perfil do cuidador para entender suas necessidades e dificuldades no cotidiano da sua lida ocupacional, pois o mesmo enfrenta o risco de se tornar um doente devido à sobrecarga de atributos e responsabilidades, principalmente dentre das instituições, que muitas ainda estão no modelo antigo de asilos e casas de abrigos de pessoas abandonadas. Reflete-se também que essa rede de trabalhadores precisam de formação adequada para treinar e capacitar suas habilidade junto a pessoa idosa, principalmente quando esse apresenta fragilidades 1. Sabe-se que o idoso hospitalizado já possui na sua base, um certo grau para fragilização, uma vez que no Brasil, o modelo de assistência a saúde do idoso ainda está em movimento para adequação das necessidades dessa clientela. Voltando para o lado do cuidador, esse também, ainda não tem seu

papel reconhecido, e tal lacuna é um fator a mais a ser considerado quando se pretende estudar e aperfeiçoar no planejamento de políticas públicas de saúde para os idosos. Dessa forma, torna-se necessário conhecer o perfil dos cuidadores de ILPI para entender suas necessidades e dificuldades vivenciadas na rotina de trabalho diário. OBJETIVOS: Conhecer o perfil dos cuidadores de idosos de uma ILPI no Estado da Paraíba, Brasil; analisar os motivos que os conduziram ao trabalho na ILPI, identificando as dificuldades enfrentadas por esses profissionais no seu cotidiano junto ao cuidado à pessoa idosa. METODOLOGIA: Tratou-se de uma pesquisa descritiva de natureza qualitativa, realizada com cuidadores de uma ILPI localizada no município de Campina Grande/PB, Brasil. O período da coleta de dados aconteceu entre Junho a Novembro de 2014. Os critérios para seleção dos participantes foram: ter mais de 18 anos, ser funcionário da instituição. Os sujeitos participantes da pesquisa foram 14 funcionários de uma ILPI (08 cuidadores de idosos, 01 costureira, 01 copeira, 04 dos serviços gerais). Ressalta-se que embora todos desempenhassem funções específicas de atuação na instituição junto à pessoa idosa, mesmo assim, se percebiam como cuidadores de idosos quando se referiram que embora houvesse a diferenciação de funções entre eles, porém todos participavam de uma forma nos cuidados da pessoa na instituição que colabora com o cuidado do outro, principalmente quando se trata de idosos dependentes. O instrumento de coleta de dados foi um questionário semiestruturado que continha perguntas relacionadas a dados sociais e demográficos, além de perguntas com variáveis sociais e demográficas (idade, sexo, escolaridade, tempo de serviço), havia também questionamento sobre o que os motivou a ir trabalhar na ILPI? Quais as dificuldades enfrentadas na rotina de cuidados? Os dados descritivos e numéricos foram tabulados e apresentados pela estatística descritiva visando o reconhecimento da população estudada. A análise dos dados foi conduzida pela análise de conteúdo do tipo temática. O projeto foi submetido e aprovado pelo Comitê de Ética e Pesquisa da Universidade Estadual da Paraíba sob nº 18413413.3.0000.5187. RESULTADOS: Dentre as variáveis sociais e demográficas traçadas para descrição do perfil dos funcionários da ILPI, observou-se que a maioria 55,5% fazia parte de uma população entre a faixa etária dos 40-50 anos; 77,8% pertenciam ao sexo feminino e metade estava na situação conjugal de casados 50% (07). Um dos fenômenos percebidos nessa ILPI é que parte desses funcionários foi trazida para trabalhar na instituição por entes familiares que já participaram dos cuidados na instituição, seja como cuidadores ou ajudantes informais. Discorrendo-se sobre o grau de escolaridade dos cuidadores de idosos da instituição, verificou-se que 06 (43%) se apresentaram com nível de ensino fundamental incompleto, 03 (22%) com ensino fundamental completo e 05 (35%) com ensino médio completo.

Em relação à formação técnica para trabalho com a pessoa idosa, foi verificado por unanimidade que 100% dos cuidadores relataram não terem feito nenhuma capacitação técnica para cuidados com idosos, e relataram durante a entrevista que o que eles sabem aprenderam dos outros mais antigos que lhe ensinaram. Embora, foi observado por diário de campo, que os idosos da ILPI pesquisada, apresentavam-se bem cuidados e amigáveis com seus cuidadores, porém sabe-se que na atual conjuntura da saúde, há uma necessidade de formação técnica de todos os profissionais envolvidos nos cuidados institucionalizados voltados a pessoa idosa. Reflete-se nesse momento, a real necessidade por qual passa nossos espaços de saúde, destinados à pessoa idosa no Brasil. Com relação à atuação como cuidadores na casa, observou-se que 50% (07) trabalhavam na casa num período de 1-5 anos, 22% (03) trabalham entre 06-10 anos e uma proporção significativa de 28% trabalhava na casa há mais de 15 anos (Tabela 01). Tabela 01 Atuação de cuidadores de idosos dailpi,(n=14). Campina Grande/PB,2014. Descrição das variáveis N % Anos de trabalho 1-5 6-10 + 15 07 03 06 50,0% 22,0% 28,0% Atuação na ILPI Cuidadores Supervisão dos cuidados Serviços gerais Costureira Copeira 06 02 04 01 01 43% 14% 28% 7,5% 7,5% Total 14 100% Esses dados confirmam a necessidade de aperfeiçoamento técnico da formação de cuidadores, compreendendo a demanda populacional, a necessidade de conhecimento gerontogeriátrico a pessoas que já trabalham com o cuidado há anos e que diante da complexidade envolta ao cuidar da pessoa idosa, principalmente institucionalizada à faixa etária acima dos 60 anos, necessitam de formação para exercer com maior autenticidade a função que ocupam socialmente. De acordo com

estudos, no Brasil, infelizmente, o sistema público de saúde ainda não está preparado para atender com qualidade a população que envelhece. O cuidador de idosos é considerado um trabalho que sempre existiu, mas que hoje necessita de capacitação dente as políticas públicas e das teorias que avançam com o entender do processo de envelhecimento humano. Há constatações de que o processo de saúde da população que envelhece e as atividades cuidadoras por parte das pessoas que se envolvem com tal atividade precisam de suporte que devam ir além de técnicas cuidadoras, deverão também abordar as formas e as condições de trabalho. Dentre as atividades citadas pelos cuidadores na rotina da casa, verificou-se uma diversidade de ações direta ou indiretamente voltadas à pessoa idosa que são indispensáveis na manutenção das Atividades de Vida Diárias (AVDs): cuidados de higiene com idosos, com seus vestuários, seus utensílios, sua alimentação, sua locomoção, movimentação, atividades de manicure e pedicure e companhia para visitação, missas, eventos e consultas médicas. Observou-se também que não foram citadas atividades voltadas à promoção de lazer, de recreação e promoção em saúde. Verificou-se também que alguns cuidadores afirmavam querer saber mais sobre como lidar melhor com a pessoa idosa, clamando sempre por formação especializada e presença de mais pessoas a colaborar com a casa, pois a demanda de serviços na casa é constante e contínua, e que se tivessem mais pessoas, o cuidado seria melhor. Em relação às motivações que os levaram a trabalhar na ILPI, foram elencadas duas categorias temáticas: I) Indicação de familiares e amigos; II) Necessidade financeira. Na reflexão dos discursos dos participantes, foi possível verificar que embora o trabalho na instituição seja árduo e difícil, muito dos entrevistados relataram que razões existenciais, e até de cunho espiritual, justificavam o cuidado prestado por esses profissionais a pessoa idosa institucionalizada. Dentre as dificuldades vivenciadas no cotidiano de cuidado de idosos, foi citado pela grande maioria dos entrevistados que apesar da experiência prática na função, há necessidade de formação profissional de todos os funcionários. A convivência com os transtornos mentais das pessoas idosas institucionalizadas e a ausência da família, o pequeno número de funcionários para a demanda de serviços, a baixa remuneração financeira e a complexidade da assistência ao idoso, também foram apontadas como dificuldades vivenciadas. CONCLUSÃO: Percebeu-se a necessidade de formação gerontogeriátrica compartilhada com a prática de cuidados já exercida por cuidadores, visando reestruturar modelos inovados de um cuidado que possibilite melhorias à qualidade de vida das pessoas idosas residentes, principalmente no que se refere à otimização e promoção do envelhecimento saudável. Ao mesmo tempo, observou-se que os cuidadores de idosos são as peças fundamentais no processo de cuidar da instituição, exercem sua ocupação utilizando-se de toda

criatividade nas suas práticas de cuidado, precisando de apoio formal de profissionais de saúde para efetivação de seu trabalho e de formação técnica. Pressupõe-se que esse estudo seja útil para repensar a função de cuidadores de idosos institucionalizados, para fomentar futuras pesquisas que venham a compreender quem são os funcionários das ILPI no Brasil, e, principalmente, para incrementar políticas públicas, em prol da pessoa idosa institucionalizada. REFERÊNCIAS 1. Medeiros FAL. Processo de cuidar em Instituições de Longa Permanência de Idosos: repensando a função dos cuidadores [Tese de Doutorado em Enfermagem]. João Pessoa: Universidade Federal da Paraíba, Programa de Pós-graduação em Enfermagem; 2014. 2. Christophe M. Instituições de longa permanência para idosos no Brasil: uma opção de cuidados de longa duração?[dissertação]. Rio de Janeiro: Escola Nacional de Ciências, Rio de Janeiro; 2009. 3. Ribeiro MT, Ferreira RC, Ferreira EF, Magalhães CS, Moreira AN. Perfil dos cuidadores de idosos nas instituições de longa permanência de Belo Horizonte, MG. Ciência e Saúde Coletiva. 2008; 13(4): 1285-1292. 4. Silva BT, Santos SSC. Cuidados aos idosos institucionalizados opiniões do sujeito coletivo enfermeiro para 2026. Acta Paulista Enfermagem. 2010; 23(6): 775-81. 5. Novaes RHL. Os asilos de idosos no Estado do Rio de Janeiro-Repercussões da (não) integralidade no cuidado e na atenção à saúde dos idosos [Dissertação]. Rio de Janeiro: Instituto de Medicina Social, Universidade do Estado do Rio de Janeiro/UERJ; 2003. 6. Born T, Boechat NS. A qualidade dos cuidados ao idoso. In: Freitas EV. Tratado de Geriatria e Gerontologia. 2. Ed. Rio de Janeiro: Guanabara Koogan; 2006 p.1131-41. 7. CBO. Classificação brasileira de ocupações. Cuidadores de idosos. Brasília: Ministério do Trabalho. Disponível em: http://www.mtecbo.gov.br/cbosite/pages/pesquisas/buscaportitulo.jsf. [internet] Acesso em: 22 Set. de 2017.

8. Rocha Jr PR. et al. Efeito da capacidade dos cuidados informais sobre a qualidade de vida de idosos com déficit de autocuidado. Ciência e Saúde Coletiva. 2011; 16(7): 3131-38.