MAPEAMENTO DA SAÚDE MENTAL DE TAQUARA/RS

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1 RELATÓRIO FINAL MAPEAMENTO DA SAÚDE MENTAL DE TAQUARA/RS Curso de Psicologia das Faculdades Integradas de Taquara (Faccat) Grupo de pesquisa em Psicologia Comunitária Prof. Responsável Dra. Laíssa Eschiletti Prati Acadêmicas: Rossana Andriola Pereira e Sílvia Schein laissa@faccat.br Fone: (51) (ramal 689) Novembro, 2009.

2 2 MAPEAMENTO DA SAÚDE MENTAL DE TAQUARA/RS INTRODUÇÃO Esta pesquisa foi desenvolvida pelo Grupo de Pesquisa em Saúde Comunitária do Curso de Psicologia das Faculdades Integradas de Taquara (Faccat). Apresenta um recorte da realidade da Rede de Saúde Mental do Sistema Único de Saúde (SUS) do município de Taquara. A Rede de Atenção Integral em Saúde Mental é uma política do Sistema Único de Saúde (SUS). Tem como pressupostos a regionalização, a descentralização dos atendimentos e a integralidade no cuidado à saúde mental da população. Os serviços que compõem a Rede estão organizados de maneira hierarquizada, funcionando de acordo com os níveis de complexidade do SUS (RIO GRANDE DO SUL, 2008)..A Rede de Atenção Integral em Saúde Mental do SUS entrou em vigor no ano de 1992, e propôs a descentralização dos atendimentos com a hierarquização dos serviços em saúde mental. Os atendimentos deveriam iniciar na Atenção Básica, considerada a porta de entrada do SUS, ampliando sua complexidade até atingir a internação hospitalar, entendida como um último recurso a ser acessado. O município é o responsável por esta organização e por assegurar o acesso e o atendimento a esta clientela. A Rede de Saúde Mental do município de Taquara é composta por um CAPS (Centro de Atenção Psicossocial) e um Ambulatório de Saúde Mental, considerados serviços de média e alta complexidade, que prestam atendimento aos moradores que necessitem desta assistência. A presente pesquisa foi realizada no Ambulatório de Saúde Mental de Taquara, que funciona no Posto de Saúde Darci Ribeiro, oferecendo atendimentos de Psiquiatria e Psicologia. Este é considerado um serviço de média complexidade, e tem como objetivo racionalizar os encaminhamentos para os serviços de maior complexidade (CAPS e Hospital Geral). OBJETIVO PELISOLI & MOREIRA (2005) afirmam que pouco se sabe sobre os usuários que utilizam os serviços de saúde mental, tornando-se então de grande relevância a caracterização destes. A proposta do estudo foi a de explorar que dados existiam sobre os usuários que acessam este Serviço de Saúde Mental o Ambulatório. Mediante a obtenção de informações referentes aos sintomas, encaminhamentos proferidos pelos profissionais de saúde, diagnósticos e o conhecimento das particularidades desta clientela espera-se construir um perfil dos usuários para a elaboração de políticas públicas adequadas à demanda da região.

3 3 MÉTODO Esta pesquisa, de caráter exploratório e documental, foi desenvolvida através da análise dos prontuários de pessoas que buscaram atendimento no Ambulatório. Foram selecionados e analisados, por amostra aleatória, 363 prontuários de usuários atendidos no período de agosto de 2008 a junho de Durante a leitura dos prontuários, buscaram-se dados a fim de caracterizar os usuários deste serviço. Para tanto, foram coletadas informações pessoais (sexo, idade, estado civil e profissão), informações referentes aos diagnósticos, medicações, sintomas e encaminhamentos ao CAPS. Os dados obtidos foram analisados estatisticamente (descritiva). RESULTADOS Os dados obtidos indicam que 69,4% dos usuários são mulheres e 30,6% são homens. A idade média dos usuários que frequentam o Serviço é de 42,6 anos (DP= 16,4), compreendendo a faixa etária dos cinco aos 81 anos. 30,60% Masculino 69,40% Feminino Dentre os prontuários que apresentavam o registro referente ao estado civil (n=155), 52,9% são casados, 41,3% solteiros, 3,2% viúvos e 2,6% separados/divorciados. 52,90% 41,30% 3,20% 2,60% casado solteiro viúvo separado/divorciado

4 4 Com relação ao uso de medicação psicotrópica, 328 usuários fazem uso de algum tipo de medicamento, correspondendo a 90,4% da amostra total, e 36 usuários não tiveram indicação de medicação Usam Não usam Daqueles que fazem uso de algum tipo de medicação, 178 utilizam algum antidepressivo, 66 fazem uso de algum tipo de estabilizador do humor, 41 utilizam antipsicóticos e 33 fazem uso de ansiolíticos antidepressivo estabilizador de humor antipsicótico ansiolítico Em relação ao sexo versus a utilização de medicação, pode-se notar que dos 111 homens que participaram da amostra, 95 tem indicação de medicação e 16 não tem esta indicação; das 252 mulheres que compuseram a amostra, 232 fazem uso de medicação e 20 não a utilizam Masculino = 111 usuários Feminino= 252 usuárias

5 5 O número médio de atendimentos que o usuário tem neste serviço de saúde é de 5,76 vezes (DP=6,9), sendo um no mínimo e 70 no máximo (a grande maioria com a Psiquiatria). Quanto ao tempo que os usuários freqüentam este serviço, considerando a data em que estes iniciaram o acompanhamento e a data do último atendimento, constatou-se que 91 usuários frequentam o serviço há menos de um ano, enquanto 00 estão a mais de 2 anos no serviço (, 48 há dois anos, 37 há três anos, 23 há quatro anos, 45 há cinco anos, 21 há seis anos e, 14 são usuários do serviço há oito anos) desde 2000 Quanto ao diagnóstico (CID-10), foram encontrados 82 prontuários que obtinham esta informação, em contrapartida a grande maioria (281 prontuários) não continham esta informação

6 6 Dentre os usuários que obtinham algum CID, 48 indicavam algum Transtornos do Humor (F30-9) e 34 indicavam outros transtornos Transtornos de Humor (F30 9) Outros Transtornos mentais Sobre os encaminhamentos ao CAPS, verificou-se que 58 usuários foram encaminhados para acompanhamento neste serviço Total Usuários Encaminhados ao CAPS DISCUSSÃO Constatou-se que a maior parte dos usuários que frequentam o Ambulatório de Saúde Mental é do sexo feminino, com idades que compreendem a infância, adolescência, adultez e terceira idade. Quanto ao estado civil, apenas metade dos prontuários analisados continham esta informação, assim como a profissão dos usuários, não sendo possível, portanto, caracterizar esta amostra acerca de estado civil e profissão. Praticamente todos os atendimentos foram realizados pela Psiquiatria. Isso pode indicar uma sobrecarga no trabalho desenvolvido pelos profissionais da Psiquiatria, o que pode gerar uma dificuldade no registro e no acompanhamento dos casos. Este dado vai ao encontro da realidade do Ambulatório, onde os atendimentos estão centrados na Psiquiatria, e a Psicologia tem uma pequena participação nestes.

7 7 Um dado que chama a atenção, é o fato de 90,4% dos usuários desta amostra, fazerem uso de alguma medicação psicotrópica. Pode-se aferir que há um grande número de pessoas que utilizam somente esta terapêutica, sem ter acompanhamento sistemático.. Com relação ao tempo de permanência destes usuários no Serviço, pode-se pensar na cronicidade dos transtornos mentais, ou na falta de resolubilidade do acompanhamento realizado, visto que, o intervalo entre as consultas é bastante variável. Um outro dado que chama a atenção é a baixa qualidade de registro nos atendimentos. Somente 82 fichas indicavam o CID diagnóstico do usuário, apesar de 331 usuários terem a indicação de medicação (na maioria dos casos mais de uma). Os transtornos de humor são os mais diagnosticados (48 casos). CONSIDERAÇÕES FINAIS É importante pensar-se alternativas de funcionamento que permitam um trabalho mais qualificado e rico através da transdiciplinaridade. Há a necessidade do desenvolvimento de estratégias de ação, como: acompanhamento psicológico individual e em grupo, oficinas terapêuticas, atividades na comunidade, entre outras. Pode-se afirmar, com base nos dados analisados até então, a necessidade da ampliação da Rede de Saúde Mental de Taquara, assim como ações que contemplem toda a população abrangida, e não apenas aquelas que já apresentam algum nível de sofrimento mental. O Psicólogo tem muito a contribuir neste processo da construção de um cuidado em saúde metal, trabalhando dentro de uma lógica interdisciplinar, intersetorial e integral da atenção em saúde mental, cujo objetivo é a melhoria da qualidade de vida da população/comunidade. As informações coletadas nesta pesquisa também podem auxiliar na inserção das equipes de Saúde Mental nas Unidades Básicas de Saúde, durante e após a implantação da Estratégia de Saúde da Família (ESF), bem como o desenvolvimento de intervenções a serem realizadas por este próprio grupo de pesquisa. Ao constatar que a medicação é o principal recurso terapêutico utilizado na Rede de Saúde Mental do SUS de Taquara, fica o questionamento sobre a possibilidade de inserção do psicólogo comunitário como promotor de saúde mental junto às famílias atendidas pelo SUS. REFERÊNCIAS PELISOLI, Cátula da Luz; MOREIRA, Ângela Kunzler. Caracterização epidemiológica dos usuários do Centro de Atenção Psicossocial Casa Aberta. Revista de Psiquiatria do Rio Grande do Sul, Porto Alegre, v. 27, n. 3, dez Disponível em: < Acesso em 10 set RIO GRANDE DO SUL. Guia de Saúde Mental