1 RELATÓRIO DE ESTÁGIO DE OBSERVAÇÃO DE CRIANÇA EM TRATAMENTO COM EQUOTERAPIA STEIN JÚNIOR, José Augusto 1 LONGUI, Letícia Fiório 2 ARIDE, Fabrícia Rodrigues Amorim 3 INTRODUÇÃO Este relatório foi baseado na observação de estágio da disciplina Psicologia do Desenvolvimento da Infância ministrada pela professora orientadora Fabrícia Amorim e visa descrever o desenvolvimento observado durante as sessões de Equoterapia da criança Júlia. O estágio foi realizado na Associação de Pais e Amigos dos Excepcionais (APAE), situado na Rua João Sasso, Número 230, Bairro São Geraldo, em Cachoeiro de Itapemirim, nos dias 17, 24 e 31 de agosto, e 14 de setembro de 2012. A criança foi observada pelos acadêmicos do Curso de Psicologia, José Augusto Stein Júnior e Letícia Fiório Longui e as atividades referentes ao estágio de observação ocorreram no horário de 07:30 as 11:30. Este trabalho refere-se, principalmente, a relação e atuação do psicólogo nas sessões de equoterapia, portanto, destina-se aos acadêmicos deste curso e do curso de fisioterapia pelas questões referentes ao tratamento equoterápico. Quanto ao tratamento, este é segundo a Associação Nacional de Equoterapia (ANDE-BRASIL): E acrescenta: É um método terapêutico que utiliza o cavalo dentro de uma abordagem interdisciplinar nas áreas de saúde, educação e equitação, buscando o desenvolvimento biopsicossocial de pessoas com deficiência e/ou com necessidades especiais. 1 Graduando do quinto período do Curso de Psicologia do Centro Universitário São Camilo-ES, juniorsteinpsi@hotmail.com 2 Graduanda do quinto período do Curso de Psicologia do Centro Universitário São Camilo-ES, leticiafioriolongui@hotmail.com 3 Professora Orientadora: Mestra, Centro Universitário São Camilo-ES, fabriciaamorim@saocamilo-es.br Cachoeiro de Itapemirim ES, setembro de 2012.
2 A equoterapia emprega o cavalo como agente promotor de ganhos a nível físico e psíquico. Esta atividade exige a participação do corpo inteiro, contribuindo, assim, para o desenvolvimento da força muscular, relaxamento, conscientização do próprio corpo e aperfeiçoamento da coordenação motora e do equilíbrio. MATERIAL E MÉTODOS Foi necessário para esta observação instrumentos simples como prancheta caneta e papel. Das práticas metodológicas usou-se a observação e descrição dos comportamentos da criança durante o tratamento e a relação com os conteúdos estudados em sala de aula, foi necessária pesquisa bibliográfica a respeito do tema por ser um tratamento novo e pouco conhecido, além de envolver o trato com o cavalo e seus benefícios à saúde dos pacientes. Outro procedimento usado foi a anamnese intermediada pela fisioterapeuta Mayara que acompanhou a criança e possibilitou maior compreensão sobre o contexto terapêutico e de vida na qual a criança estava inserida. DESENVOLVIMENTO No primeiro dia, 17/08/2012, nos foi designado pela Pedagoga da APAE e pela professora orientadora a acompanhar um dos alunos previamente selecionados para observação. A dupla: José Augusto Stein Júnior e Letícia Fiório Longui escolheram observar a criança Júlia, na sessão de equoterapia da APAE. A criança tem 10 anos, natural de Cachoeiro de Itapemirim, com diagnóstico de Paralisia Cerebral originada por falta de oxigenação durante o parto. É cadeirante, apresenta comprometimento motor irreversível, escoliose, leve disfunção na fala, mas sem comprometimento cognitivo. Suas mãos são extremamente rígidas e os pés torcidos, por conta disso Júlia fica impossibilitada de andar. O primeiro encontro fundamentou-se em conhecer a aluna em uma conversa mais informal guiada pela fisioterapeuta, notamos uma relação amigável muito profunda entre a fisioterapeuta e a criança, que, a princípio, ficou tímida com nossa presença, mas foi se acostumando e ainda neste dia já conversava tranquilamente
3 com os estagiários. Notamos neste dia que Júlia não gostava do estímulo entre as vértebras que deixava marcas vermelhas por toda a extensão de sua coluna, percebemos também que é uma criança esforçada, inteligente e sempre busca dar um feedback aos estímulos propostos pela fisioterapeuta embora, em raros momentos, não dê muita atenção aos exercícios propostos. O segundo dia de observação (24/08/2012) coincidiu com as comemorações da Semana do Excepcional e isso ditou o rumo da conversação. Conversamos enquanto Júlia estava no cavalo, a fisioterapeuta ficava do lado aplicando os exercícios, um dos estagiários acompanhava do outro lado do cavalo enquanto o outro estagiário ficava mais atrás anotando as observações mais importantes. Descobrimos neste dia que Júlia estava no 4º ano do Ensino Fundamental em uma escola regular, começou a estudar com dois anos e faz aulas de Inglês. No terceiro dia (31/08/2012) os estagiários optaram por saber, pela fisioterapeuta, quais os exercícios e o objetivo deles no quadro da criança. Os exercícios aplicados são: Alongamento de peitoral e dos membros superiores, mobilização articular ativo assistido, alongamento articular ativo assistido, fortalecimento de paravertebral, alongamento de paravertebral e posterior de coxa, força abdominal e paravertebral e contato tátil (estimulação proprocectiva). A fisioterapeuta busca com esses exercícios melhorar a simetria do tronco, melhorar o controle do tronco, a coordenação motora e alongar os músculos prejudicados pelo fato da criança ser cadeirante. O cavalo, por sua vez, atua fazendo o movimento tridimensional, esse movimento imita o movimento da marcha do ser humano. O movimento humano executado em seu deslocamento ao passo é idêntico ao produzido pelo cavalo ao passo. Este movimento gera impulsos que acionam o sistema nervoso para produzir as respostas que vão dar continuidade ao movimento e permitir o deslocamento. Através destas respostas o organismo terá maiores ou menores condições de movimentarse [...]. (FERRARI, 2003) Portanto, ao imitar o movimento do ser humano a criança sente como seria se pudesse caminhar, além disso, exige dele uma força muscular para se equilibrar no cavalo que, sem estar nessa terapia, não teria. [...] cada passo completo do cavalo apresenta padrões semelhantes aos do caminhar humano, impondo deslocamentos da cintura pélvica do homem da ordem de cinco centímetros nos planos vertical, horizontal e sagital e uma rotação de oito graus para um lado e para outro; ao deslocar-se, o cavalo exige do cavaleiro ajustes tônicos para adaptar seu equilíbrio a cada movimento. (FERRARI, 2003)
4 Descobrimos que além da equoterapia Júlia participa de outras atividades da APAE que proporcionam seu desenvolvimento intelectual e motor como: Hidroterapia, Mesa Ortostática, Fisioterapia Motora e aula de canto. Um fato interessante ocorreu no fim da sessão neste dia: Júlia estava com um pacote de biscoitos e, a princípio tentou retirar um biscoito do pacote e com muita dificuldade ela tirou, mas ao tentar guardar o lixo em sua bolsinha não teve força suficiente e foi preciso de ajuda para conseguir abri-la. O que nos chamou a atenção foi a força de vontade da criança em face de um exercício considerado simples, mas que, em suas condições, torna-se difícil de ser executado. No quarto dia (06/09/2012), por conta de uma mudança no horário de estágio, não encontramos Júlia na Instituição, portanto a observação foi concluída no terceiro encontro com a criança. CONSIDERAÇÕES FINAIS Júlia por não ter a área intelectual afetada, consegue se relacionar perfeitamente com outras crianças da mesma idade que ela, visto que ela estuda em escola regular, e tem o mesmo acompanhamento que as outras crianças. No caso dela a atenção especial deve ser voltada para a necessidade física, principalmente de locomoção, pois ela depende de uma pessoa que a leve e possa fazer outras atividades que requerem coordenação motora das mãos, tanto na escola quanto em qualquer outro ambiente. Segundo BOCK (2009, p.129): A dificuldade para a criança e para os que convivem com ela começa com o nascimento de um bebê diferente do saudável e perfeito esperado pelos pais. Isso pode levar inclusive, em alguns casos, a que os pais tenham dificuldade de reconhecer essa diferença e demorem para providenciar atendimento adequado, estimulação específica, procurar orientação de instituições competentes, ampliando desse modo os déficits de desenvolvimento. A Psicologia pode intervir em problemas como a frustração da paciente, haja vista que há uma superestima por parte dela mesma sendo, este, um estado irreversível. Esse suporte também deve ser dado aos profissionais que trabalham
5 com a criança e, principalmente, aos pais que sentem a dificuldade e sofrem junto (ou até mais) com a criança. Enfim o trabalho do Pisicólogo na Equoterapia não se define a um simples acompanhamento motivacional da paciente, mas a uma comunhão intrínseca com a paciente, a equipe e aos familiares. Recorro uma ultima vez a ANDE-BRASIL A interação com o cavalo, incluindo os primeiros contatos, os cuidados preliminares, o ato de montar e o manuseio final desenvolvem, ainda, novas formas de socialização, autoconfiança e autoestima. REFERÊNCIAS BOCK, Ana M. B.; FURTADO, Odair; TEIXEIRA, Maria L. T.. Psicologias Uma introdução ao estudo de psicologia. São Paulo: Saraiva, 2009. 367 p. Brasília: ASSOCIAÇÃO NACIONAL DE EQUOTERAPIA ANDE-BRASIL, 1989 -. Disponível em: <http://www.equoterapia.org.br/site/equoterapia.php>. Acesso em: 20 ago. 2013. FERRARI, Juliana Prado. A prática do Psicólogo na equoterapia [Internet]. São Paulo. 2003. Disponível em: <http://www.sld.cu/galerias/pdf/sitios/rehabilitacion-equino/psicologia.pdf> Acesso em: 17 ago. 2012 LEITE, Jaqueline M. R. S.; PRADO, Gilmar F.. Paralisia Cerebral Aspectos Fisioterapêuticos e Clínicos. Revista Neurociências, São Paulo, v.12, n.1, p. 41-45, 2004. Disponível em: <http://www.unifesp.br/dneuro/neurociencias/vol12_1/paralisia_cerebral.htm> Acesso em: 17 ago. 2012.