Acórdão do Supremo Tribunal Administrativo

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2 Não foram apresentadas contra alegações. 4 - Colhidos os vistos legais, cabe decidir.

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Nas alegações, conclui o seguinte:

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Transcrição:

Acórdãos STA Processo: 0836/12 Data do Acordão: 13-03-2013 Tribunal: 2 SECÇÃO Relator: PEDRO DELGADO Descritores: Sumário: PRAZO DE IMPUGNAÇÃO RECLAMAÇÃO GRACIOSA CONTAGEM DE PRAZO RECURSO JURISDICIONAL QUESTÃO NOVA Nº Convencional: JSTA000P15451 Nº do Documento: SA2201303130836 Data de Entrada: 18-07-2012 Recorrente: A..., S.A. Recorrido 1: BANCO B..., S.A. Votação: UNANIMIDADE Aditamento: Acórdão do Supremo Tribunal Administrativo I - A norma do nº2 do artº 102º do Código de Procedimento e Processo Tributário não é materialmente inconstitucional por violação dos princípios de acesso ao direito e tutela jurisdicional efectiva, da proporcionalidade e da proibição do excesso consagrados no arts. art. 18º, nº2 e 20º da C.R.P, II - Os recursos são meios para obter o reexame das questões já submetidas à apreciação dos tribunais inferiores, e não para criar decisões sobre matéria nova, não submetida ao exame do tribunal de que se recorre. III - Assim, e em princípio, não podem neles ser tratadas questões novas, que não tenham sido suscitadas perante o tribunal recorrido e que não tenham sido apreciadas pela decisão impugnada. IV - O prazo de impugnação judicial é de natureza substantiva e não um prazo judicial, pelo que não lhe é aplicável o art. 145º, nº 5, do Código de Processo Civil, que prevê a possibilidade de prática do acto nos três dias subsequentes ao termo do prazo mediante o pagamento de multa. Texto Integral Texto Integral: Acordam na Secção do Contencioso Tributário do Supremo Tribunal Administrativo 1 A.., SA, melhor identificada nos autos, vem recorrer para este Supremo Tribunal da sentença do Tribunal Administrativo e Fiscal de Leiria de 30 de Novembro de 2011, que julgou por verificada a excepção da caducidade do direito de impugnar contra a liquidação adicional de IRC, referente ao exercício de 2005, absolvendo a Fazenda Publica do pedido. Termina as suas alegações de recurso, formulando as seguintes conclusões: «I. O legislador não considerou que a estabilidade da situação jurídica tributária estaria irremediavelmente comprometida caso fosse possível atacá-la judicialmente após o prazo de 15 dias sobre a decisão da Reclamação Graciosa, pois tal possibilidade está garantida por outras normas do mesmo código, que permitem a impugnação judicial após o decurso daquele prazo.

II. Da decisão que indefere a reclamação, pode o interessado interpor recurso hierárquico no prazo de 30 dias; e desta decisão do recurso hierárquico, pode ainda apresentar impugnação judicial no prazo de 90 dias. III. Ainda que o CPPT não acolhesse expressamente tal possibilidade, o prazo de 15 dias sempre se revelaria, em si mesmo, demasiado curto para recorrer judicialmente de uma decisão administrativa, consubstanciando uma violação do art. 20º da C.R.P.. IV. O argumento de que a Reclamação pode ser deduzida com base nos mesmos fundamentos que a Impugnação Judicial não justifica a redução do prazo de impugnação para 15 dias. V. Apesar de o elenco dos fundamentos admissíveis ser o mesmo, o interessado pode deduzir impugnação judicial com base em fundamentos diferentes daqueles que serviram de base à Reclamação. VI. A Reclamação trata-se, por expressa previsão legal, de um meio gracioso pautado pela simplicidade nos procedimentos, podendo ser apresentada directamente pelos interessados, e até mesmo verbalmente. VII. Dada a simplicidade de que se reveste a Reclamação, e a ausência de custas associada a este meio gracioso, a lei não só permite como convida a uma abordagem mais ligeira da questão neste primeiro momento. VIII. A norma constante do n.º 2 do artº 102º, interpretada no sentido estritamente literal que estipula o prazo de impugnação judicial em 15 dias, é inconstitucional, por violação do princípio de acesso ao direito e tutela jurisdicional efectiva, consagrado no art. 20º da C.R.P., e, bem assim, dos princípios da necessidade, da proporcionalidade e da proibição do excesso no condicionamento de direitos fundamentais ou análogos, consagrados no art. 18º, n.º2 da C.R.P.. IX. Tendo em atenção o elemento sistemático da interpretação, à luz da coerência e lógica internas por que se define uma qualquer Ordem Jurídica, o prazo de impugnação previsto no n.º2 do artigo 102º do CPPT nunca pode ser inferior, na pior das hipóteses, a 30 dias, data até à qual continua a ser possível interpor recurso hierárquico e a subsequente impugnação judicial do acto tributário em crise, nos termos dos artigos 76º, nº1 e 66º, n.º1 do CPPT. X. A norma constante do nº1 do artº 20º do CPPT tem, a partir da entrada em vigor Código de Processo nos Tribunais Administrativo, de ser interpretada em conjugação com o disposto no 53º, nº 3 do CPTA, no sentido de que o prazo de impugnação é agora processual. XI. Tal como o prazo de impugnação judicial do acto tributário passou a ser considerado de natureza substantiva com a publicação da LPTA, deve agora passar a ser considerado processual com a entrada em vigor do CPTA. XII. Em consequência desta alteração, a contagem dos prazos regese agora pelo disposto no art. 144º. do CPC, que no seu n.º1 estabelece a regra da continuidade dos prazos e da sua suspensão em férias judiciais, aplicando-se igualmente o disposto nos nºs 5 a 7 do art. 145º do CPC, pelo que o acto pode ser praticados dentro dos três primeiros dias úteis subsequentes ao termo do prazo.

XIII. No presente caso, constata-se que a impugnação foi enviada em 23 de Novembro de 2010, pelo que o acto processual teria sido praticado no terceiro dia útil posterior ao prazo de 15 dias o que se concebe por mero dever de patrocínio pelo que deve a decisão recorrida ser revogada e substituída por outra que admita a impugnação, ordenando à secretaria do tribunal a quo que notifique a ora Recorrente para pagamento da multa respectiva. Termos em que deve a excepção de caducidade invocada pela Fazenda Pública ser julgada improcedente, e, em consequência, a decisão recorrida ser revogada e substituída por outra que ordene o prosseguimento dos autos de impugnação judicial até final, na medida em que: a) A norma constante do n.º2 do artº 102º do CPPT, interpretado no sentido de estabelecer um prazo de impugnação judicial de 30 dias, é inconstitucional, por violação dos artigos 18º, nº2 e 20º da CRP, aplicando-se o prazo geral de 90 dias previsto no nº 1, ou, na pior das hipóteses, o prazo de 30 dias dentro do qual se pode interpor recurso hierárquico, nos termos dos artigos 76º, n.º1. e 66º, n.º1, do CPPT; E, ainda que assim não fosse, b) Tendo em conta o elemento sistemático da interpretação, o prazo de impugnação previsto no n.º2 do artigo 102º do CPPT nunca pode ser inferior, na pior das hipóteses, a 30 dias, data até à qual continua a ser possível interpor recurso hierárquico, nos termos dos artigos 76º, n.º1 e 66º, n.º1, do CPPT, e, subsequentemente, apresentar impugnação judicial do acto tributário em crise; E, ainda que assim não fosse, c) O prazo de impugnação judicial do acto tributário passou a ser de natureza processual com a entrada em vigor da norma constante do nº3 do art. 58º do CPTA, em conjunto com a qual o nº.1 do art. 20º do CPPT deve ser interpretado, no sentido de ter sido revogado na parte em que atribui natureza substancial ao prazo de impugnação judicial. 2 A Fazenda Publica não apresentou contra alegações. 3 O Exmº Procurador Geral Adjunto emitiu o douto parecer no sentido do não provimento, argumentando, em síntese, que o prazo de impugnação previsto no artigo 102. /2 do CPPT, no caso de indeferimento expresso de reclamação graciosa, tem natureza substantiva, contando-se nos termos do estatuído no artigo 279 do C. Civil, não sendo também de aplicar subsidiariamente o CPTA uma vez que tal matéria tem regulamentação própria no Código de Procedimento e Processo Tributário. E quanto à alegada inconstitucionalidade do preceito, sustenta que o prazo de 15 dias para deduzir impugnação judicial, na sequência de indeferimento de reclamação graciosa, em si mesmo, não é excessivamente exíguo, pois que sendo os mesmos os fundamentos de reclamação graciosa e de impugnação judicial, (artigo 70 /1 do CPPT), o interessado, aquando da notificação do indeferimento da reclamação graciosa já estará na posse dos elementos necessários para deduzir impugnação, não se vislumbrando também em que medida aquele prazo pode pôr em risco os interesses da segurança

jurídica. 4 Colhidos os vistos legais, cabe decidir. 5- Em sede factual apurou-se em primeira instância a seguinte matéria de facto: a) À impugnante foi efectuada a liquidação adicional de IRC, relativa ao exercício de 2005, na sequência de uma acção inspectiva (cfr. fls. 134 dos presentes autos, 55 do procedimento de reclamação graciosa e processo administrativo apenso); b) A impugnante reclamou graciosamente da liquidação em 19/04/2010, a qual veio a ser indeferida parcialmente, por decisão datada de 29/10/2010 e notificada pelo oficio 2421, datado de 29/10/2010, registado, com aviso de recepção, assinado em 03/11/2010 (fls. 135 dos presentes autos e fls. 3 a 45, 102 e 102 vº do procedimento de reclamação graciosa), c) A presente impugnação foi remetida por correio registado a este Tribunal em 23/11/2010, tendo dado entrada em 25/11/2011 (cfr. fls. 1 e 262 dos auto). 6. Do mérito do recurso 6.1 Tanto quanto se apura das conclusões das alegações, que, como é sabido, delimitam objecto do recurso, são as seguintes as questões trazidas à apreciação deste Tribunal: a) Saber se padece de inconstitucionalidade a norma do nº2 do artº 102º do CPPT porquanto viola o principio de acesso ao direito e tutela jurisdicional efectiva, consagrado no art. 20º da C.R.P., e, bem assim, dos princípios da necessidade, da proporcionalidade e da proibição do excesso no condicionamento de direitos fundamentais ou análogos, consagrados no art. 18º, nº2 da C.R.P. ( conclusão VIII das alegações, fls. 395 dos autos). b) Saber se, tendo em conta o elemento sistemático da interpretação, o prazo de impugnação previsto no n.º2 do artigo 102º do CPPT nunca pode ser inferior a 30 dias, prazo esse em que é possível interpor recurso hierárquico, nos termos dos artigos 76º, n.º1 e 66º, n.º1, do Código de Procedimento e Processo Tributário; c) Saber se o prazo de impugnação judicial do acto tributário passou a ser de natureza processual com a entrada em vigor da norma constante do nº3 do art. 58º do CPTA. A sentença recorrida, conhecendo desde logo da questão da intempestividade da impugnação concluiu que a impugnação judicial apresentada pela recorrente ultrapassou o prazo de 15 dias, após a notificação da decisão do indeferimento de reclamação graciosa nos termos do nº2 do artº 102º do Código de Procedimento e Processo Tributário, prazo esse que considerou de natureza substantiva e dever ser contado de acordo com as regras estabelecidas no artº 279º do CCivil. De igual modo, quanto à suscitada questão da inconstitucionalidade da norma do artº 102º, nº2 do Código de Procedimento e Processo Tributário julgou a decisão sindicada não se vislumbrar «em que

medida o prazo de 15 dias consagrado no n 2 do artigo 102 do CPPT possa pôr em risco a segurança jurídica, não se revelando, tão pouco, um prazo exíguo, uma vez que os fundamentos da impugnação são os mesmos da reclamação graciosa (cfr. artigo 70, n 1 do CPPT)». Contra o assim decidido insurge-se a recorrente defendendo em síntese a inconstitucionalidade do nº 2 do artº 102º do CPPT porque viola o principio de acesso ao direito e tutela jurisdicional efectiva, consagrado no art. 20º da C.R.P., e, bem assim, dos princípios da necessidade, da proporcionalidade e da proibição do excesso no condicionamento de direitos fundamentais ou análogos, consagrados no art. 18º, nº2 da C.R.P. ( conclusão VIII das alegações, fls. 395 dos autos). Subsidiariamente argumenta que à luz do elemento sistemático da interpretação o prazo de impugnação previsto no n.º2 do artigo 102º do CPPT nunca pode ser inferior nunca pode ser inferior ao prazo de interposição de recurso hierárquico, previsto nos artigos 76º, n.º1 e 66º, n.º1, do Código de Procedimento e Processo Tributário que é de 30 dias. E finalmente sustenta que o prazo de impugnação judicial do acto tributário passou a ser de natureza processual com a entrada em vigor da norma constante do nº3 do art. 58º do CPTA. Esta argumentação da recorrente não deve, no entanto, proceder, como abaixo se demonstrará. Vejamos, então. 6.2 Da alegada inconstitucionalidade do nº2 do artº 102º do CPPT De harmonia com o disposto no artº 102º, nº 2 do Código de Procedimento e Processo Tributário em caso de indeferimento de reclamação graciosa, o prazo de impugnação será de 15 dias após a notificação. Dispõe ainda o nº 3 do mesmo normativo que se o fundamento for a nulidade, a impugnação pode ser deduzida a todo o tempo. Portanto na sequência de acto expresso de indeferimento de reclamação graciosa, e no regime do Código de Procedimento e Processo Tributário, o contribuinte tem 15 dias para deduzir impugnação. No caso em apreço, como claramente se evidencia na sentença recorrida, tendo a impugnante e ora recorrente sido notificada da decisão de indeferimento parcial da reclamação graciosa em 03.11.2011, quando foi intentada a impugnação (23.11.2011) há muito que se encontrava esgotado aquele prazo de 15 dias. Alega, porém, a recorrente a inconstitucionalidade do nº2 do artº 102º do CPPT porque viola o principio de acesso ao direito e tutela jurisdicional efectiva, consagrado no art. 20º da C.R.P., e, bem assim, dos princípios da necessidade, da proporcionalidade e da proibição do excesso no condicionamento de direitos fundamentais ou análogos, consagrados no art. 18º, nº2 da C.R.P. De harmonia com o artº 20º nº 5 da Constituição da República, para

defesa dos direitos, liberdades e garantias pessoais, a lei deve assegurar aos cidadãos procedimentos judiciais caracterizados pela celeridade e prioridade, de modo a obter tutela efectiva e em tempo útil contra ameaças ou violações desses direitos. Por sua vez dispõe o artº 18º, nº 2 da Constituição que a lei só pode restringir os direitos, liberdades e garantias nos casos expressamente previstos na Constituição, devendo as restrições limitar-se ao necessário para salvaguardar outros direitos ou interesses constitucionalmente protegidos. A consagração constitucional destes princípios, em normas claramente dirigidas ao legislador, tem em vista garantir o acesso aos tribunais a quem pretenda dirigir-se-lhes em defesa de direitos subjectivos ou interesses jurídicos dignos de tutela e também garantir um processo equitativo, que assegure efectivamente um direito de defesa e obste a que se imponham às partes prazos para a realização de actos processuais tão curtos que envolvam uma diminuição arbitrária. (Vide Jorge Miranda e Rui Medeiros, Constituição Portuguesa Anotada, Tomo I, pags. 199 a 205 e tomo III, pag. 608. ) A jurisprudência e a doutrina do Tribunal Constitucional têm consagrado o entendimento de que não é incompatível com a tutela jurisdicional do acesso à justiça a imposição de ónus processuais às partes, desde que não sejam arbitrários nem desproporcionados, quando confrontada a conduta imposta com a consequência desfavorável atribuída à correspondente omissão cf. neste sentido Acórdãos do Tribunal Constitucional n.ºs 132/2002 e 403/2002, 571/01, 588/00 e 347/02, estes dois últimos quanto a prazos processuais, e Fernando Amâncio Ferreira, Manual dos Recursos em Processo Civil, pag. 165. Ora a exigência de um prazo de 15 dias para deduzir impugnação judicial, na sequência de indeferimento de reclamação graciosa (artº 102º, nº 2 do Código de Procedimento e Processo Tributário) não é excessiva, arbitrária ou limitativa do direito de acesso aos tribunais e das garantias de defesa do administrado. Isso só assim não seria se o prazo fosse ostensivamente exíguo e inadequado para a organização da sua defesa, o que manifestamente não sucede no caso em apreço. Com efeito nos termos do artº 70º, nº 1 do Código de Procedimento e Processo Tributário a reclamação graciosa pode ser deduzida com os mesmos fundamentos previstos para a impugnação judicial e será apresentada no prazo de 120 dias contados a partir dos factos previstos no nº 1 do artº 102º. A reclamação graciosa pode, pois, ter por fundamento qualquer ilegalidade de que enferme o acto de liquidação impugnado ou vício do procedimento ou decisões procedimentais que precedam a decisão final (arts. 54º, 70º, nº 1 e 99º do Código de Procedimento e Processo Tributário), sendo que o contribuinte beneficia de um prazo ainda maior que o prazo de impugnação judicial directa do acto de liquidação. Assim sendo, prevendo a lei que a reclamação graciosa pode ser deduzida com os mesmos fundamentos previstos para a impugnação judicial e concedendo um amplo prazo para a deduzir, é legitimo

concluir que o interessado, aquando da notificação do indeferimento da reclamação graciosa, já estará ou poderá estar na posse dos elementos necessários para exercer cabalmente o direito de impugnar judicialmente e que o prazo para o efeito concedido (15 dias) não é arbitrário nem limitativo do seu direito de acesso aos tribunais e das suas garantias de defesa (vide, também neste sentido, Jorge Lopes de Sousa, Código de Procedimento e Processo Tributário anotado de vol. II, página 151). Daí que se entenda que a norma do nº2 do artº 102º do Código de Procedimento e Processo Tributário não é materialmente inconstitucional por violação dos princípios de acesso ao direito e tutela jurisdicional efectiva e da proporcionalidade e da proibição do excesso consagrados no arts. art. 18º, nº2 e 20º da C.R.P, pelo que nenhuma censura merece a sentença recorrida que assim decidiu. 6.3 De igual modo improcederá a alegação de que, à luz do elemento sistemático da interpretação, o prazo de impugnação previsto no n.º2 do artigo 102º do CPPT nunca pode ser inferior ao prazo de interposição de recurso hierárquico, previsto nos artigos 76º, n.º1 e 66º, n.º1, do Código de Procedimento e Processo Tributário que é de 30 dias. Diga-se a este respeito, em primeiro lugar, que trata de questão nova que não foi apreciada pelo tribunal recorrido, por lá não ter sido suscitada. E bem se compreende que a decisão recorrida não se tenha pronunciado sobre tal questão, pois que efectivamente a recorrente não a suscitou na peça processual deduzida ao abrigo do artº 113º, nº 2 do Código de Procedimento e Processo Tributário em resposta à questão da caducidade do direito de impugnar levantada pela Fazenda Pública - cf. fls. 295/302 e sentença de fls. 329 e segs. Vale isto por dizer que se está, assim, perante o que tecnicamente se designa por questão nova, porque veio pela primeira vez ao processo na alegação de recurso, mostrando-se, até aí, em absoluto ausente do processo, não tendo sido suscitada em qualquer peça processual e não tendo, por isso, sido apreciada na sentença. Ora, como é sabido, e é jurisprudência uniforme, os recursos são específicos meios de impugnação de decisões judiciais, que visam modificar as decisões recorridas, e não criar decisões sobre matéria nova (Cf. entre outros, os Acórdãos deste Supremo Tribunal Administrativo de 28.11.2012, recurso 598/12, de 27.06.2012, recurso 218/12, de 25.01.2012, recurso 12/12, de 23.02.2012, recurso 1153/11, de 11.05.2011, recurso 4/11, de 1.07.2009, recurso 590/09, 04.12.2008, rec. 840/08, de 30.10.08, rec.112/07, de 2.06.2004, recurso 47978 (Pleno), de 2911.1995, recurso 19369 e do Supremo Tribunal de Justiça, recurso 259/06.0TBMAC.E1.S1, todos in www.dgsi.pt.). Por isso, e em principio, não se pode neles tratar de questões que não tenham sido apreciadas pela decisão impugnada, salvo questões de conhecimento oficioso. Tem-se, assim, como assente que os recursos são meios para obter o reexame das questões já submetidas à apreciação dos tribunais inferiores, e não para criar decisões sobre matéria nova, não

submetida ao exame do tribunal de que se recorre Fernando Amâncio Ferreira, Manual dos Recursos em Processo Civil, pag. 147, Cardona Ferreira, Guia dos Recursos em Processo Civil, pag. 187, Armindo Ribeiro Mendes, Recursos em Processo Civil, Reforma de 2007, Coimbra Editora, Coimbra, 2009, págs.80-81. No caso subjudice, como vimos, a questão suscitada no ponto IX e na al.b) das conclusões das alegações de recurso interpretação correctiva do n.º 2 do artigo 102º do Código de Procedimento e Processo Tributário em ordem a concluir-se que o prazo de impugnação ali previsto nunca pode ser inferior a 30 dias - não foi sequer apreciada pela decisão recorrida. Neste contexto forçoso é concluir que, também nesta parte, improcede a alegação da recorrente. 6.4 Cumpre agora apreciar a última questão ventilada nas alegações de recurso, que é a de saber se o prazo de impugnação judicial do acto tributário passou a ser de natureza processual com a entrada em vigor da norma constante do nº3 do art. 58º do CPTA. Alega a recorrente que a norma constante do nº1 do artº 20º do CPPT tem, a partir da entrada em vigor Código de Processo nos Tribunais Administrativo, de ser interpretada em conjugação com o disposto no 58º, nº 3 do CPTA, no sentido de que o prazo de impugnação é agora processual. E que, em consequência desta alteração, a contagem dos prazos se rege agora pelo disposto no art. 144º. do CPC, que no seu n.º1 estabelece a regra da continuidade dos prazos e da sua suspensão em férias judiciais, aplicando-se igualmente o disposto nos nºs 5 a 7 do art. 145º do CPC, pelo que o acto pode ser praticados dentro dos três primeiros dias úteis subsequentes ao termo do prazo. Carece, no entanto de razão legal. Como esta Secção vem afirmando de forma reiterada e uniforme os prazos de impugnação são prazos legalmente fixados como condição de exercício do direito e por isso são de caducidade e de natureza substantiva. Do mesmo modo tem sido entendimento pacífico da jurisprudência que o art. 145º, nº 5, do Código de Processo Civil se aplica apenas aos prazos de natureza processual ou judicial e não aos prazos de natureza substantiva. E como ainda não há processo antes da apresentação da petição inicial de impugnação judicial, logo, «não sendo o prazo de dedução da impugnação um prazo de natureza processual» forçoso é concluir que não se lhe aplique o nº 5 do artigo 145º do Código de Processo Civil - cfr. o Acórdão do Supremo Tribunal Administrativo de 22/9/2010, proc nº 269/10 e também, no mesmo sentido, entre outros, os Acórdãos de 30/01/2013, procº 951/12, de 28/11/12, procº 571/12, de 16/05/12, procº. 291/12, de 14/3/2007, proc nº 831/06; 30/5/2007, proc nº 238/07; 16/4/2008, proc nº 77/08; 29/10/2008, proc nº 458/08; e 7/9/2011, proc nº 677/10. todos in www.dgsi.pt. Acresce que o artº 20º, nº 1 do Código de Procedimento e Processo

Tributário refere, de forma expressa, que os prazos do procedimento tributário e de impugnação judicial se contam nos termos do artigo 279.º do Código Civil. Trata-se de uma regra já contida no art. 49º, nº 2, do CPT. E se é certo que no regime da LPTA, havia sintonia entre a forma de contagem dos prazos de impugnação judicial e de interposição de recurso contencioso de actos anuláveis, pois a este também era aplicável o regime previsto no art. 279º do CC (art. 28.º, n.º 2, daquela Lei), actualmente, o regime de contagem do prazo de impugnação judicial é diferente do regime de contagem do prazos para propositura de acção administrativa especial para impugnação de actos anuláveis, pois a estes é aplicável o regime previsto no art.º 144º do CPC, por remissão do nº 3 do art. 58º do CPTA (Cf. Código de Procedimento e Processo Tributário anotado de Jorge Lopes de Sousa, 6ª ed., vol. I, pag 272.. ). Ora como bem decidiu a sentença recorrida a Lei Geral Tributária e o Código de Procedimento e de Processo Tributário contêm normas que regulam integralmente a matéria relativa à fixação e natureza dos prazos para dedução de impugnação judicial e tramitação do procedimento tributário (artigos 20º n 1, do CPPT e 57, n 3, da Lei Geral Tributária), não havendo neste aspecto lacunas de regulamentação, e não havendo, por isso lugar a aplicação subsidiária do artigo 58 do CPTA. De todo o modo cumpre referir que, ainda que se entendesse ser de invocar a alteração introduzida pelo artº 58º do CPTA na contagem dos prazos de impugnação, não procederia a tese da recorrente no sentido de aplicação do disposto nos nºs 5 a 7 do art. 145º do CPC, que permite a prática do acto dentro dos três primeiros dias úteis subsequentes ao termo do prazo. É que o prazo não perde, por esse facto, a natureza de substantivo. Com efeito dispõe o artº 58º, nº 3 do CPTA que a contagem dos prazos referidos no número anterior obedece ao regime aplicável aos prazos para a propositura de acções que se encontram previstos no Código de Processo Civil. Assim, em matéria de contagem de prazos de impugnação de actos administrativos o preceito faz uma remissão expressa regime aplicável aos prazos para a propositura de acções que se encontram previstos no Código de Processo Civil, ou seja para o disposto no artº 144º, nº 4 do Código de Processo Civil. Em anotação ao art. 58º do CPTA, referem Mário de Aroso de Almeida e Carlos Alberto Fernandes Cadilha no seu Comentário ao Código de Processo nos Tribunais Administrativos, 3ª edição, pag. 389, que tendo em conta a referida remissão, ( ) afigura-se que o prazo de impugnação mantém a sua natureza de prazo substantivo, ficando, todavia, sujeito a um novo regime de contagem. E, mais adiante, acrescentam os referidos Autores que entendendose a remissão como feita para o modo de contagem dos prazos do art. 144º do CPC e na perspectiva de que o prazo de impugnação de actos administrativos mantém a sua característica de prazo substantivo - fica afastado o regime especial de prática de acto num dos três primeiros dias úteis subsequentes ao termo do prazo, a que

se refere o artigo 145º, nºs 5, 6 e 7, do CPC. Em suma, atento o disposto no artº 58º do Código de Procedimento Administrativo os prazos de impugnação de actos anuláveis continuam a ser prazos substantivos, de caducidade do exercício de um direito, insusceptíveis de prorrogação mediante o pagamento da multa do art. 145 do CPC (Ver neste sentido Mário E. de Oliveira e Rodrigo E. de Oliveira, em anotação ao art. 58 do CPTA anotado.). Também Jorge Lopes de Sousa, no seu Código de Procedimento e de Processo Tributário, 6ª ed., Áreas Editora, Lisboa, 2011, pag. 145.) refere que o prazo de impugnação judicial é de natureza substantiva e não um prazo judicial, pelo que não lhe é aplicável o art. 145º, nº 5, do CPC, que prevê a possibilidade de apresentação de documentos nos três dias subsequentes ao termo do prazo mediante o pagamento de multa. Do exposto se infere que, ainda nesta perspectiva, improcede a alegação da recorrente no sentido de que prazo de impugnação judicial do acto tributário passou a ser de natureza processual com a entrada em vigor da norma constante do nº3 do art. 58º do CPTA, aplicando-se-lhe o disposto nos nºs 5 a 7 do art. 145º do Código de Processo Civil. Improcedem, pois, todas as conclusões do recurso. 7. Decisão: Termos em que, face ao exposto, acordam os juízes da Secção de Contencioso Tributário do Supremo Tribunal Administrativo em negar provimento ao recurso e confirmar a sentença recorrida. Custas pela recorrente. Lisboa, 13 de Março de 2013. - Pedro Delgado (relator) - Valente Torrão - Ascensão Lopes