UNIVERSDADE CASTELO BRANCO QUALITTAS CLINICA MÉDICA DE PEQUENOS ANIMAIS ERLIQUIOSE CANINA. Gustavo Roberto Storti



Documentos relacionados
UNIVERSIDADE CASTELO BRANCO PRÓ-REITORIA DE PESQUISA E PÓS-GRADUAÇÃO COORDENAÇÃO DE PÓS-GRADUAÇÃO CURSO DE PÓS-GRADUAÇÃO LATO SENSU

JUCIMARA COSTA PEREIRA ERLICHIOSE CANINA

INDICAÇÕES BIOEASY. Segue em anexo algumas indicações e dicas quanto à utilização dos Kits de Diagnóstico Rápido Bioeasy Linha Veterinária

Aspectos Clínicos da Hemobartolenose Felina

ERLIQUIOSE CANINA: RELATO DE CASO

REVISTA CIENTÍFICA DE MEDICINA VETERINÁRIA - ISSN: Ano XIII-Número 24 Janeiro de 2015 Periódico Semestral

ERLIQUIOSE CANINA - RELATO DE CASO

TÍTULO: ESTUDO RETROSPECTIVO DA OCORRÊNCIA DE EHRLICHIA CANIS DA CIDADE DE RIBEIRÃO PRETO DOS ANOS DE 2014 À 2015

Rejeição de Transplantes Doenças Auto-Imunes

COORDENAÇÃO ACADÊMICA NÚCLEO DE GESTÃO DE ATIVIDADES DE PESQUISA COORDENAÇÃO ACADÊMICA. Projeto de Pesquisa Registrado Informações Gerais

Sindrome respiratória felina. Rinotraquiete viral Clamidiose Calicivirose

17/03/2011. Marcos K. Fleury Laboratório de Hemoglobinas Faculdade de Farmácia - UFRJ mkfleury@ufrj.br

LEUCEMIA LINFOCÍTICA CRÔNICA EM CÃO RELATO DE CASO

PUBVET, Publicações em Medicina Veterinária e Zootecnia. Erliquiose x Babesiose canina: relato de caso

Informação pode ser o melhor remédio. Hepatite

[PARVOVIROSE CANINA]

-.BORDETELOSE CANINA "TOSSE DOS CANIS"

Hepatites Virais 27/07/2011

Perguntas e respostas sobre imunodeficiências primárias

Agente Infectante. Vetor / Transmissão. Doença. Sinais e Sintomas Hemorragias na pele, no nariz e em outros locais. Febre, fraqueza, dores musculares.

Contagem total de leucócitos Contagem diferencial e absoluta Neutrófilos Linfócitos Monócitos Eosinófilos Basófilos Achados de esfregaço sanguíneo

INFORME TÉCNICO FEBRE MACULOSA BRASILEIRA

Linfomas. Claudia witzel

Febre maculosa. Você que gosta de pescaria em rios, muito cuidado, ou melhor, evite os rios e locais com grandes grupos de CAPIVARAS

Câncer de Próstata. Fernando Magioni Enfermeiro do Trabalho

QUALITTAS INSTITUTO DE PÓS GRADUAÇÃO MEDICINA VETERINÁRIA CURSO DE CLÍNICA E CIRURGIA DE PEQUENOS ANIMAIS

Jornal de Piracicaba, Piracicaba/SP, em 4 de Junho de 1993, página 22. Animais de companhia: O verme do coração do cão


[COMPLEXO RESPIRATÓRIO VIRAL FELINO]

-Os Papiloma Vírus Humanos (HPV) são vírus da família Papovaviridae.

42º Congresso Bras. de Medicina Veterinária e 1º Congresso Sul-Brasileiro da ANCLIVEPA - 31/10 a 02/11 de Curitiba - PR 1

DOENÇAS LINFÁTICAS NOS GRANDES ANIMAIS. Prof. Adjunto III Dr. Percilio Brasil dos Passos

OCORRÊNCIA DE EHRLICHIOSE CANINA EM MOSSORÓ RESUMO ABSTRACT

Introdução. Febre amarela. A mais famosa arbovirose (virose transmitida por artrópodes) Causa de morbidade importante desde o século XVII até hoje

Doença de Chagas ou Tripanossomíase Americana

Diagnóstico diferencial da trombocitopenia em cães e gatos. Leonardo P. Brandão, MV, Msc, PhD

PROTOZOÁRIOS PARASITAS INTESTINAIS

Infermun em parvovirose canina

Nomes: Melissa nº 12 Naraiane nº 13 Priscila nº 16 Vanessa nº 20 Turma 202

PREFEITURA DE FLORIANÓPOLIS SECRETARIA MUNICIPAL DE SAÚDE CENTRO DE CONTROLE DE ZOONOSES DENGUE

Púrpura Trombocitopênica Auto-imune

DOENÇAS INFECCIOSAS DO CORAÇÃO

azul NOVEMBRO azul Saúde também é coisa de homem. Doenças Cardiovasculares (DCV)

DEFINIÇÃO. quantidade de plaquetas.

Arthropod-borne vírus Mosquitos e carrapatos Diferentes famílias de vírus. Togaviridae Bunyaviridae Flaviviridae. Arboviroses

VIVER BEM OS RINS DO SEU FABRÍCIO AGENOR DOENÇAS RENAIS

Pontifícia Universidade Católica de Minas Gerais

Boletim Epidemiológico UHE Santo Antônio do Jari

Patologia Geral AIDS

DOENÇAS AUTO-IMUNES EM CÃES

Patologia por imagem Abdome. ProfºClaudio Souza

O que é Hemofilia? O que são os fatores de coagulação? A hemofilia tem cura?

TROMBOCITOPENIA NA GRAVIDEZ

O QUE VOCÊ PRECISA SABER

HEMOBARTONELOSE EM GATOS

DOENÇAS CARDÍACAS NA INSUFICIÊNCIA RENAL

CIRURGIA DO NARIZ (RINOPLASTIA)

Tecido sanguíneo. Prof. Msc. Roberpaulo Anacleto

EXERCÍCIO E DIABETES

UNIVERSIDADE CASTELO BRANCO PRÓ-REITORIA DE PESQUISA E PÓS GRADUAÇÃO COORDENAÇÃO DE PÓS-GRADUAÇÃO

Ecologia da Febre Maculosa

EPM Mieloencefalite Protozoária Equina (Bambeira)

ASPECTOS EPIDEMIOLÓGICOS

QUESTÕES DE HEMATOLOGIA E SUAS RESPOSTAS

Área de concentração: CLÍNICA MÉDICA DE PEQUENOS ANIMAIS

CLASSIFICAÇÃO DAS CEFALEIAS (IHS 2004)

HEMOBARTONELOSE EM GATOS: REVISÃO DE LITERATURA

Como controlar a mastite por Prototheca spp.?

HEPATOZOONOSE CANINA

Assunto: Nova classificação de caso de dengue OMS

EFEITOS ADVERSOS A MEDICAMENTOS

DOENÇA PELO VÍRUS EBOLA (DVE) CIEVS/COVISA Novembro/2014

[DERMATOFITOSE]

. Hematos = sangue + poese = formação.

CARCINOMA MAMÁRIO COM METÁSTASE PULMONAR EM FELINO RELATO DE CASO

HIPERPLASIA DA GLÂNDULA DA CAUDA FELINA Relato de Caso

O QUE É? A LEUCEMIA MIELOBLÁSTICA AGUDA

VACINE-SE A PARTIR DE 1 DE OUTUBRO CONSULTE O SEU MÉDICO

Hemoglobina / Glóbulos Vermelhos são as células responsáveis por carregar o oxigênio para todos os tecidos.

SIMPÓSIO INTERNACIONAL ZOETIS. Doenças Infecciosas e Parasitárias

FESURV UNIVERSIDADE DE RIO VERDE FACULDADE DE MEDICINA VETERINÁRIA ERLIQUIOSE CANINA

Sistema circulatório

RESPOSTA RÁPIDA 154/2014 Alfapoetina na IRC

ERLIQUIOSE MONOCÍTICA CANINA

Qual é a função dos pulmões?

Introdução. Herpesvírus felino

ERLIQUIOSE TRANSMITIDA AOS CÃES PELO CARRAPATO MARROM (Rhipicephalus sanguineus)

INSUFICIÊNCIA RENAL SECUNDÁRIA A ERLIQUIOSE CANINA: REVISÃO DE LITERATURA

Professora: Ms Flávia

Cefaleia crónica diária

TEXTO BÁSICO PARA SUBSIDIAR TRABALHOS EDUCATIVOS NA SEMANA DE COMBATE À DENGUE 1

Este manual tem como objetivo fornecer informações aos pacientes e seus familiares a respeito do Traço Falcêmico

Cuidados e recomendações TOP WESTIES

Vanguard HTLP 5/CV-L Vacina contra Cinomose, Adenovírus Tipo 2, Coronavírus, Parainfluenza, Parvovirose e Leptospirose Canina

Principal função exócrina = produção, secreção e estoque de enzimas digestivas (gordura, proteínas e polissacarideos) Cães: Possuem dois ductos

A pneumonia é uma doença inflamatória do pulmão que afecta os alvéolos pulmonares (sacos de ar) que são preenchidos por líquido resultante da

Parasitoses - Ve V rminoses Prof. Tiago

Transcrição:

UNIVERSDADE CASTELO BRANCO QUALITTAS CLINICA MÉDICA DE PEQUENOS ANIMAIS ERLIQUIOSE CANINA Gustavo Roberto Storti Ribeirão Preto, set. 2006

GUSTAVO ROBERTO STORTI Aluno do Curso de Clínica Médica de Pequenos Animais ERLIQUIOSE CANINA Trabalho monográfico de conclusão do curso de Clínica Médica de Pequenos Animais (TCC), apresentado à UCB como requisito parcial para a obtenção do título de Especialista em Clínica Médica de Pequenos Animais, sob a orientação da Profa. Dra. Debora A. P. C. Zuccari Ribeirão Preto, set. 2006

DEDICO Este trabalho aos meus pais, que me fez reconhecer, que o Ser Humano só evolui com o saber, me guiando para o rumo do conhecimento. Á Deus por me dar força nos momentos de dificuldade. ii

Agradecimentos Á minha orientadora, Dra. Debora A. P. C.Zuccari, por apoiar minha monografia e pela sua dedicação para a minha aprendizagem. Á Mirtis Simei e Doraci Simei, proprietárias do Dog & Company, pela oportunidade de trabalhar no consultório do Pet-Shop. iii

RESUMO A erliquiose canina é uma importante doença infecciosa cuja prevalência tem aumentado significativamente em várias regiões do Brasil. É transmitida pelo carrapato Rhipicephalus sanguineus, e tem como principal agente etiológico a Erhlichia canis. Os sinais clínicos observados são conseqüência da resposta imunológica face à infecção. De acordo com estes sinais clínicos e patológicos, a doença pode ser dividida em três fases: aguda, sub-clínica e crônica. O sucesso do tratamento depende de um diagnóstico precoce. Várias drogas são utilizadas no tratamento da erliquiose sendo que a doxiciclina é o antibiótico de escolha. A doença é uma zoonose, tendo uma importância relevante na saúde humana. iv

ABSTRACT: The Canine Ehrlichiosis constitutes a major infeccious disease, and its prevalence has significantly increased in various brazilian regions. It is transmitted by the tick Rhipicephalus sanguineus and its principal etiological agent is the Escherichia canis. The clinical symptoms that were observed are consequence of the immune system response, as the animal is exposed to the infection. According to these clinical and pathological signals this disease can be divided in tree stages: acute, sub-clinical and chronic. The success of the treatment is only achieved through an early diagnosis. Several drugs are used to treat Ehrlichiosis, though doxycycline is the chosen antibiotic of this infection. Being a zoonosis, this disease is of major relevance to human health. v

SUMÁRIO Resumo...iv Abstract...v Parte 1. Introdução... 01 2. Desenvolvimento - Erliquiose Canina... 03 1. Riquetioses... 03 2. Carrapatos... 03 3. Erliquiose Canina... 04 4. Histórico... 05 5. Agente Etiológico... 05 6. Epidemiologia... 06 7. Patogenina... 07 8. Sinais Clínicos... 08 8.1. Fase Aguda... 08 8.2. Fase Sub-clínica... 09 8.3. Fase Crônica... 09 9. Diagnóstico... 10 10. Diagnóstico Diferencial... 14 11. Tratamento... 14

12. Prognóstico... 16 13. Profilaxia... 17 14. Saúde Pública... 18 3. Conclusão... 19 Referências bibliográficas... 20

ERLIQUIOSE CANINA PARTE 1 - INTRODUÇÃO A Erliquiose Canina é uma doença transmitida pela picada do carrapato, tendo sido reconhecida pela primeira vez na Argélia em 1935. Desde então, foi conhecida como sendo uma doença de importância mundial. O parasita é um organismo intracitoplasmático obrigatório que se localiza em macrófagos mononucleares, linfócitos e eventualmente em neutrófilos (CORRÊA & CORRÊA, 1992). Os cães podem ser infectados por várias espécies de Ehrlichias, incluindo a Ehrlichia canis, Ehrlichia equi, Ehrlichia ewingii, Ehrlichia platys, Ehrlichia risticii e Ehrlichia chaffeensis ( SUKSAWAT et al., 2000). O período de incubação da enfermidade é de oito a vinte dias. A mesma se apresenta sob três formas clínicas: aguda, subaguda e crônica (CORRÊA & CORRÊA, 1992).

Os achados patológicos incluem edema e enfisema pulmonares, ascite, glomerulonefrite, assim como esplenomegalia, hepatomegalia e linfadenopatia. Podem ser encontradas hemorragias no sistema urogenital, intestinos e narinas. Há também presença de petéquias na gengiva, conjuntiva ocular, bucal e nasal (CORRÊA & CORRÊA, 1992). O diagnóstico definitivo da Erliquiose pode ser um dilema para os clínicos. O critério de diagnóstico para as espécies de erliquias incluem a história de exposição ao carrapato, sinais clínicos ou anormalidades laboratoriais, identificação das mórulas citoplasmáticas (através de coleta de sangue, testes sorológicos para identificar anticorpos para erliquia, através da cadeia de reação da polimerase (PCR) ou por meio de anticorpos por imunofluorecencia indireta (IFA) (SUKSAWAT et al., 2000). A resposta ao tratamento geralmente é positiva, com exceção dos cães com Erliquiose Crônica grave, nos quais a resposta ao tratamento é mínima. Vários são os medicamentos que podem ser utilizados, como a tetraciclina, doxiciclina, cloranfenicol e o dipropionato de imidocard, sendo que a recuperação depende da severidade do caso clínico e do período em que se inicia a medicação (TROY & FORRESTER, 1990). A doença é uma zoonose que pode ser transmitida ao homem da mesma forma que é transmitida ao cão, tendo portanto, uma importância relevante na saúde humana. Os sinais clínicos em humanos incluem febre, dor de

cabeça, mialgias e sintomas gastrointestinais e o tratamento com antibiótico a base de tetraciclina confere resultados satisfatórios (BARR, 2003). PARTE 2 - DESENVOLVIMENTO 1 - RIQUETISIOSES As rickéttisias importantes em Medicina Veterinária pertencem a duas Ordens: Rickettisiales e Chlamydiales. A Ordem Rickettisiales, a qual correspondem as riquétsias, é constituída por pequenos microrganismos bacterianos gram-negativos cocobacilares pleomórficos. Esta Ordem é formada por três famílias: Rickettsiaceae, Bartonellaceae e Anaplasmataceae. A família Rickettsiaceae é composta por três tribos: Rickettsiae, Ehrlichieae, e

Wolbachieae. A tribo Ehrlichiae consiste de três gêneros: Ehrlichia, Cowdria e Nerickettsia (BREITSCHWERDT, 1997). As doenças rickettisiais são muito comuns nos cães e, na maioria das vezes, são oriundas dos carrapatos (COUTO, 1998). 2 CARRAPATOS Dentro do filo Artrópoda, os carrapatos são considerados vetores de um número de agentes infecciosos maior do que qualquer outro grupo, inclusive dos mosquitos. Das aproximadamente 825 espécies de carrapatos descritos no mundo, apenas cerca de dez por cento assumem uma maior importância direta em saúde pública. No entanto, quando se refere à fauna ixodológica do Brasil é composta por 54 espécies de carrapatos (SANTOS, 2003). 3 ERLIQUIOSE CANINA A Erliquiose Canina é uma doença relativamente comum nos cães e recentemente confirmada como zoonose. Os sinônimos utilizados na literatura para este distúrbio incluem Doença do Cão Rastreador, Pancitopenia Canina Tropical, Febre Hemorrágica Canina e Tifo Canino. Devido a sua natureza crônica e insidiosa, a Erliquiose é prevalente o ano inteiro (COUTO, 1998).

As Erliquias parasitam os leucócitos. No cão os agranulócitos, como linfócitos e monócitos são mais freqüentemente infectados, e a afecção recebe porisso a denominação Erliquiose Monocítica Canina, estando a designação comumente relacionada à Ehrlichia canis. Quando as células granulocíticas (neutrófilos) são acometidas, a denominação é Erliquiose Granulocítica Canina e é representada mais comumente pela Ehrlichia equi e Ehrlichia ewingii. A Ehrlichia platys é responsável pela enfermidade denominada Trombocitopenia Infecciosa Cíclica dos cães, acometendo as plaquetas (BREITSCHWERDT, 1997). Estas rickettsias infectam essencialmente os animais, existindo espécies que acometem naturalmente os canídeos, equídeos, ruminantes e o homem, sendo que a infecção em gatos é rara, e foi apenas demonstrada em raros casos (DAVOUST, 1993). 4 - HISTÓRICO A Erliquiose Canina foi verificada pela primeira vez no Brasil em 1973, muitos relatos foram feitos entre 1950 e 1970 que se encontravam nas instalações militares na Ásia (CORRÊA & CORRÊA, 1992). Ela alcançou destaque na mídia e entre os veterinários durante a Guerra do Vietnã, quando uma grande proporção de cães militares contraíram a doença (COUTO, 1998).

5 AGENTE ETIOLÓGICO O gênero Ehrlichia, pertencente à família das Rickettsiaceae, é constituído por bactérias intracelulares obrigatórias dos leucócitos (monócitos e polimorfonucleares) ou trombócitos (DAVOUST, 1993). A Ehrlichia canis é um microrganismo pequeno, pleiomórfico, que se localiza nas células reticuloendoteliais do fígado, baço e nódulos linfáticos, replicando-se na membrana citoplasmática dos leucócitos circulantes do hospedeiro por difusão binária, no interior dos monócitos, linfócitos e raramente neutrófilos. A princípio são observados corpúsculos elementares iniciais com 0,5 a 1 µm, que depois se multiplicam por divisão binária formando uma inclusão. Estes corpos moruliformes que recebem o nome de mórula, e que medem 1 a 2 µm, quando estão maduros, se dissociam em novos corpúsculos elementares, que deixam as células brancas por exocitose ou rompimento das mesmas, indo parasitar novas células (CORRÊA & CORRÊA, 1992). Os agentes etiológicos da Erliquiose Canina são a Ehrlichia canis (cepa mononuclear), Ehrlichia equi (cepa neutrofílica), Ehrlichia platys (cepa plaquetária) e Ehrlichia risticii (cepa mononuclear) (COUTO, 1998). No entanto, apenas a infecção por Ehrlichia canis possui importância epidemiológica, por levar a um quadro clínico mais severo (WARNER et al., 1995).

No momento da transmissão da Erliquiose, o carrapato poderá transmitir outros agentes tais como: Babesia, Hepatozoon e Hemobartonella canis (BEAUFILS et al., 1992; KLAG et al., 1991). 6 - EPIDEMIOLOGIA Ehrlichia canis é parasita primário de artrópodes, sendo os vertebrados seus hospedeiros secundários. Acomete todas as raças de cães e em todas as idades, apesar de serem os filhotes, os mais severamente acometidos por ela (CORRÊA & CORRÊA, 1992). O vetor de maior importância na transmissão da enfermidade é o carrapato, mais especificamente, o Rhipicephalus sanguineus (COUTO, 1998). Esta espécie é de grande importância por ser cosmopolita, tendo como hospedeiro principal o cão. Pode também ser vetorizada por mosquitos e pulgas e por transfusão de sangue contaminado com o microrganismo (CORRÊA & CORRÊA, 1992). No carrapato, a Ehrlichia canis se multiplica nos hemócitos e nas células da glândula salivar, propiciando, portanto, a transmissão transestadial. Em contra partida, a transmissão transovariana provavelmente não ocorre (ANDEREG et al., 1999).

A transmissão entre animais se faz pela inoculação de sangue proveniente de um cão contaminado para um cão sadio, pelo intermédio do carrapato (COUTO, 1998). O cão é infectante apenas na fase aguda da doença, quando existe uma quantidade importante de hemoparasitas no sangue. O carrapato poderá permanecer infectante por um período de aproximadamente um ano, visto que a infecção poderá ocorrer em qualquer estado do ciclo (WOODY et al., 1991). 7 PATOGENIA A infecção do cão sadio se dá no momento do repasto do carrapato infectado (DAVOUST, 1993). Após um período de incubação de oito a vinte dias, o agente se multiplica nos órgãos do sistema mononuclear fagocítico (fígado, baço e linfonodos) (GREGORY et al., 1990). A mesma se apresenta sob três formas clínicas: aguda, subclínica (subaguda) e crônica (CORRÊA & CORRÊA,1992). A fase aguda da Erliquiose é variável quanto à duração (duas a quatro semanas) e à severidade (suave à severa). O microrganismo replica-se nas células monucleares, principalmente no sistema fagocitário monuclear (SFM) dos linfonodos, baço, e medula óssea, resultando em hiperplasia dessa linhagem celular e organomegalia (linfadenopatia, esplenomegalia e hepatomegalia). A

trombocitopenia (devido à destruição periférica de plaquetas) com ou sem anemia e leucopenia (ou leucocitose), é comum durante essa fase (COUTO, 1998). Na fase sub-clínica, a Ehrlichia canis persiste no hospedeiro, promovendo altos títulos de anticorpos (HARRUS et al., 1998). Esta fase pode perdurar por vários anos, sendo que irá acarretar apenas em leves alterações hematológicas, não havendo sintomatologia clínica evidente (DAVOUST, 1993). A fase crônica ocorre quando o sistema imune é ineficaz e não pode eliminar o microrganismo (COUTO, 1998). Nesta fase, pode-se desenvolver pancitopenia, e os mecanismos responsáveis não estão, todavia, totalmente elucidados. Várias teorias procuram explicar o fato, entre elas: mecanismos autoimunes associados à hiperglobulinemia que causariam depressão da medula óssea, ou mesmo exaustão da mesma após ter tentado compensar a destruição das plaquetas (CORRÊA & CORRÊA, 1992). A principal característica desta fase, é o aparecimento de uma hipoplasia medular levando a uma anemia aplástica, monocitose, linfocitose e leucopenia (GREGORY et al., 1990). 8 SINAIS CLÍNICOS 1998). Os sinais clínicos variam nas diferentes fases da doença (COUTO,

8.1 - Fase Aguda A fase aguda ocorre após um período de incubação que varia entre oito e vinte dias e perdura por dois a quatro semanas. É caracterizada principalmente por hipertermia, anorexia, perda de peso e astenia. Menos freqüentemente observam-se outros sinais inespecíficos como febre, secreção nasal, anorexia, depressão, petéquias hemorrágicas, epistaxe, hematúria, ou ainda edema de membros, vômitos, sinais pulmonares e insuficiência hepato-renal (GREGORY et al., 1990). Na hematologia observa-se freqüentemente uma trombocitopenia entre dez a vinte dias pós-infecção, em conseqüência da destruição imunológica periférica das plaquetas. Em alguns casos temos também uma leucopenia progredindo para leucocitose e, raramente, observa-se uma anemia aplástica (GREGORY et al., 1990). 8.2 Fase Sub - Clínica Os pacientes ficam assintomáticos. Podem-se identificar alterações hematológicas e bioquímicas suaves (COUTO,1998). Podem ser encontradas algumas complicações como depressão, hemorragias, edema de membros, perda de apetite e palidez de mucosas (WOODY et al., 1991). Esta fase se inicia em seis a nove semanas, podendo-se prolongar por até dezessete semanas (CORRÊA & CORRÊA, 1992).

8.3 - Fase Crônica Os sinais clínicos podem ser suaves ou severos, desenvolvendo de um a quatro meses após a inoculação do microrganismo e refletir hiperplasias do sistema fagocítico monocitário e anormalidades hematológicas. Pode-se observar perda de peso, pirexia, sangramento espontâneo, palidez devido à anemia, linfadenopatia generalizada, hepatoesplenomegalia, uveíte anterior ou posterior, sinais neurológicos causados por meningoencefalomielite e edema de membro intermitente (COUTO, 1998). Em 35% dos casos ocorre epistaxe, e este fato é de mau prognóstico para o enfermo. A epistaxe pode ser devida ao sangramento dos cornetos nasais ou nos pulmões. A icterícia é vista raramente, mas quando se apresenta indica que o animal está concomitantemente com Babesiose. Podem ser encontradas hemorragias no abdômen, nas mucosas genital, conjuntival e bucal (CORRÊA & CORRÊA, 1992). 9 - DIAGNÓSTICO Os sinais clínicos podem ser considerados com os resultados hematológicos e pela sorologia, estabelecendo - se um diagnóstico definitivo (CORRÊA & CORRÊA, 1992).

Hematologia: Geralmente ocorre anemia arregenerativa, porém, a anemia pode ser regenerativa quando houver hemólise como no caso de infecção concomitante com Babesia canis ou ocorrência de extensiva hemorragia. Pode ser evidente uma suave leucopenia, três à quatro semanas após a fase aguda da infecção, seguida por leucocitose e monocitose (HOSKINS, 1991). As mórulas são visualizadas com maior freqüência no sangue retirado da veia marginal das orelhas e vistas no final do esfregaço sanguíneo realizado em lâmina. Elas são coradas em vermelho-púrpura pelo método de Giemsa (CORRÊA & CORRÊA, 1992). Bioquímica: A atividade da alanina aminotransferase e fosfatase alcalina podem estar aumentados nos cães com Erliquiose, especialmente durante a fase aguda. O aumento de bilirrubina total durante a fase aguda e uma suave icterícia podem ser relatadas em uma baixa porcentagem de cães com Erliquiose (TROY & FORRESTER, 1990). A trombocitopenia presente no quadro clínico não permite que se confirme o diagnóstico da doença, mas em áreas sabidamente endêmicas, a Erliquiose deve ser considerada como a primeira suspeita. A confirmação do diagnóstico pode ser reforçado se for encontrada hipoalbuminemia e hiperglobulinemia associada à trombocitopenia (DAVOUST, 1993). Os testes para anticorpos antinucleares ou antiplaquetários tiveram resultados positivos. Os auto-anticorpos talvez tenham sido produzidos em

resposta à persistênia do organismo, por estarem envolvidos na patogenia crônica da infecção (TROY & FORRESTER, 1990). Urinálise: A elevação do BUN e da creatinina tem sido relatada e, a azotemia pode ser de origem pré-renal ou pode ocorrer secundária a uma doença renal. Azotemia renal primária está associada com a glomerulonefrite e plasmocitose intersticial renal em cães com Erliquiose. Proteinúria, com ou sem azotemia pode ocorrer em mais da metade dos cães com Erliquiose (TROY & FORRESTER, 1990). Testes de Coagulação: Cães com problemas hemorrágicos e com tempo de sangramento prolongado são observados com frequência, porém o tempo de ativação da coagulação, tempo de protrombina e o tempo de ativação parcial de tromboplastina não apresentam alterações. O prolongamento do tempo de sangramento é evidente por causa da trombocitopenia ou má função plaquetária (HOSKINS, 1991). Analise do LCR: A análise do liquido cefalorraquidiano em cães com sinais a doença no Sistema Nervoso Central mostra um aumento no nível protéico e pleocitose mononuclear similares às encontradas em infecções virais (TROY & FORRESTER, 1990). Sorologia: Pode-se realizar o diagnóstico por imunofluorescência indireta, que constitui um método sensível e muito específico, permitindo o

diagnóstico preciso da Erliquiose (DAVOUST, 1993). A técnica de PCR (Polymerase Chain Reaction) permite um diagnóstico rápido e com sensibilidade semelhante a outras técnicas, o que o torna uma peça útil para a elaboração do diagnóstico (IQBAL et al., 1994; WEN et al., 1997). Biópsia: O exame microscópico de lâminas, de órgãos corados por H.E., como o pulmão, linfonodo e baço, nesta ordem, podem revelar a Ehrlichia canis em impressões de lâminas coradas pelo método de Giemsa (CORRÊA & CORRÊA, 1992). Necrópsia: A Exame Macroscópico: Observa-se várias hemorragias difusas ou petequiais em conjuntivas, dermatites (principalmente nos membros), edema de membros pélvicos, emaciação, pele apresentando áreas roxas, áreas edemaciadas, hemorragias nas articulações do carpo, hemorragias subcutâneas, esplenomegalia discreta, amídalas ocasionalmente aumentadas, hemorragia petequial na próstata, testículos e epidídimo sendo que alguns cães apresentam petéquias no pênis. Os rins podem apresentar hemorragias subscapsulares e focais perto da junção córtico-medular. Nos pulmões e no coração, podem ser observadas áreas de hemorragias focais e a lesão mais frequente ocorre na cavidade torácica e consiste de hemorragia cardíaca e pulmonar. Alguns cães apresentam hemorragia meningeana espinhal e craniana (HOSKINS, 1991).

Os linfonodos apresentam-se aumentados de volume, hemorrágicos e com uma coloração amarronzada, principalmente os mesentéricos. A medula óssea está mais pálida que o normal. O fígado costuma encontrar-se de tamanho normal, com a consistência aumentada e uma coloração diminuída. O baço comumente está aumentado de volume, congesto, firme e muito escuro, sangrando ao corte. Alguns animais apresentam hemorragias na dura-máter cerebral e medular, principalmente nas regiões occipital e basilar dos hemisférios cerebrais. Nos pulmões e no coração são encontradas as mais consistentes lesões da enfermidade, que são representadas principalmente por hemorragias (CORRÊA & CORRÊA, 1992). B Exame Microscópico: A alteração histopatológica mais evidente é o infiltrado celular plasmocitário em numerosos órgãos, especialmente rins, tecidos linfopoiéticos e meninges (DAVOUST, 1993). A necrópsia, observa-se em cães em fase aguda, miocardite intersticial, agregação subendotelial de células mononucleares nos vasos sangüíneos pulmonares, hiperplasia reticuloendotelial multifocal no fígado, proliferação difusa de células reticuloendoteliais na polpa vermelha do baço e células linforeticulares na polpa branca, linfocitose e plasmocitose perivascular no rim, adenomegalia, hiperplasia linforeticular das zonas paracorticais dos linfonodos, medula óssea normal ou com hiperplasia celular e aumento dos megacariócitos e da relação granulócito/eritrócitos (HIDELBRANT, 1973).

10 DIAGNÓSTICO DIFERENCIAL O diagnóstico diferencial em cães com Erliquiose Crônica inclui o Mieloma Múltiplo, Linfoma, Leucemia Linfocítica Crônica, Lúpus Eritematoso Sistêmico, Trombocitopenia Imunomediada, Cinomose e Febre Maculosa das Montanhas Rochosas (CORRÊA & CORRÊA, 1992). 11 - TRATAMENTO O tratamento da Erliquiose Canina consiste no uso de antiricketisiais e terapia de suporte. As drogas usadas com sucesso incluem as tetraciclinas, cloranfenicol e o dipropionato de imidocard. Geralmente, quando o tratamento é iniciado precocemente, o prognóstico é mais favorável (TROY & FORRESTER, 1990). A tetraciclina ou a oxitetraciclina são consideradas as drogas iniciais de escolha. A erlichia sp é sensível às tetraciclinas em doses de 60mg/kg, divididas em três doses diárias, por via oral, durante três semanas, podendo, entretanto ter recidivas (TROY & FORRESTER, 1990). A doxiciclina constitui a droga de eleição no tratamento da Erliquiose em todas as suas fases. A droga é absorvida com rapidez quando administrada por via oral. A distribuição é ampla pelo coração, rins, pulmões, músculo, fluido

pleural, secreções brônquicas, bile, saliva, fluido sinovial, líquido ascítico e humores vítreo e aquoso. A doxiciclina é mais lipossolúvel e penetra nos tecidos e fluídos corporais melhor que o cloridrato de tetraciclina e a oxitetraciclina. A eliminação da doxiciclina se dá primariamente através das fezes por vias não biliares, na forma ativa. A vida média da doxiciclina no soro de cães é de 10 a 12 horas. A droga não se acumula em pacientes com disfunção renal e porisso pode ser usada nesses animais sem maiores restrições (WOODY et al., 1991). Na literatura, existem várias indicações de dosagens e tempo de duração do tratamento da Erliquiose utilizando-se a doxiciclina. Os critérios para o tratamento variam de acordo com a precocidade do diagnóstico, da severidade dos sintomas clínicos e da fase da doença que o paciente se encontra quando do início da terapia, recomenda-se nas fases agudas, a dosagem de 5mg/kg, duas vezes por dia, via oral, durante sete a dez dias e, nos casos crônicos 10mg/kg, via oral, durante 7 a 21 dias (WOODY et al., 1991). O tratamento pode durar de três a quatro semanas nos casos agudos e até oito semanas nos casos crônicos. A doxiciclina deverá ser fornecida duas a três horas antes ou após a alimentação para que não ocorram alterações na absorção (WOODY et al., 1991). O cloranfenicol pode ser usado em cães com infecções persistentes que são refratárias a terapia com a tetraciclina, na dose de 15 a 20mg/kg a cada oito horas durante 15 dias, por via oral, intravenosa ou subcutânea. Contudo o

seu uso em cães com anemia ou pancitopenia deve ser evitado quando possível (TROY & FORRESTER, 1990). O dipropionato de imidocard (IMIZOL ), administrado em dosagem de 5 mg/kg, via subcutânea, e repetido em quinze dias, é altamente efetivo em cães com Erliquiose refratária e em cães com infecções mistas por Ehrlichia canis e a Babesia canis (COUTO, 1998). Freqüentemente deverá ser fornecido um tratamento de suporte, principalmente nos casos crônicos. Assim, deve-se corrigir a desidratação com fluidoterapia e as hemorragias devem ser compensadas pela transfusão sangüínea. Terapia a base de glicocorticóides e antibióticos pode também ser utilizada nos casos em que a trombocitopenia for importante e nos casos de infecções bacterianas secundárias, respectivamente (PASSOS et al., 1999). Como nos cães anoréxicos, pode-se utilizar vitaminas do complexo B como estimulantes inespecíficos do apetite ou diazepam, intravenoso ou oral, antes de oferecer o alimento. Hormônios androgênicos como o Stanozolol (metil androstenol) e o Oxymethalone (hidróxi-metil diostrano) podem ser utilizados para estimular a medula óssea (CORRÊA & CORRÊA, 1992). A terapia com glicocorticóides por um curto período de dois a sete dias pode ser de grande valor no início do tratamento, quando estiver ocorrendo trombocitopenia, já que um mecanismo imunomediado pode ser a causa dessa

queda plaquetária. Pode ser utilizado também em casos de poliartrite crônica (TROY & FORRESTER, 1990). 12 - PROGNÓSTICO O prognóstico depende da fase em que a doença for diagnosticada e do início da terapia. Quanto antes se inicia o tratamento nas fases agudas, melhor o prognóstico. Nos cães, no início da doença, observa-se melhora do quadro em 24 a 48 horas, após o início da terapia (WOODY et al., 1991). O prognóstico é excelente quando usa-se o tratamento apropriado, a menos que a medula óssea se encontre severamente hipoplásica (COUTO, 1998). O prognóstico é bom quando se tem o diagnóstico rápido, pois a Ehrlichia canis é muito sensível as tetraciclinas, sendo reservado quando a amostra é muito virulenta e causa hemorragias e lesões severas (CORRÊA & CORRÊA, 1992). 13 - PROFILAXIA O controle do R. sanguineus é realizado com pulverizações de carrapaticidas e manutenção das condições de higiene perfeitas (CORRÊA & CORRÊA, 1992).

Todo animal que entre em uma propriedade ou canil, deve ser mantido em quarentena e tratado para carrapatos. Caso seja confirmada a doença, deverá ser tratado antes de ingressar na criação. Deve-se instaurar um sistema de identificação sorológica dos animais positivos, com o intuito de tratá-los o mais rápido possível, minimizando a amplitude das fontes de infecção, que correspondem aos animais assintomáticos (DAVOUST, 1993). Podem-se utilizar doses baixas de tetraciclina ou de doxiciclina nas áreas endêmicas durante a estação dos carrapatos (tetraciclinas, 3mg/kg, por dia, via oral; ou doxiciclina, 2mg/kg, por dia, via oral) (COUTO, 1998). 14 SAÚDE PÚBLICA A doença é uma zoonose que pode ser transmitida ao homem da mesma forma que é transmitida para o cão, tendo portanto, uma importância relevante na saúde humana (TROY & FORRESTER, 1990). Evidências sorológicas indicam que a Ehrlichia canis ocorre em seres humanos, que se infectam a partir da exposição a carrapatos. Os sinais clínicos incluem febre, dor de cabeça, mialgia, dor ocular e desarranjo gastrintestinal. O tratamento com tetraciclinas resulta em recuperação rápida (BARR, 2003).

PARTE 3 - CONCLUSÃO

A Erliquiose Canina é uma doença grave de caráter mundial e difícil de ser controlada, pois é transmitida pela picada do carrapato, vetor de difícil erradicação. Acomete cães de todas as idades independente do sexo ou raça, sendo que o índice de animais infectados é alto. Geralmente a manifestação é aguda, mas, ocorrem também casos subagudos ou crônicos. Pode também afetar os humanos. O diagnóstico definitivo para a doença é difícil, mas existem vários métodos para confirmar esse diagnóstico, sendo que se associa o hemograma com os sinais clínicos. O tratamento de eleição é com a doxiciclina a cada 12 horas, via oral, durante 21 dias, associado com a terapia de suporte. O prognóstico é bom na maioria das vezes.

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS: ANDEREG, P. I.; PASSOS, L. M. F. Canine ehrlichiosis. Clínica Veterinária, v.19, p.31-8, 1999. BARR, S. C. Erliquiose. In: TILLEY, L. P. SMITH, F. K. Consulta veterinária em 5 minutos espécies canina e felina. Ed. Manole, p. 665, 2003 BEAUFILS, J. P.; LEGROUX, J. P. Présence simultanée d Ehrlichia sp e d Hepatozoon canis dans des granulocites de chien: a propos de deux cas. Prat. Méd. Chir. Anim. Comp., v.27, p.81-6, 1992 BREITSCHWERDT, E. B. As Riquetisioses. In: ETTINGER, S. J.; FELDMAN, E. C. Tratado de medicina interna veterinária. V.1, 4ª ed. São Paulo: Manole, 1997. Cap. 67, p. 543-49. COUTO, C. G. Doenças Rickettsiais In: BIRCHARD, SHERDING, Manual Saunders: Clínica de pequenos animais. Ed. Roca: p. 139-42, 1998 DAVOUST, B. Canine Ehrlichiosis. Point Vét., v.151, p.43-51, 1993. CORRÊA, W. M.; CORRÊA, C..N. M. Outras rickettsioses. enfermidades infecciosas dos mamíferos domésticos. 2ª ed. Rio de Janeiro, 1992, cap.48, p.477-83. GREGORY, C; FORRESTER, S..O. Ehrichia canis, E. equi, E. risticci infections. In: GREENE, C.E. Infectious diseases of the dog and cat. Philadelphia: W.B. Saunders. p. 404-14, 1990. HARRUS, S.; WARNER, T.; AIZENBERG, I.; FOLEY, J.; POLANO, A.M.; BARN, H. Amplification of Ehrlichial DNA from dogs 34 months after infection with Ehrlichia canis. Journal of Clinical Microbiology, v.36, p.40-2, 1998. HILDERBRANDT, P.K; HUXSOLL, D.L.; WALKER, J.S.; NIMS, R.M.; TAYLOR, R.; ANDREWS, M. Pathology of canine ehrlichiosis (Tropical Canine Pancytopenia).Am. J. Vet. Res., cap.34, p.1309-20, 1973.

HOSKINS,J.D.; Tick-Borne Zoonoses: Lyme Disease, Ehrlichiosis, and Rocky Montain Spotted Fever. Small Animal. v.6, p.236-43, 1991. IQBAL, Z.; CHAICHANASIRIWITHAYA, W.; RIKIHISA, Y. Comparison of PCR with other test for early diagnosis of canine ehrlichiosis. J. Clin. Microbiol., v.32, p.1658-63, 1994. KLAG, A. R.; DUNBAR, L. E.;GIRARD, C. A. Concurrent erlichiosis and babesiosis in a dog. Can. Vet. v.32, p.305-07, 1991. PASSOS, L. M. F; ANDEREG, P. I; SAMARTINO, L. E. Ehrlichiosis Canina. Vet. Arg., v.153, p.16, 1999. SANTOS, A.P. Aspectos epidemiológicos de Febre Maculosa em uma área endêmica do Município de Mogi das Cruzes (SP) e estudo em laboratório do ciclo de vida do vetor Amblyomma aureolatum (Acari: Ixodidae). 86 p. Tese de doutorado em Epidemiologia Experimental Aplicada às Zoonoses. Faculdade de Medicina Veterinária e Zootecnia da Universidade de São Paulo, 2003 SUKSAWAT, J.; HEGART, B. C.; BREITSCHWERDT, E. B. Seroprevalence os Ehrlichia canis, Ehrlichia equi, and Ehrlichia risticii in Sick Dogs from North Carolina and Virginia. J. Vet. Inter. Med, Cap.14, 2000, p. 500-55. TROY, G. C.; FORRESTER, S.D. Canine Ehrlichiosis. Infection Disease of Dog and Cat. Philadelphia: W. B. Saunders, 1990. Cap 37, p.404-14. WANER, T.; HARRUS, S.; WEISS, D. J.; BARK, H.; KEYSARY, A. Demonstration of serum antiplatelet antibodies in experimental acute canine ehrlichiosis. Veterinary Immunology and Immunopathology, Cap.48 p.177-82, 1995. WEN, B.; RIKIHISA, Y. MOTT, J.M.; GREENE, R.; KIM, H.Y.; ZHI, N.; COUTO, G.C.; UNVER, A. BARTSCH, R. Comparison of nested PCR with imunofluorescent-antibody assay for detection of Ehrlichia canis infection in dogs treated with doxycycline. J. Clin. Microbiol. Cap.35, p.1952-5, 1997.

WOODY, B.J.; HOSKINS, J.D. Ehrlichial diseases of the dog. Veterinary Clinical North America: Small animal practice, Cap.21, p.45-98, 1991.