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Transcrição:

A INFLUÊNCIA DA NEOTECTÔNICA NA LOCAÇÃO DE POÇOS PARA ÁGUA NO CRISTALINO FRATURADO: RESULTADOS PRELIMINARES DA REGIÃO DE EQUADOR, RIO GRANDE DO NORTE, NORDESTE DO BRASIL 1 Carlos César Nascimento da Silva 2 & Emanuel Ferraz Jardim de Sá 3 Resumo - Com base em dados geológico-estruturais, morfotectônicos e sismológicos regionais, é discutida a relação entre a neotectônica e a produtividade dos poços já locados na região de Equador, porção centro-sul do Estado do Rio Grande do Norte, NE do Brasil. O campo de tensões neotectônico é representado por compressão (σ 1 ) na direção E-W e extensão (σ 3 ) N-S. Poços locados em quartzitos e metaconglomerados próximos a Equador, mostram excelente vazão quando associados aos sistemas de fraturamento E- W ± 20 o (funcionando atualmente como fraturas de extensão), NE ou NW (funcionando atualmente como fraturas de cisalhamento dextral e sinistral, respectivamente), atestando o seu comportamento aberto e conectividade de diferentes sistemas de juntas. Já aqueles poços que foram locados segundo estruturas NNE, que apresentam comportamento atual fechado, são em geral secos, ou de baixa produtividade. Palavras-chave Neotectônica; aqüífero fissural; potencial hídrico INTRODUÇÃO Os critérios utilizados na locação de poços em terrenos cristalinos estão baseados em conceitos estabelecidos nas décadas de 50-60 (Siqueira 1967). Os sítios priorizados 1 Apoio financeiro FINEP/PADCT 2 Doutorando UFRN/PPGG Geodinâmica & Geofísica, Bolsista CAPES (cesar@geologia.ufrn.br) 3 UFRN/PPGG Geodinâmica & Geofísica, Pesquisador do CNPq (emanuel@geologia.ufrn.br) 1 st Joint World Congress on Groundwater 1

para locação correspondem às porções mais densamente fraturadas ou às drenagens estruturalmente controladas (conceito de riacho-fenda ). Técnicas recentes associando a geologia estrutural e o campo de tensões neotectônico refletem um avanço na pesquisa hidrogeológica, determinando as direções de fraturamento que apresentam tendência atual à abertura, e desta forma maior potencialidade à percolação e retenção d água. Fraturas com tendência atual à abertura são paralelas ao esforço compressivo neotectônico, enquanto as fraturas com tendência ao fechamento, seriam perpendiculares. Neste intervalo, as fraturas de cisalhamento também apresentam potencialidade, especialmente nas zonas de transtração e sítios de interseção de fraturas. Na região de Equador, localizada na porção centro-sul do Estado do Rio Grande do Norte (Figura 1), o relevo movimentado e ampla área de rochas aflorantes possibilitam uma análise da neotectônica local com base nos critérios geológico-estrutural e morfotectônico. 5º S BRASIL 38º W 37º W 36º W LEGENDA 35º W OCEANO Capitais estaduais Municípios 226 Rodovias federais Área Estudada Escala Gráfica 15 km 0 15 30 km CEARÁ 6º S RIO GRANDE DO NORTE 206 NATAL ATLÂNTICO CURRAIS NOVOS Santa Cruz 7º S Equador PARAÍBA Figura 1 - Localização geográfica da região de Equador-RN. ARCABOUÇO GEOLÓGICO E NEOTECTÔNICO DA REGIÃO DE EQUADOR A área está inserida no ramo central de um dos domínios da Província Borborema (Almeida et al. 1977), denominado Faixa Seridó, imediatamente a norte do Lineamento Patos. Localmente, afloram principalmente micaxistos e quartzitos, correlatos respectivamente às Formações Seridó e Equador, do Grupo Seridó (Jardim de Sá 1994). Eventualmente, estes litotipos apresentam-se capeados por coberturas holocênicas, as 1 st Joint World Congress on Groundwater 2

quais devem funcionar como zona de recarga para os sistemas de fraturas que alimentam alguns dos poços estudados. Evidências baseadas na análise estrutural de afloramentos, na morfotectônica local e regional (p. ex. Caldas et al. 1997; Dantas 1998; Silva 1999; Jardim de Sá et al. 1999) e em dados sismológicos regionais (Ferreira et al. 1998), atestam um eixo compressivo (σ 1 ) na direção E-W e o eixo de extensão (σ 3 ) N-S. Em campo, este dados podem ser comprovados a partir do basculamento do topo das serras da região, a formação de boqueirões bastante expressivos na direção E-W, além de evidências de reativação extensional nas fraturas com direção E-W, imprimindo nítido comportamento de abertura. A Figura 2 ilustra o comportamento atual das fraturas observadas em campo, baseado nas direções de compressão e extensão. Direção de Extensão Direção de Compressão Fratura com tendência a abertura Fratura com tendência a fechamento Fratura de cisalhamento dextral Fratura de cisalhamento sinistral Zonas de transtração Figura 2 - Comportamento cinemático ( aberto ou fechado ) das fraturas na região de Equador-RN. Notar ainda, zonas de transtração associadas às fraturas de cisalhamento. A INFLUÊNCIA DA NEOTECTÔNICA NA LOCAÇÃO DE POÇOS NA REGIÃO DE EQUADOR Na localidade de Caiçara, 2 km a NW de Equador, existe uma bateria de 8 poços locados na década de oitenta, através dos critérios clássicos de geologia estrutural e análise de fotografias aéreas, constituindo um excelente local para o estudo da relação entre a neotectônica, o fraturamento e a produtividade dos poços. Neste sítio, os poços apresentam resultados discrepantes entre si, com relação à vazão. Nesta localidade, observou-se que os poços locados segundo fraturas com direções próximas a E-W (funcionando atualmente como fraturas de extensão), além das fraturas NE e NW (funcionando como fraturas de cisalhamento), apresentam boas vazões, 1 st Joint World Congress on Groundwater 3

evidenciadas pela sua explotação em regime de 24 horas, há quase 20 anos. Já aqueles poços locados segundo fraturas com direção próxima a N-S apresentam-se com baixíssima produtividade, sendo considerados secos. DISCUSSÕES Entende-se que a produtividade de um poço para água perfurado em terrenos cristalinos depende da permeabilidade do sistema de fraturas que o abastece. Por sua vez, a permeabilidade será função do comportamento atual da trama de fraturas, que individualmente podem se apresentar abertas ou fechadas, em virtude da relação existente entre o campo de tensões neotectônico que vigora na região e a sua direção. A partir da determinação das direções de compressão e extensão atuais, pode-se prever as direções de fraturamento que apresentam maior potencialidade de percolação e armazenamento. Estas fraturas correspondem geralmente àquelas com direção paralela ou próxima à direção de compressão principal. Fraturas que apresentam direção perpendicular ou próxima à direção de compressão tenderão a se comportarem como fechadas, acarretando desta forma baixa potencialidade hídrica. REFERÊNCIAS Almeida, F.F.M; Hasui, Y; Brito Neves, B.B.; Fuck, R.A. 1977, Províncias estruturais brasileiras. Simp. Geol. Nordeste, 7, Campina Grande/PB, p.363-391. Caldas, L.H.O.; Coriolano, A.C.F.; Dantas, E.P.; Jardim de Sá, E.F. 1997, Os Beachrocks no Litoral do Rio Grande do Norte: Potencial como Marcadores Neotectônicos. Simpósio de Geologia do Nordeste, 17, Fortaleza-CE. Resumos Expandidos, boletim, 15, p.369-376. Dantas, E.P. 1998, Gravimetria e sensoriamento remoto: uma aplicação ao estudo da tectônica recente entre Macau e São Bento do Norte (RN). Dissert. Mestrado, Pós- Grad. Geodinâmica e Geofísica, UFRN, 97p. Ferreira, J.M.; Oliveira. R.T.; Takeya, M.K.; Assumpção, M. 1998, Superposition of local and regional stresses in northeast Brazil: evidence from focal mechanisms around the Potiguar marginal basin. Geophysics, 134, p.341-355. Jardim de Sá, E. F;, Matos, R.M.D.; Morais Neto, J.M.; Saadi, A., Pessoa Neto, O.C. 1999, Epirogenia Cenozóica na Província Borborema: Síntese e Discussão sobre os Modelos de Deformação Associados. Simpósio Nacional de Estudos Tectônicos e Simp. Intern. de Tectônica da SBG, 7, Lençóis-BA. Anais, p.58-61. 1 st Joint World Congress on Groundwater 4

Jardim de Sá, E.F. 1994, A Faixa Seridó (Província Borborema, NE do Brasil) e o seu significado geodinâmico na cadeia Brasiliana/Pan-Africana. Tese de doutorado, n o 03, UnB, IGeo, Brasília-DF, 804p. Silva, C.C.N. 1999. Geologia da Região de Equador, com ênfase à deformação frágil. Relatório de Graduação, UFRN-CCET-DG, 55p. Siqueira, L. 1967, Contribuição da Geologia à Pesquisa de água subterrânea no cristalino. Água Subterrânea, 9, p.1-29. 1 st Joint World Congress on Groundwater 5