PODER JUDICIÁRIO DO ESTADO DE MINAS GERAIS COMARCA DE BELO HORIZONTE. 16ª Vara Cível da Comarca de Belo Horizonte

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Transcrição:

PODER JUDICIÁRIO DO ESTADO DE MINAS GERAIS COMARCA DE BELO HORIZONTE 16ª Vara Cível da Comarca de Belo Horizonte Avenida Augusto de Lima, 1549, Sala: P374, Barro Preto, BELO HORIZONTE - MG - CEP: PROCESSO Nº 6044207-48.2015.8.13.0024 CLASSE: PROCEDIMENTO COMUM (7) ASSUNTO: [Inclusão Indevida em Cadastro de Inadimplentes, Telefonia, Cobrança indevida de ligações] AUTOR: DIRECIONAL TRANSPORTE E LOGISTICA S/A RÉU: TELEMAR NORTE LESTE S/A Vistos. Cuida-se de Ação Declaratória de Inexistência de Débito com pedido de Tutela Antecipada, proposta por DIRECIONAL TRANSPORTE E LOGISTICA S/A em face de TELEMAR NORTE LESTE S/A, ambos devidamente qualificados nos autos, ao fundamento de que teve seu nome incluso no cadastro de inadimplentes; que contratou os serviços da ré, porém, efetuou portabilidade de seu número para outra operadora; que a empresa ré procedeu à emissão de faturas cobrando valor indevido, eis que referente a período posterior à portabilidade efetuada; que houve inclusão de seu nome no cadastro de inadimplentes pelo que deve ser reparada. Pede a procedência do pedido para que

seja declarada a inexistência do débito com a exclusão da negativação de seu nome e a condenação da ré em reparar por danos morais. Em decisão de ID 1550149, foi deferida a tutela antecipada determinando a ré a excluir o nome da autora dos cadastros do SERASA. Citada, a Ré apresentou contestação alegando que as partes celebraram contrato de fornecimento de serviços; que o débito foi constituído pela inadimplência do contrato celebrado; que é lícita a negativação, pois efetuada no seu exercício regular de direito; que não houve prática de ato ilícito ou omissão capaz de ensejar a reparação por danos morais requerida. Pede a improcedência do pedido. A defesa foi devidamente impugnada. Na fase de especificação de provas, as partes requereram o julgamento antecipado da lide. Alegações finais pela autora (ID 2853391) e pela ré (ID 2939855) Em síntese, é o relatório. DECIDO. O feito encontra-se em ordem, inexistindo vícios e irregularidades a serem sanados. Cuida-se, como dito, de ação declaratória de inexistência de débito e reparação por danos morais, ao fundamento de que o Autor não possui mais

qualquer vínculo com a ré, mas, mesmo assim, esta procedeu à negativação de seu nome. No mérito, aplicam-se as regras do CDC, já que a relação de direito material existente entre as partes é de consumo, sendo o Réu fornecedor de serviços e o Autor consumidor, nos exatos termos dos arts. 2º e 3º, da Lei nº 8.078/90. O autor afirma ter contratado os serviços da ré, porém, aduz que efetuou a portabilidade de seu número, entabulando assim relação com outra operadora e extinguido a relação com a ré. Afirmando que houve cobrança indevidas pela ré, de período em que não mais possuía relação com a sociedade, e que esta procedeu a negativação de seu nome. A ré, a seu tempo, se presta a fazer sustentações aleatórias e diversas ao caso em tela, configurando seu direito através de fatos e documentos que divergem da discussão da lide. In casu, a parte autora traz aos autos os fatos constitutivos de seu direito, juntando aos autos demonstrativo da efetuação de portabilidade (ID 1456572), desabilitando os serviços prestados pela ré. Concomitantemente faz prova das cobranças efetuadas pela ré, através das faturas (ID 1456980), e da inclusão efetuada (ID 1456677). A ré não foi capaz de desconstituir a pretensão autoral, confrontando sustentações vazias e desconexas com o caso presente, demonstrando

através de tal postura um descaso total com o consumidor, não se esforçando sequer a uma análise prévia de seus cadastros a fim de evitar a prática de atos ilícitos tais como a negativação aqui analisada. Nesse sentido, não comprovada a existência de relação jurídica, impõe-se a declaração da inexistência de dívida entre as partes e a obrigação da ré de indenizar (CDC, art. 6º, VI). Demonstrada a ilegalidade da negativação e demonstrados os pressupostos da concessão liminar, concedo a tutela antecipada para que seja excluído o nome do autor do cadastro de inadimplentes. Em relação à reparação moral cujo dano se presume (in re ipsa), o Superior Tribunal de Justiça já se decidiu a propósito: AGRAVO REGIMENTAL NO AGRAVO DE INSTRUMENTO. RESPONSABILIDADE CIVIL. INSCRIÇÃO INDEVIDA EM ÓRGÃOS DE PROTEÇÃO AO CRÉDITO. DÍVIDA ORIUNDA DE LANÇAMENTO DE ENCARGOS EM CONTA CORRENTE INATIVA. DANO MORAL. VALOR DA CONDENAÇÃO. 1. Inviável rever a conclusão a que chegou o Tribunal a quo, a respeito da existência de dano moral indenizável, em face do óbice da Súmula 7/STJ. 2. É consolidado nesta Corte Superior de Justiça o entendimento de que a inscrição ou a manutenção indevida em cadastro de inadimplentes gera, por si só, o dever de indenizar e constitui dano moral in re

ipsa, ou seja, dano vinculado a própria existência do fato ilícito, cujos resultados são presumidos. 3. A quantia fixada não se revela excessiva, considerando-se os parâmetros adotados por este Tribunal Superior em casos de indenização decorrente de inscrição indevida em órgãos de proteção ao crédito. Precedentes.4. Agravo regimental a que se nega provimento. (STJ, Ag.1379761, J. 26/04/2.011). Arbitro o dano, fulcrado no caráter sancionatório e disciplinar da medida alinhado ao equilíbrio da reparação, a fim de não constituir enriquecimento ilícito ao reparado mas também impor coerção à prática reiterada de negativações ilícitas, arbitro a reparação em R$8.000,00. Ante o exposto, julgo procedentes os pedidos para: a) Declarar a inexistência do débito, confirmando a tutela antecipada que determinou a exclusão do nome do autor do cadastro de inadimplentes. b) Condenar a Ré a pagar à Autora a quantia de R$8.000,00 (oito mil reais), a título de indenização por dano moral, acrescida de correção monetária pela Tabela da Corregedoria de Justiça e juros moratórios de 1% a.m., ambos a partir desta sentença. Condeno o Réu, ainda, ao pagamento das custas e despesas processuais e em honorários

advocatícios que fixo em 10% sobre o valor da condenação. P.R.I. Belo Horizonte, 8 de agosto de 2016. AURO APARECIDO MAIA DE ANDRADE JUIZ DE DIREITO