Documento e suas representações 1
Documento Documento Ciência da Informação Originariamente documentos textuais Multimídia Imagens, processos, eventos e objetos Bibliografia documentação ciência da informação Information Retrieval Information Management O que pode (ou não pode) ser um documento? 2
Documento Paul Otlet (1934) Objetos como documentos Walter Schürmeyer (1935) Qualquer material que sirva de base para estender nosso conhecimento, disponível para estudo ou comparação Documento Uma estrela é um documento? Um seixo na corrente de um rio é um documento? Um animal vivo é um documento? Não Fotografias de estrelas e pedras em um museu de mineralogia; Os animais que são catalogados e mostrados no zoológico; São documentos Suzanne Briet, 2006, p.10 3
Documento qualquer signo físico ou simbólico, preservado ou registrado com a intenção de representar, reconstruir ou demonstrar um fenômeno físico ou abstrato. Suzanne Briet Esta definição generaliza o conceito de documento a qualquer tipo de suporte, seja ele material ou digital. Documento Segundo Buckland (1991),: o termo informação é utilizado na maioria das vezes vinculado a um objeto que contém informação: um documento. Para Le Coadic (2004, p.5): documento é o termo genérico que designa os objetos portadores de informação. 4
Representação de documentos Naquele Império, a Arte da Cartografia alcançou tal Perfeição que o mapa de uma única Província ocupava toda uma Cidade, e o mapa do império, toda uma Província. Com o tempo, esses Mapas Desmesurados não foram satisfatórios e os Colégios de Cartógrafos levantaram um Mapa do Império, que tinha o tamanho do Império e coincidia pontualmente com ele. Menos Afeitas ao Estudo da Cartografia, as Gerações Seguintes entenderam que esse dilatado Mapa era Inútil e não sem Impiedade o entregaram às Inclemências do Sol e dos Invernos. Nos desertos do Oeste perduram despedaçadas Ruínas do Mapa, habitadas por Animais e por Mendigos; em todo o País não há outra relíquia das Disciplinas Geográficas. (Jorge Luis Borges. O fazedor, 1999, p. 155) Em toda forma de representação está implícita uma redução ao que é essencial na coisa representada. Qual a utilidade de um mapa de uma cidade com o mesmo tamanho da cidade? Porém, em toda representação existe uma perda. 5
Representação de documentos A principal característica do processo de representação da informação é a substituição de uma entidade linguística longa e complexa - o texto do documento - por sua descrição abreviada. O uso de tal sumarização não é apenas uma consequência de restrições práticas quanto ao volume de material a ser armazenado e recuperado. Essa sumarização é desejável pois sua função é demonstrar a essência do documento. Ela funciona então como um artifício para enfatizar o que é essencial no documento considerando sua recuperação, sendo a solução ideal para organização e uso da informação Novellino (1996) Representação: tipos Representação Descritiva (Catalogação) Representação Temática 6
Representação Descritiva (catalogação descritiva) Representa as características específicas do documento, denominada descrição bibliográfica, que permite a individualização do documento. Ela também define e padroniza os pontos de acesso, responsáveis pela busca e recuperação da informação, assim como pela reunião de documentos semelhantes, por exemplo, todas as obras de um determinado autor ou de uma série específica. (MAIMONE; SILVEIRA; TÁLAMO, 2011) Representação Descritiva (catalogação descritiva) É composta pelo conjunto de características próprias ou atribuídas ao documento, que o individualiza em um catálogo, repositório ou outro sistema informacional. É necessário algum modo de padronização, tanto na estrutura de descrição (elementos descritivos ou metadados) como também nos valores que devem ser representados na estrutura de descrição. (ALVES; SANTOS, 2013). Proporcionar a caracterização do recurso, tornando-o único e, ao mesmo tempo, reunindo-o com outros recursos semelhantes. Com a representação é possível garantir: o armazenamento consistente dos dados de um documento; garantir o acesso físico ou digital ao documento; melhorar a busca e recuperação dos recursos que passam a ser identificáveis nos sistemas; etc (ALVES, 2010). 7
Porque catalogar? (Cutter) Para uma pessoa encontrar um livro por: Autor Título Assunto Para mostrar o que uma biblioteca tem: de um dado autor de um assunto Para auxiliar na escolha de um livro Por edição Por alguma característica Porque catalogar? (IFLA) Para encontrar entidades que correspondam aos critérios de busca do usuário Para identificar uma entidade Para selecionar uma entidade que é apropriada para as necessidades do usuário Para averiguar ou obter acesso à entidade descrita 8
MARC - Machine Readable Cataloging (1968) 0XX 1XX 2XX 3XX 4XX 5XX 6XX 7XX 8XX 9XX Informações de controle, números e códigos Entrada principal Título, edição, impressão (em geral, o título, a indicação de responsabilidade, a edição e as informações da publicação, distribuição etc.) Descrição física Designação de série Notas Entradas adicionais de assunto Entradas adicionais de outros assuntos ou séries Entrada adicional de série (outras formas de autoridades) destinado para uso de decisões locais. 9
Dublin Core (1995) Esquema de metadados que visa descrever objetos digitais, tais como, videos, sons, imagens, textos e sites na web. 1. Title 2. Creator 3. Subject 4. Description 5. Publisher 6. Contributor 7. Date. 8. Type 9. Format 10. Identifier 11. Source 12. Language 13. Relation 14. Coverage 15. Rights Dublin Core 10
Representação Descritiva (catalogação descritiva) FRBR Functional Requirements for Bibliographic Records (FRBR) (Requisitos Funcionais para Registros Bibliográficos) Utilizada o modelo Entidade-Relacionamento; Não é um código de catalogação, não é um formato, não é uma norma, não é um padrão, não é um princípio de catalogação. Assim, não é adequado dizer coisas como vou catalogar usando o FRBR. Objetivos: prover um quadro definido com clareza e estruturado para relacionar os dados que são registrados em registros de bibliográficos às necessidades dos usuários desses registros; recomendar um nível básico de funcionalidade para registros criados por agências bibliográficas nacionais. (Fabrício Assumpção) FRBR 11
FRBR FRBR 12
FRBR: exemplo Exemplar impresso da 3ª edição do livro O Hobbit, do autor J. R. R. Tolkien, publicado no Brasil pela editora Martins Fontes em 2009. A obra é o conteúdo intelectual, a ideia de seu criador. The Hobbit. Criada pela pessoa J. R. R. Tolkien. A expressão é a realização de uma obra, seja na forma textual, sonora, etc. The Hobbit foi expressa em diversos idiomas além do inglês. Chamaremos a primeira expressão de The Hobbit texto em inglês. Essa expressão foi realizada pela pessoa J. R. R. Tolkien, que também é o criador da obra. No recurso que tenho em mãos a obra está realizada como um texto em português, chamaremos essa expressão de The Hobbit texto em português. Essa expressão foi realizada pelas pessoas Lenita Maria Rímoli Esteves e Almiro Pisetta por meio da tradução da expressão The Hobbit texto em inglês. FRBR: exemplo Meu exemplar impresso é a 3ª edição, publicada pela editora Martins Fontes em 2009. Ou seja, a expressão The Hobbit texto em português foi materializada em papel por meio de impressão em 2009 sob a responsabilidade da entidade coletiva Martins Fontes. Chamaremos essa manifestação de The Hobbit texto em português impresso, 3ª edição, Martins Fontes, 2009. A editora Martins Fontes é a entidade coletiva que produziu essa manifestação. O exemplar que tenho em mãos possui o número de tombo 12.345 atribuído pela biblioteca. Esse número diferencia esse exemplar dos demais. Tenho em mãos é um item, um único exemplar da manifestação The Hobbit texto em português impresso, 3ª edição, Martins Fontes, 2009. A biblioteca é a entidade coletiva responsável pela guarda desse item. A obra The Hobbit narra uma viagem de Bilbo Bolseiro. Podemos dizer que essa obra tem como assunto o conceito viagem, o objeto Anel do Poder, o evento Guerra dos Cinco Exércitos, o lugar Montanha Solitária e a pessoa Bilbo Bolseiro. 13
FRBR: exemplo A obra The Hobbit serviu de base para uma animação produzida em 1977 sob a direção de Jules Bass e Arthur Rankin. Assim como para os filmes The Hobbit: An Unexpected Journey e The Hobbit: There and Back Again, lançados em 2012 e 2013, respectivamente. A expressão The Hobbit texto em inglês serviu de base para diversas outras expressões em diversos idiomas. A editora responsável pela publicação do O Hobbit no Brasil anunciou que, em razão do lançamento dos filmes, lançará uma edição com a capa do filme e uma edição em e-book. O conteúdo (texto em português traduzido pelas mesmas pessoas) será o mesmo, mudará apenas o suporte. Representação Temática (catalogação de assunto) Representação dos assuntos dos documentos a fim de aproximá-los, tornando mais fácil a recuperação de materiais relevantes que dizem respeito a temas semelhantes. Neste contexto, são elaboradas as linguagens documentárias, instrumentos de controle vocabular a fim de tornar possível a conversação entre documentos e usuários. 14
Representação Temática (catalogação de assunto) Resumo Texto breve e coerente que se destina a informar o usuário sobre os conhecimentos essenciais transmitidos por um documento; Extrato Versão abreviada de um documento, feita mediante a extração de frases do próprio documento; Índice Representação do conteúdo temático de um documento por meio da utilização de um conjunto de palavras ou termos (LANCASTER, 2004) Referências 15
Referências ALVES, R. C. V. Metadados como elementos do processo de catalogação. 2010. 132f. Tese (Doutorado em Ciência da Informação)-Faculdade de Filosofia e Ciências, Universidade Estadual Paulista, Marília, 2010. ALVES, R. C. V.; SANTOS, P. L. V. A. da C. Metadados no domínio bibliográfico. Rio de Janeiro: Intertexto, 2013. BRIET, Suzanne. What is Documentation?: English Translation of the Classic French Text. Oxford, UK:Scarecrow Press, 2006. BUCKLAND, M.K. Information as thing. Journal of the American Society of Information Science, v.42, n.5, 1991. p.351-360. LANCASTER, F.W. Indexação e Resumos: teoria e prática. 2ªed. Brasilia, DF: Briquet de Lemos, 2004. LE COADIC, Y-F. A Ciência da Informação. 2.ed. Brasília: Briquet de Lemos, 2004. MAIMONE, G.D.; Silveira, N.C.; Tálamo, M.F.G.M. Reflexões Acerca das Relações entre Representação Temática e Descritiva. Informação e Sociedade: Estudos, v.21, n.1, p. 27-35, jan./abr. 2011. NOVELLINO, M. S. F. Instrumentos e metodologias de representação da informação. Informação & Informação. Londrina, v. 1, n. 2, p. 37 16