Caracterização morfométrica de Bertholletia excelsa H.B.K. no sudeste de Roraima

Documentos relacionados
Caracterização morfométrica de árvores solitárias de Bertholletia excelsa H.B.K. no sudeste de Roraima

Relações morfométricas para árvores dominantes de Pinus taeda no estado do Paraná

Anais da Semana Florestal UFAM 2017

Comunicado 08 Técnico ISSN ISSN

Morfometria de Araucaria angustifolia (Bertol.). Kuntze na Floresta Ombrófila Mista em Painel, Santa Catarina.

Experiências em Recuperação Ambiental. Código Florestal. Sistemas Agroflorestais modelo BR SAF RR 01 - Roraima

Morfologia da copa para avaliar o espaço vital de quatro espécies nativas da Amazônia

Crescimento em altura em um povoamento clonal de Tectona grandis L.f. em sistema silvipastoril, Alta Floresta-MT

Anais da Semana Florestal UFAM 2017

MANILKARA HUBERI STANDLEY (MAÇARANDUBA), EM UMA FLORESTA NATURAL NA REGIÃO DE PARAGOMINAS, PA 1.

Utilização do método de BDq para planejar o corte seletivo em um floresta de várzea no município de Mazagão-AP

COMPORTAMENTO POPULACIONAL DE CUPIÚBA (GOUPIA GLABRA AUBL.) EM 84 HA DE FLORESTA DE TERRA FIRME NA FAZENDA RIO CAPIM, PARAGOMINAS, PA.

Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária Embrapa Amazônia Oriental Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento

Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária Embrapa Amazônia Oriental Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento

QUALIDADE DE MATRIZES DE Cordia trichotoma (Vell.) Arrab. ex Steud EM DIFERENTES FRAGMENTOS FLORESTAIS DE DOIS VIZINHOS-PR

TESTE DE IDENTIDADE EM MODELO HIPSOMÉTRICO PARA Eucalyptus urograndis COM DIFERENTES ESPAÇAMENTOS EM PRESIDENTE PRUDENTE SP.

MODELAGEM HIPSOMÉTRICA DE CLONES DE EUCALYPTUS spp. NA CHAPADA DO ARARIPE PE

Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária Embrapa Amazônia Oriental Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento

Caracterização da castanha-do-brasil (Bertholletia excelsa Bonpl.) em três regiões extrativistas de Roraima (1).

Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária Embrapa Amazônia Oriental Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento

TABELA 1. Características químicas e texturais do solo sob a floresta primária de terra firme do Camaipi, Mazagão-AP.

A qualidade de mudas clonais de Eucalyptus urophylla x E. grandis impacta o aproveitamento final de mudas, a sobrevivência e o crescimento inicial

Morphometric relations of Ocotea odorifera (Vell.) Rohwer

Sistema reprodutivo de Bertholletia excelsa em diferentes ambientes do estado do Acre

Avaliação de espécies madeireiras em sistemas agroflorestais familiares. Avaliação de espécies madeireiras em sistemas agroflorestais familiares

MORFOLOGIA DE PLANTAS E BIOMETRIA DE FRUTOS EM CLONES ENXERTADOS DE MURUCIZEIRO CULTIVADOS EM BELÉM, PARÁ.

COMPOSIÇÃO FLORÍSTICA E ESTRUTURA DA FLORESTA SECUNDÁRIA EM UM PERÍMETRO URBANO, BELÉM-PA

Partição de biomassa em clones de Eucalyptus na região litorânea do Rio Grande do Norte

Anais do II Seminário de Atualização Florestal e XI Semana de Estudos Florestais

VARIAÇÃO GENÉTICA DE UMA POPULAÇÃO DE Araucaria angustifolia

Fatores edafoclimáticos relacionados à produção de sementes em castanhais nativos de Roraima

MANEJO FLORESTAL NA AMAZÔNIA

INVENTÁRIO FLORESTAL

Eng. agrôn., M.Sc., Embrapa Acre, Rodovia BR 364, km 14, Caixa Postal 321, CEP , Rio Branco, AC,

Bento Gonçalves RS, Brasil, 10 a 12 de Abril de Victória de Paula Paiva Terasawa 1 1

SANDRA BELTRAN-PEDREROS JONES GODINHO (Organizadores)

Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária Embrapa Amazônia Oriental Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento

castanheiras-do-brasil em condições de cultivo

Anais do Seminário de Bolsistas de Pós-Graduação da Embrapa Amazônia Ocidental

Comunicado 01 Técnico ISSN

Morfometria de quatro espécies florestais em sistemas agroflorestais no munícipio de Porto Velho, Rondônia

AVALIAÇÃO DO DESENVOLVIMENTO INICIAL DE HÍBRIDOS DE Eucalyptus urophylla X Eucalyptus grandis EM TERCEIRA ROTAÇÃO PARA FINS ENERGÉTICOS

de Ciências do Ambiente e Sustentabilidade na Amazônia

Recebido para publicação em 19/05/2009 e aceito em 27/07/2009.

Tabelas de Volume para Plantios de Acacia mangium em Roraima

Anais do II Seminário de Atualização Florestal e XI Semana de Estudos Florestais

Experiências em Recuperação Ambiental. Código Florestal. Sistemas Agroflorestais em Rondônia - RECA (BR SAF RO 01)

BOLETIM TÉCNICO SAFRA 2014/15

CARACTERÍSTICAS FÍSICAS E VIGOR DE SEMENTES EM PROGÊNIES DE CAMUCAMUZEIRO ESTABELECIDAS NO BAG DA EMBRAPA AMAZÔNIA ORIENTAL

COMPARAÇÃO DO DESENVOLVIMENTO INICIAL DE HÍBRIDOS DE EUCALYPTUS UROPHYLLA X EUCALYPTUS GRANDIS 1 INTRODUÇÃO

Correlações entre atributos químicos do solo e produção de castanheiras-do-brasil cultivas em sistema agroflorestal em Roraima (1).

20º Seminário de Iniciação Científica e 4º Seminário de Pós-graduação da Embrapa Amazônia Oriental ANAIS. 21 a 23 de setembro

IX Congresso Brasileiro de Sistemas Agroflorestais Ilhéus, BA, 14 a 18 de Outubro de 2013

Resistência à penetração do solo em plantio de castanha dobrasil(bertholletia excelsa Bonpl.) em Machadinho d Oeste, RO

Comportamento do paricá submetido à adubação fosfatada e nitrogenada em um Latossolo Amarelo distrófico do sudeste paraense (1)

Assunto: Diâmetro. Estatísticas associadas ao diâmetro. 3. Diâmetro equivalente (deq)

MONITORAMENTO DA COBERTURA FLORESTAL DA AMAZÔNIA POR SATÉLITES. AVALIAÇÃO TRIMESTRAL DO DETER Novembro de 2008 a Janeiro de

AVALIAÇÃO DE MÉTODOS DE CUBAGEM COM NÚMERO IGUAL DE SEÇÕES DO TRONCO DE ÁRVORES DE EUCALIPTO

COMPORTAMENTO SILVICULTURAL DA Tectona grandis Linn.F (TECA) EM SISTEMA SILVIPASTORIL NA REGIÃO NORDESTE DO ESTADO DO PARÁ 1

Universidade Federal do Espírito Santo Centro de Ciências Agrárias Departamento de Ciências Florestais e da Madeira

Anais. VII Jornada de Iniciação Científica da Embrapa Amazônia Ocidental

Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária Embrapa Amazônia Oriental Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento

Modelagem da disponibilidade mecânica do harvester no corte de povoamento florestal

Relação entre diâmetro e altura do peito e diâmetro de copa para três espécies nativas de ocorrência em Floresta Estacional Semidecidual

RENDIMENTO DE SUCO E TEOR DE SÓLIDOS SOLÚVEIS TOTAIS EM GENÓTIPOS DE MARACUJAZEIRO AMARELO

INFLUÊNCIA DO ESPAÇAMENTO NAS CARACTERíSTICAS FíSICO-MECÂNICAS DA MADEIRA DE Bagassa guianensis Aubl. (TATAJUBA) NO PLANALTO DE BELTERRA, PARÁ'

Modelos Hipsométricos Para Pterogyne nitens Tull em Plantio Puro no Sudoeste da Bahia

EQUAÇÕES DE VOLUME E FATOR DE FORMA PARA ESTIMATIVA VOLUMÉTRICA DE Genipa americana LINNAEUS

Equações Volumétricas para Espécies Nativas e Exóticas no Município do Cantá, RR.

Anais. VII Jornada de Iniciação Científica da Embrapa Amazônia Ocidental

ACERVO ARBÓREO MADEIREIRO DE UMA FLORESTA ACREANA SOB MANEJO COMUNITÁRIO

Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária Embrapa Amazônia Oriental Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento

DESEMPENHO INICIAL NO CAMPO DE MOGNO AFRICANO IMPLANTADO EM ÁREA DE PASTAGEM NA REGIÃO SEMI-ÁRIDA DO MÉDIO VALE DO JEQUITINHONHA RESUMO

MONITORAMENTO DA COBERTURA FLORESTAL DA AMAZÔNIA BRASILEIRA POR SATÉLITES

MONITORAMENTO DA COBERTURA FLORESTAL DA AMAZÔNIA POR SATÉLITES AVALIAÇÃO DETER OUTUBRO DE 2009 INPE COORDENAÇÃO GERAL DE OBSERVAÇÃO DA TERRA

Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária Embrapa Amazônia Oriental Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento

1 Estrutura da Disciplina. 2 Justificativa. 3 Objetivos. 1.1 Instituição onde a Disciplina será Ministrada. 1.2 Organização da Disciplina

Poda experimental de Schinus terebinthifolius Raddi (pimenta-rosa) em área de Cerrado

Pesquisa e Treinamento em Manejo, Colheita e Análise de Sementes de Espécies Florestais

I SEMINÁRIO DE INICIAÇÃO CIENTÍFICA DA EMBRAPA ACRE GERMINAÇÃO DE SEMENTES DE CASTANHEIRA PARA PRODUÇÃO DE MUDAS. Resumo

INFLUÊNCIA DO ESPAÇAMENTO NA DENSIDADE DA MADEIRA DE Bagassa guinnensis Aubl. (Tatajuba) NO PLANALTO DE BELTERRA PARÁ

Distribuição espacial de Eschweilera spp. no município do Moju, Pará

COMPORTAMENTO DA PROLINA EM PLANTAS JOVENS DE CASTANHEIRA-DO- BRASIL (Bertholletia excelsa Bonpl.) SUBMETIDAS À DEFICIÊNCIA HÍDRICA E REIDRATAÇÃO.

UNIVERSIDADE FEDERAL DE MATO GROSSO FACULDADE DE ENGENHARIA FLORESTAL

MONITORAMENTO DA COBERTURA FLORESTAL DA AMAZÔNIA POR SATÉLITES AVALIAÇÃO DETER JUNHO DE 2009 INPE COORDENAÇÃO GERAL DE OBSERVAÇÃO DA TERRA

ESTIMAÇÃO DE ALTURA TOTAL INDIVIDUAL DE EUCALIPTO POR MEIO DE MODELOS HIPSOMÉTRICOS NO MUNICÍPIO DE PARAGOMINAS PARÁ. Apresentação: Pôster

CASTANHA-DO-BRASIL OPÇÃO PARA SOLO DE BAIXA FERTILIDADE NA AMAZÔNIA

BOLETIM AGROMETEOROLÓGICO 1996

MONITORAMENTO DA COBERTURA FLORESTAL DA AMAZÔNIA BRASILEIRA POR SATÉLITES

Produção e distribuição de biomassa de Mimosa caesalpiniaefolia Benth. em resposta à adubação

AVALIAÇÃO DAS PROJEÇÕES DE PRECIPITAÇÃO DOS MODELOS CLIMÁTICOS GLOBAIS DO QUARTO RELATÓRIO DO IPCC PARA O BRASIL *

INVENTÁRIO FLORESTAL ÍNDICE DE SÍTIO

ANÁLISE DA COMPOSIÇÃO FLORÍSTICA E ESTRUTURA DE UM TRECHO FLORESTAL NA PORÇÃO SUL AMAZÔNICA, QUERÊNCIA MT

TEORES DE CARBONO, NITROGÊNIO E PH EM SOLO DE CASTANHAL NATIVO DA FLONA DO TAPAJÓS

Desenvolvimento inicial da Gliricidia sepium (Jacq.) Steud em Sistema Silvipastoril na Zona dos Tabuleiros Costeiros - SE

COMPARAÇÃO ENTRE AS MEDIDAS OBTIDAS ATRAVÉS DO USO DA SUTA, VARA DE BILTMORE E FITA MÉTRICA EM UMA FLORESTA PLANTADA

BOLETIM TÉCNICO 2015/16

Predição da distribuição diamétrica de Inga sp. por meio de modelos probabilísticos, Macapá-AP, Brasil

Ajuste dos modelos de Kozak e do sistema Burkhart e Cao para plantações de Pinus oocarpa

MONITORAMENTO DA COBERTURA FLORESTAL DA AMAZÔNIA BRASILEIRA POR SATÉLITES

Transcrição:

Caracterização morfométrica de Bertholletia excelsa H.B.K. no sudeste de Roraima Luiz Fernandes Silva Dionísio (1) ; Walmer Bruno Rocha Martins (1) ; Greguy Looban Cavalcante de Lima (2) ; Tiago Monteiro Condé (3) Jefferson Peixoto Gomes (4) (1) Doutorando em Ciências Florestais; Universidade Federal Rural da Amazônia - UFRA; Belém, Pará; Avenida Presidente Tancredo Neves, Nº 21 Bairro: Terra Firme Cep: 66.77-83 (fernandesluiz3@gmail.com); (2) Mestrando em Agronomia, Universidade Federal de Roraima - UFRR; (3) Prof. Universidade Estadual de Roraima - UERR; (4) Msc. Ciências Florestais, Iniversidade Federal do Amazonas - UFAM RESUMO: Para manejar espécies florestais nativas, é necessário conhecer suas características e dinâmica das árvores ao longo do tempo e suas relações morfométricas para aperfeiçoar as técnicas silviculturais. Assim, objetivou-se com o presente trabalho avaliar as características morfométricas de árvores solitárias de castanheira-do-brasil (Bertholletia excelsa H.B.K), nos municípios de São João da Baliza e Caroebe, RR. O inventário avaliou 49 indivíduos com diâmetro a altura do peito (dap) 1 cm. Foi avaliado as seguintes variáveis morfométricas: diâmetro à altura do peito, tomado a 1,3 m a partir do nível do solo; altura total (ht), altura comercial do fuste (hc), diâmetro de copa (dc), comprimento de copa (cc), proporção de copa (pc), área de copa (ac), grau de esbeltez (ge), índice de saliência (is), índice de abrangência (ia) e formal de copa (fc). Para o estudo das relações interdimensionais, as variáveis morfométricas foram relacionadas com o dap, mediante análise de regressão. Foi observado que 32,9% dos indivíduos apresentaram ht média de 16, m e dap de 49,7 cm; com ac, cc e pc de 12,61 m², 8,18 m e 1,29 m, respectivamente. Os resultados mostraram relações estatísticas significativas entre o dap e as variáveis ht, cc, pc, is, fc e ac. O comprimento, proporção de copa e o diâmetro de copa apresentaram grande faixa de variação. O formal de copa revelou que as castanheirado-brasil apresentam copas mais alongadas. Termos de indexação: Composição florística; Diversidade florística; Distribuição diamétrica. INTRODUÇÃO Na região Sul do estado de Roraima é comum a presença de castanheira-do-brasil (Bertholletia excelsa) em áreas de pastagens ao longo das rodovias e vicinais. Nesses locais desflorestados, as castanheiras-do-brasil não foram cortadas por estarem protegidas pela legislação federal (Brasil, 26), sobrevivendo no meio da paisagem desflorestada. A castanheira-do-brasil é uma espécie que apresenta potencial para reflorestamentos (Salomão et al., 26), com fins madeireiros (Tonini & Arco-Verde, 2), sendo considerada uma espécie-chave para conservação e desenvolvimento da região amazônica, principalmente pela comercialização das amêndoas por comunidades extrativistas (Costa et al., 29). Apresenta distribuição agregada em florestas naturais, reprodução dependente de polinizadores (abelhas robustas) (Mori; Prance, 199; Maues, 22) e a dispersão das sementes realizada por cutias (Dasyprocta spp., Rodentia) (Scoles & Gribel, 211). É uma árvore climácica (Salomão, 1991; Fernandes & Alencar, 1993), germinação tardia em condições naturais, o tempo de dormência de sementes ultrapassa o período de um ano e apresenta baixa taxa de sobrevivência no sub-bosque florestal no primeiro ano de vida, devido a predação das suas sementes por animais silvestres (Scoles et al., 214). Neste sentido, o conhecimento dos aspectos morfométricos da castanheira-do-brasil torna-se importante para

possibilitar o seu uso em programas de reflorestamentos (Tonini & Arco-Verde, 24). Na região Norte do Brasil, a castanheira-do-brasil é uma das espécies nativas mais promissoras para o plantio, pois apresenta a combinação de aspectos favoráveis, como rápido crescimento, madeira de excelente qualidade, frutificação abundante e sólida demanda de mercado (Tonini et al., 28). O conhecimento dos aspectos morfométricos de castanheira-do-brasil em áreas de pastagem servirá como subsídios para futuras recomendações de manejo em programas de reflorestamento. Assim, o objetivo deste trabalho foi avaliar as características morfométricas de árvores solitárias de castanheirado-brasil e suas relações com o DAP em áreas de pastagem. MATERIAL E MÉTODOS O estudo foi realizado no Sudeste de Roraima em áreas de pastagens ao logo da BR - 21, nos Municípios de Caroebe (coordenadas º 4' 2'' N; 9º 31' 13'' W) e de São João da Baliza (coordenadas 46 19 N e 9 42 33 W). A vegetação predominante é classificada como Floresta Ombrófila Densa Submontana e o solo caracterizado como Argissolo Vermelho Amarelo (PVA) (IBGE, 212). Segundo a classificação de Köppen, o clima na região é do tipo Ami com precipitação média anual entre 17-2 mm. O período chuvoso ocorre com maior frequência de abril a agosto, com totais mensais superiores a 1 mm e com temperatura média anual é de 27 C (Femarh, 212). A coleta de dados foi realizada no período de setembro a dezembro de 213 em 1 áreas de pastagens com ocorrência natural de castanheira-do-brasil. Cada área tinha em média 3 hectares. Como critério para coleta de dados, escolheu-se as áreas com tempo de desflorestamento igual ou superior a 2 anos. Foram inventariados todos os indivíduos de castanheira-do-brasil com dap 1 cm, com copas bem formadas e livres de concorrência, fuste retilíneo e com boa vitalidade, totalizando 49 indivíduos. Foram avaliadas as seguintes variáveis morfométricas: diâmetro à altura do peito (dap), tomado a 1,3 m da superfície do solo; altura total (ht) mensurada em metros, com hipsômetro Vertex IV; altura comercial do fuste (hf); comprimento de copa (cc =ht-hf); ) proporção de copa (pc=cc/ht*1); área de projeção da copa (apc = dc². π /4); ) grau de esbeltez (ge=ht/dap); índice de saliência (is=dc/dap); índice de abrangência (ia=dc/h); ) formal de copa (fc=dc/cc) e diâmetro de copa (dc). A determinação do diâmetro de copa foi realizada medindo-se oito raios de projeção de copa com auxílio de uma trena digital, tomando como ponto de referência o centro do tronco das árvores, distanciando-se até o limite da copa em direções fixas, formados por ângulos de 4º, sendo o primeiro tomado no lado de maior largura da copa Os modelos adotados para as relações interdimensionais foram obtidos por análise de regressão, com a utilização do procedimento estatístico Stepwise, em que a variável independente (dap) foi selecionada para um nível de 9% de probabilidade. Para verificar a eficiência das equações, os modelos matemáticos foram selecionados pela observação dos resíduos, coeficiente de determinação (R²), erro padrão da média (Syx) e nível de significância de F. Os dados foram analisados por meio do Software estatístico SPSS. for Windows (Statistical Package for the Social Sciences, 21). RESULTADOS E DISCUSSÃO Foi identificado um total de 49 indivíduos de castanheira-do-brasil com dap 1 cm. As castanheirasdo-brasil apresentaram altura comercial do fuste média de 7,87 m, com variação de 3,42 a 18,49 m. Essa variação em altura reflete no alto coeficiente de variação observado na tabela 1 e indica que os indivíduos amostrados são relativamente jovens (Tabela 1). Tabela 1- Valores mínimos, médios e máximos da morfometria de árvores da espécie castanheira-dobrasil no sudeste de Roraima. Variáveis Castanheira-do-brasil (n=49) Mínimo Média Máximo CV% Diâmetro à altura do peito [dap] (cm) 13,31 34,82 49,7 28,8 Altura total [ht] (m) 7,,88 32,19 39,2 Altura Comercial do fuste [hf] (m) 3,42 7,87 18,49 49, Diâmetro de copa [dc] (m) 1,82 3,89 6,21 24,61 Área de copa [ac] (m²) 2,6 12,61 3,24 49,13 Comprimento de copa [cc] (m) 1,32 8,18 14,22 39,6 Proporção de copa [pc] (%)] 26,8 2,2 7,3 21,34 Grau de esbeltez [ge] 27,27 46,6 7,7 23,27 Índice de saliência [is] 6,11 11,76 2,7 2,48 Índice de abrangência [ia],1,27,4 3,48 Formal de copa [fc],26,6 1,64 49,4 Em que: n = nº de observações; cv% = coeficiente de variação.

Altura total (m) Proporçã de Copa (%) A castanheira apresentou excelentes características de crescimento em altura em áreas de pastagens abandonadas, independentemente do nível de degradação do solo. Este desempenho confirma a tolerância da castanheira para solos compactados de baixa fertilidade, sendo importante componente agroflorestal para as áreas degradadas na Amazônia. Condé et al. (213), no munícipio de Porto Velho, RO, encontraram média de 12,9 m para altura comercial do fuste de castanheira-do-brasil. O comprimento de copa apresentou grande variação, com média de 8,18 m, e uma proporção em relação à altura total correspondente a 2,2%, e uma variação entre 21,34 e 7,3% (Tabela 1). Condé et al. (213) avaliando a morfometria de castanheira-do-brasil encontraram a média de 6,91 m. O diâmetro de copa também variou numa ampla faixa de variação (1,82 a 6,21 m), apresentando média de 3,89 m. Tonini & Arco-Verde (2) estudando a morfologia da copa para de quatro espécies nativas da Amazônia, encontraram o diâmetro de copa médio de 6,6 m para castanheira-do-brasil aos sete anos de idade em plantios homogêneos. Para a população em estudo, o espaço médio de área de copa ocupado pelos indivíduos foi de aproximadamente 12,61 m², com variação entre 2,6 e 3,24 m², dada a grande amplitude dimensional das árvores (Tabela 1). Tonini & Arco-Verde (2) encontraram a média de 3,6 m para castanheira-do-brasil em Roraima aos 7 anos de idade. Em estudo recente Condé et al. (213) encontraram para esta espécie aos dezesseis anos e meio, uma área de copa média de 92,6 m. Nesta população, a proporção de copa variou de 26,8 a 7,3%. Em média as castanheira-do-brasil apresentam copas que ocupam mais de % da altura total do indivíduo (6% dos indivíduos) (Figura 1, Tabela 1). Essa variável é um indicador de vitalidade, e quanto maior a porcentagem, tanto mais produtivo pode ser este indivíduo. Essa amplitude está associada às dimensões dos exemplares, uma vez que esses indivíduos não estavam submetidos a nenhum grau de concorrência. Condé et al. (213) encontraram valor de proporção de copa igual a 3,18% para castanheira-do-brasil em sistemas agroflorestais. Tonini & Arco- Verde (2) encontraram uma proporção de copa média de 72,7% para a castanheira-do-brasil. A variação da proporção de copa observada entre os trabalhos e os resultados desse estudo, pode estar relacionada a idade e ambiente onde as espécies estavam inseridas. O grau de esbeltez variou de 27,27 a 7,7 e diminuiu com o aumento da altura dos indivíduos (Tabela 1), indicando maior crescimento em diâmetro do que em altura. Por se tratar de árvores isoladas (crescidas em áreas abertas livres de concorrência) essa diminuição no grau de esbeltez é um fator positivo para sua estabilidade, pois de acordo com Boschetti et al. (2) indivíduos com fuste muito alto e diâmetro pequeno, apresentam maior instabilidade, especialmente à ação de ventos que é um fator impossível de ser controlado. 33 3 27 24 21 18 12 9 6 3 HT (m) HC (m) PC (%) 1 3 7 9 11 13 17 19 21 23 2 27 29 31 33 3 37 39 41 43 4 47 49 Número de indivíduos 7 6 4 3 Figura 1 - Relações morfométricas de 49 indivíduos de Bertholletia excelsa no sudeste de Roraima. Em que: ht = altura total; hc = altura comercial; pc = proporção de copa. O índice de saliência (dc/dap), que expressa quantas vezes o diâmetro de copa é maior que o dap, variou de 6,11 a 2,7, com média de 11,76 (Tabela 1). Assim, à medida em que as árvores forem crescendo dentro

Altura total (m) Diametro de copa (m) do povoamento, esse índice pode ser usado como indicador de desbaste. Os valores encontrados nesse estudo são bem menores do que os descritos por Tonini & Arco-Verde (2) em plantios homogêneos de Bertholletia excelsa com idade de 7 anos. Esses autores encontraram para esta espécie um diâmetro de copa vezes maior que o dap. Foi observado que o índice de abrangência apresentou um valor médio de,27 (Tabela 1). Isso se deve ao fato de que o aumento na altura não é acompanhado, proporcionalmente pelo aumento do dc. Esse resultado corrobora com o de Tonini & Arco-Verde (2) que encontraram um índice de abrangência médio de,61. O formal de copa variou de,26 a 1,64, com média de,6 (Tabela 1), indicando que nessa população de castanheira-do-brasil existem tanto árvores com copas esbeltas quanto arredondadas. Devido aos baixos coeficientes de determinação, a não significância do valor de F, as variáveis que não se mostraram dependentes do dap foram: altura comercial do fuste, diâmetro de copa, grau de esbeltez e índice de abrangência. Em geral, foram observados baixos coeficientes de determinação (R²) e baixa significância do valor F em quase todas as variáveis morfométricas ajustadas (Tabela 2). Tabela 2 - Modelos de regressão para as variáveis morfométricas da espécie Bertholletia excelsa no sudeste de Roraima. Variáveis e Índices Modelo R² Sig F S yx Altura total (m) ht= 4,792 e (,32*dap),66, 6,29 Altura Comercial (m) hc=,8*dap²+,322*dap+7,8,43,791 3,87 Diâmetro de copa (m) dc= -,2*dap²+,221*dap-,4,36,493,96 Comprimento de copa (m) cc=,243*dap-,298,6, 3,24 Proporção de copa pc= -,4*dap²+3,72*dap+3,9,,1 1,94 Grau de esbeltez ge=,1*dap²-,17*dap+,72,,12 1,71 Índice de saliência is= -,28*dap+19,3,48, 2,99 Índice de abrangência ia= -,1*dap+,7*dap+,24,2,8611 9,67 Formal de copa fc= 1,79 e (-,22*dap),27, 27,66 A relação hipsométrica para os indivíduos de castanheira-do-brasil é mostrada na Tabela 2. Em geral a altura total apresenta relação positiva com dap (R 2 =,66), no entanto, essa relação é afetada pela competição sofrida pelos indivíduos no povoamento e difere para os indivíduos de classes sociológicas diferentes. No caso de árvores isoladas, não há diferenciação, pois, as árvores não atingem o ponto de entrelaçamento das copas. Assim, o aumento da altura e do diâmetro de copa com aumento do dap já era esperado visto que essas árvores estão livres de competição. A partir da determinação do diâmetro de copa, é possível projetar o espaço necessário para o plantio de uma determinada espécie, sem que essa sofra concorrência dentro da população, visto que o espaçamento entre os indivíduos influencia no desenvolvimento dos mesmos a medidas que estes crescem. Nesse estudo, observou-se que a proporção de copa apresenta leve tendência de diminuir nas maiores classes de dap, ocorrendo uma grande variação entre os indivíduos avaliados (Figura 2 e Tabela 2). À diminuição do grau de esbeltez a medida que aumenta o dap, evidencia que, as árvores estão crescendo mais em diâmetro do que altura, tornando-se mais estáveis. Esse aumento do diâmetro de copa e diminuição do grau de esbeltez com o crescimento diamétrico, também foi observada por Tonini & Arco-Verde (2) para Bertholletia excelsa em plantios homogêneos no estado de Roraima. 3 A 3 2 2 7 B 6 4 3 1 2 1 1 2 2 3 3 4 4 1 2 2 3 3 4 4

Índice de saliencia Formal de copa Proporção de copa (%) Grau de esbetez Comprimento de copa (m) Área de copa (m²) 18 C 3 D 2 12 2 9 6 1 3 1 2 2 3 3 4 4 1 2 2 3 3 4 4 8 7 6 E 7 6 F 4 4 3 3 2 2 1 1 1 2 2 3 3 4 4 1 2 2 3 3 4 4 2 G 1, H 2,8,6 1,4,2 1 2 2 3 3 4 4 DAP (cm), 1 2 2 3 3 4 4 DAP (cm) Figura 2 - Relação diâmetro à altura do peito (dap) e: A) altura total; B) Diâmetro de copa; C) Comprimento de copa; D) Área de copa; E) Proporção de copa; F) Grau de esbeltez; G) Índice de saliência e H) Formal de copa. O formal de copa e o índice de saliência apresentam uma relação negativa com o dap (Figura 2 G e 2 H), ou seja, esses parâmetros tendem a diminuir com o aumento do diâmetro. De acordo com Orellana & Koehler (28) valores baixos de formal de copa demonstram copas mais esbeltas e alongadas dentro de um povoamento. CONCLUSÕES O formal de copa mostrou copas de Bertholletia excelsa mais alongadas do que achatadas, podendo ser

utilizado como critério indicativo de marcação de desbastes. Existe grande variação nas características morfométricas de crescimento de castanheira-do-brasil, principalmente para proporção de copa e o diâmetro de copa. As variáveis que apresentaram relação com o DAP foram: altura total, diâmetro de copa, comprimento de copa, proporção de copa, índice de saliência e formal de copa. REFERÊNCIAS BOSCHETTI, W. T N.; PAES, J. B.; VIDAURRE, G. B.; ARANTES, M. D. C.; LEITE, F. P. Parâmetros dendrométricos e excentricidade da medula em árvores inclinadas de eucalipto. Scientia Forestalis, 43:781-789, 2. BRASIL. Decreto n..97, de 3 de novembro de 26. Diário Oficial da República Federativa de Brasil, Brasília, DF (26 dez 1); Sec. 1: 1-3. CONDÉ, T. M.; LIMA, M. L. M.; LIMA NETO E. M.; TONINI, H. Morfometria de quatro espécies florestais em sistemas agroflorestais no munícipio de Porto Velho, Rondônia. Revista Agro@mbiente On-line, 7:18-27, 213. COSTA, J. R.; CASTRO, A. B. C.; WANDELLI, E. V.; CORAL, S. C. T.; SOUZA, S. A. G. Aspectos silviculturais da castanha-dobrasil (Bertholletia excelsa) em sistemas agroflorestais na Amazônia Central. Acta Amazonica, 4:843-8, 29. FEMARH. Fundação Estadual do Meio Ambiente e Recursos Hídricos. Disponível em: http://www.femact.rr.gov.br/. Acesso em: 12 set. 212. FERNANDES, P. N; ALENCAR, J. C. Desenvolvimento de árvores nativas em ensaios de espécies. 4. Castanha-do-brasil (Bertholletia excelsa H. B. K.), dez anos após o plantio. Acta Amazonica, 23:191-198, 1993. IBGE. Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística. Manual técnico da vegetação brasileira. 2. ed. Rio de Janeiro: 212. 27p. MAUES, M. M. Reprodutive phenology and pollination of the Brazil nut tree (Bertholletia excelsa Humb. & Bompl. Lecythidaceae) in eastern Amazonia. In: Kevan P, Imperatriz-Fonseca VL, editores. Pollination bees: the conservation link between agriculture and nature. Brasília: Ministry of environment; 22. MORI, S. A; PRANCE, G. T. Taxonomy, ecology, and economy botany of the Brazil nut (Bertholletia excelsa Humb. and Bonpl.: Lecythidaceae). Advances in Economic Botany,8:13-, 199. MÜLLER, M. ML.; GUIMARÃES, M. F.; DESJARDINS, T.; MITJA, D. The relationship between pasture degradation and soil properties in the Brazilian amazon: a case study. Agriculture, Ecosystems & Environmentv, 13:279-288, 24. ORELLANA, E.; KOEHLER, A. B. Relações Morfométricas de Ocotea odorífera (vell) Rohwer. Revista Acadêmica de Ciências Agrárias e Ambientais, 6:229-237, 28. SALOMÃO, R. P.; ROSA, N. A.; CASTILHO, A.; MORAIS, K. A. C. Castanheira-do-brasil recuperando áreas degradadas e provendo alimento e renda para comunidades da Amazônia Setentrional. Boletim do Museu Paraense Emílio Goeldi. 1:6-78, 26. SCOLES, R.; R. GRIBEL. Population structure of Brazil nut (Bertholletia excelsa, Lecythidaceae) stands in two areas with different occupation histories in the Brazilian Amazon. Human Ecology, 39:4-464, 211. SCOLES, R; KLEIN, G. N; GRIBEL, R. Crescimento e sobrevivência de castanheira (Bertholletia excelsa Bonpl., Lecythidaceae) plantada em diferentes condições de luminosidade após seis anos de plantio na região do Rio Trombetas, Oriximiná, Pará. Boletim Museu Emílio Goeldi: Ciências Naturais, 9:321-336, 214. SPSS Statistical Package for the Social Sciences. Programa de computador, ambiente Windows. Versão.. Chicago, 21. TONINI, H. e ARCO-VERDE, M. O crescimento da Castanheira-do-brasil (Bertholletia excelsa Bonpl.) em Roraima. Comunicado Técnico - ISSN 12-99, 24, Embrapa Roraima, Boa Vista-RR. TONINI, H.; ARCO-VERDE, M. F. Morfologia da copa para avaliar o espaço vital de quatro espécies nativas da Amazônia. Pesquisa Agropecuária Brasileira, 4:633-638, 2. TONINI, H.; COSTA, P; KAMINSKI, P. E. Manejo de produtos florestais não madeireiros na Amazônia - (Castanheira-do-Brasil) Resultados da pesquisa. Boletim de Pesquisa e Desenvolvimento2. Boa Vista: Embrapa Roraima. p. 31, dezembro, 28.