Doc. 05 Jd Paulista 01411-001 Centro 20010-904 DOCS - 113051v1
EXCELENTÍSSIMO SENHOR DOUTOR JUIZ FEDERAL DA 13ª VARA FEDERAL CRIMINAL DE CURITIBA, SEÇÃO JUDICIÁRIA DO PARANÁ. URGENTE Quebra de sigilo telefônico n. 5006205-98.2016.4.04.7000 TEIXEIRA, MARTINS E ADVOGADOS ( TMA ), sociedade de advogados com sede nesta cidade de, Estado de, na Rua Padre João Manuel, nº 755, 19º andar, Cerqueira Cesar, CEP 01411-001, inscrito no CNPJ/MF sob nº 04.485.143/0001-91, endereço eletrônico: publicacoes@teixeiramartins.com.br, vem à presença de Vossa Excelência, por intermédio dos advogados que esta subscrevem, expor e requerer o que segue. 1. No dia 16/03/2016 tornou-se pública a decisão proferida por este Juízo que, em um grave ataque ao Estado de Direito e à inviolabilidade dos escritórios de advocacia (Lei nº 8.906/94, art. 7º, inciso II), autorizou, a pedido do Ministério Público Federal, a interceptação telefônica do principal ramal do TMA. Esse ramal foi utilizado por cerca de 30 advogados para correspondência telefônica com os clientes do escritório. 2. À época, primeiramente, este Juízo alegou desconhecer que a interceptação tivesse como alvo um escritório de advocacia (doc. 01).
Desconhece este Juízo que tenha sido interceptado outro terminal dele (Roberto Teixeira) ou terminal com ramal de escritório de advocacia. (destacou-se). 3. Em informações prestadas ao Supremo Tribunal Federal (doc. 02), o Juízo afirmou que somente autorizara a medida extrema porque teria recebido do MPF a informação errada de que o terminal pertenceria a uma empresa de palestras do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva: Na petição, o MPF esclareceu que requereu a interceptação do terminal 11 3060-3310 diante das informações constantes no processo de que seria ele titularizado pela empresa LILS Palestras do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, inclusive, segundo afirma, constava a indicação de tal número de telefone no cadastro CNPJ da empresa LILS (fl. 2 do anexo out2 à petição). 4. Na sequencia, houve novo reconhecimento de que o escritório não deveria ter sido alvo de autorização da interceptação telefônica (ref. doc. 02): Embora, em princípio pudesse ser considerada válida até mesmo a autorização para interceptação do referido terminal, ainda que fosse do escritório de advocacia, já que o sócio principal, Roberto Teixeira, era investigado e dele usuário, a autorização concedida por este juízo tinha por pressuposto que o terminal era titularizado pela empresa do ex-presidente e não pelo escritório de advocacia, tanto que na decisão judicial de autorização foi ele relacionado à LILS Palestras (decisão de 19/02/2016 evento 4). 5. Ocorre que na data de hoje a Secretaria deste Juízo emitiu certidão na qual reproduziu relatório elaborado pela Polícia Federal com dados sobre as conversas interceptadas com base em decisões proferidas nos autos desta medida cautelar. 6. Segundo ali consta, foram interceptadas 111.024 (cento e onze mil e vinte e quatro chamadas), totalizando 417h30min51s de gravação. 7. Mais surpreendente ainda é a constatação de que segundo o mesmo documento foram gravadas 462 (quatrocentos e sessenta e duas) conversas do principal ramal do TMA, totalizando 13h50min04s.
8. É evidente que esse material não pode ser mantido ou, ainda, ser colocado à disposição de terceiros, ainda que partes do processo. 9. Trata-se de material que a lei confere sigilo. 8.906/1994): 10. É o que dispõe o art. 7º do Estatuto do Advogado (Lei nº Art. 7º São direitos do advogado: (...) II a inviolabilidade de seu escritório ou local de trabalho, bem como de seus instrumentos de trabalho, de sua correspondência escrita, eletrônica, telefônica e telemática, desde que relativas ao exercício da advocacia (destacou-se). 11. Trata-se, em verdade, de orientação universalmente aceita, como se depreende dos princípios básicos do Role of Lawyers, editado em 1990 pela ONU (http://www.ohchr.org/en/professionalinterest/pages/roleoflawyers.aspx): (i) Princípio 22: Os Governos deverão reconhecer e respeitar a confidencialidade de todas as comunicações e consultas entre os advogados e os seus clientes efetuadas no âmbito das suas relações profissionais (destacou-se). objeto de discussão em outras esferas. 12. O sigilo jamais poderia ter sido afastado. O tema, aliás, é 13. De qualquer forma e sem prejuízo da discussão travada em outras esferas, o indevido afastamento desse sigilo do terminal do TMA não pode permitir, agora, que o conteúdo dessas comunicações telefônicas envolvendo relação de clientes do escritório e seus advogados seja acessado por terceiros. da Lei nº 9.296/1996: 14. Diante disso, requer-se, com urgência, com base no artigo 9º
(i) sejam todos os arquivos relativos à interceptação do ramal do TMA (11 3060-3310) transferidos para incidente apartado, vendando-se qualquer acesso ao conteúdo desse material por terceiros, ainda que parte ou interessado nesta medida cautelar; (ii) ato contínuo, sejam esses arquivos inutilizados. Termos em que, Pede deferimento. De (SP) para Curitiba (PR), 25 de outubro de 2017 CRISTIANO ZANIN MARTINS OAB/SP 172.730 VALESKA TEIXEIRA Z. MARTINS OAB/SP 153.720 SOFIA LARRIERA SANTURIO OAB/SP 283.240 PEDRO H. VIANA MARTINEZ OAB/SP 374.207