Sistema de previsão imediata por conjunto a partir de radares meteorológicos para alertas de inundação

Documentos relacionados
Uso do radar meteorológico na definição de parâmetros de distribuição temporal e espacial de chuvas intensas

MONITORAMENTO HIDROLÓGICO

VALIDAÇÃO DA PREVISÃO DE PRECIPITAÇÃO GERADA PELO MODELO ATMOSFÉRICO WRF PARA A BACIA DE UNIÃO DA VITÓRIA UTILIZANDO O MODELO HIDROLÓGICO TOPMODEL

Serviço Geológico do Brasil CPRM

III Workshop em Modelagem de Tempo e Clima Utilizando o Modelo Eta

Tempestades e tempo severo durante o experimento CHUVA- GLM Vale do Paraíba

Desenvolvimentos na previsão hidrológica de cheias por conjunto no Brasil e aplicações potenciais em sistemas operacionais de alerta

PREVISÃO HIDROCLIMÁTICA DE VAZÕES NA BACIA DO RIO SÃO FRANCISCO

As Precipitações 2009/2010 na BAT destacando os dias 08/12/2009 e 21/01/2010

Avaliação de previsões de tempo do modelo ETA. para subsidiar pesquisas agrícolas no Brasil

Elias Ribeiro de Arruda Junior [1] ; Eymar Silva Sampaio Lopes [2] ; UFF Universidade Federal Fluminense -

ANÁLISE DO MODELO DE PREVISÃO DE ESTADOS HIDROLÓGICOS DA CIDADE DE SÃO PAULO

Formação das precipitações

Relatório - Aplicativo SOS Chuva

Análise da variação espacial do teor de argila sobre a Fazenda Canchim.

Previsão de vazões na bacia do rio Doce. Eber José de Andrade Pinto 21 de setembro de 2007

CC54Z - Hidrologia. Precipitação: definição, métodos de medição e grandezas características. Universidade Tecnológica Federal do Paraná

Análise da variação da temperatura e precipitação em Belém em anos de El Niño e La Niña.

Verificação da previsão numérica do tempo por ensemble para as regiões homogêneas do estado do Ceará

Precipitação I. Mario Thadeu Leme de Barros Renato Carlos Zambon

VERIFICAÇÃO DA PREVISÃO NUMÉRICA DO TEMPO POR ENSEMBLE PARA AS REGIÕES HOMOGÊNEAS DO ESTADO DO CEARÁ

CLIMATOLOGIA DA PRECIPITAÇÃO NO ESTADO DE SÃO PAULO NO PERÍODO DE 1947 A 1997

XII Congresso Brasileiro de Meteorologia, Foz de Iguaçu-PR, 2002

DESASTRES NATURAIS e METEOROLOGIA Monitoramento, previsão e alerta. Chou Sin Chan

capa Dupla função Foto: Chico Ferreira Reservatórios geram energia e controlam cheias

CARACTERÍSTICAS FÍSICAS DA SUB-BACIA HIDROGRAFICA DO CÓRREGO DO CERRADÃO

Modelagem Hidrológica e Hidrodinâmica

Luciana de Sousa de Oliveira 1 Maria Gertrudes A. Justi da Silva 2 David Garrana Coelho 3

EQUAÇÃO DE CHUVAS INTENSAS PARA O MUNICÍPIO DE JAÚ-ESTADO DE SÃO PAULO - BRASIL: PROPOSTA DE UMA EQUAÇÃO GERAL E ANÁLISE DO SEU DESEMPENHO.

Introdução. A importância da compreensão dos fenômenos meteorologicos Grande volume de dados

INUNDAÇÕES EM SÃO CARLOS, SP: AVALIAÇÃO DE CHUVAS COM RADAR. Mauricio de Agostinho Antonio 1 Juliana Pontes Machado de Andrade 2

Uso da modelagem matemática para a previsão de enchentes no Vale do Taquari RS

Normal Climatológica da Precipitação Acumulada Mensal do Distrito Federal para o Período

XII SIMPÓSIO DE RECURSOS HIDRÍCOS DO NORDESTE VARIABILIDADE ESPAÇO-TEMPORAL DE DADOS HIDROMETEOROLÓGICOS NA BACIA DO RIO IGUAÇU

CARACTERIZAÇÃO HIDROLÓGICA DO RIO GRANDE NA UHE ÁGUAS VERMELHAS

CPTEC e Mudanças Climáticas Usuários de Previsões em Recursos Hídricos. Walter Collischonn IPH UFRGS Porto Alegre RS

Vanda Pires. Divisão de Clima e Alterações Climáticas Agradecimentos: Fátima E. Santo e Álvaro Silva

PROJETO BÁSICO AMBIENTAL UHE TELES PIRES

Alice Grimm Departamento de Física Universidade do Paraná. Vicente Barros Departamento de Ciencias de la Atmosfera Universidad de Buenos Aires

HIDROLOGIA AULAS 04 E 05

Curvas Intensidade-Duração-Frequência das precipitações extremas para o município de Cuiabá (MT)

PREVISÃO QUANTITATIVA DE PRECIPITAÇÃO EM CURTO PRAZO PARA SISTEMAS DE ALERTA ANTECIPADO DE CHEIAS EM MICRO-BACIA URBANA.

Hidrologia Aplicada Carga Horária: 72 horas Prof a Ticiana M. de Carvalho Studart

1. CLIMATOLOGIA E PREVISÃO DA PRECIPITAÇÃO PARA JUL/AGO/SET/2014

MÉTODOS DE DETERMINAÇÃO DA VAZÃO MÁXIMA COM BASE NA PRECIPITAÇÃO Material elaborado por Gracely, monitora da disciplina.

MEEC / MEM Energias Renováveis Energia Eólica. Energia Eólica. Gestão de Sistemas Eléctricos com Elevada Integração de Geração Eólica

Quantificação de grandezas Ambientais

Processos Hidrológicos CST 318 / SER 456. Tema 9 -Métodos estatísticos aplicados à hidrologia ANO 2016

Distribuição Pluviométrica no município de Delmiro Gouveia AL

PROJETO SOS-CHUVA INFORMAÇÕES: SENSOR DE CAMPO ELÉTRICO ATMOSFÉRICO. 1) O que faz um Sensor de Campo Elétrico Atmosférico?

Trabalho de Campo. Disciplina: Quantificação em Geografia Docente: Profa. Dra. Iara Regina Nocentini André

A DETECÇÃO DE CHUVA CONVECTIVA NA REGIÃO CANAVIEIRA DO CENTRO DO ESTADO DE SÃO PAULO: UM ESTUDO COMPARATIVO COM PLUVIOMETROS E RADAR

SISTEMA DE ALERTA DE ENCHENTES NA BACIA DO RIO DOCE: 17 ANOS DE OPERAÇÃO

Palavras chave: assimilação de precipitação, inicialização física, modelo global

DETERMINAÇÃO DE PARÂMETROS DA PRECIPITAÇÃO EM BEBEDOURO-PE PARA ANÁLISE DE MODELOS HIDROLÓGICOS

UNIVERSIDADE FEDERAL DE CAMPINA GRANDE CENTRO DE CIÊNCIAS E TECNOLOGIA DEPARTAMENTO DE ENGENHARIA CIVIL ÁREA DE ENGENHARIA E RECURSOS HÍDRICOS

PROBABILIDADE E ESTATÍSTICA EM HIDROLOGIA

BOLETIM CLIMÁTICO SOBRE A PRIMAVERA NO ESTADO DO PARANÁ

Diagrama do Pré-projeto

ESTUDO DAS PRECIPITAÇÕES MÁXIMAS PARA O MUNICIPIO DE MOSSORÓ-RN, BRASIL STUDY FOR MAXIMUM RAINFALL ON MUNICIPALITY OF MOSSORÓ- RN, BRAZIL

REDES DE SENSORES PARA A MONITORAÇÃO E ALERTA DE CHUVAS BASEADO NO ALGORITMO DE FUSÃO DE DADOS FUZZY RESUMO

COMPARAÇÃO DE DUAS METODOLOGIAS PARA DETERMINAÇÃO DO VOLUME DE DETENÇÃO EM PEQUENAS BACIAS URBANAS O CASO DE PORTO ALEGRE/RS BRASIL.

ESTUDO PLUVIOMÉTRICO E FLUVIOMÉTRICO PRELIMINAR NA BACIA HIDROGRÁFICA DO RIO EMBU-GUAÇU, SP.

Chuvas Intensas e Cidades

HIDROLOGIA AULA semestre - Engenharia Civil. ESCOAMENTO SUPERFICIAL 2 Profª. Priscila Pini

BALANÇO HÍDRICO COM RADAR METEOROLÓGICO EM ÁREA AGRÍCOLA

FACULDADE SUDOESTE PAULISTA CURSO - ENGENHARIA CIVIL DISCIPLINA - HIDROLOGIA APLICADA EXERCÍCIO DE REVISÃO

Diagrama do Pré-projeto

Previsão Imediata de Tempestades Intensas e Entendimento dos Processos Físicos no Interior das Nuvens

SISTEMA GUARDIÃO. Manual de Usuário

PLANEJAMENTO E MONITORAMENTO DE EVENTOS HIDROMETEOROLÓGICOS EXTREMOS

C I C L O H I D R O L Ó G I C O

RESUMO 1. INTRODUÇÃO 2. OBJETIVOS

ALERTA METEOROLÓGICO DO SIMEPAR 24 de setembro de 2014

Riscos Naturais e Riscos Geológicos

TENDÊNCIAS DE ÍNDICES DE EXTREMOS CLIMÁTICOS PARA A REGIÃO DE MANAUS-AM

Tecnologias, Gestão & Vulnerabilidades Climáticas no Brasil. Eduardo Sávio Martins

SISTEMA DE ASSIMILAÇÃO LOCAL DE DADOS UTILIZADO NO INMET. Gilberto Ricardo Bonatti 1 Reinaldo Silveira 1 Ricardo Raposo dos Santos 1 Juliana Mol 1

Informações Climáticas para Estudos Hidrológicos no Distrito Federal. Pablo Borges de Amorim

ANÁLISE CLIMÁTICA DOS EVENTOS EXTREMOS DE PRECIPITAÇÃO EM PORTO ALEGRE-RS

ESTIMATIVAS DE PRECIPITAÇÃO EM BACIAS HIDROGRÁFICAS UTILIZANDO PLUVIÖMETROS, RADAR E SATÉLITE

ANÁLISE DA CLIMATOLOGIA DO MODELO GLOBAL CPTEC/COLA COM ÊNFASE AOS EVENTOS EXTREMOS DE PRECIPITAÇÃO NA BACIA HIDROGRÁFICA DO RIO GRANDE

ESTRATÉGIAS PARA PRODUZIR PREVISÕES HIDROLÓGICAS A PARTIR DA ASSIMILAÇÃO DE ESTIMATIVAS DE CHUVA POR SATÉLITE

Faculdade de Letras da Universidade do Porto

RELAÇÕES INTENSIDADE-DURAÇÃO-FREQUÊNCIA DE CHUVA OBTIDAS A PARTIR DE SÉRIES DE DURAÇÃO PARCIAL 1. INTRODUÇÃO

ANÁLISE DAS TENDÊNCIAS EM SÉRIES PLUVIOMÉTRICAS NAS BACIAS DO RIO VAZA BARRIS E ITAPICURU, NO ESTADO DE SERGIPE

DEFINIÇÃO DE CLASSES DE PRECIPITAÇÃO PARA UTILIZAÇÃO EM PREVISÕES POR CATEGORIA E HIDROLÓGICA

IMPACTO DE UMA TEMPESTADE NA ÁREA URBANA DO MUNICÍPIO DE BAURU

A IMPORTÂNCIA DA REDE DE MONITORAMENTO HIDROLÓGICO DA COPASA THE IMPORTANCE OF THE HYDROLOGICAL MONITORING NETWORK OF COPASA

Modelagem do comportamento da variação do índice IBOVESPA através da metodologia de séries temporais

ANÁLISE DAS ANOMALIAS DA PRECIPITAÇÃO EM MINAS GERAIS

Roteiro. Definição de termos e justificativa do estudo Estado da arte O que está sendo feito

INCORPORAÇÃO DAS MUDANÇAS CLIMÁTICAS NO PLANEJAMENTO DOS RECURSOS HÍDRICOS O CASO DA BACIA DO RIO PARAGUAÇU

ANÁLISE SINÓTICA DE UM CASO DE OCORRÊNCIA DE TEMPO SEVERO NA CAPITAL PAULISTA E NO VALE DO PARAÍBA

CARACTERIZAÇÃO DE DISTÚRBIOS ONDULATÓRIOS DE LESTE EM ALCÂNTARA: ESTUDO DE CASO

Espacialização das áreas de inundação nos municípios de Igrejinha e Três Coroas, bacia hidrográfica do rio Paranhana/RS

MODELAÇÃO MATEMÁTICA DOS RECURSOS HÍDRICOS SUBTERRÂNEOS DA REGIÃO DE MOURA

PREVISÃO DE CURTO PRAZO DE NÍVEIS NO RIO ACRE NO MUNICIPIO DE RIO BRANCO-AC COM MODELOS HIDROLÓGICOS EMPÍRICOS NA ENCHENTE DE 2015

SISTEMA DE PREVISÃO SAZONAL POR ENSEMBLE UTILIZANDO O MODELO ECHAM4.6 NA FUNCEME

9 - Escoamento Superficial

Transcrição:

Sistema de previsão imediata por conjunto a partir de radares meteorológicos para alertas de inundação Bolsista: Dra. Angélica Nardo Caseri Projeto Fapesp número: 2017/00275-0 1. Introdução As inundações são responsáveis por cerca de 50% dos prejuízos ocasionados pelos desastres naturais ocorridos no mundo (Kron, 2003). Durante o período 1946-2007, na Europa, foram identificados 550 eventos de inundação (Bastone et al., 2011). No Brasil, entre 2008 e 2013, 27,7% das cidades brasileiras foram atingidas por enchentes e 28,3% foram atingidas por inundações bruscas. Entre os diferentes tipos de inundações, as inundações bruscas são particularmente perigosas devido ao seu súbito acontecimento e difícil previsibilidade (Jonkman and Vrijling, 2008). As inundações bruscas possuem uma resposta rápida. Este tipo de inundação é localizado, principalmente, em bacias hidrográficas pequenas e médias. Os sistemas de previsão e alerta a inundações são essenciais para a antecipação de eventos extremos, e assim, reduzir os seus possíveis impactos. Devido à difícil previsibilidade dos eventos de inundações bruscas, como citado em Zappa et al. (2011), os alertas fornecidos por um sistema de previsão possuem diversas incertezas. As previsões por conjunto consistem em considerar as incertezas das previsões hidrometeorológicas. Este projeto tem como objetivo principal desenvolver uma metodologia de previsão imediata por conjunto de alertas de inundação. Para isto um simulador probabilístico de chuva será utilizado, baseado em um método geoestatístico, para gerar as previsões imediatas de precipitação por conjunto e um modelo hidrológico de chuva-vazão. 2. Atividades realizadas Estes primeiros seis meses do pós-doutorado foram dedicados as seguintes etapas: Análise dos dados de chuva do radar utilizado no projeto (radar móvel banda X, instalado na região de Campinas, dentro da Universidade Unicamp). A Figura 1 apresenta a localização do radar e a área de estudos do projeto de pesquisas. Seleção de eventos extremos na região. Calibração dos parâmetros do software geoestatístico SAMPO TBM (Caseri et al., 2015). Adaptação e desenvolvimento da metodologia para o cálculo das previsões de precipitação por conjunto a partir do software SAMPO TBM no modo simulação condicional. Avaliação dos primeiros resultados.

4 Legenda -48 PCD_Hidrologica -22 Localização radar -22 Campinas Rios Bacias hidrograficas Raio de 60 km do radar Estado de São Paulo -23-23 -23-23 -23-23 150 0 5 10 20 30 40 1 100-24 Km Km -24 Km -48 Figura 1. Localização do radar instalado no Museu Exploratório de Ciências da UNICAMP, em Campinas, e da área de estudos determinada pela circunferência em vermelho (raio de 60 km do radar) e pelas bacias hidrográficas selecionadas. Seleção de eventos Afim de selecionar os eventos extremos que serão utilizados neste projeto, foi realizada uma análise do histórico de eventos ocorridos na região entre 2016-2017. Um dos critérios para selecionar este eventos foi de considerar apenas os eventos que passavam de 5 mm/h ao menos em 1 km 2 da região (como apresenta a Figura 2). Estes eventos foram selecionados utilizando os dados do radar instalado no Museu Exploratório de Ciências da UNICAMP em Campinas. Figura 2. Metodologia para seleção dos eventos. A Figura 3 apresenta os eventos selecionados para este projeto. No total foram selecionados 16 eventos. Os valores máximos acumulados de precipitação de cada evento variam entre 30 mm a 250 mm e a duração varia de 5 horas a 28 horas, sendo que o evento com o máximo observado mais elevado durou 18 horas.

Figura 3. Eventos selecionados e suas principais características. Calibração dos parâmetros para utilização do SAMPO TBM A segunda etapa deste projeto foi a calibração dos parâmetros para a utilização do software SAMPO TBM (Leblois et al., 2013; Caseri et al., 2015), o qual será utilizado neste projeto para realizar previsões imediatas por conjunto de eventos extremos. Para cada evento foi calculada a média da velocidade do evento, a correlação espacial das zonas de chuva e das zonas de intermitência. A Figura 4 apresenta os valores dos parâmetros de cada evento. A velocidade do vento foi calculada a partir do tracking das imagens radar (Leblois et al., 2013) e os parâmetros de correlação espacial foram calculados por meio do variograma exponencial dos dados radar. A partir da Figura 4, pode-se observar que os eventos de 26/11/2016, 27/11/2016, 26/02/2017 possuem a velocidade do vento mais baixa, 1 m/s, quando comparados com os outros. O evento de 19/05/2016 possui a velocidade mais elevada, 20 m/s. Em relação aos parâmetros de correlação espacial, pode-se observar que a correlação espacial da zona chuvosa mais baixa foi observada no evento de 26/04/2017, cerca de 3 km, e a mais elevada foi observada no evento de 02/03/2017, cerca de 35 km. Igualmente, pode-se verificar que a correlação espacial das zonas de intermitência variam de 8 km (evento de 26/11/2016) a 55 km (evento de 25/02/2017). Por meio desta análise, pode-se observar que existe uma variabilidade elevada entre os eventos, possibilitando assim, uma base de dados robusta para as próximas etapas do projeto.

Figura 4. Valores dos parâmetros utilizados no SAMPO TBM para cada evento selecionado (a esquerda velocidade do vento; no centro correlação espacial das zonas chuvosas; a direita correlação espacial da intermitência). Previsão evento 3 12 2016 A terceira etapa realizada deste trabalho foi inicializar as previsões imediatas por conjunto de eventos extremos utilizando o software SAMPO TBM. Primeiramente o método foi aplicado no evento de 3 de Dezembro de 2016. Este evento é caracterizado por uma tempestade de granizo a qual atingiu grande parte da região abordada neste projeto, ocasionando pontos de alagamento em diversos locais, principalmente na cidade de Campinas (G1.Globo, 2017). A técnica de calibração dos parâmetros do SAMPO TBM para a previsão imediata é baseada nos parâmetros estimados a partir de uma janela deslizante. Isto significa que os parâmetros e os dados utilizados para a simulação condicional serão estimados apenas nas últimas horas dos dados de observação de precipitação. Também neste método é considerada a simulação condicional (para mais detalhes da metodologia: Renard et al., 2011; Caseri et al., 2016) por meio dos pluviômetros localizados na região. No total foram considerados 30 pluviômetros. As previsões para este evento foram calculadas da forma a seguir: Inicialização da calibração dos parâmetros do software SAMPO TBM considerando as primeiras 1h30 observadas do evento. Simulação condicional utilizando os pluviômetros da região. Simulação de campos de chuva possíveis através do SAMPO TBM: são realizadas previsões para as próximas 2 horas (cada passo de tempo com 30 min), sendo geradas 30 previsões para cada passo de tempo (previsão por conjunto). Reinicialização da calibração dos parâmetros do software SAMPO TBM a cada 30 minutos. A Figura 5 representa um esquema explicativo do processo de calibração dos parâmetros do SAMPO TBM para a previsão imediata de precipitação por conjunto.

Figura 5. Ilustração do método de calibração dos parâmetros de SAMPO TBM a partir dos dados de observação de chuva de um determinado evento (Ti= início do evento, To= último instante de observação da precipitação, Tf= fim do evento). Análise dos Resultados da previsão imediata por conjunto para o evento de 3-12-2016 Critérios de avaliação utilizados A fim de avaliar a capacidade do método proposto neste projeto em gerar previsões imediatas por conjunto foram utilizados os seguintes critérios de avaliação: CRPS: em inglês Continuous Ranked Probability Score, compara a função de distribuição da variável esperada com a densidade de probabilidade acumulada observada, para cada previsão ele representa a distância quadrática entre essas duas funções de distribuição. A média dos valores obtidos para cada previsão é levada em consideração. A densidade de probabilidade cumulativa observada é muitas vezes representada pela função Heaviside cujo valor é 0 antes do valor observado e 1 após ele (Hersbach, 2000). Este critério avalia a desempenho global do método. Área da curva ROC: curva ROC permite avaliar a capacidade de uma previsão em detectar eventos sem que muitos falsos alertas sejam efetuados (Mason and Graham, 1999). Para construir uma curva ROC, para cada diferença de nível de referência (ou percentagem de membros da previsão por conjunto que detectaram um evento), traça-se um diagrama que representa a probabilidade de detecção de um evento em função da probabilidade de falsos alertas (mais detalhes em Jolliffe and Stephenson, 2003). A área sob a curva ROC (AUC, em inglês Area Under the Curve ) é seguidamente utilizada para a avaliação comparativa de curvas ROC. Uma curva ROC sob a linha diagonal do diagrama é caracterizada por uma AUC de 0,5, indicando uma baixa capacidade de discriminação de eventos. O limiar considerado neste projeto foi de 5 mm/h. Resultados Afim de avaliar as previsões imediatas por conjunto geradas para o evento do 3/12/2016, as previsões de chuva foram comparadas aos valores observados pelos pluviômetros utilizados na simulação condicional do SAMPO TBM para cada passo de tempo de previsão (4 passos de tempo,

total de 2 horas de previsão). A Figura 6 apresenta os valores de CRPS calculados e a Figura 7 apresenta os valores da área da curva ROC. A partir da análise das Figuras 6 e 7, pode-se observar que as previsões possuem um bom desempenho até 2 horas de previsão, mas que a capacidade de previsão diminui à medida que o passo de tempo de previsão aumenta. Isso é observado principalmente no caso do CRPS. Por meio da Figura 6, verifica-se que o CRPS calculado varia de 0,4 mm/h a 0,6 mm/h. Dessa forma, pode-se constatar que as previsões possuem um bom desempenho global. Através da Figura 7, observa-se que a área da curva ROC varia de 0,5 a 0,6. Sendo assim, verifica-se que até 2 horas de previsão o método possui boa capacidade de detecção de eventos. CRPS [mm/h] 0.0 0.2 0.4 0.6 0.8 1.0 1 2 3 4 Previsões [30min] Figura 6. CRPS calculado a partir das previsões geradas pelo SAMPO TBM (previsões com passo de tempo de 30 min, 1h, 1h30 e 2h). Avaliação a partir dos dados dos pluviômetros da região. ROC_AUC [mm/h] 0.0 0.2 0.4 0.6 0.8 1.0 1 2 3 4 Previsões [30min] Figura 7. Área da curva ROC (AUC) calculada a partir das previsões geradas pelo SAMPO TBM (previsões com passo de tempo de 30 min, 1h, 1h30 e 2h). Avaliação a partir dos dados dos pluviômetros da região. A linha vermelha representa o valor de 0,5, um AUC inferior a este valor representa que as previsões possuem baixa capacidade de detecção de um evento. 3. Conclusão Por meio deste estudo foi possível compreender de forma mais aprofundada as principais características dos eventos extremos da região de Campinas. Desta forma, possibilitando o aprimoramento da metodologia do SAMPO TBM para a previsão imediata de eventos extremos. Os primeiros resultados encontrados nesse projeto, a partir da geração da previsão imediata por conjunto para o evento de 3 de Dezembro de 2016, mostram que a metodologia abordada pode ser uma solução

interessante para a previsão imediata de eventos de inundações. As próximas etapas desta trabalho se caracterizam pela geração de previsão imediata por conjunto para os outros eventos selecionados e a utilização de um modelo hidrológico para a transformação da chuva em vazão. 4. Participações em congressos e reuniões Apresentação oral - Brahve. SISTEMA DE EPREVISÃO IMEDIATA POR CONJUTO DE ALERTAS DE INUNDAÇÃO. 2017. Pôster - EPGMET.PRINCIPAIS CARACTERÍSTICAS DOS EVENTOS EXTREMOS OBSERVADOS NA REGIÃO DE CAMPINAS A PARTIR DE DADOS DE RADARES METEOROLÓGICOS. 2017. Apresentação oral - SBRH - SBRH - XXII Simpósio Brasileiro de Recursos Hídricos. PREVISÃO IMEDIATA POR CONJUNTO PARA ALERTA DE CHEIAS. 2017. Apresentação oral Reunião SOS Chuva. PREVISÃO IMEDIATA POR CONJUNTO DE CHUVA A PARTIR DE UM MÉTODO GEOESTATÍSTICO PARA EVENTOS DE INUNDAÇÕES BRUSCAS. 2017 Referências BASTONE, V., GARNIER, C.H., DE LA TORRE, Y., 2011. Etude préliminaire de l impact du changement climatique sur les risques naturels à la Réunion. Paris: BRGM, 2011, p. 135. CASERI, A., P., JAVELLE, M.-H., RAMOS, E. LEBLOIS, 2015. Generating precipitation ensembles for flood alert and risk management, Journal of Flood Risk Management. CASERI, A.; RAMOS, M.-H. ; JAVELLE, P.; LEBLOIS, E. A space-time geostatistical approach for ensemble rainfall nowcasting. E3S Web of Conferences, v. 7, p. 18001, 2016. HERSBACH H. 2000. Decomposition of the Continuous Ranked Probability Score for Ensemble Prediction Systems. Weather and Forecasting 15 (5): 559 570. JONKMAN, S.N., VRIJLING, J.K. Loss of life due to floods. Journal of Flood Risk Management, v. 1, n.1, p. 43 56, 2008. KRON, W. Flood catastrophes: causes, losses and prevention an international re-insure s viewpoint. In: Workshop on Precautionary Flood Protection in Europe. 2003. Bonn. Proceedings New York: Science Press, 2003. LEBLOIS, E., CREUTIN, J.-D. Space-time simulation of intermittent rainfall with prescribed advection field: Adaptation of the turning band method. Water Resources Research, v. 49, p. 3375 3387, 2013. MASON, S.J., GRAHAM, N.E. Conditional Probabilities, Relative Operating Characteristics, and Relative Operating Levels. Weather and Forecasting, v.14, p. 713 725, 1999. RENARD, B. et al. Toward a reliable decomposition of predictive uncertainty in hydrological modeling: Characterizing rainfall errors using conditional simulation. Water Resources Research, v. 47, 2011. ZAPPA, M. et al. Superposition of three sources of uncertainties in operational flood forecasting chains. Atmospheric Research, v.100, n. 2-3, p. 246-262, 2011.