Taboãoprev Aposentadoria em caso de acúmulo de cargos A) Observamos que uma servidora possui uma aposentadoria nesta autarquia desde 10/03/2001 no cargo de Assistente de Desenvolvimento Infantil. Tendo completado 70 anos em 02/11/2013 verificamos que a mesma possui mais dois cargos, Professor Adjunto desde 03/03/2003 e PEB-1 desde 15/03/2013. > Devido à aposentadoria compulsória a servidora já foi afastada desde o dia anterior> ao seu aniversário. Resposta: Resposta: Não há regularidade no acúmulo tríplice de cargos públicos. A Constituição Federal proíbe a acumulação de cargos, empregos e funções públicas, EXCETO, desde que haja compatibilidade de horário, nas situações arroladas pelo art. 37, XVI e XVII, da CF. Art. 37... XVI - é vedada a acumulação remunerada de cargos públicos, exceto, quando houver compatibilidade de horários, observado em qualquer caso o disposto no inciso XI. a) a de dois cargos de professor; b) a de um cargo de professor com outro técnico ou científico; c) a de dois cargos ou empregos privativos de profissionais de saúde, com profissões regulamentadas; XVII - a proibição de acumular estende-se a empregos e funções e abrange autarquias, fundações, empresas públicas, sociedades de economia mista, suas subsidiárias, e sociedades controladas, direta ou indiretamente, pelo poder público; 1
Do mesmo modo, o servidor aposentado (inclusive o militar) não pode acumular cargo, emprego ou função pública, exceto se cargo eletivo, em comissão ou outro cargo acumulável (ex. professor aposentado e professor - empregado público, contratado temporário ou titular de cargo efetivo -, ou ainda, professor com cargo técnico ou científico, esse último com demonstração inequívoca de sua peculiaridade) Confira-se: Art. 37... 10. É vedada a percepção simultânea de proventos de aposentadoria decorrentes do art. 40 ou dos arts. 42 e 142 com a remuneração de cargo, emprego ou função pública, ressalvados os cargos acumuláveis na forma desta Constituição, os cargos eletivos e os cargos em comissão declarados em lei de livre nomeação e exoneração. Sequer na hipótese do art. 11 da EC 20/98, pode o servidor naquelas condições vir a aposentar-se, em quaisquer das modalidades de aposentadoria, assim como, se falecer, não poderão seus beneficiários obter as duas pensões. Reiterando: é regular o acúmulo de duas aposentadorias no RPPS, quando derivadas do exercício de dois cargos de professor ou um de professor com cargo técnico ou científico. 2
Não é regular, entretanto, a acumulação de um provento de cargo efetivo de Auxiliar de Desenvolvimento Infantil com vencimentos de cargo de Professor e, ainda mais, com vencimentos de outro cargo de Professor. Quando a servidora ingressou em 2003 nos dois cargos de professor, ela deveria ter declarado, junto à Municipalidade, que já era aposentada, hipótese em que seria verificado se ela poderia acumular proventos com vencimentos de um cargo de professor e mais outro, logo em seguida. Evidentemente que a hipótese não se enquadra na exceção prevista no inciso II do art. 37, bem assim no 10. do art. 40, ambos da Constituição Federal. É preciso verificar se a Prefeitura tem exigido essa declaração no ato de posse e se, anualmente, essas informações funcionais são renovadas, eis que a situação do servidor pode modificar-se, principalmente entre os professores e os profissionais da saúde. Da constatação de que houve, ou não, a declaração de acúmulo, é que se pode concluir se a servidora estava de boa ou má-fé. De todo modo, ela não poderá ser aposentada nos dois vínculos de professora, que, aliás, sequer poderiam ser efetivados. Nesse sentido, resta consolidada a jurisprudência do Supremo Tribunal Federal e Superior Tribunal de Justiça, de que destacamos as seguintes decisões ementadas: 3
Recurso Extraordinário. Administrativo. Funcionário Público. Acumulação de cargos. 2. Acórdão que concedeu mandado de segurança contra ato administrativo que afirmou a inviabilidade de tríplice acúmulo no serviço público. 3. Alegação de ofensa ao art. 37, XVI e XVII, da CF e art. 99, 2º, da CF pretérita. 4. A acumulação de proventos e vencimentos somente é permitida quando se tratar de cargos, funções ou empregos acumuláveis na atividade, na forma permitida pela Constituição. Precedente do Plenário RE 163.204. Entendimento equivocado no sentido da proibição de não acumular, não se incluem os proventos RE 141.734-SP. 5. Recurso conhecido e provido para cassar a segurança. (RE 141.376, Rel. Min. Néri da Silveira, 2ª. Turma, DJ. 22.02.2002) AGRAVO REGIMENTAL EM RECURSO ORDINÁRIO EM MANDADO DE SEGURANÇA. CONSTITUCIONAL. ADMINISTRATIVO. SERVIDOR PÚBLICO. TRÍPLICE CUMULAÇÃO DE PROVENTOS E VENCIMENTOS. VEDAÇÃO CONSTITUCIONAL. INEXISTÊNCIA DE VIOLAÇÃO DE DIREITO ADQUIRIDO. 1. A Emenda Constitucional nº 20/98, ao introduzir o parágrafo 10 no artigo 37 da Constituição da República, apenas transformou o entendimento jurisprudencial consubstanciado na interpretação do artigo 37, incisos XVI e XVII, e do artigo 95, parágrafo único, inciso I, da Constituição da República em texto constitucional, firmado no sentido de que é vedada a acumulação de proventos e vencimentos, salvo em relação a cargos acumuláveis na atividade. 2. A vedação constitucional à percepção cumulativa de três cargos públicos, entre proventos e vencimentos, sempre existiu, nada importando que as fontes pagadores sejam diversas, pelo que não há falar em violação qualquer de direito adquirido no ato que cancela uma das aposentadorias em acúmulo inconstitucional. 3. Agravo regimental improvido.( AgRg no RMS 14617 / PR, Rel. Min.HAMILTON CARVALHIDO, 6ª Turma, DJ.01.07.2005.) 4
Estando em presença de acúmulo ilícito, recomendo seja negada a aposentadoria compulsória da interessada nos dois cargos de professor. Para tanto, deverá o Instituto, mediante processo, comunicar-lhe que serão denegadas as aposentadorias compulsórias, porquanto elas decorrem de ato ilícito (ingresso ilícito) e intimar a servidora para apresentar defesa, se o desejar, de modo a assegurar-lhe ampla defesa e estabelecido o contraditório, objetivando garantir a lisura do procedimento do indeferimento das aposentadorias (caso tenham elas sido concedidas, deverá o Instituto proceder à anulação das aposentadorias). Somente após a observância de todo o procedimento administrativo, de acordo com o regramento estabelecido no Município, é que as aposentadorias devem ser denegadas (ou anuladas), com o devido ressarcimento, ao Instituto, dos vencimentos (e eventualmente dos proventos das aposentadorias de professor, caso já concedidas), posto que indevidos, comprovada a má-fé da servidora (se ela declarou que não acumulava ou, se de alguma forma, sabia ela que a acumulação era ilícita). Inexistente disciplina legal municipal sobre a matéria, recomendo seguir o procedimento contido na Lei estadual 10.177/98, para anulação das aposentadorias (caso tenham elas sido concedidas) (V. arts. 57 e seguintes). 5
Sugiro, outrossim, que, em caso de anulação de aposentadoria, o Tribunal de Contas seja cientificado para as providências cabíveis. Se a servidora estava de boa-fé 1 (para comprovação da má-fé, é preciso comprovar), nada deverá devolver, ficando os pagamentos feitos nos cargos de professor como indenização por serviços prestados, já que o vínculo jurídico estabelecido com a Prefeitura era ilícito. Relembro, ainda, a necessidade de que o Instituto e a Prefeitura controlem as declarações de acumulação de cargos, empregos e funções públicos, anualmente, exigindo que todos os servidores, inclusive os aposentados, atualizem seus dados pessoais e funcionais, para evitar situações análogas às relatadas no presente, de difícil deslinde. Caso o servidor ou aposentado faça declaração falsa, ao ser constatada a situação irregular, ele será considerado de má-fé e, sem prejuízo das medidas administrativas cabíveis (o devido processo legal), terá de devolver os vencimentos ou proventos percebidos. Vale dizer: nenhum servidor deve tomar posse, ou inscrever-se junto ao Instituto previdenciário, em cargo/emprego/função públicos sem fazer declaração de acúmulo. Anualmente, esses entes devem proceder à 1 É comum os responsáveis pelos RH desconhecerem as normas de acumulação e orientarem os servidores de forma equivocada, o que descaracteriza a má-fé do servidor. 6
atualização dessas declarações, impondo aos servidores a obrigação de declarar eventuais acúmulos. Anoto, também, que foi criado um link no endereço eletrônico do Ministério da Previdência Social, que contém informações sobre os servidores públicos em geral, e que poderá ser consultado pelo Instituto, regularmente, principalmente antes de conceder aposentadoria aos seus servidores. É o parecer, sub censura, maio de 2014. 24/05/2014 X mbriguet Assinado por: MAGADAR ROSALIA COSTA BRIGUET:24319937872 Magadar Rosália Costa Briguet OAB/SP nº 23.925 7