Uni-ANHANGUERA CENTRO UNIVERSITÁRIO DE GOIÁS CURSO DE AGRONOMIA

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Transcrição:

1 Uni-ANHANGUERA CENTRO UNIVERSITÁRIO DE GOIÁS CURSO DE AGRONOMIA QUEBRA DA RESISTÊNCIA DO MILHO Bt ROBSON EVANGELISTA LIMA GOIÂNIA Junho /2015

2 ROBSON EVANGELISTA LIMA QUEBRA DA RESISTÊNCIA DO MILHO Bt Trabalho de Conclusão de curso apresentado ao Curso de Agronomia do Centro Universitário de Goiás, Uni-Anhanguera, sob Orientação da Profª Drª. Camila de Marillac Costa Nunes, requisito parcial para obtenção do título de Bacharel em Agronomia. GOIÂNIA Junho/2015

3 TERMO DE APROVAÇÃO ROBSON EVANGELISTA LIMA QUEBRA DA RESISTÊNICA DO MILHO Bt Trabalho de conclusão de curso apresentado à banca examinadora como requisito parcial para obtenção do Bacharelado em Agronomia do Centro Universitário de Goiás Uni- ANHAGUERA, defendido e aprovado em 03 de Junho de 2015 pela banca examinadora constituída por:

4 DEDICATÓRIA Dedico este trabalho a Deus e a minha família, em especial a meus pais, Anivaldo e Maraildes e minha irmã, Alessandra pelo amor, apoio e compreensão demonstrados nesses anos de faculdade, que sempre me lembram de que todo sofrimento é prenúncio de uma vitória.

5 AGRADECIMENTO A Deus por ter me dado saúde e força para superar as dificuldades. Aos meus pais, pelo amor, incentivo e apoio incondicional. A minha orientadora Dra. Camila de Marillac Costa Nunes, que, com paciência deu suporte no pouco tempo que lhe coube. Aos docentes e a coordenadora do curso de Agronomia, Prof. Dra. Alzirene V. Milhomem pelo incentivo e contribuição na minha vida acadêmica e profissional. A Uni-Anhanguera pela oportunidade de conferir-me o título Bacharel em Agronomia. Aos colegas do curso e futuros colegas de trabalho pelo apoio nesses anos de estudo. E a todos que direta ou indiretamente fizeram parte da minha formação, o meu muito obrigado.

6 Que os vossos esforços desafiem as impossibilidades, lembrai-vos de que as grandes coisas do homem foram conquistadas do que parecia impossível. Charles Chaplin

7 RESUMO No Brasil, a utilização do milho Bt resistente à lagarta Spodoptera frugiperda (lagarta-docartucho), Helicoverpa zea (lagarta-das-espigas) e Diatraea saccharalis, pode reduzir perdas causadas por vários lepidópteros-pragas, auxiliando os produtores com ganhos em produtividade e redução de insumos agrícolas. Porém, nos últimos anos esses lepidópterospragas tem desenvolvido resistência ao genes inseridos no milho Bt. Esses genes condicionam o milho Bt uma atividade inseticida, ou seja, uma maior resistência ao ataque dessas pragas, controlando os indivíduos suscetíveis ao gene Bt. Todavia, a não adoção de práticas de manejo da resistência, como expressão de altas doses da proteína e a utilização de área de refúgio, condiciona a perda da tecnologia. Diante disso o objetivo deste trabalho é elucidar as prováveis causas da quebra da resistência no milho Bt e descrever as principais práticas de manejo da resistência que devem ser aderidas pelo produtor para manutenção da tecnologia. Palavras-chave: Transgênico. Manejo da resistência. Bacillus thuringiensis.

8 SUMÁRIO 1 INTROUÇÃO 7 2 REFERENCIAL TEÓRICO 11 2.1 Importância do Milho 11 2.2 Milho Bt 13 2.3 Quebra de resistência no milho Bt 17 2.4 Manejo da resistência de insetos (MRI) na utilização do milho Bt 18 3 CONCLUSÃO 20 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS 22

9 1 INTRODUÇÃO O milho (Zea mays) é considerado uma das mais importantes e antigas culturas agrícolas, sendo um produto estratégico para a segurança alimentar da população por ser utilizado para a alimentação humana e animal. A cultura do milho no Brasil era plantada, tradicionalmente no verão, porém o melhoramento desenvolveu variedades adaptadas ao plantio no período do inverno para algumas regiões tomando o lugar do trigo de inverno (ALVES; AMARAL, 2011). Considerando o 2º levantamento informativo de biotecnologia da Céleres (2013), para safra 2013/14 a área plantada com milho transgênico, foi de 81,5% da área total, isto é 12,5 milhões de hectares. Para a safra de milho inverno, que ocupa a segunda posição na taxa de adoção de transgênicos, espera-se uma área plantada de 89,9%, a qual deve atingir 6,7 milhões de hectares que representa 5,4% a mais em relação à 2012/13. De acordo com Céleres (2014), estima-se que na safra 2014/15 sejam produzidas 85,1 milhões de toneladas de milho. Com esta produção espera-se um aumento de 6,1% em relação à safra de 2013/14 para o milho verão. No caso do milho inverno, a área deve expandir quase 1%, indo para 8,54 milhões de hectares, e a produção aumentará 10,6%, totalizando 49,1 milhões de toneladas. A utilização do milho Bt (Bacillus thurigiensis) obteve uma grande participação das safras no país, ganhando mercados internos e externos e principalmente a preferência do produtor rural por conter genes de resistência ás principais pragas do milho, como a Spodoptera frugiperda (lagarta-do-cartucho), Helicoverpa zea (lagarta-das-espigas) e Diatraea saccharalis (broca-da-cana) (OMOTO, 2012). Segundo a Associação Brasileira de Semente e Muda (2014), o milho Bt é obtido por meio da transformação genética de plantas de milho com genes da bactéria Bacillus thuringiensis, caracterizada pela sua habilidade de formar cristais protéicos durante a fase estacionária. O cristal protéico também chamado de delta-endotoxinas, possui propriedades inseticidas específicas sendo este responsável por 20-30% da proteína da célula (CARNEIRO et al., 2009). Entre as vantagens da utilização do milho Bt em relação ao convencional pode-se citar: ganhos de produtividade, redução do uso de inseticidas químicos, preservação de inimigos naturais, menor utilização de recursos hídricos e reduções de doenças fúngicas. (BOBROWSKI et al., 2003). No entanto para que essas vantagens do milho Bt sejam conferidas em campo o produtor necessita utilizar técnicas de manejo de resistência de insetos (MRI), recomentado

10 pela CTNBio e citado na Circular 135 da Embrapa Milho e Sorgo (2009). O MRI consiste em duas estratégias básicas: uso de altas doses e utilização da área de refúgio. Segundo Machado e Fiuza (2011) o uso de altas doses indica que as plantas transgênicas produzirão até 25 vezes mais a toxina Bt para 99% dos indivíduos resistentes. A área de refúgio é cultivada com milho convencional e tem como finalidade manter indivíduos susceptíveis a toxina Bt, ou seja, aqueles que não possuem genes de resistência. Sua contribuição é a produção de número suficiente de insetos adultos suscetíveis à toxina Bt para cruzarem com insetos homozigotos resistentes A não adoção dessas práticas por parte do produtor favorece a quebra da resistência e, posteriormente a perda da tecnologia do híbrido. Com isso o objetivo desse trabalho é elucidar as causas da quebra de resistência no milho Bt e descrever as duas principais técnicas de manejo de resistência a serem utilizadas para evitar a perda da tecnologia.

11 2 REFERENCIAL TEÓRICO 2.1 Importância do Milho Zea mays L. (Zea mays. L.), também conhecido como milho, é uma gramínea monóica anual, cultivada em vários países. O milho cultivado foi originado do teosinte, Zea mays, subespécie mexicana, há mais de 8.000 anos. Durante esta evolução, o milho cultivado ganhou várias características agronômicas, mas perdeu a habilidade de sobreviver fora do meio agrícola. O teosinte, entretanto, permanece como gramínea selvagem no México e na Guatemala. Apesar de algumas confusões sobre o agrupamento taxonômico de membros nãocultivados de gênero Zea, os membros selvagens mantém um arranjo de plantas bem sucedidas, tanto anuais como perenes, com peculiaridades cromossomiais e níveis de ploidia, e muitos fenótipos adaptativos macroscópicos (PATERNIANI, CAMPOS, 2005). A cultura do milho vem alcançando ganhos significativos de produtividade nos últimos anos no Brasil. Principalmente, nestas três últimas safras 2011/2012, 2012/2013 e 2013/2014, a cultura do milho experimentou um novo patamar de produtividade, só antes alcançado por países considerados desenvolvidos e detentores de alta tecnologia, a exemplo dos Estados Unidos. Essa mudança vem sendo possível graças ao avanço tecnológico que desenvolvem novas tecnologias para as lavouras. Sendo assim, o milho tem evoluído como cultura comercial apresentando, nas últimas décadas, taxas de crescimento da produção de 3% ao ano e da área cultivada de 0,4% ao ano. (BISPO, 2007). A cadeia produtiva do milho é um dos segmentos econômicos mais importantes do agronegócio brasileiro. Considerando apenas a produção primária, o milho responde por cerca de 37% da produção nacional de grãos. Atualmente no Brasil, a produção de milho em grãos tem dois principais destinos. O primeiro refere-se à parcela do milho que é produzida e consumida no próprio estabelecimento, destinando-se ao consumo animal e humano. O segundo destina-se ao mercado consumidor, direcionados principalmente á fábricas de rações, indústrias químicas, mercado de consumo in natura e exportações (PATERNIANI, CAMPOS, 2005). Apesar de o Brasil não ter tradição de exportador e importador de milho em grãos, sempre se pensou neste país com potencial para participar do mercado externo. A exportação de milho passou a adquirir alguma importância somente nos últimos 13 anos, mais precisamente a partir de 2001 (EMBRAPA, 2011).

12 De acordo com a Figura 1 podemos observar que a área plantada e a produção com milho brasileiro vem crescendo ao decorre dos anos. Com isso a criação de novas tecnologias favorece o ganho em produtividade e qualidade do milho, já que ao mesmo tempo que há um aumento de produção e de área cultivada com o milho, observar-se também um aumento da incidência de insetos pragas e doenças que atacam a cultura. Umas das novas tecnologias criadas com o intuito de supressão e a transgenia que originou a o milho Bt. Este confere genes de resistência às principais pragas do milho, como a Spodoptera frugiperda (lagarta-docartucho), Helicoverpa zea (lagarta-das-espigas) e Diatraea saccharalis (broca-da-cana) (OMOTO, 2012). A partir dos dados fornecidos por Céleres (2014) e possível verificar a evolução da produção em toneladas e o aumento do cultivo do milho em hectares nas safras de 2004/2005 a 2013/2014. Área (milhão ha) Produção (milhão t) Figura 1. Evolução da área plantada com milho (em t/ha) de 2004 a 2014. 0A Spodoptera frugiperda (lagarta-do-cartucho) pode causar perdas de 17% a 38,7%. As lagartas, inicialmente, apenas raspam a superfície foliar e deixam uma membrana translúcida para trás. Quando maiores, alojam-se no cartucho do milho e começam a se alimentar das folhas novas e a parte apical do colmo. Os sinais de seu ataque são folhas que surgem recortadas e detritos no interior do cartucho. Quando as plantas já estão maiores, as lagartas podem se

13 alimentar do pendão e das espigas. Nos ataques às espigas, é comum que se confunda Spodoptera frugiperda com Helicoverpa zea. Quando não as consomem por inteiro, causam a murcha, o tombamento e a morte, o que pode reduzir consideravelmente o estande da cultura (WAQUIL et al., 2007). A Helicoverpa zea (lagarta-das-espigas), quando jovens, se alimentam dos cabelos do milho, o que compromete a formação dos grãos. Desenvolvidas, alimentam-se dos grãos, principalmente dos localizados na extremidades das espigas. Além dos danos causados pela alimentação das lagartas, os orifícios abertos facilitam a ação de insetos e microrganismos oportunistas, que causam mais danos, doenças e podridões (MOREIRA; ARAGÃO, 2009). A Diatraea saccharalis (broca-da-cana) pode causar prejuízos que ocorrem em decorrência das galerias abertas nos colmos, que facilitam a quebra e o tombamento das plantas, e nas espigas, que causam a perda de grãos, sendo que quando o ataque é no cartucho da planta, algumas folhas se abrem já perfuradas. Além disso, os orifícios também são portas de entrada para outros insetos e microrganismos, como fungos e bactérias causadores de doenças e podridões (MOREIRA; ARAGÃO, 2009). 2.2 Milho Bt O século XX foi marcado por grandes descobertas genéticas que causaram profundos impactos no melhoramento genético de plantas. As plantas cultivadas atualmente vem sendo manipuladas geneticamente pelo homem há muitos anos, por meio do melhoramento clássico. Todavia com as técnicas de engenharia genética, novas estratégias de plantas geneticamente modificadas resistentes a insetos, passaram a ser utilizadas. Dentre estas a mais utilizada no milho (Zea mays) é a transgenia com a bactéria Bacillus thurigiensis (Bt). (CAROZZI; KOZIEL, 1997). A transferência de genes exógenos para plantas cultivadas a partir das novas técnicas de engenharia genética pode ser considerada um dos avanços mais significativos dentro das ciências biológicas nos últimos anos. A expressão desses genes exógenos nas plantas transformadas ou transgênicas pode aumentar funções já existentes ou criar novas características. Os genes para resistência a insetos mais conhecidos e estudados são aqueles que expressam as proteínas da bactéria Bt (GALLO et al., 2002).

14 A bactéria Bt é capaz de produzir uma proteína tóxica que quando ingerida por insetos acumula e forma cristais, no tubo digestivo, estes, ligam-se a receptores específicos na parede intestinal do inseto, desencadeando um processo que se inicia pela inibição da ingestão e absorção dos alimentos, provocando, consequentemente, ruptura das células da parede do tubo digestivo, e a morte das lagartas. (MENDES et al., 2008). O gene responsável pela alteração no tubo digestivo dos insetos foi retirado da bactéria Bacillus thurigiensis e introduzida no milho, esses genes específicos, levam à produção de proteínas tóxicas a determinadas ordens de insetos considerados pragas que causam danos econômico para a cultura (CARNEIRO et al., 2009). Os produtos disponíveis atualmente no mercado foram, em sua maioria, desenvolvidos pelo método da biobalística, que consiste no bombardeamento, sobre tecido vegetal imaturo, de micropartículas de tungstênio recobertas de DNA, contendo os genes de interesse, no caso gene de Bacillus thuringiensis, bem como outros elementos necessários ao seu funcionamento em plantas. Posteriormente, os tecidos que sofreram o bombardeamento são colocados em meio de cultura apropriado para a regeneração das plantas, que serão por sua vez avaliadas quanto à expressão destes genes, isto é, se produzem a proteína ou não, e sua adequação ao uso comercial (CARNEIRO et al., 2009). Durante muitos anos, o principal problema do milho com relação a insetos fitófagos era a lagarta-do-cartucho, Spodoptera frugiperda, exigindo invariavelmente medidas de controle, muitas vezes utilizadas sem o devido critério técnico, demandando muitas aplicações. Outras espécies fitófagas, embora presentes, não demandavam controle específico, possivelmente por causa do controle involuntário propiciado pela aplicação de inseticidas contra a lagarta-docartucho (WAQUIL et al., 2007). A introdução da tecnologia dos transgênicos, através da liberação comercial, e o plantio de milho Bt têm contribuído para uma mudança ainda maior na redistribuição da importância econômica das espécies-pragas no milho. O alvo das cultivares de milho Bt no Brasil são as lagartas, especialmente a Spodoptera frugiperda (lagarta-do-cartucho), Helicoverpa zea (lagarta-das-espigas) e Diatraea saccharalis (broca-da-cana). A adoção da tecnologia tem propiciado a redução no uso de inseticidas químicos. A ação das cultivares de Bt é imediata, reduzindo a população de lagartas em seus primeiros instares, sendo que muitas vezes não se percebe o dano na planta (WAQUIL et al., 2007).

15 Vantagens da adoção do milho Bt em relação ao convencional, cita-se: Controle da Spodoptera frugiperda (lagarta-do-cartucho), redução no uso de inseticidas convencionais no controle da Spodoptera frugiperda (lagarta-do-cartucho), controle simultâneo da Helicoverpa zea (lagarta-das-espigas) e Diatraea saccharalis (broca-da-cana), redução do consumo de água que seria utilizada para aplicação de defensivos agrícolas, redução da poluição ambiental pela diminuição ou não utilização de inseticidas em pulverização para controle de insetos pragas, a utilização do milho Bt também reduz a emissão de CO2 e a exposição de funcionários aos riscos da aplicação de defensivos agrícolas, preservação de inimigos naturais, maior produtividade. (WAQUIL et al., 2007). As desvantagens da utilização do cultivo do milho Bt são: o custo da utilização da tecnologia do milho transgênico (Bt) é maior, em função do pagamento de royalties para a firma detentora da tecnologia, na compra da semente ou por ocasião da comercialização do milho, pelo produtor, necessidade de manter uma área de 10% plantada com milho com controle convencional, usando inseticidas, a qual se denomina área de refúgio, próxima à lavoura de milho transgênico (Bt) a utilização de milho transgênico (Bt), dependendo da incidência da lagarta-do-cartucho na região, não elimina as pulverizações com inseticidas, apenas as reduz, o produtor não repassará o custo da adoção da tecnologia do milho transgênico (Bt) ao preço final de venda do produto, que é ditado pelo mercado a produtividade do milho transgênico (Bt) não poderá ser aumentada além de sua capacidade genética máxima para compensar o custo da tecnologia utilizada (WAQUIL et al., 2007). Levando em consideração as vantagens e desvantagens do milho Bt em relação ao convencional pode-se observar um crescimento tanto da área total de cultivo como um aumento da adoção do plantio do milho transgênico como vem mostrando os informativos da Céleres, mostrando que o transgênico tem uma maior aceitação no mercado agrícola pelo produtores sendo quase irrelevantes considera suas desvantagens. Porém conforme Céleres (2015) em seus relatórios de 2013 a 2015 os casos de resistência de lagartas ao milho geneticamente modificado começam a ser mais comuns nas últimas safras, sobretudo para a lagarta-do-cartucho (Spodoptera sp.). O uso das área de refúgio é uma ferramenta fundamental no manejo integrado das pragas, visando diminuir a chance de desenvolvimento de resistência. No caso do milho, algumas tecnologias supostamente teriam perdido sua efetividade com apenas três anos de cultivo comercial. Tal fato é prejudicial para a empresa detentora da tecnologia, mas ainda mais

16 grave para a agricultura brasileira como um todo, fundamentalmente o agricultor que deixa de capturar os benefícios que o milho geneticamente modificado tem a oferecer. (Céleres, 2015) As Figuras 2 e 3 demostram o crescimento da adoção do milho Bt nas safras 2010/2011, 2011/2012 e na última safra 2014/2015. O aumento do plantio do milho transgênico vem se expandindo de forma crescente no decorre dos anos. Porém, na última safra de 2014/2015 houve uma queda significativa na produção no plantio do milho decorrente a questões climáticas, sendo que nas três safras citadas o plantio do milho Bt deteve a maior área plantada em relação ao plantio do milho convencional. Figura 2. Área total de milho (milhões de hectare) entre milho Bt e milho convencional. Área de adoção de milho Bt e convencional em hectare. safra 2014/2015 GM Convencional Figura 3. Área de adoção de milho Bt e convencional em ha para safra 2014/2015.

17 A Embrapa (2011) destaca que para a utilização do milho Bt o produtor necessita seguir duas regras. A primeira da coexistência, exigida por lei e definida da Resolução Normativa Nº 4 de agosto de 2007 (CTNBio). A segunda do Manejo Integrado de Resistência de Inseto (MRI), recomendado pela Comissão Técnica Nacional de Biossegurança (CTNBio). As embalagens de sementes de milho Bt vem com um contrato anexado. Assim, ao abrir a embalagem, o produtor assume a responsabilidade de seguir as normas citadas. A regra de coexistência é basicamente o uso de uma bordadura de 100 metros separando as lavouras de milho transgênicos das de milho convencional, podendo ter como alternativa uma bordadura de 20 metros, desde que sejam plantadas fileiras de milho convencional, isolando a área de milho transgênico. Já a MRI é a utilização de área de refúgio, existem vários modelos que estão sendo aplicados nos países onde já se utiliza esta tecnologia. Normalmente são distribuídas faixas de milho convencional intercaladas ou, lateralmente, às áreas de milho Bt. No Brasil é recomendada a adoção da área de refúgio de, no mínimo, 10% da área plantada e que a mesma esteja, no máximo, a 1.500 metros de distância da lavoura Bt, permitido o controle químico na área de refúgio (EMBRAPA, 2011). 2.3 Quebra de resistência no milho Bt A quebra da resistência do milho Bt vem trazendo grandes impactos nas lavouras de diversas regiões do Brasil como em Goiás, Mato Grosso do Sul, Minas Gerais e Bahia. O desenvolvimento de resistência a toxina de Bacillus thurigiensis (Bt) está transformando Spodoptera frugiperda (lagarta-do-cartucho) e a Helicoverpa zea (lagarta-das-espigas) nos principais vilões do milho. Com isso, Mesquita 2013 e EMBRAPA 2012 cita quatros prováveis motivos que vem sendo levantadas por pesquisadores, agrônomos e produtores, buscando uma respostas para quebra de resistência do milho Bt. O primeiro deles e o mais enfatizado que é a gradual redução da vida útil das tecnologias disponíveis no mercado, em função da crescente resistência dos insetos ás toxinas das sementes geneticamente modificadas. O segundo é a inadaptação das tecnologias ao clima tropical, potencializando a infestação, uma vez que a maioria das sementes GM foi desenvolvida originariamente para o cultivo em climas mais frios. Porém especialistas da Embrapa Milho e Sorgo, de Sete Lagoas (MG), argumentam que essa questão vale apenas paras as primeiras variedades transgênicas introduzidas no Brasil (EMBRAPA, 2012).

18 O terceiro motivo citado e a questão climática atual que vive o país, embora os técnicos da Embrapa Milho e Sorgo afirmam que, sozinho não é determinante. Porem pode ser levada em consideração pois regiões produtoras de Mato Grosso do Sul, Goiás, Minas Gerais e Bahia passaram por acentuados veranicos em dezembro. Sem umidade suficiente as aplicações de inseticidas podem ter perdido a eficiência. O quarto e último motivo, para a alta concentração de lagartas nas lavouras, é o descuido no manejo, sobre tudo a não utilização das técnicas de manejo da resistência a insetos (MRI), que atribui ao agricultor brasileiro uma possível negligência no processo de cultivo do milho Bt (Mesquita, 2013). Esses motivos implicam se realmente a vida útil dos transgênicos está se encurtando, se as questões climáticas são de fato realmente fundamentais para expressão das toxinas ou se os produtores estão deixando de lados as técnicas de manejo da resistência (estratégias: altas doses, refúgios e monitoramento), agindo com negligência em relação ao cultivo do milho Bt (EMBRAPA, 2012). 2.4 Manejo da resistência de insetos (MRI) na utilização do milho Bt Nos últimos anos, mudou-se o conceito de controle de pragas, que deixou ser feito por meio de aplicação sistemática de produtos químicos em culturas de importância agrícola. A utilização do milho Bt integra parte desse conceito de controle de pragas, sendo que para sua implantação utiliza-se de duas estratégicas básicas para o manejo da resistência, expressão de altas doses da proteína e a utilização da área de refúgio. Essa expressão altas doses, significa que as plantas produzirão quantidades suficientes da toxina Bt para eliminar da população os indivíduos que possuem uma única cópia do gene para resistência, ou seja, os heterozigotos. Por definição, dose alta, é aquela suficiente para matar mais do que 99% dos insetos heterozigotos (MACHADO; FIÚZA, 2011). Essa concentração tem que ser, aproximadamente 25 vezes maior do que a necessária para matar um indivíduo não-resistente. As aceitações dessa estratégia são: o gene de resistência ocorre em frequência baixa na populações de insetos pragas; as quantidades de toxina Bt produzidas pelas plantas são altas suficientes para eliminar da população os insetos não resistentes, homozigotos recessivos e os heterozigotos resistentes, os indivíduos resistentes, homozigotos dominantes que nascem nas áreas com plantas Bt cruzam aleatoriamente com os indivíduos não resistentes que nascem nas áreas de refúgios cultivadas com milho (Zea mays) convencional gerando novas proles de

19 indivíduos homozigotos recessivos susceptíveis e heterozigotos dominantes resistente, porém as altas doses da toxina Bt expressa pelo milho transgênico são capazes de controlar esses indivíduos. (MACHADO, FIÚZA, 2011). De acordo com Embrapa (2011), a área de refúgio consiste no plantio de parte da lavoura de milho Bt, com milho não Bt de igual porte e ciclo vegetativo, sendo necessário plantar o refúgio para manter a população de pragas sensíveis à toxina Bt, visando a durabilidade da tecnologia. A área de refúgio é aquela em que a praga-alvo irá sobreviver e reproduzir-se sem a exposição à toxina Bt. Os insetos oriundos dessa área poderão se acasalar com os insetos sobreviventes das áreas plantadas com milho Bt, possibilitando a manutenção da suscetibilidade à toxina Bt. O percentual da lavoura que deve ser destinado ao plantio, como área de refúgio depende do evento transgênico utilizado e devem ser obedecidas as regras da empresa detentora do registro de cada evento. O principal risco do não uso da área de refúgio está na rápida seleção de biótipos das pragas-resistentes às toxinas do Bt (CRUZ, 2012). Como mostra a Figura 4 existes vários modelos de áres de refúgio que podem ser adotados pelos os produtores no plantio do milho Bt. Figura 3. Modelo de formação de áreas de refúgio para utilização do milho Bt.

20 Resolução Normativa Nº 4, de 16 de Agosto de 2007 da CTNBio (Comissão Técnica Nacional de Biossegurança) dispõe sobre as distâncias mínimas entre cultivos comerciais de milho geneticamente modificado e não geneticamente modificado, visando à coexistência entre os sistemas de produção. Art. 2º - Para permitir a coexistência, a distância entre uma lavoura comercial de milho geneticamente modificado e outra de milho não geneticamente modificado, localizada em área vizinha, deve ser igual ou superior a 100 (cem) metros ou, alternativamente, 20 (vinte) metros, desde que acrescida de bordadura com, no mínimo, 10 (dez) fileiras de plantas de milho convencional de porte e ciclo vegetativo similar ao milho geneticamente modificado.

21 3 CONCLUSÃO Devido aos benefícios comercial, produtivo e poder inseticida, o milho Bt agrega uma importante inovação no sistema produtivo, tanto do milho cultivado na safra, como na safrinha. No entanto, seu uso exclusivo não é ainda suficiente para eliminar os prejuízos causados pelo ataque de lepidópteros-pragas, pois, esta prática leva à perda da tecnologia. O cenário do cultivo do milho transgênico no Brasil deve se à não implantação da área de refúgio nas lavouras, à não adoção das técnicas de manejo da resistência de insetos e, sobretudo à sua não utilização e plantio de forma correta das áreas de refúgio. O principal prejuízo causado pela não adoção das técnicas de manejo da resistência de insetos no milho Bt é a perda da vida útil das tecnologias transgênicas disponíveis no mercado. Tal fato gera uma rápida seleção de indivíduos ou raças das pragas-alvo resistentes às toxinas do milho Bt, induzindo ao aumento do uso de agrotóxicos, maior consumo de água e contaminação do meio ambiente. A utilização das técnicas de manejo da resistência de insetos no plantio milho Bt é de fato, fundamental para manter a eficiência da tecnologia por mais tempo, através da manutenção da resistência dos lepidópteros-pragas, com intuito de reduzir a pressão de seleção na área plantada.

22 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ALVES, Hellen Cristina Rodrigues; AMARAL, Renata Firmino. Produção, área colhida e produtividade do milho. INFORME RURAL do Escritório Técnico de Estudos Econômicos do Nordeste (ETENE), Ano V, nº 16, 2011. ANEC. Disponível em: <http://www.anec.com.br/estatisticas.html>. Acesso em: 05 Dezembro 2014. BODROWSKI, L. V. et al. Genes de Bacillus thuringiensis: uma estratégia para conferir resistência a insetos em plantas. Ciência Rural, Santa Maria, v.34, n.1, p.843-850. 2003. CARNEIRO, A. A. Milho Bt: Teoria e Prática da Produção de Plantas Transgênicas Resistentes a Insetos-Pragas. Sete Lagoas, MG. 2009. (Circular Técnica 135). CEPEA. Análise Sobre o mercado de milho, Piracicaba, abril 2013. Disponível em: <http://www.cepea.esalq.usp.br/agromensal/2010/04_abril/milho.htm>. Acesso em 05 Dezembro 2014. CRUZ, I. Importância econômica e manejo de insetos sugadores associados à parte aérea de plantas de milho Bt Sete Lagoas, MG. 2012. (Circular Técnica 175). CTNBio. Resolução Normativa Nº 4, de 16 de agosto de 2007. Disponível em: <http://www.ctnbio.gov.br/index.php/content/view/4687.html>. Acesso em 10 Novembro 2014. CTNBio. Extrato Prévio 3478/2013. Disponível em: <http://www.ctnbio.gov.br/index.php/content/view/4687.html>. Acesso em 10 Novembro 2014. CULTIVO DO MILHO. Brasil: Embrapa, 2011. ISSN 1679-012X. Disponível em:<http://sistemasdeproducao.cnptia.embrapa.br/fonteshtml/milho/cultivodomilho_7ed/ >. Acesso em 03 Dezembro 2014. FERRO, Aline et al. Informativo Céleres. CÉLERES. Uberlândia. 2014.

23 FIALHO, Cecília et al. Informativo biotecnologia. CÉLERES. Uberlândia. 2015. GALLO, O. et al. Entomologia Agrícola. In: MÉTODOS DE CONTROLE DE PRAGAS. Ed. 10. Piracicaba, 2002. Editora FEALQ. p.263-265. MACHADO, V.; FIUZA, M. L. Manejo da Resistência: Na Era das Plantas Transgênicas. Universidade do Vale do Rio dos Simões, Centro de Ciência da Saúde, Programa de Pós- Graduação em Biologia Laboratório de Microbiologia. São Leopoldo. 2011. MOREIRA, C. J. H.; ARAGÃO, D. F. Manual de Pragas do Milho. Campinas, SP. 2009 OLIVEIRA, André et al. Informativo biotecnologia. CÉLERES. Uberlândia. 2013. OMOTO, C. Manejo da Resistência de Insetos-Praga em Milho Transgênico. Universidade de São Paulo - Escola Superior de Agricultura Luiz de Queiroz. Piracicaba. 2012. PATERNIANI, E.; CAMPOS, M.S. Melhoramento do Milho. In: MELHORAMENTO DE ESPÉCIES CULTIVADAS. Ed. BORÉM, A. Viçosa, 1999. Editora UFV. p.429-485.

24 DECLARAÇÃO E AUTORIZAÇÃO Eu, Robson Evangelista Lima, portador (a) da Carteira de Identidade nº 0000000 Emitida pelo Superintendência de Polícia Técnico-Científica, inscrito (a) no CPF sob nº 000.000.000-00, residente e domiciliado na rua A Q0 L00/00 AP 303 bloco A, Goiânia-GO telefone (0xx62) 0000-0000, endereço eletrônico limaeevangelista@gmail.com, declaro, para os devidos fins e sob pena da lei, que o Trabalho de Conclusão de Curso: Quebra da Resistência do milho Bt é de minha exclusiva autoria. Autorizo o Centro Universitário de Goiás, Uni - ANHANGUERA a disponibilização do texto integral deste trabalho na biblioteca (consulta e divulgação pela Internet), estando vedadas apenas a reprodução parcial ou total, sob pena de ressarcimento dos direitos autorais e penas cominadas na lei.

25 QUEBRA DA RESISTÊNCIA DO MILHO Bt LIMA, Robson Evangelista¹; NUNES, Camila de Mirallac Costa² ¹Aluno do curso de Ciências Biológicas do Centro universitário de Goiás Uni- ANHANGUERA. ² Professora orientadora Dra. do curso de ciências Biológicas do Centro Universitário de Goiás- Uni- ANHANGUERA No Brasil, a utilização do milho Bt resistente à lagarta Spodoptera frugiperda (lagarta-docartucho), Helicoverpa zea (lagarta-das-espigas) e Diatraea saccharalis, pode reduzir perdas causadas por vários lepidópteros-pragas, auxiliando os produtores com ganhos em produtividade e redução de insumos agrícolas. Porém, nos últimos anos esses lepidópterospragas tem desenvolvido resistência ao genes inseridos no milho Bt. Esses genes condicionam o milho Bt uma atividade inseticida, ou seja, uma maior resistência ao ataque dessas pragas, controlando os indivíduos suscetíveis ao gene Bt. Todavia, a não adoção de práticas de manejo da resistência, como expressão de altas doses da proteína e a utilização de área de refúgio, condiciona a perda da tecnologia. Diante disso o objetivo deste trabalho é elucidar as prováveis causas da quebra da resistência no milho Bt e descrever as principais práticas de manejo da resistência que devem ser aderidas pelo produtor para manutenção da tecnologia. Palavras-chave: Transgênico. Manejo da resistência. Bacillus thuringiensis.

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27 Goiânia, 19 de maio 2015. Prezado (a) Sr. (a), Venho por meio desta, recomendar a defesa do Trabalho de Conclusão de Curso-TCC, com o título: Quebra da Resistência do Milho Bt, do (a) acadêmico (a) Robson Evangelista Lima, do curso de Agronomia, considerando que o trabalho tem qualidade satisfatória para ser defendido perante uma Banca Avaliadora. A Banca Avaliadora será composta por mim, Presidente da Banca; pelo Prof (a) Dr (a) Camila de Mirallac Costa Nunes, Prof (a) Dr (a) Cristiane Regina Bueno Aguirre Ramos; e pelo Dr (a) Ernna Hérida Domingues de Oliveira. A data da defesa é 02/06/2015, no horário 11:00 horas. Afirmo ainda, que me responsabilizo pela qualidade técnica do TCC. Orientador (a) Prof (a) Dr (a) Camila de Mirallac Costa Nunes