ÁREAS DE FLORESTA PRIMÁRIA DO SUL DE RORAIMA IMPACTADAS PELO FOGO NA PASSAGEM DO MEGA EVENTO EL NIÑO (2015 / 2016)

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Transcrição:

ÁREAS DE FLORESTA PRIMÁRIA DO SUL DE RORAIMA IMPACTADAS PELO FOGO NA PASSAGEM DO MEGA EVENTO EL NIÑO (2015 / 2016) BARNI, Paulo Eduardo 1* ; SOUSA, Yan Tavares 2 1 Professor do curso de Engenharia Florestal da Universidade Estadual de Roraima UERR, Campus Rorainópolis RR. *E-mail: paulinpa2007@gmail.com 2 Aluno finalista do curso de Ciências Biológicas da Universidade Estadual de Roraima UERR, Campus Rorainópolis RR. E- mail: yantavares17@gmail.com RESUMO: O estudo teve como objetivo estimar a área de floresta primária impactada por incêndios florestais de sub-bosque em uma área de aproximadamente 10.000 km 2 na Região Sul de Roraima. O mapeamento foi realizado por análise visual e edição manual em imagens Landsat 8 auxiliado por focos de calor em ambiente SIG. Foram mapeados 824,8 km 2 de área impactada (média de 1,4 ± 3,3 km 2 ), representando 8,3% da área de estudo. Fatores antrópicos como desmatamento, uso do fogo e extração predatória de madeira, atuando sinergicamente com o fenômeno El Niño, explicam a grande área de floresta primária atingida pelo fogo. PALAVRAS-CHAVE: mudanças climáticas globais, floresta ombrófila, Amazônia. INTRODUÇÃO: Entre os dias 22 a 31 de janeiro de 2016, em decorrência da influência do mega evento El Niño, houve uma verdadeira explosão de registros de focos de calor na área de estudo. Nesse período foram registrados 5.406 focos de calor, detectados pelos 11 satélites de monitoramento de queimadas utilizados pelo Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (INPE) (BRASIL-INPE, 2016). Para ter uma ideia da magnitude destes números, entre o dia primeiro de novembro de 2015 a 31 de janeiro de 2016 (92 dias), foram registrados nesta área, o total de 10.025 focos de calor. Ou seja, 54% dos focos de calor ocorreram no curto espaço de tempo de 10 dias. O objetivo deste estudo visa realizar uma estimativa preliminar de área impactada por incêndios no sub-bosque da floresta em uma área de aproximadamente 10.000 km 2 (Figura 1B). A área em questão abrange localidades do município de Caracaraí (Rio Dias, vicinal 24, 22 e Novo Paraíso), Rorainópolis (vicinais do PAD Anauá, Vicinais 40s, Distrito de Colina e Equador) e partes do município de São Luiz (Vila Moderna), localizados ao longo da BR-174 e 210, na região Sul do Estado de Roraima (~100.000 km 2 de área) (e.g., BARNI ET AL., 2015). MATERIAL E MÉTODOS: Pontos de GPS coletados em seis visitas de campo (período de 17 de janeiro de 2016 a 06 de março de 2016) para verificação in loco do efeito das queimadas nos ambientes de pastagens, capoeiras e no sub-bosque da floresta, juntamente com a plotagem de focos de calor detectados a partir de 01 de novembro de 2015 até 31 de janeiro de 2016 em Sistemas de Informações Geográficas SIG do software ArcGis 10.2, serviram como guia para a delimitação da área de estudo (Figura 1). A delimitação foi realizada circundando as áreas de ocorrências de focos de calor, vizinhos aos pontos de coleta de campo, plotados na tela do computador, obtendo-se um polígono de 9.946,0 km 2 abrangendo a Sede municipal de Rorainópolis, um trecho de 170 km da BR 174, cerca de 50 km da BR

210 e aproximadamente 1000 km de estradas vicinais. A análise visual e edição manual das cicatrizes de incêndios nas imagens Landsat 8 (USGS, 2016) de 24 de janeiro de 2016 (órbita ponto 232 / 59) e de 18 de fevereiro de 2016 (231/59 e 60) foram realizadas com o apoio dos pontos de focos de calor plotados sobre estas imagens dentro da área de estudo, conforme Barni et al. (2015a). Todas as imagens, no nível de bandas espectrais, passaram por redimensionamento radiométrico, passando de 16 para 8 bits, para a composição de bandas (7(R)6(G)5(B)) e para melhor desempenho do software, antes do mapeamento das cicatrizes de fogo, realizadas diretamente nas imagens. Para verificar as fitofisionomias atingidas (Campinarana, Ecótono e Floresta Ombrófila) fez-se o cruzamento do arquivo vetorial de incêndios mapeados por este estudo com a base de dados do Programa Brasileiro da Diversidade Biológica (PROBIO) (BRASIL-PROBIO, 2013) conforme Barni et al. (2015a). Figura 1. Área de estudo no Sul do Estado de Roraima (a) e em (b) distribuição espacial dos focos de calor na área de estudo abrangendo o período de 22 a 31 de janeiro de 2016 (pontos em vermelhos). Pontos em preto indicam viagens de reconhecimento e coleta de dados de campo. DADOS: (BRASIL-INPE, 2016). Fonte: Elaborada pelos autores RESULTADOS E DISCUSSÃO: A área impactada por incêndios no sub-bosque da floresta foi estimada em 824,8 km 2 no período de seca 2015 / 2016 no sul do Estado de Roraima (Figura 2; Tabela 1). Esta área impactada representou 8,3% da área estudada. O tamanho médio da cicatriz de fogo mapeada foi de 1,4 ± 3,3 km 2. Este resultado é surpreendente por se tratar da ocorrência, em sua quase totalidade (84,5%), de incêndios em sub-bosque de Floresta Ombrófila Densa. No grande

incêndio de 1997 / 98 a maior área atingida (7.000 km 2 ) foi em floresta de Ecótono, uma floresta de dossel aberto e de maior vulnerabilidade aos incêndios (BARBOSA; FEARNSIDE, 1999). Barni et al. (2015a) estudando a frequência de incêndios florestais de sub-bosque em Roraima a partir de imagens Landsat 5 registraram 3.024,8 km 2 de área incendiada no período de 2000 a 2010 em todas as fitofisionomias. Comparando a magnitude dos eventos de fogo de sub-bosque apenas em floresta ombrófila do estudo de Barni et al. (2015a), ocorridos na região sul de Roraima, o presente estudo indica uma área impactada 20 vezes maior do que a registrada naquele estudo. Figura 2. Mapeamento das cicatrizes de incêndios florestais de sub-bosque atingindo as fitofisionomias (agrupamento de fitofisionomias do mapa do PROBIO) da área de estudo. DADOS: (BRASIL-PROBIO, 2013). Fonte: Elaborada pelos autores Tabela 1. Área e percentual (%) de participação por fitofisionomia na área de estudo; área impactada pelo fogo e percentual (%) de participação por fitofisionomia (%Fogo Fito) na área total atingida e percentual (%Total) do impacto do fogo no estudo. Fitofisionomias Área (km2) %Área Atingida fogo (km2) %Fogo Fito %Total Campinarana 1.423,7 14,3 113,8 13,8 8,0 Ecótono 996,6 10,0 14,1 1,7 1,4 Ombrófila 6.391,5 64,3 696,9 84,5 10,9 Sem dados 1.134,2 11,4 _ Área de estudo 9.946,0 100,0 824,8 100,0 8,3

CONCLUSÕES: O padrão visual da área impactada por incêndios de sub-bosque cobrindo a área de estudo (Figura 2) foi claramente dependente da disposição das estradas vicinais e da disponibilidade de florestas com a vegetação seca, propícia a se incendiar. Os fortes ventos, provavelmente, também contribuíram com essa configuração uma vez que ele sopra sempre no sentido nordeste sudoeste (ventos Alísios). O grande desmatamento acumulado na área de estudo ao longo das estradas vicinais, com consequente fragmentação da floresta e bordas sujeitas aos impactos do vento e ao ressecamento intenso, favoreceram a entrada e propagação dos fogos praticados por agricultores e fazendeiros na manutenção das pastagens e roças. No entanto, nenhum desses fatores sozinho seria suficientemente forte para influenciar ou determinar esse número assombroso de área impactada por incêndios no subbosque da floresta primária do Sul do Estado se não fosse a extração seletiva de madeira, praticada vorazmente em toda área estudada. Somente com todos esses fatores juntos, sinergicamente unidos pelas condições climáticas severas agravadas por duplos anos El Niño particularmente secos (2014 / 2015 e 2015 / 2016) na área de estudo explicam a grande extensão de áreas impactadas por incêndios no subbosque da Floresta primária nesta região da Amazônia. AGRADECIMENTOS: Agradecemos aos colegas Guimarães O.A. e Lima Neto E.M. por contribuições e comentários importantes para a redação desse manuscrito. Agradeço também ao revisor anônimo pelas críticas e sugestões dispensadas ao texto final para a publicação. REFERÊNCIAS BARBOSA, R. I.; FEARNSIDE, P. M. Incêndios na Amazônia brasileira: estimativa da emissão de gases do efeito estufa pela queima de diferentes ecossistemas de Roraima na passagem do evento El Niño (1997/98). Acta Amazonica, 29:513-534. 1999. BARNI, P. E.; FEARNSIDE, P.M.; GRAÇA, P. M. L. A. Simulating deforestation and carbon loss in Amazonia: impacts in Brazil's Roraima state from reconstructing Highway BR-319 (Manaus-Porto Velho). Environmental Management, 55: 259 27. 2015. BARNI, P. E.; PEREIRA, V. B.; MANZI, A. O.; BARBOSA, R. I. Deforestation and forest fires in Roraima and their relationship with phytoclimatic regions in the Northern Brazilian Amazon. Environmental Management, 55: 1124-1138. 2015a. BRASIL-PROBIO. Mapas de Cobertura Vegetal dos Biomas Brasileiros. 2013. <http://mapas.mma.gov.br/mapas/aplic/probio/datadownload.htm>. Acesso: 21/07/2013. BRASIL-INPE. QUEIMADAS: Monitoramento de Focos. CPTEC. Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (INPE), São José dos Campos, São Paulo, Brasil. 2016. Disponível em: < http://www.dpi.inpe.br/proarco/bdqueimadas/>. Acesso: 20/02/16.

USGS Science for a changing world. 2016. <http://earthexplorer.usgs.gov/>. Acessado em: 19/02/2016.