Mapa da Violência 2012: Os Novos Padrões da Violência Homicida no Brasil Consolidação dos Dados da Violência Homicida por Unidade Federada Julgamos que seria de grande utilidade consolidar as informações disponíveis para cada Unidade Federada. Como já indicamos na introdução, não se pretende aqui realizar um diagnóstico da situação e evolução dos homicídios em cada local. Procura-se elencar um conjunto de informações que possibilitem a elaboração desse diagnóstico, seja por parte das autoridades, seja pela sociedade civil, ou de forma conjunta. Com essa finalidade são detalhados dados dos 30 anos disponíveis 1980/2010 ou, para maior aprofundamento, da última década -2000/2010 mediante tabelas, gráficos e mapas georeferenciados. Um último esclarecimento referente aos cortes utilizados nos mapas: 0,0: Municípios sem registro de homicídio no ano de referência. 0,0-10,0: Municípios que registram homicídios, mas por embaixo do nível epidêmico. 10,0-26,0: Municípios acima do nível epidêmico, mas ainda embaixo da média nacional. 26,0 e +: Municípios acima da média nacional.
Mapa da Violência 2012: Os Novos Padrões da Violência Homicida no Brasil Paraná Excetuando os primeiros anos da década de 80, Paraná sempre teve taxas que se mantinham embaixo das nacionais, até o ano de 2003. Contrariamente ao acontecido no nível nacional e em outras UF, as taxas do estado não evidenciam sinal das políticas de desarmamento do período. Também neste caso fica difícil e muito tentativo estabelecer uma periodização formal só apoiada nos dados quantitativos. Mas no contínuo dos diversos incrementos, os dados parecem indicar três etapas, com base em celeridades diferenciadas dos indicadores: Primeiro período: 1980/1992. Exíguo crescimento das taxas do estado que, a partir de um início quase equivalente, vai se distanciando das taxas nacionais. Se o país no período cresceu 63,3% o estado somente 18,7%. Esse diferencial de ritmos origina que, no final do período, as taxas do estado sejam 33% menores que a nacional. Tabela PR1. Taxas de Homicídio por Área. Paraná. 1980/2010* Ano Brasil UF Capital +RM Interior Ano Brasil UF Capital +RM Interior 1980 11,7 10,8 9,0 11,5 1996 24,8 15,3 16,5 14,5 1981 12,6 12,1 8,6 13,7 1997 25,4 17,3 20,3 15,4 1982 12,6 13,9 11,3 15,1 1998 25,9 17,6 18,8 16,9 1983 13,8 14,5 11,6 15,9 1999 26,2 18,1 20,4 16,6 1984 15,3 13,4 10,2 14,9 2000 26,7 18,5 21,5 16,4 1985 15,0 11,5 9,3 12,6 2001 27,8 21,0 24,5 18,6 1986 15,3 11,4 9,1 12,5 2002 28,5 22,7 27,0 19,7 1987 16,9 11,4 9,3 12,5 2003 28,9 25,5 32,3 20,5 1988 16,8 12,1 11,0 12,6 2004 27,0 28,1 34,2 23,5 1989 20,3 13,3 14,0 13,0 2005 25,8 29,0 36,0 23,7 1990 22,2 14,1 14,4 13,9 2006 26,3 29,8 36,7 24,4 1991 20,8 14,5 12,5 15,7 2007 25,2 29,6 34,3 25,9 1992 19,1 12,8 12,1 13,2 2008 26,4 32,6 43,6 24,3 1993 20,2 14,4 14,4 14,4 2009 27,0 35,1 48,4 25,1 1994 21,2 14,6 15,1 14,3 2010* 26,2 34,4 47,0 24,8 1995 23,8 15,9 17,7 14,9 Fonte: SIM/SVS/MS *2010: Dados Preliminares 165
Segundo período: 1992/2000. As taxas do estado se aceleram com um ritmo bem semelhante ao nacional, fortemente impulsionadas pela sua RM. No período o país cresce 39,9%, o estado 44,6%, mas a RM de Curitiba 77,7%. Já a contribuição do interior do estado foi modesta: 24,3%. Terceiro período: 2000/2010*. As taxas do estado, que já vinham crescendo de forma rápida, aceleram-se mais ainda, numa fase de virtual estagnação nacional. Com esse diferencial, o estado ultrapassa a média nacional já em 2004. Novamente aqui vai ser a RM a que atua como motor do crescimento, mas desta vez, o interior também contribui para a elevação dos índices estaduais, se bem com menor intensidade que a RM. Tabela PR2. Crescimento % total e ao ano por período e área. Paraná. 1980/2010* Área 1980-1992 1992-2000 2000-2010* % total % ao ano % total % ao ano % total % ao ano Brasil 63,3 4,2 39,9 4,3-2,0-0,2 UF 18,7 1,4 44,6 4,7 86,0 6,4 Capital+RM** 33,8 2,5 77,7 7,4 118,4 8,1 Interior 14,6 1,1 24,3 2,8 51,5 4,2 Fonte: SIM/SVS/MS *2010: Dados Preliminares 50 Gráfico PR1. Taxas de Homicídio por Área. Paraná. 1980/2010* 47,0 45 Taxas de Homicídio (em 100 mil) 40 34,4 35 30 26,7 26,2 25 21,5 24,8 20 19,1 18,5 16,4 15 13,2 11,5 12,8 10 10,8 12,1 9,0 5 1980 1985 1990 1995 2000 2005 2010* Brasil UF C + RM Interior Fonte: SIM/SVS/MS. *2010: Dados Preliminares 166
Mapa da Violência 2012: Os Novos Padrões da Violência Homicida no Brasil Os mapas e gráficos a seguir ilustram melhor as mudanças deste último período: Se no ano 2000, 168 municípios não apresentam registro de homicídios, esse número cai para 130 em 2010. Mapa PR1. Paraná. 2000 taxa 2000 0,0 0,0 -- 10,0 10,0 -- 26,0 26,0 -- + Fonte: SIM/SVS/MS 167
Mapa PR2. Paraná. 2010* taxa 2010* 0,0 0,0 -- 10,0 10,0 -- 26,0 26,0 -- + Fonte: SIM/SVS/MS *2010: Dados Preliminares Por outra parte, cresce significativamente o número de municípios com taxas acima de 26 em 100 mil habitantes: em 2000 foram 60 e em 2010 passa para 101. Tabela PR3. Taxas de homicídio (em100 mil habitantes) por tamanho do município. Paraná: 2000-2010* Tamanho do município Homicídios 2000 Homicídios 2010* Δ % Taxas n. munin Taxas % n Taxas % cípios Até 5 mil habitantes 34 9,3 1,9 53 15,2 1,5 63,5 98 de 5 a -10 mil 79 10,9 4,5 75 10,5 2,1-3,6 105 de 10 a -20 mil 161 11,0 9,1 257 17,1 7,2 55,7 109 de 20 a -50 mil 247 15,8 14,0 450 26,8 12,5 69,5 55 de 50 a -100 mil 144 15,8 8,2 414 39,5 11,5 150,5 14 de 100 a -200 mil 198 19,0 11,2 510 42,3 14,2 123,0 10 de 200 a -500 mil 405 27,9 22,9 711 42,1 19,8 51,2 6 500 mil e mais. 498 24,5 28,2 1.118 49,5 31,2 102,2 2 Total 1766 18,5 100,0 3588 34,4 100,0 86,0 399 Fonte: SIM/SVS/MS. *2010: Dados Preliminares 168
Mapa da Violência 2012: Os Novos Padrões da Violência Homicida no Brasil Gráfico PR2. Taxas de homicídio (em 100 mil habitantes) segundo tamanho do município. Paraná: 2000-2010* 60 Taxas de Homicídio (em 100 mil) 50 40 30 20 10 9,3 15,2 10,9 10,5 11,0 17,1 26,8 15,8 15,8 39,5 19,0 42,3 42,1 27,9 24,5 49,5 2000 0 Até 5 5 a -10 10 a -20 20 a -50 50 a -100 100 a -200 200 a -500 500 e + 2010* Tamanho do município (1000 habitantes) Fonte: SIM/SVS/MS. *2010: Dados Preliminares Apesar de existir uma forte associação positiva entre o porte do município e suas taxas de homicídio quanto maior o porte do município maiores são suas taxas de homicídio onde os índices mais crescem é nos 24 municípios de porte médio: entre 50 e 200 mil habitantes. Nessa faixa destacam-se Pinhais e Piraquara, por suas elevadas taxas e pelo enorme crescimento dos índices de violência que experimentaram na década. 169
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