Parecer nº 031/13/PJM Referência: Processo Administrativo nº 456/2013 Origem: Gabinete do Prefeito Assunto: Experiência profissional na avaliação curricular em sede de processo seletivo simplificado para contratação temporária Interessada: NÁTALI DONATO Ementa: CONSULTA. PROCESSO SELETIVO SIMPLIFICADO (PSS) PARA CONTRATAÇÃO TEMPORÁRIA DE FARMACÊUTICO. EXPERIÊNCIA PROFISSIONAL NA AVALIÇÃO CURRICULAR. A experiência profissional admitida para pontuação dos candidatos inscritos no PSS é aquela obtida na área na qual se concorre ou, então, que mantenha uma correlação com ela. A expressão bioquímico é sinônimo ocupacional de farmacêutico analista clínico, ocupação absorvida pelo farmacêutico generalista. No caso da inscrição sob análise, a experiência profissional apresentada é de farmacêutica generalista, atuando em laboratório de análises clínicas, embora na CTPS a ocupação registrada seja de bioquímica, de modo que merece pontuar na avaliação curricular, na fração coberta pela regular inscrição no Conselho Federal de Farmácia, em atendimento à lei interna do certame. 1. DO BREVE RELATÓRIO Para exame e parecer desta Procuradoria Jurídica Municipal (PJM), a Comissão Especial de Processo Seletivo Simplificado (CPSS) remeteu o Processo Administrativo epigrafado, requerendo parecer jurídico relativamente à aceitação de experiência profissional de candidato para fins de pontuação no Processo Seletivo Simplificado nº 002/2013/SEGOV, procedimento com vistas ao preenchimento de uma vaga temporária de farmacêutico. A CPSS, com o propósito de obter orientação para avaliar e classificar candidatos inscritos para a vaga de farmacêutico, indaga para esta Procuradoria Jurídica
acerca da consideração da experiência da candidato de inscrição nº 01, que apresentou para pontuação atividade de bioquímica. Os autos contêm, até aqui, 156 (cento e ciquenta e seis) folhas. É o que se tem para relatar. 2. DA ANÁLISE JURÍDICA A dúvida da CPSS gira em torno da experiência profissional apresentada pela candidata NÁTALI DONATO, inscrita no PSS nº 002/2012/SEGOV, disputando vaga para a função de farmacêutico. seguinte: O quesito apresentado pelo órgão consulente, referido na fl. 156, é o (...) da candidata Nátali Donato, no que se refere à experiência profissional, a comissão (...) deve considerar a mesma para pontuação, pois a experiência constante na carteira de trabalho é de BIOQUÍMICA. (...) é área correlata de Farmacêutico? O denominado Processo Seletivo Simplificado (PSS), destinado à seleção de profissionais para contratação por tempo determinado, para atender necessidade temporária de excepcional interesse público, tem regras gerais fixadas pelo Decreto nº 711/2011, e suas alterações. O arts. 1º e 6º, do Decreto nº 711/2011, estabelecem que o PSS será regido por edital de abertura de inscrições, instrumento que conterá a forma de avaliação, observadas as exigências fixadas no corpo do próprio decreto, e pela lei específica que autorizou a contratação. Sinale-se que o edital de abertura de inscrições funciona como lei interna do PSS em liça, vinculando não apenas os candidatos, mas também a própria Administração 1. Determina o Edital PSS nº 002/2013/SEGOV, no subitem 4.4 (fls. 21) c/c o anexo I (fl. 24), que a experiência profissional admitida para pontuação dos candidatos inscritos é aquela obtida na área na qual se concorre ou, então, que mantenha uma 1 Princípio da legalidade e princípio da vinculação ao edital.
correlação com ela 2. Nessa linha, o candidato pontuará se comprovar experiência na área que comporta a função para a qual se inscreveu ou, ainda, em atividade correspondente. A área correlata ou correspondente a que se refere o anexo I do edital (fl. 24) deve ser entendida como aquele campo de experiência que mantenha paralelismo em relação à ocupação pretendida. Há de encontrar entre os conjuntos de práticas um algo em comum, uma inter-relação que exponha determinado paralelismo entre a área de referência e a área que lhe é correlata. O consulente indaga se a experiência de NÁTALI DONATO, trabalhando em laboratório de análises clínicas, no cargo de bioquímica, é admissível como experiência profissional para a pontuação na avaliação curricular. A Bioquímica é área da Química, mas se desenvolveu associada às Ciências Farmacêuticas. Na prática, é uma habilitação nos cursos de Farmácia 3 ou uma especialização, embora existam cursos específicos de graduação com licenciatura. Historicamente o farmacêutico titulava-se bioquímico, quando na verdade, bioquímico era sua habilitação, mas sua formação sempre foi de farmacêutico. Inclusive, na Classificação Brasileira de Ocupação (CBO) o bioquímico é um sinônimo do título farmacêutico analista clínico (2234-15) e requer o Curso de Farmácia 4. A partir de 2002, com a publicação da Resolução nº 02/2002, do CNE/CES, que institui as Diretrizes Curriculares Nacionais do Curso de Graduação em Farmácia, o diploma do farmacêutico não mais abrigou a designação farmacêutico bioquímico, embora assegurado por lei o direito ao pleno exercício das análises clínicas, como será vista mais adiante. Os farmacêuticos, de acordo com as novas diretrizes, são generalistas, e aptos, entre outras atribuições, ao exercício das análises clínicas, apesar de não possuírem a titulação de farmacêutico bioquímico. 2 Essa regra do edital está em consonância com os critérios fixados no Decreto nº 711/2011. 4 http://www.mtecbo.gov.br/cbosite/pages/pesquisas/resultadofamiliadescricao.jsf
Para obtenção da titulação de farmacêutico bioquímico, o profissional terá que concluir curso de especialização, credenciado pelo Conselho Federal de Farmácia CFF), ou obter título de especialista expedido por credenciadas, entre as quais, a Sociedade Brasileira de Análises Clínicas (SBAC) e a Sociedade Brasileira de Farmácia Hospitalar (SBRAFH), conforme a Resolução/CFF nº 514/2009. O farmacêutico, cumpre referir, é profissão regulamentada pelo Decreto nº 85.878/1981, e tem a competência, ainda que não privativa, de exercer atividades em laboratório de análises clínicas, por força do art. 2º, inc. I, alínea b, do referido Decreto. A candidata inscrita sob o nº 01, NÁTALI DONATO, é formada no Curso de Farmácia, com diploma datado de 11MAR2010, nele constando que a conclusão do curso ocorreu em 30JAN2010 (fl. 36), inscrita no Conselho Federal de Farmácia como farmacêutica (fl. 38). No documento apresentado para fazer prova de sua experiência profissional (CTPS Carteira de Trabalho e Previdência Social), consta que entre 04JAN2010 e 28MAR2013 a candidata ocupou o cargo de bioquímica, exercendo suas atividades em laboratório de análises clínicas, na empresa BIOLABOR (fl. 41). O que se tem, na verdade, é que NÁTALI DONOTO é farmacêutica por formação desde a sua diplomação, ocorrida em 11MAR2010, e por profissão, desde sua inscrição no Conselho Federal de Farmácia (doc. 38). Como farmacêutica, a candidata trabalhou regularmente na empresa BIOLABOR, pelo menos desde a inscrição no CFF, embora registrada na CTPS no cargo de bioquímica, titulação não mais empregada pelo profissional formado em Farmácia, salvo exceções, conforme visto alhures. Pelo que foi apurado acima, forço inferir que não se trata de existência de paralelismo entre a experiência profissional de bioquímica e da função que se quer contratar. Com efeito, a candidata NÁTALI DONOTO exerceu no período a profissão mesma de farmacêutica generalista, atuando sob o manto da lei que regulamenta sua profissão, isso a contar da data em que obteve sua inscrição no conselho profissional.
3. DA CONCLUSÃO Pelo fio do exposto, em resposta à consulta formula pela Comissão Especial de Processo Seletivo Simplificado (CPSS), sou da opinião jurídica segundo a qual a experiência profissional da candidata NATÁLI DONATO, demonstrada na fl. 41, contrato de trabalho cujo empregador foi e empresa BIOLABOR, extraído da CTPS, é hábil para pontuar na avaliação curricular do Processo Seletivo Simplificado nº 002/2013/SEGOV, atendendo aos requisitos estabelecidos do edital de abertura de inscrições de fls. 18 e ss., na fração coberta pela regular inscrição no Conselho Federal de Farmácia. É o parecer. Rolador (RS), em 29 de abril de 2013. Charles Leonel Bakalarczyk Procurador Jurídico Municipal OAB/RS nº 56.207 Matrícula nº 661