EVOLUÇÃO BIOLÓGICA E FÉ CRISTÃ NO BRASIL: SEGUINDO PASSOS NORTE-AMERICANOS?

Documentos relacionados
precisamos reconhecer que Antes de começar, a fé precisa da razão precisa da fé a razão toda pessoa de fé tem dúvidas cética tem fé toda pessoa

Fatos passados e verdades atuais

O mito do conflito entre ciência e religião: até quando?

COPYRIGHT TODOS OS DIREITOS RESERVADOS - SABER E FÉ

Um ensaio sobre criacionismo e evolucionismo. Judith Sonja Garbers Psicóloga e Especialista em Teologia

CIÊNCIA E RELIGIÃO: COMO (RE)CONCILIÁ-LAS

Para os amantes da escrita científica, aqui. As Melhores Revistas Criacionistas Estrangeiras. Materiais Didáticos

COPYRIGHT TODOS OS DIREITOS RESERVADOS - SABER E FÉ

scienceblogs.com Curso Personalidades da Ciência PET Biologia/UFSM

COPYRIGHT TODOS OS DIREITOS RESERVADOS - SABER E FÉ

Evolução vs Criacionismo Uma guerra pelo ensino científico pleno

Não é o fim da história, diz filósofa sobre ensino de gênero nas escolas

CRIACIONISMO X EVOLUCIONISMO: teoria ou fato científico?

COPYRIGHT TODOS OS DIREITOS RESERVADOS - SABER E FÉ

COPYRIGHT TODOS OS DIREITOS RESERVADOS - SABER E FÉ

INVESTIGAÇÃO ACERCA DO ENSINO DO CRIACIONISMO EM AULAS DE EVOLUÇÃO BIOLÓGICA EM ESCOLAS PARTICULARES DE CAMPINA GRANDE PB

COPYRIGHT TODOS OS DIREITOS RESERVADOS - SABER E FÉ

Eixo Temático ET Relações entre Educação, Ciência e Cultura

A RECEPÇÃO DOS TEXTOS E IDEIAS DE DARWIN NO ACERVO BIBLIOGRÁFICO DA UEM: UMA QUESTÃO DE CIRCULAÇÃO DO CONHECIMENTO

CIÊNCIA E FÉ. Mário Antônio Sanches 1

ORIGENS COMO TUDO COMEÇOU

Protestantismo Americano

UNIVERSIDADE VALE DO ACARAÚ- UVA/UNAVIDA I JORNADA DE CURSOS LIVRES HISTÓRIA E GEOGRAFIA PROFESSORES:

COPYRIGHT TODOS OS DIREITOS RESERVADOS - SABER E FÉ

HOMEM E SOCIEDADE. Professor Guilherme Paiva

6. CONSIDERAÇÕES FINAIS

Voltado a Deus I. O Imperativo Divino

5 Conclusão A intenção da pesquisa realizada nessa dissertação foi encontrar algumas respostas para a pergunta sobre como dois dos principais jornais

Ciência e Religião: chega de briga!

TEXTO DO DIA. "Jesus Cristo é o mesmo ontem, e hoje, e eternamente." (Hb 13.8)

UM PANORAMA DA MAÇONARIA NO MUNDO

Curso de Teologia VnBteo. Este material é de uso exclusivo do aluno.

MÓDULO 1 EVIDÊNCIAS DE DEUS

II CONGRESSO ESTADUAL DE DIREITO E LIBERDADE RELIGIOSA DA OAB/SP LANÇAMENTO DA CAMPANHA DE PROMOÇÃO DA LIBERDADE RELIGIOSA

Proibido falar sobre:

3ª edição Projeto Timóteo Como Dar a Razão de Sua Fé Apostila do Aluno

Religiões Proféticas

DIREITO ELEITORAL. Propaganda Política Campanha Eleitoral Parte I. Prof. Rodrigo Cavalheiro Rodrigues

INFORMAÇÕES SOBRE AS ATIVIDADES DA SCB. Rui Corrêa Vieira. 18 e 19 de agosto de 2018

COPYRIGHT TODOS OS DIREITOS RESERVADOS - SABER E FÉ

Descobrindo a Verdade

F.A.Q. Ficou com alguma dúvida? Vamos ajudá-lo a resolver!

INTERPRETAÇÃO DE TEXTOS DOMÍNIOS DISCURSIVOS (TIPOS DE DISCURSOS)

Pastor Juan Carlos Ortiz em seu livro diz:

Apenas o Necessário 1. Flávio Domeniche BASTOS 2 Guilherme Pereira da ROSA 3 Eduardo Perotto BIAGI 4 Universidade Católica Dom Bosco, Campo Grande, MS

Bíblia, fé e ciência a partir das narrativas da criação (Gen.)

O Debate que Nunca Aconteceu: William Lane Craig vs. Richard Dawkins

Vivendo em Dois mundos. O Reino de Deus e o cristão

PREGAÇÃO CRISTÃ COM BASE EM TODOS OS TEXTOS DA BÍBLIA

XX Encontro Anual de Iniciação Científica EAIC X Encontro de Pesquisa - EPUEPG

Se há 20 anos. População e empresas recebiam a mensagem. Agora ( com as redes sociais e o compartilhamento)

Dr. Antônio Renato Gusso 1

Estratégia. Avaliação de métodos de investigação Seleção de métodos de investigação Avaliação de fontes de informação Seleção de fontes de informação

Escola Ryle de Teologia. Grade Curricular 1º Ano

Grade Curricular - Comunicação Social. Habilitação em Publicidade e Propaganda - matutino

SOMOS USUÁRIOS DE SISTEMAS COMPUTACIONAIS OU SOMOS USADOS POR ELES?

UNIÃO ESTE BRASILEIRA. Associação Ministerial

Eu quero estar na mídia!

ENSINO RELIGIOSO PR. EVANDERSON ALMEIDA

COPYRIGHT TODOS OS DIREITOS RESERVADOS - SABER E FÉ

A ESTRUTURAÇÃO DO ATEÍSMO NA PRIMEIRA DÉCADA DO SÉCULO XXI PARTE 1

QUESTÕES E RESPOSTAS A RESPEITO AO ACESSO ÀS CARTAS E MANUSCRITOS NAO PUBLICADOS DE ELLEN WHITE

CURSO DE EXTENSÃO EM PROGRAMAÇÃO VISUAL. Aula I. Prof. Carlos Café Dias

MODELANDO O COSMO CSA 9ºANO

AULA 3: RELAÇÃO ENTRE TEOLOGIA E CIÊNCIA. Roberto Covolan

Curso de PANORAMA DO ANTIGO TESTAMENTO I I Semestre de 2017 DE GÊNESIS A ESTER. Professor: José Martins Júnior. (11) (Whatsapp Telegram)

LIÇÃO 4 UNIVERSO: CRIAÇÃO OU EVOLUÇÃO? Textos básicos: Gênesis , Hebreus

SUMÁRIO. CAPÍTULO 1 Por que ainda estamos divididos? 7. CAPÍTULO 2 Os evangélicos são católicos? 11. CAPÍTULO 3 Os católicos são evangélicos?

Curso de PANORAMA DO NOVO TESTAMENTO I I Semestre de Professor: José Martins Júnior. Quartas-feiras. (11) (Whatsapp)

Universidade Federal de Goiás Instituto de Ciências Biológicas Departamento de Ecologia

Contato:

LIÇÃO 2 - PEQUENO GRUPO

Revolução no Ensino Superior

Manual Trabalhos Vila Mundo

APRESENTAÇÃO. por Emiliano Carneiro Monteiro 1

«O Evangelho que continua»

Resenhas. Resenhas. Vox Scripturae Revista Teológica Internacional São Bento do Sul/SC vol. XXV n. 3 set-dez p

UNIVERSIDADE PRESBITERIANA MACKENZIE PLANO DE ENSINO

Curso de PANORAMA DO NOVO TESTAMENTO II II Semestre de 2016 DE ATOS A APOCALIPSE. Professor: José Martins Júnior. (11) (Whatsapp Telegram)

ESCOLA SUPERIOR DE TEOLOGIA FACULDADES EST PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM TEOLOGIA TIAGO VALENTIM GARROS

Nossos associados. podem se associar laboratórios clínicos e empresas fabricantes e distribuidoras de Medicina Laboratorial é uma sociedade de

O Cristianismo É uma religião abraâmica monoteísta centrada na vida e nos ensinamentos de Jesus, tais como são apresentados no Novo Testamento; A Fé

EDITAL 11/2019 PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM COMUNICAÇÃO CONCESSÃO DE BOLSAS

JUSTIFICATIVA. OBJETIVOS Gerais: Capacitar expositores da Bíblia a utilizá-la de forma teológica e metodologicamente fundam Específicos:

Oficina de Pesquisa Científica na Pós-Graduação C u r r í c u l o L a t t e s

COPYRIGHT TODOS OS DIREITOS RESERVADOS - SABER E FÉ

Introdução do Editor. John MacArthur

COPYRIGHT TODOS OS DIREITOS RESERVADOS - SABER E FÉ

VERDADES ESSENCIAIS. 2. Quem criou?

A Experiência Rede de Blogs de Ciência da Universidade Estadual de Campinas

Universidade Federal de Goiás Instituto de Ciências Biológicas Departamento de Ecologia. Filosofia da Ciência Epistemologia da Ciência

Divulgação Massiva De Qualidade

Os Primeiros Batistas e Suas Principais Contribuições Por Wilson Porte Jr.

EUA Dezembro Mercado em números

DIVULGAÇÃO CIENTÍFICA EM RADIOBIOLOGIA: FANPAGE PIONEIRA NO FACEBOOK E A RESPOSTA DO PÚBLICO

Assessoria de Comunicação

EUA Março Mercado em números

Orientadores: Profa Dra. Maria Elice B. Prestes (IB) e Prof. Dr. Maurício de Carvalho Ramos (FFLCH coorientador)

WHY EVOLUTION IS TRUE (PORQUE EVOLUÇÃO É VERDADE) 1. Sílvia Helena de Arruda Campos

Nossos associados. A Sociedade Brasileira de Patologia Clínica Medicina Laboratorial é uma sociedade de especialidade médica fundada em 1944.

Transcrição:

Anais do V Congresso da ANPTECRE Religião, Direitos Humanos e Laicidade ISSN:2175-9685 Licenciado sob uma Licença Creative Commons EVOLUÇÃO BIOLÓGICA E FÉ CRISTÃ NO BRASIL: SEGUINDO PASSOS NORTE-AMERICANOS? Tiago Valentim Garros Mestre em Teologia Faculdades EST tiagogarros@gmail.com Bolsista CNPq ST 09 TRADIÇÕES RELIGIOSAS, ESPAÇO PÚBLICO E POLÍTICA Resumo: Este trabalho busca analisar a situação atual do debate ciência-religião na esfera pública, mais especificamente da sua versão evolução biológica x criacionismo no Brasil quando comparado ao cenário visto em anos recentes e atualmente na América do Norte. Tal binômio, em ambos os continentes, suscita os mais acirrados debates, principalmente ao cristalizar-se a noção bastante difundida de que a fé cristã é necessariamente inimiga da teoria da evolução. Esta visão de conflito tem tido como consequência a proliferação de grupos extremistas dos dois lados: dos criacionistas, com a criação de museus da criação, investidas em publicidade de massa e debates públicos, e também do lado dos materialistas científicos do novo ateísmo, que acabam atacando toda e qualquer fé ou religião, porque as associam ao obscurantismo científico. A discussão se acirra grandemente quando o assunto é o ensino público nas escolas, com grupos criacionistas exigindo tempo igual para as duas teorias nas aulas de ciências, enquanto os evolucionistas afirmam que lugar de religião é nas aulas de religião. Este debate já há muito tem chegado às cortes judiciais americanas o primeiro sendo o célebre caso John Scopes, na década de 1920 e em anos recentes chegou até a Suprema Corte. Tal fenômeno já é observado no Brasil, onde tramita no Congresso projeto de lei semelhante, assinado pelo deputado evangélico Marco Feliciano. Exploraremos esse e outros fatos que nos levam a crer que o Brasil segue apressadamente os passos dos norteamericanos em vista a uma crescente polarização deste debate, mas que, no entanto, não o faz quando consideramos os esforços de diálogo e convivência pacífica entre as duas áreas que já se proliferam por lá, mas que aqui ainda dão poucos sinais de surgimento. Analisaremos brevemente quais são estes esforços nos dois países e indicaremos possível caminho a fim de construir uma relação mais frutífera e pacífica entre ambos os campos do conhecimento, respeitando o princípio da laicidade do estado. Palavras-chave: Criacionismo, Evolucionismo, Ciência e religião, Ensino público, Laicidade.

Introdução Atualmente, mais de 150 anos após a publicação de A Origem das Espécies, do naturalista britânico Charles Darwin, a teoria da evolução das espécies tem indiscutível aceitação nos circuitos científicos. Ela é considerada uma das teorias científicas mais bem embasada por dados empíricos, e é chamada frequentemente de espinha dorsal da biologia, ou, nas palavras do geneticista cristão Theodosius Dobzhansky: nada em biologia faz sentido, exceto à luz da evolução. (DOBZHANSKY, 1964, p. 449). Mas, surpreendentemente, ela falhou em alcançar este status de aceitação com grande parte da população mundial, e, ao que parece, um número expressivo de pessoas negam-na em favor da chamada posição criacionista. Apesar de ter muitas nuances, para os efeitos deste artigo, entenderemos o criacionismo simplesmente como a posição que nega a evolução biológica em favor de uma abordagem literalista do Gênesis bíblico, em que Deus teria criado o universo em 6 dias literais de 24 horas posição tecnicamente chamada de Criacionismo da Terra Jovem. Não cabe nos propósitos e limitações deste trabalho uma análise do histórico do criacionismo, nem tampouco uma revisão de como foi forjada a construção do cenário atual de animosidade entre ciência e religião. 1 Nosso propósito é analisar brevemente o panorama brasileiro atual com relação a este tema, comparando-o com o panorama norte-americano, para, assim, tirar algumas conclusões a respeito do que pode nos esperar em um futuro próximo. Terminaremos pontuando qual entendemos ser o primeiro passo para evitarmos adentrar neste caminho obscuro e desnecessário de conflito. O cenário atual Algumas pesquisas têm demonstrado que a posição criacionista é realmente bastante comum na população. Uma delas, realizada pelo IBOPE e publicada em 2005 1 Para uma análise mais complete sobre essas questões, sugerimos a leitura da Dissertação de Mestrado GARROS, Tiago V. O Movimento Criacionista e Sua Hermenêutica: possibilidades de diálogo ente a teologia e a ciência evolucionista. São Leopoldo: Faculdades EST, 2014. Disponível em: <http://tede.est.edu.br/tede/tde_busca/arquivo.php?codarquivo=553>. Acesso em: 25 maio 2015.

na Revista Época 2, aponta que um terço dos brasileiros acredita que o ser humano foi criado por Deus há menos de 10 mil anos, contrariando o consenso científico de que o ser humano habita o planeta por mais ou menos 100 mil anos, e é fruto do processo evolutivo. Comparativamente, à época da pesquisa, nos EUA este número era ainda maior: 55%, segundo pesquisa semelhante. Entre os cristãos chamados nascidos de novo (identificados com igrejas de cunho evangelical), o número é de criacionistas é maioria absoluta: 90%. (BRUM, 2004). O ceticismo com relação a evolução biológica é na verdade apenas a ponta do iceberg quando se trata das relações entre ciência e religião. Para uma análise simples da dimensão do problema, basta olharmos para a Internet. Na era da informática participativa (a chamada Web 2.0, em que qualquer indivíduo do planeta pode deixar comentários, pareceres, opiniões sobre qualquer conteúdo que se vê na rede) basta ver toda e qualquer notícia publicada em qualquer grande website de notícias ou rede social que trate de alguma descoberta ou novidade no campo das ciências naturais. Invariavelmente, os comentários abaixo da reportagem versarão sobre religião e ciência, normalmente pendendo para o lado do ceticismo quanto à validade ou veracidade da descoberta científica, pois sua aceitação parece indicar a negação da crença do indivíduo no Criador, ou para o completo rechaço de toda e qualquer religião e crença em um Criador. 3 Estão aí colocados dois grupos dicotômicos: os defensores da ciência, que se sentem ultrajados ao verem comentários religiosos em uma notícia que não pertence aos religiosos, e os defensores da fé, que, por sua vez, sentem sua crença agredida ao verem qualquer menção sobre um cosmos sem menção ao Criador deste cosmos. Sanches (2009, p. 11) identifica muito bem o problema ao apontar que, atualmente, o indivíduo aparentemente precisa fazer uma escolha do tipo ou/ou: a) aceito a Bíblia, logo não aceito a evolução: sou criacionista; b) aceito a evolução, logo, questiono a Bíblia e tenho problema com o cristianismo. Em outras palavras, as 2 Cf. BRUM, Eliane. E no princípio era o que mesmo? Revista Época. São Paulo: Ed. Globo, n. 346, 3 Jan. 2005. Disponível em: <http://revistaepoca.globo.com/epoca/0,6993,ept884203-1664-1,00.html>. Acesso em: 16 jun. 2012. 3 Como bom exemplo do exposto, cf. TERRA NETWORKS. Galáxia mais luminosa do Universo é descoberta pela Nasa. [S.l.]:Terra - Ciência. 22 Maio 2015. Disp. em: < http://bit.ly/1fqok0l >. Acesso em: 25 maio. 2012

pessoas parecem se sentir obrigadas a escolher entre Deus (que estaria do mesmo lado que a Bíblia e o criacionismo) e a ciência (associada naturalmente ao ateísmo e materialismo). Os estudos atuais apontam como causa possível desse fenômeno a popularização do chamado movimento neo-ateísta (GORDON, 2010, passim), que tem no premiadíssimo biólogo de Oxford Richard Dawkins seu principal expoente. Dawkins, apelidado de rottweiler de Darwin, é o autor de Deus, um Delírio (2006), e tem se tornado um superstar popular quando o assunto é defender o ateísmo militante e atacar as religiões. Para isso, tem saído do seu laboratório de pesquisa na universidade e tem investido na grande mídia: produziu documentários em TV aberta, liderou campanhas publicitárias para ateus saírem do armário 4, tem feitos debates públicos e inúmeras palestras ao redor do globo, sempre com um tom ácido, irônico e impiedoso quando o assunto é atacar toda e qualquer fé. Para ele, Darwin eliminou completamente a necessidade de Deus e decretou o fim de qualquer possibilidade do sobrenatural. Tentativas de conjugar os dois campos, ou até mesmo de conviver pacificamente, como as do célebre paleontólogo Stephen Jay Gould, são para Dawkins impossíveis, e uma perda de tempo. A evolução biológica, para Dawkins e seus seguidores, é essencialmente ateia, e as religiões são um atraso e até mesmo perniciosas para a sociedade. Meu grande sonho é a completa destruição de todas as religiões do mundo 5, disse. Os efeitos da cruzada neo-ateísta chegaram fortemente ao Brasil, e hoje temos diversas associações de ateus e agnósticos fazendo forte trabalho de divulgação de sua causa principalmente nas plataformas digitais, mas não apenas. 6 Na última eleição de nível nacional, uma delas financiou uma série de outdoors com mensagens ateístas nas principais capitais brasileiras. (Ver Fig. 1) Se Dawkins e outros são os generais que comandam os soldados ateus neste cenário de guerra, do outro lado da militância estão os cristãos que têm no movimento 4 Em especial, a campanha nos ônibus de Londres. Cf. SHERINE, Ariane. All aboard the Atheist Bus Campaign. The Guardian. 21 out 2008. Disp. em: <http://www.theguardian.com/commentisfree/2008/oct/21/religion-advertising>. Acesso em: 22 maio 2015. 5 Em entrevista à Revista Superinteressante, Ed. 242 de Agosto de 2007. Disponível em: < http://super.abril.com.br/ciencia/o-aitola-dos-ateus> Acesso em: 25 maio 2015. 6 As principais são: ATEA <http://www.atea.org.br> e a Liga Humanista Secular do Brasil <http://www.ligahumanista.org.br>.

criacionista, e em seu literalismo bíblico, seu quartel general. Conforme aumentam os ataques à religião, mais os crentes se entrincheiram e voltam-se às armas, e uma vez que o grande argumento é a teoria da evolução, e como ela supostamente acaba não só com sua visão do Gênesis, mas sim com a totalidade da religião, é justamente ali que os cristãos criacionistas vão concentrar seus maiores esforços. Já que Darwin matou Deus 7, vamos nós agora, por assim dizer, matar Darwin, para mostrar que Deus ainda vive. E está posto o cenário belicoso, que supostamente busca salvar a própria essência da fé cristã. Figura 1 - Outdoor de campanha neo-ateísta lançada nas eleições de 2014. (Cf. <http://www.atea.org.br/campanhas-de-outdoors/> Dessa forma, o movimento criacionista no Brasil segue a tendência mundial, iniciada nos EUA, de se organizar. Proliferam-se então os institutos criacionistas, com seus palestrantes e eventos de divulgação. Segundo Hyers (1984), existiam já em 1984 mais de 50 organizações criacionistas nos Estados Unidos, mais uma dúzia no Canadá, e atualmente, uma rápida pesquisa na Internet revela aproximadamente 350 websites de organizações, ministérios e preletores criacionistas em todo o mundo 8. No Brasil, temos no mínimo 4 instituições bem organizadas 9, e novas ainda estão em formação, principalmente no campo da igreja Adventista do Sétimo Dia. Marcos Eberlin, bioquímico da Unicamp e adventista convicto, tem sido, talvez, o proponente mais vocal da visão criacionista, embora utilize-se da moderna designação Design Inteligente, 7 Cf. SUPERINTERESSANTE, São Paulo: Ed. Abril, n o. 240, Jun. 2007. Tal frase é estampada em letras garrafais na capa. 8 Segundo a lista mais completa disponível (mas um tanto quanto desatualizada) do Arquivo Talk. Origins, maior fonte de informações sobre a controvérsia criação x evolução na Internet. Disponível em: <http://www.talkorigins.org/origins/other-links-cre.html>. Acesso em: 25 maio 2015. 9 Sociedade Criacionista Brasileira <http://www.scb.org.br/>; Associação Brasileira de Pesquisas da Criação <http://abpc.impacto.org/>; Universo Criacionista <http://www.universocriacionista.com.br/>; Sociedade Origem e Destino <http://www.origemedestino.org.br>. Acesso em: 15 jan. 2014.

que na prática diferencia-se apenas por não apontar textualmente quem seria o tal designer, e por não dar ênfase nos textos bíblicos como fazem os criacionistas mais tradicionais. O Dr. Eberlin tem organizado conferências, eventos, palestras, seguindo a cartilha que tem se provado frutífera há anos no continente co-irmão, ao norte. Nos EUA, o movimento nunca esteve tão forte, provavelmente devido às recentes iniciativas do ministério liderado pelo Dr. Ken Ham: o Answers in Genesis (AiG). Tal ministério, além de ter o maior e mais acessado portal criacionista da Internet, é o responsável pela construção e abertura do megaempreendimento Creation Museum, um projeto de 27 milhões de dólares perto de Cincinatti (Ohio, USA) com 5574 m 2 de área que conta uma história do mundo bem diferente daquela aceita pela ciência: dinossauros convivendo com humanos num universo de apenas 6.000 anos de idade. Ham esteve em 2014 nos holofotes da grande mídia mundial ao fazer um debate público televisionado ao vivo pela rede de notícias CNN com o maior popstar da ciência norte-americana, o cientista-showman Bill Nye The Science Guy, dono do programa homônimo de divulgação científica infanto-juvenil de maior sucesso na história da TV americana. Além disso, na noite da virada do ano de 2014 para 2015 (e nos dois dias subsequentes), Ham e sua organização colocaram uma propaganda em vídeo 10 de 15 segundos em Times Square, Nova Iorque, a metros de distância do local mais observado no mundo naqueles dias a grande bola que faz a contagem do novo ano. A propaganda, divulgando seu ministério e a causa criacionista em tom irônico e de ataque aos amigos liberais, apareceu durante um total de 7 minutos por hora durante os 3 dias, atingindo estimadas 3 milhões de visualizações, fora as incontáveis aparições na televisão. As estimativas de custo de uma propaganda como esta giram em torno das centenas de milhares de dólares. Mas o projeto mais ambicioso de Ham ainda está por vir: o multimilionário Ark Encounter, um parque temático próximo ao Museu da Criação que conterá uma réplica em tamanho real da arca de Noé, com custo estimado para a fase inicial do parque em 24.5 milhões de dólares. A inauguração está prevista para 2016. Todo este esforço evidencia o que Ian Barbour deixa muito claro: tanto o 10 O video pode ser visto em <http://youtu.be/ychwl8pjlu4>. Acesso em: 25 maio 20015.

literalismo bíblico e o materialismo científico alegam que ciência e religião têm verdades literais e rivais a afirmar sobre o mesmo domínio a história da natureza de modo que é preciso escolher uma delas. (BARBOUR, 2000, p. 25). Ao pensar que são rivais, é natural que haja competição para ver quem tem a preponderância. E para ter a preponderância, nada melhor do que começar ensinando a população desde cedo, nas escolas. O debate chega às escolas A pesquisa do IBOPE da qual falamos anteriormente ainda mostra um dado interessante: 89% da população brasileira acha que o criacionismo deve ser ensinado nas escolas públicas e 79% ainda diz que ele deve SUBSTITUIR o evolucionismo. Tal opinião concretizou-se no Rio de Janeiro, onde a então governadora Rosinha Garotinho, evangélica de origem presbiteriana, aprovou em 2004 uma lei que permitia às escolas ensinarem o criacionismo nas aulas de religião, de acordo com a crença religiosa do professor. No mesmo ano ela manifestou claramente sua opinião, em entrevista ao jornal O Globo: não acredito na evolução das espécies. Tudo isso é teoria. (MARTINS; FRANÇA, 2004). Tal discussão já é velha conhecida da população norte-americana. Na década de 1920 ocorreu o mundialmente conhecido Julgamento do Macaco, no qual o professor de biologia John Scopes foi a julgamento acusado de ensinar a evolução biológica aos seus alunos do Ensino Médio, o que era contrário à lei do seu estado, o Tennessee. Desde então, por diversas vezes o criacionismo foi colocado frente a frente com a teoria da evolução em cortes judiciais, sempre com derrota criacionista. 11 Um dos casos mais paradigmáticos foi o chamado julgamento do Arkansas, ou Arkansas Act 590 de 1981, que postulava que o estado do Arkansas dará tratamento balanceado à ciência da criação e à ciência da evolução (popularmente conhecido como equal time act, ou 11 Alguns dos mais famosos são: Wright v. Houston Independent School District (1972); Willoughby v. Stever (1973); Daniel v. Waters (1975) ; Hendren v. Campbell (1977); Segraves v. California (1981); McLean v. Arkansas (1982) ; Edwards v. Aguillard (1987) ; Webster v. New Lenox School District (1990) ; Bishop v. Aronov (1991) ; Peloza v. Capistrano School District (1994) ; Hellend v. South Bend Community School Corporation (1996) ; Freiler v. Tangipahoa Parish Board of Education (1997) ; Edwards v. California University of Pennsylvania (1998) ; LeVake v. Independent School District 656 (2000) ; Selman v. Cobb County School District (2005) ; Kitzmiller v. Dover Area School District (2005).

lei do tempo igual ) 12. Ele postulava justamente isso: o mesmo tempo dado ao ensino da teoria da evolução deveria ser dado a sua contraparte: o criacionismo. 13 Tal julgamento provou-se favorável a evolução, sendo o criacionismo considerado assunto para aulas de religião, e não de ciência. No entanto, atualmente há sete estados americanos que requerem, em seus currículos obrigatórios das aulas de ciências, que os alunos analisem criticamente aspectos-chave da teoria evolutiva, além de dois estados que tem legislações que permitem que os alunos e professores discutam evidências científicas críticas à teoria da evolução. 14 Grupos secularistas trabalham atualmente para derrubar tais leis. Provavelmente desconhecendo o histórico de embates judiciais americano, tal discussão de tempo igual chegou ao Brasil. Tramita atualmente no Congresso Nacional um projeto de lei assinado pelo deputado Marco Feliciano que busca, em nível nacional, obrigar as escolas públicas a ensinarem o criacionismo como alternativa à teoria da evolução darwiniana. 15 No Rio Grande do Sul, a deputada estadual evangélica Liziane Bayer apresentou projeto de lei semelhante, no entanto pleiteando tempo igual nas aulas de ciências e não de religião. (MAGS, 2015). O estado do Paraná também tem projeto de mesmo teor. (SILVA, 2015). Nas escolas particulares da rede Adventista sabe-se que é ensinado de forma bastante enfática a visão criacionista. (LEMOS, BORGES). Muitas escolas da rede no Brasil organizam a Semana da Criação, com o intuito de divulgar a visão criacionista. O presidente mundial da igreja, Ted Wilson, chegou a dizer em recente discurso que não há espaço para a evolução [e evolucionistas] nas escolas adventistas, citando crescente preocupação com professores que tem se tornado mais abertos à proposições evolucionistas teístas, e afirmando que estes deveriam tomar a nobre 12 Cf. STATE OF ARKANSAS. Act 590 of 1981 - General Acts, 73rd General Assembly. Disponível em <http://www.talkorigins.org/faqs/mclean-v-arkansas.html>. Acesso em: 12 jul. 2012. 13 Interessante notar que segundo o entendimento criacionista, a contraparte à evolução é o criacionismo da Terra Jovem cristão, e não os diversos tipos de criacionismos que na verdade existem, como os hindus, os asiáticos, os diversos tipos de criacionismo indígenas, etc. 14 Os sete estados são: Texas, Minnesota, New Mexico, Pennsylvania, Missouri, South Carolina, e Alabama. Os outros dois são Louisiana e Mississippi. Quase todos estes estados estão na região conhecida como Bible Belt o Cinturão da Bíblia, onde a presença de igrejas de cunho evangelical, em sua maioria Batistas, é extremamente forte, política e culturalmente. 15 Texto completo em: <http://www.camara.gov.br/proposicoesweb/fichadetramitacao?idproposicao=777616>. Acesso em 21 maio 2015.

posição de pedir demissão. (MCCHESNEY, 2014). Analisando esse cenário, vemos que o Brasil segue a passo largos o exemplo americano em direção a um cenário cada vez mais acirrado de animosidade entre ciência e religião. No entanto, chama-nos atenção que o outro lado da moeda ainda dá parcos sinais de gênese por aqui. As iniciativas de diálogo entre os campos Embora essa noção de conflito seja sempre mais privilegiada por veículos da grande mídia, a partir da década de 90 grandes progressos têm acontecido no que diz respeito a uma convivência mais harmônica e respeitosa entre os campos de ciência e religião. Vozes tem se levantado para desfazer a noção de que a fé cristã é necessariamente inimiga da evolução biológica, e sobram exemplos dessa mudança de paradigmas ao redor do globo tanto do lado da ciência como da própria religião. Easterbrook (1997, p. 890) em seu artigo Science and God: a Warming Trend?, publicado na prestigiada revista Science, já em 1997 destacava as iniciativas de aproximação entre os dois campos com a criação de projetos que estimulam o diálogo, como o DoSER - Dialogue on Science, Ethics and Religion, da AAAS, e outros da NAS, as duas mais importantes instituições de fomento e apoio às ciências dos EUA. 16 Grandes universidades mundiais também têm criado institutos de pesquisa e estímulo ao convívio pacífico entre ciência e religião, como a Universidade de Oxford, com o Ian Ramsey Center for Science and Religion, Univ. de Cambridge, com o Faraday Institute; Univ. de Chicago com o Chicago Center for Religion and Science, além de Princeton, Berkeley e diversas outras com cursos e matérias dedicadas a reconciliação das áreas. Easterbrook também enfatizava no artigo a abertura por parte dos religiosos aos achados da ciência, ressaltando o pedido de desculpas do Vaticano a Galileu e a declaração do Papa João Paulo II à época de que a evolução é mais que uma hipótese. (EASTERBROOK, loc. cit.). Merece destaque também o surgimento de organizações de cristãos ativos na ciência, que têm procurado estabelecer diálogos com as comunidades de fé, tais como a Fundação BIOLOGOS (fundada pelo diretor do Projeto Genoma Humano, Dr. Francis 16 AAAS - American Association for the Advancement of Science e NAS National Science Academy.

Collins, cristão evangelical convicto e árduo defensor da evolução teísta), e a própria Christians in Science, dentre diversas outras. Periódicos reconhecidos sobre o tema também tem surgido, como por exemplo a revista Zygon, associada ao Chicago Center for Religion and Science. Larson e Witham, em artigo na revista Nature, divulgam o resultado de uma pesquisa em que 40% dos cientistas responderam SIM a duas perguntas reveladoras: 1) Eu creio num Deus que está em comunicação intelectual e emocional com a humanidade, isto é, um Deus para quem alguém pode orar na expectativa de receber uma resposta. Por resposta entende-se mais do que o efeito psicológico subjetivo da oração. ; 2) Eu creio na continuação da pessoa depois da morte em outro mundo. Tal número surpreendeu os autores da pesquisa, levando-os a concluir que cientistas ainda estão mantendo a fé (o título do artigo), pois pensavam que o número seria bastante inferior. (LARSON, WITHAM, 1997, p. 435). Infelizmente, essa tendência mundial de aproximação e de moratória à Darwin dá pouquíssimos sinais de existência no Brasil 17, onde o clima de inimizade entre ciência e religião ainda perdura fortemente, principalmente nas universidades federais. Tal fato pode ser facilmente comprovado pela virtual inexistência de cursos de teologia ou mesmo ciências da religião em universidades públicas, ambiente em que, ao que parece, a palavra Deus é proibida, até mesmo como objeto de pesquisa, salvo raras exceções. A noção de conflito que perdura na academia é mimeticamente representada nas igrejas, onde o termo cristão-evolucionista é literalmente um oximoro, uma contradição essencial. Obviamente, tal noção reflete-se na esfera pública, onde os mal informados legisladores intentam contra a laicidade do estado, tentando inculcar uma agenda doutrinária nas aulas de ciências, achando que com isso estão fazendo um serviço a Deus. Acreditamos que a busca de uma solução para este complexo problema passa pelo conhecimento do que já aconteceu e do que tem acontecido com relação ao tema em outros países, como os EUA. Além disso, é imperativo que a academia brasileira e a 17 Para ser justo, está em processo de organização a Associação Brasileira de Cristãos na Ciência (ABC2), uma entidade nos moldes da britânica Christians in Science, a fim de estabelecer pontes de diálogo entre a ciência e a religião.

igreja evangélica se atualizem com relação aos grandiosos progressos na área do diálogo entre ciência e religião. Para isso, cremos que um bom começo é a compreensão do que bem disse Emil Brunner: Como pode a teoria científica da evolução ser combinado com a crença cristã na criação? Primeiro de tudo, vamos tentar responder a essa pergunta na forma de uma analogia: Como podemos combinar a análise química de uma tela pintada com o julgamento estético desta tela, como uma obra de arte? Obviamente os dois não são mutuamente exclusivos, pois os dois assuntos estão em planos diferentes. Quando o químico apenas vê os vários elementos de uma mistura de produtos químicos, o artista vê um significativo conjunto, uma expressão da mente e do espírito. (BRUNNER, 1952, p. 40). Referenciais BARBOUR, Ian. G. Quando a ciência encontra a religião: Inimigas, Estranhas ou Parceiras. Trad. Paulo Salles. São Paulo: Ed. Cultrix, 2000. BRASIL. Câmara dos Deputados. Projeto de Lei 8099/2014. Ficam inseridos na grade curricular das Redes Pública e Privada de Ensino, conteúdos sobre Criacionismo. Disp. em:<http://www.camara.gov.br/proposicoesweb/fichadetramitacao?idproposicao=777616>. Acesso em 21 maio 2015. BRUM, Eliane. E no princípio era o que mesmo? Revista Época. São Paulo: Ed. Globo, n. 346, 3 Jan. 2005. Disponível em: <http://revistaepoca.globo.com/epoca/0,6993,ept884203-1664- 1,00.html>. Acesso em: 16 jun. 2012. BRUNNER, Emil. The Christian Doctrine of Creation and Redemption. Trans. Olive Wyon. Philadelphia: Westminster, 1952. DAWKINS, Richard. Deus: um delírio. Trad. Fernanda Ravagnani. São Paulo: Companhia das Letras. 2006. Entrevista à REVISTA SUPERINTERESSANTE. São Paulo: Ed. Abril, n. 242. Agosto, 2007. Disp. em:< http://super.abril.com.br/ciencia/o-aitola-dos-ateus>. Acesso em: 25 maio 2015. DOBZHANSKY, Theodosius. Biology, Molecular and Organismic. American Zoologist, Washington DC, vol. 4, n. 4, p. 443-452, nov. 1964. Disponível em: <http://taxonomy.tau.ac.il/.upload/dobzhansky%201964.pdf>. Acesso em: 14 jan. 2014. EASTERBROOK, Gregg. Science and God: A Warming Trend? Science 277.5328. p. 890-93. 1997. GARROS, Tiago V. O Movimento Criacionista e Sua Hermenêutica: possibilidades de diálogo ente a teologia e a ciência evolucionista. São Leopoldo: Faculdades EST, 2014. Disponível em:

<http://tede.est.edu.br/tede/tde_busca/arquivo.php?codarquivo=553>. Acesso em: 22 maio 2015. GORDON, Flávio. A Cidade dos Brights: Religião, Ciência e Política no Movimento Neo-Ateísta. xii; 411f. Tese (Doutorado em Antropologia Social) Universidade Federal do Rio de Janeiro, Museu Nacional, Rio de Janeiro, 2010. HYERS, Conrad. The fall and rise of creationism. The Christian Century, Chicago, IL, n. 102, p. 411-415, 1985. Republicado: HYERS, C. A queda e ascensão do criacionismo. Theologando: Revista Teológica Fé e Ciência, Ed. Fonte Editorial: São Paulo, Ano 3, n. 3, p.117-126, 2009. Original disp. em: <http://www.religion-online.org/showarticle.asp?title=1917>. Acesso em: 7 jul. 2012. LARSON, Edward J., WITHAM Larry. Scientists Are Still Keeping the Faith. Nature 386.6624 p. 435-36. 1997. MAGS, André. Deputada defende ensino do criacionismo em escolas gaúchas. Zero Hora. Grupo RBS. Disp. em: <http://zh.clicrbs.com.br/rs/noticias/noticia/2015/04/deputada-defendeensino-do-criacionismo-em-escolas-gauchas-4751196.html>. Acesso em: 21 maio 2015. MARTINS, Elisa; FRANÇA, Valéria. Rosinha contra Darwin. Revista Época, São Paulo: Ed. Globo, n. 314. 24 maio 2004. Disponível em <http://revistaepoca.globo.com/epoca/0,6993,ept731549-1664-1,00.html>. Acesso em: 17 maio 2013. MCCHESNEY, Andrew. Wilson: Não Há Espaço Para Evolução Nas Escolas Adventistas. Adventist Review, 18 Aug. 2014. Disp. em: <http://news.adventist.org/pt/todas-asnoticias/noticias/go/2014-08-18/wilson-nao-ha-espaco-para-evolucao-nas-escolasadventistas/>. Acesso em: 21 maio 2015. SILVA, Paulo Galvez da. Deputado quer ensino do criacionismo nas escolas. Gazeta do Povo. Disp. em: <http://www.gazetadopovo.com.br/vida-publica/deputado-quer-ensino-docriacionismo-nas-escolas-eg254tlrpndmhg1z9icbw7rke>. Acesso em: 21 maio 2015. LEMOS, Felipe; BORGES, Michelson. Por que ensinamos criacionismo? Portal Adventista. Igreja Adventista do Sétimo Dia. Disp. em: <http://www.adventistas.org/pt/educacao/projeto/criacionismo/>. Acesso em: 21 maio 2015. STATE OF ARKANSAS. Act 590 of 1981 - General Acts, 73rd General Assembly. Disponível em <http://www.talkorigins.org/faqs/mclean-v-arkansas.html>. Acesso em: 12 jul. 2012. SUPERINTERESSANTE, São Paulo: Ed. Abril, n o. 240, Jun. 2007. SANCHES, M. A. Os cristãos são criacionistas? In:. (Ed.) Criação e Evolução: Diálogo Entre Teologia e Biologia. p. 11-33. São Paulo: Ed. Ave-Maria, 2009.

SHERINE, Ariane. All aboard the Atheist Bus Campaign. The Guardian. 21 out 2008. Disp. em: <http://www.theguardian.com/commentisfree/2008/oct/21/religion-advertising>. Acesso em: 22 maio 2015. TALK.ORIGINS ARCHIVE. Creationist Organizations and Websites List. [S.l: s.n. s.d.] Disponível em: < http://www.talkorigins.org/origins/other-links-cre.html>. Acesso em: 05 jan. 2014. TERRA NETWORKS. Galáxia mais luminosa do Universo é descoberta pela Nasa. [S.l.]:Terra - Ciência. 22 Maio 2015. Disp. em: < http://bit.ly/1fqok0l >. Acesso em: 25 maio. 2012