Tóxicos. O OBJETIVO DESTE AMBIENTE VIRTUAL DE APRENDIZAGEM SERÁ A APRESENTAÇÃO DO PROCEDIMENTO ESPECIAL DA LEI DE DROGAS
Drogas PROCEDIMENTO NOS CRIMES DA LEI ANTIDROGAS A Lei 11.343/2006, ab-rogou a Lei 6.368/1976, e disciplinou toda a matéria referente à questão das DROGAS. A nova lei de drogas criou o SISTEMA NACIONAL DE POLÍTICAS PÚBLICAS SOBRE DROGAS (Sisnad), definiu a política criminal destinada aos usuários, bem como aos traficantes, definiu os tipos penais referentes às drogas (vide Arts. 28 a 39 da Lei de Drogas). A Lei de Drogas, também regulamentou o procedimento aplicável aos crimes previstos na referida lei (vide Arts. 54 a 58 da lei 11.343/2006). Entretanto, tal procedimento não é aplicável ao crime de PORTE DE DROGAS PARA CONSUMO PESSOAL, previsto no Art. 28 da Lei de Drogas, haja vista que neste caso deve ser observado o procedimento sumaríssimo destinado às infrações de menor potencial ofensivo da Lei 9.099/95 (vide Art. 48 1º da Lei 11.343/2006). Ademais, os crimes de OFERTA DE DROGA PARA PESSOA DE SEU RELACIONAMENTO PARA CONSUMO COMPARTILHADO (vide Art. 33 3º da Lei 11.343/2006), bem como a PRESCRIÇÃO OU MINISTRAÇÃO CULPOSA DE DROGAS (Art. 38 da Lei 11.343/2006) são também apurados perante o Juizado Especial Criminal, uma vez que as penas máximas não são superiores a 2 (dois) anos. Neste tópico nosso objetivo será a análise do procedimento especial previsto para os crimes tipificados na Lei de Drogas. Preliminarmente, é importante visualizar o fluxograma do procedimento especial. Senão vejamos: 01 - FASE POLICIAL; 02 - PROCEDIMENTO EM JUÍZO (Arts. 54 a 58 da Lei 11.343/2006); Em juízo, o procedimento observará as seguintes fases processuais: a) OFERECIMENTO DA DENÚNCIA; b) NOTIFICAÇÃO PARA OFERECIMENTO DA DEFESA PRÉVIA; c) OFERECIMENTO DA DEFESA PRÉVIA;
d) RECEBIMENTO DA DENÚNCIA OU DETERMINAÇÃO DE DILIGÊNCIAS; e) CITAÇÃO DO ACUSADO; f) AUDIÊNCIA PARA INTERROGATÓRIO, OITIVA DE TESTEMUNHAS E DEBATES ORAIS; g) SENTENÇA. Apresentado o fluxograma é importante abordar cada uma das fases do procedimento previsto expressamente na Lei de Drogas, começando pela fase policial. FASE POLICIAL O inquérito policial disciplinado na Lei de Drogas tem regras específicas, previstas expressamente nos Arts. 50 a 53 da Lei 11.343/2006. O prazo do inquérito policial está previsto no Art. 51 da Lei de Drogas e será dê: 30 (trinta) dias se o investigado estiver preso e, de 90 (noventa) dias se estiver solto. Esses prazos podem ser duplicados pelo juiz, desde que ouvido o Ministério Público, mediante pedido justificado da autoridade policial (vide Art. 51, parágrafo único). Nos casos de prisão em flagrante delito, o delegado de policia deverá seguir as regras gerais previstas no Código de Processo Penal (vide Arts. 304 a 309 do CPP), como por exemplo, a imediata comunicação da prisão em flagrante ao juiz competente no prazo de 24 (vinte e quatro) horas. Ademais, para a lavratura do auto de prisão em flagrante e determinação da materialidade delitiva, é necessário que seja realizado um LAUDO DE CONSTATAÇÃO DA NATUREZA E DA QUANTIDADE DA DROGA, realizado pelo perito oficial, ou por pessoa idônea (vide Art. 50 1º). Este laudo é provisório, realizado de maneira superficial e sem caráter de prova efetivamente pericial. No entanto, é considerado condição de procedibilidade para a ação penal, sem o qual a denúncia não poderá ser recebida. Posteriormente, deverá ser realizado e apresentado na audiência de instrução o LAUDO DEFINITIVO (GONÇALVES; BALTAZAR JUNIOR, 2015, p. 139). Nesta fase do inquérito policial a autoridade policial poderá realizar as diligências previstas no Art. 6º do Código de Processo Penal, bem como as previstas no Art. 53 da Lei 11.343/06, como por exemplo a realização de infiltração de agentes e a realização de flagrante diferido ou retardado, também conhecido como ação controlada.
Encerradas as investigações a autoridade policial deverá elaborar minucioso relatório de tudo que tiver sido apurado, remetendo, ao final, ao juiz competente. PROCEDIMENTO EM JUÍZO O procedimento em juízo está disciplinado nos Arts. 54 a 58 da Lei de Drogas. O Ministério Público ao receber os autos do inquérito policial poderá: - Requerer o arquivamento do inquérito policial (vide Art. 28 do CPP c/c Art. 54, inciso I da Lei de Drogas); - Requisitar as diligências necessárias para o oferecimento da denúncia (Art. 16 do CPP c/c Art. 54, inciso II da Lei de Drogas); - Oferecer denúncia, arrolando até 5 (cinco) testemunhas e requerer as demais provas que entender pertinentes (Art. 54, inciso III da Lei de Drogas). Se o Ministério Público oferecer a denúncia, o juiz ordenará a NOTIFICAÇÃO do acusado para oferecer DEFESA PRÉVIA, por escrito, no prazo legal de 5 (cinco) dias, podendo o acusado arrolar 5 (cinco) testemunhas e alegar tudo que interessar à sua defesa (vide Art. 55 da Lei de Drogas). Apresentada a DEFESA PRÉVIA o juiz poderá receber a denúncia, rejeitá-la, ou determinar a realização de diligências que compreender necessárias. Caso o juiz receba a denúncia deverá designar data para a AUDIÊNCIA DE INSTRUÇÃO E JULGAMENTO e determinará a CITAÇÃO do acusado, bem como demais diligências necessárias (vide Art. 56 da Lei de Drogas). Posteriormente, será realizada a audiência de instrução, que deverá ser feita no prazo máximo de 30 (trinta) dias, contado do despacho judicial que recebeu a denúncia. Os atos de instrução serão realizadas na seguinte ordem: - INTERROGATÓRIO DO ACUSADO;
- INQUIRIÇÃO DAS TESTEMUNHAS DE ACUSAÇÃO E DE DEFESA; -DEBATES; -SENTENÇA. Referente à ordem em que é realizado o interrogatório existe divergência doutrinária e jurisprudencial. Senão vejamos:
A nosso juízo, se trata de procedimento especial, que prevê o interrogatório como primeiro ato da instrução, há de ser observado o quanto previsto na legislação especial, cujas regras devem prevalecer sobre o disposto no Art. 400 do CPP em razão do princípio da especialidade. Afinal, se tais dispositivos legais preveem momento específico para a inquirição do acusado - após o recebimento da peça acusatória - e, constatado não haver quanto a isso lacuna ou omissão nessa lei especial, não há falar em aplicação do Art. 400 do CPP, que prevê a realização do interrogatório ao final da instrução processual. Não se pode objetar que a realização do interrogatório no começo da instrução probatória seja incompatível com a ampla defesa. (...) Apesar de não haver precedentes especificamente relacionados à Lei de Drogas, o STF já se manifestou no sentido de que, a despeito do teor do Art. 7º da Lei nº 8.038/90, o interrogatório também deve ser realizado ao final da audiência una de instrução e julgamento no procedimento originário dos Tribunais, desde que o mencionado ato processual ainda não tenha sido realizado. Para a Suprema Corte, a nova redação do Art. 400 do CPP deve suplantar o estatuído no Art 7º da lei 8.038/90, haja vista possibilitar ao réu o exercício de sua defesa de modo mais eficaz. Aduziu-se que essa mudança concernente à designação do interrogatório conferiria ao acusado a oportunidade para esclarecer divergências e incongruências que eventualmente pudessem surgir durante a fase de consolidação do conjunto probatório. LIMA, 2014, p. 857/858 Quiz 1 A respeito do procedimento relativo ao crime de tráfico ilícito de drogas, previsto na Lei 11.343/2006, aponte a assertiva correta: O procedimento exige a realização de dois interrogatórios. Oferecida a denúncia, o acusado será intimado para interrogatório, devendo oferecer após este ato, em três dias, sua defesa prévia. Depois de recebida a denúncia e citado o acusado, este deve apresentar defesa preliminar em dez dias.
Oferecida a denúncia, o acusado será notificado para apresentar sua defesa prévia no prazo de dez dias. 2 Concluído o inquérito policial instaurado para apurar a prática dos delitos previstos na Lei nº 11.343/2006, deu-se vista ao Ministério Público para, no prazo de 10 (dez) dias, adotar uma das seguintes providências, EXCETO: Requerer o arquivamento do inquérito policial. Requerer a notificação do acusado para oferecer defesa prévia. Oferecer denúncia, arrolar até 05 (cinco) testemunhas e requerer as demais provas que entender pertinentes. Requisitar diligências que entender necessárias para o oferecimento da denúncia. 3 Diante das disposições da Lei de Drogas, é correto afirmar que alguns delitos não são apurados mediante o procedimento previsto expressamente na Lei de Drogas, dentre eles, pode-se apontar: Oferecimento de drogas sem objetivo de lucro a pessoa de seu relacionamento (uso compartilhado) Tráfico ilícito de drogas. Financiamento do tráfico ilicito de drogas.
Colaboração como informante. Referências ANDREUCCI, Ricardo Antonio. Legislação penal especial. 6.ed. São Paulo: Saraiva, 2009. ARAUJO JUNIOR, Marco Antonio. Leis penais especiais. São Paulo: Editora Revista dos Tribunais, 2013. BADARÓ, Gustavo Henrique Righi Ivahy. Processo Penal. 2.ed. Rio de Janeiro: Elsevier, 2014. CAPEZ, Fernando. Curso de direito penal, volume 4, legislação penal especial. 10.ed. São Paulo: Saraiva, 2015. DELMANTO, Roberto. Leis penais especiais comentadas/roberto Delmanto, Roberto Delmanto Junior e Fabio M. de Almeida Delmanto. 2.ed. São Paulo: Saraiva, 2014. FREITAS JUNIOR, Roberto Mendes. Leis penais especiais/carlos Cabral Cabrera... [et al]; Roberto de Freitas Junior (Coordenador) São Paulo: Editora Juarez de Oliveira, 2006. GONÇALVES, Victor Eduardo Rios. Legislação penal especial. São Paulo: Saraiva, 2015. GRECO FILHO, Vicente. Lei de drogas anotada: Lei 11.343/2006. São Paulo: Saraiva, 2007. LIMA, Renato Brasileiro, Legislação criminal especial comentada. 2.ed. Salvador, BA, Editora JusPODIVM, 2014. NUCCI, Guilherme de Souza. Leis penais e processuais penais comentadas. 5d. São Paulo: Editora Revista dos Tribunais, 2010. REIS, Alexandre Cebrian Araújo. Direito Processual Penal esquematizado. 3.ed. São Paulo: Saraiva, 2014.