CONTRIBUTO PARA A DEFINIÇÃO DE UMA TIPOLOGIA SOCIOECONÓMICA DOS CONCELHOS DA REGIÃO DO NORTE PAULO GOMES / SÉRGIO BACELAR / EMILIA SALEIRO*

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Transcrição:

Contributo para a Definição de uma Tipologia Socioeconómica dos Concelhos da Região do Norte CONTRIBUTO PARA A DEFINIÇÃO DE UMA TIPOLOGIA SOCIOECONÓMICA DOS CONCELHOS DA REGIÃO DO NORTE PAULO GOMES / SÉRGIO BACELAR / EMILIA SALEIRO* A interacção no espaço regional de um conjunto de forças sociais, demográficas, políticas e económicas que estruturam as regiões, dando-lhe contornos não imediatamente perceptíveis pelos diversos agentes, tornam a apreensão da realidade regional extremamente complexa. Sendo este um processo essencialmente dinâmico, e sendo as regiões um espaço de actuação e intervenção permanente, a sua evolução nem sempre se traduz num percurso equilibrado. Assim, a questão fundamental remete sempre para a capacidade/necessidade de conhecimento da região. A observação da diversidade de características que estruturam o território e distinguem os seus residentes pode conduzir à antecipação de actuações, em termos da formulação de políticas de intervenção no espaço, normalmente ligadas à dotação de equipamentos e de infraestruturas físicas ou imateriais que promovam os níveis educacionais, as comunicações, o acesso a mercados, o equilíbrio da rede urbana com a estruturação de aglomerados populacionais mínimos por forma a viabilizar novos processos de desenvolvimento. A região é, então, um dado em permanente transformação que importa conhecer segundo dois prismas concorrentes: o estado dos factores internos que a caracterizam e o comportamento homogéneo ou diferenciado desses factores ao nível subregional. Cada subespaço concorre necessariamente, de forma convergente ou divergente, para a definição do perfil da região. Este ensaio de definição de uma tipologia socioeconómica para a região do Norte assenta na observação do estado da região através da análise de alguns factores endógenos tornados visíveis a partir de um conjunto de variáveis disponibilizadas pelos Recenseamentos da População e Habitação de 1981 e 1991. * I.N.E. - Direcção Regional Norte

Trata-se de um primeiro esboço de tipologia, na medida em que foram apenas tidas em conta variáveis primárias decorrentes dos Recenseamentos da População e Habitação. Numa fase posterior proceder-se-á ao enriquecimento do estudo retendo resultados de outros inquéritos, nomeadamente do Inventário Municipal, bem como um vasto conjunto de dados relativos aos concelhos da Região do Norte e publicados nos Anuários regionais. Este conjunto de novos dados contribuirá para uma caracterização mais ampla da região, acentuando a vertente da dinâmica económica com expressão ao nível regional. A análise entretanto efectuada é essencialmente estática uma vez que a preocupação se centra no conhecimento do estado actual e não tanto nos processos que conduziram a esse estado. Para este primeiro ensaio de tipologia dos concelhos da Região do Norte foram retidas 39 variáveis disponibilizadas pelos Recenseamentos. As variáveis seleccionadas permitem a observação da população da região segundo várias ópticas: o volume populacional e a respectiva distribuição por grupos etários; as condições da habitação dadas pelas infraestruturas existentes; a actividade económica da população residente; o nível de qualificação da população. Assim as variáveis retidas ao nível de concelho, e referidas quase exclusivamente ao ano de 1991, foram: 1 - População residente; 2 - Densidade populacional; 3 - População residente com menos de 15 anos; 4 - População residente com idade compreendida entre os 15 e os 25 anos; 5 - População residente com idade compreendida entre os 25 e os 65 anos; 6 - População residente com 65 e mais anos; 7 - Variação da População residente entre 1981 e 1991; 8 - Saldo migratório no período inter-censitário; 9 - % de população residente nascida no estrangeiro; 10 - Número de famílias; 11 - média das famílias; 12 - Número de alojamentos; 13 - Número de edifícios; 14 - % de alojamentos com água; 15 - % de alojamentos com electricidade; 16 - % de alojamentos com esgotos; 17 - Taxa de actividade; 18 - Taxa de desemprego; 19 - % de população residente activa empregada no sector primário, em 1991; 20 - % de população residente activa empregada no sector secundário, em 1991; 21 - % de população residente activa empregada no sector terciário, em 1991; 22 - % de população residente activa empregada no sector primário, em 1981; 23 - % de população residente activa empregada no sector secundário, em 1981; 24 - % de população residente activa empregada no sector terciário, em 1981; 25 - % de população residente com 12 ou mais anos empregada segundo o grupo de profissões tipo 1 (grupos 1 a 3 da CITP); 26 - % de população residente com 12 ou mais anos empregada segundo o grupo de profissões tipo 2 (grupos 4 e 5 da CITP); 27 - % de população residente com 12 ou mais anos empregada segundo o grupo de profissões tipo 3 (grupos 7 e 8 da CITP); 28 - % de população residente com 12 ou mais anos empregada segundo o grupo de profissões tipo 4 (grupos 6, 9 e 0 da CITP); 29 - % de população residente em alojamentos familiares cujo representante da família pertence ao grupo socioeconómico designado Empresários e Pequenos Patrões (15 primeiros grupos socioeconómicos conforme classificação do RGP/91); 30 - % de população residente em alojamentos familiares cujo representante da família pertence ao grupo socioeconómico designado Quadros (grupos 16 a 20 conforme classificação do RPG/91); 31 - % de população residente em alojamentos familiares cujo representante da família pertence ao grupo socioeconómico designado Outros (grupos 21 a 28 conforme classificação do RGP/91); 32 - % de população residente com 12 ou mais anos cujo principal meio de vida é o Trabalho; 33 - % de população residente com 12 ou mais anos cujo principal meio de vida resulta de estar a cargo da família ; 34 - % de população residente com 12 ou mais anos cujo principal meio de vida são as pensões; 35 - % de população residente com 12 ou mais anos cujo principal meio de vida provém de outrassituações; 36 - Taxa de analfabetismo; 37 - % de população com 12 e mais anos que concluiu o nível de ensino básico; 38 - % de população com 18 e mais anos que concluiu o nível de ensino secundário; 39 - % de população com 25 e mais anos que concluiu o nível de ensino médio ou superior; Continua

A metodologia utilizada assenta fundamentalmente no modelo em factores comuns e residuais (Gomes, 1987), onde cada factor representa a combinação linear de variância máxima de um cluster de variáveis particularmente correlacionadas, previamente identificado através de um algoritmo de classificação automática. Neste modelo os factores não são ortogonais pelo que as soluções são directamente interpretáveis sem o recurso às rotações dos eixos. Por outro lado, a matriz dos factores conduziu naturalmente à hierarquização dos concelhos da região do Norte. O modelo a cinco factores é considerado o mais aderente à estrutura inicial dos dados. Factores e Percentagem de Inércia Associada Factores % de Inércia Factor 1 86,34 Factor 2 79,51 Factor 3 34,17 Factor 4 97,47 Factor 5 98,15 Este quadro apresenta a percentagem de inércia associada, separadamente, a cada um dos factores do modelo, isto é, a percentagem de inércia da primeira componente principal relativa a cada subgrupo de variáveis previamente identificado. Pelas variáveis que concorrem para a sua definição, designamos os cinco factores por: Factor 1 - - que destaca os concelhos onde predominam o sector terciário, os níveis de qualificação secundário e médio/superior, as profissões tipo 1 e 2 e os Quadros. Mapa I:

Factor 2 - Económico de - que opõe os concelhos onde predomina o sector secundário, o trabalho como principal meio de vida e onde as taxas de actividade são mais elevadas, aos concelhos com maior peso do grupo etário dos 65 e mais anos e em que as pensões constituem o principal meio de vida. Mapa II: Económico de Factor 3 - Demográfica - destaca os concelhos com maior peso de população pertencente aos grupos etários: menores de 15 anos e dos 15 aos 24 anos e onde a dimensão média das famílias é maior. Mapa III: Demográfica

Factor 4 - Ruralidade - destaca os concelhos em que se verifica o predomínio relativo do sector primário no conjunto das actividades desenvolvidas pela população residente. Mapa IV: Ruralidade Factor 5 - - destaca os concelhos com maior população residente, maior número de edifícios, alojamentos e famílias. Mapa V:

Uma Região Diferenciada Os factores de cariz qualitativo, resultantes de um processo de síntese de dados quantitativos, permitem uma abordagem múltipla da região e dos seus subespaços que origina necessariamente um conjunto de interrogações à actual tendência de organização/desorganização de um espaço regional em que as intervenções dos diferentes agentes não podem deixar de ter em conta estratégias de reforço dos laços territoriais já visíveis ou que se desenham aos vários níveis de desagregação espacial. Verifica-se, assim, uma dicotomia litoral/ interior, de contornos variáveis, que se manifesta claramente face a factores como os que designamos por ruralidade e dinamismo económico de base industrial. Também o factor vitalidade demográfica permite observar a oposição entre algumas regiões mais dinâmicas do ponto de vista demográfico, não deixando de verificar-se, também aqui, a oposição litoral/interior. O comportamento excêntrico do Porto e alguns concelhos envolventes (Maia, Matosinhos, Vila Nova de Gaia, Gondomar e Espinho) resulta de processos demográficos diferenciados: enquanto o Porto envelhece devido à diminuição da sua população residente que se desloca para concelhos limítrofes, estes, com um forte crescimento efectivo na última década, vêem a sua vitalidade reduzir-se relativamente a outros subespaços devido à menor importância do crescimento natural. Em termos genéricos, é certo que a síntese que conduziu à formação destes três factores e à respectiva expressão territorial, ratifica a imagem que se tem da região, sublinhada pelo facto de se situarem no litoral os concelhos de maior dimensão populacional e que por essa via detêm condições primárias de viabilização de processos de desenvolvimento mais sólidos. Será, então, legítimo pensar que estamos na presença de uma região, que face àqueles atributos, se decompõe em dois sub-espaços homogéneos irreversíveis? Ou estaremos perante um processo de expansão das dinâmicas do litoral para o interior com uma capacidade de internalização variável por parte dos concelhos do interior, em que se verifica, nomeadamente nalguns deles, um nível já assinalável na qualificação dos recursos humanos? Esta última questão prende-se com a expressão no espaço da região do factor excelência que releva para primeiro plano um conjunto de concelhos que, individualmente ou em contínuo espacial, se constituem - em resultado de processos autónomos ou induzidos - como centros reais ou potenciais de dinamização e estruturação do território da região. Trata-se de concelhos como Viana do Castelo, Caminha e Valença (no Minho- Lima), Braga (no Cávado), Póvoa de Varzim, Matosinhos, Maia, Valongo, Porto, Gondomar, Vila Nova de Gaia e Espinho (no Grande Porto), Vila Real, Peso da Régua e Lamego (no Douro), Chaves, Mirandela e Bragança (no AltoTrás-os- Montes). Ainda ao nível de uma abordagem global da região é de destacar o posicionamento intermédio dos concelhos de Vila Real, Peso da Régua e Lamego que se assumem como zona de transição entre os comportamentos dos concelhos do litoral e os do interior e, por esse facto, tendem a funcionar, dada também a sua centralidade geográfica, como veículo privilegiado de valorização, estruturação e difusão de novas formas e processos de competitividade do território envolvente, quer estes sejam complementares, quer concorrentes à tradicional predominância do Grande Porto. Pontos Fortes e Pontos Fracos de Cada Subregião Minho - Lima Económico de Arcos de Valdevez 67 75 64 10 28 Caminha 18 32 58 51 48 Melgaço 56 72 84 13 57 Monção 49 44 75 21 36 Paredes de Coura 74 58 67 12 63 Ponte da Barca 60 45 49 19 55 Ponte de Lima 69 34 28 37 25 Valença 19 36 60 52 52 Viana do Castelo 13 26 46 64 11 Vila Nova de Cerveira 25 37 62 47 70 A maioria dos concelhos que constituem o Minho-Lima revelam, nos cinco factores considerados, características de interioridade que se manifestam no envelhecimento da população (com níveis idênticos aos observados no Alto Trásos-Montes), e consequente perda de vitalidade demográfica, e na predominância das actividades do sector primário como ocupação mais frequente da população activa residente. Apesar deste cenário alguns concelhos contrariam esta imagem da subregião. De forma mais permanente destaca-se Viana do Castelo - como polo de referência da subregião e da região do Norte - mas também Caminha, Valença e Vila Nova de Cerveira parecem denunciar alguma diferenciação face à imagem de interioridade da subregião do Minho-Lima em resultado de uma estrutura produtiva de pendor mais terciário - a que não é estranha a progressiva dinamização do relacionamento com os concelhos vizinhos, de Espanha, assente na actividade comercial - e também da importância já assumida pelos níveis de ensino secundário e médio/superior na estrutura de qualificação das populações.

Decorre desta análise a configuração de um contínuo espacial composto por Viana do Castelo, Caminha, Vila Nova de Cerveira e Valença que constituem um arco de competitividade real ou potencial na estruturação, quer da subregião onde se inserem, quer da região do Norte, quer ainda desta com os territórios fronteiros da Galiza. Cávado Económico de Amares 45 30 23 55 51 Barcelos 61 15 6 62 9 Braga 2 16 31 71 6 Esposende 43 21 19 54 32 Terras de Bouro 28 55 32 40 75 Vila Verde 64 35 26 49 24 A subregião do Cávado representa um dos sub-espaços da região do Norte com maior vitalidade demográfica (conjuntamente com o Tâmega, Ave e Entre Douro e Vouga). Se face a este atributo estamos perante um espaço homogéneo, o mesmo não se verifica na expressão territorial dos restantes factores em que se manifesta a oposição entre os concelhos mais rurais (Vila Verde, Amares, Terras do Bouro) e os que apresentam um maior dinamismo económico de base industrial (Barcelos e Braga). Esposende é a excepção verificando-se uma convivência destas duas actividades no interior do concelho, sem o predomínio de qualquer delas. Da síntese dos factores considerados emerge o concelho de Braga como centro de excelência que ultrapassa este nível sub-regional: 2º concelho em termos de excelência, 16º em dinamismo económico de base industrial, 31º na vitalidade demográfica, 6º em termos de dimensão populacional. Ave Económico de Fafe 50 22 22 63 22 Guimarães 33 4 7 73 4 Póvoa de Lanhoso 57 29 17 56 41 Santo Tirso 39 2 18 74 10 Vieira do Minho 44 52 36 44 54 Vila Nova de Famalicão 38 5 10 72 8 Os seis concelhos que integram o Ave constituem um dos sub-espaços mais homogéneos da região do Norte. A excepção é dada pelo comportamento de Vieira do Minho. Assim, os concelhos de Fafe, Guimarães, Póvoa de Lanhoso, Santo Tirso e Vila Nova de Famalicão formam um contínuo espacial de contornos similares, decorrentes do seu posicionamento face aos atributos em análise. Dos elementos mais marcantes da caracterização deste subespaço regional - para além de se tratar de uma das subregiões com maior proporção de jovens na população total - ressaltam dois aspectos de sinal contrário. Por um lado o forte dinamismo económico assente em elevadas taxas de actividade, o trabalho como principal meio de vida e a importância das actividades do sector secundário pouco exigentes em termos de qualificação dos recursos humanos. Por outro lado o débil posicionamento daqueles concelhos face a atributos que podem ser considerados como envolventes ou inerentes à esfera produtiva, como sejam o nível de qualificação da população da subregião e dos seus activos em particular. Esta situação, particularmente preocupante, coloca a questão da longevidade de um processo de desenvolvimento baseado em actividades pouco exigentes em termos da qualificação de quem as executa. Grande Porto Económico de Espinho 6 19 52 79 31 Gondomar 9 17 39 81 5 Maia 10 8 38 80 12 Matosinhos 5 13 44 76 3 Porto 1 31 59 83 1 Póvoa de Varzim 17 23 30 61 20 Valongo 11 11 33 82 13 Vila do Conde 29 14 13 66 16 Vila Nova de Gaia 7 18 41 78 2 A subregião do Grande Porto, pela dinâmica que lhe é conhecida, comporta-se como um espaço relativamente homogéneo cuja competitividade face a outros territórios é manifesta a este nível de análise. Apesar do envelhecimento da sua população residente, concentra um conjunto de actividades maioritariamente inseridas no sector terciário e relativamente exigentes do ponto de vista da formação/qualificação da população que as desenvolve. Esta situação permite caracterizar o Grande Porto como um espaço de excelência que supre, através de um conjunto de serviços residentes, as necessidades internas e de espaços envolventes extremamente dinâmicos em diferentes ramos da indústria, mas que ainda não foram capazes (défice de qualificação?) de incorporar nas suas actividades e no seu território serviços complementares indispensáveis à valorização e prossecução consistente da sua produção específica. Estes atributos, aliados à sua dimensão populacional, conferem à subregião do Grande Porto um posicionamento único no contexto regional e supra regional que apesar da perda de dinamismo demográfico, não encontra ainda espaços verdadeiramente concorrentes no interior da região do Norte.

Tâmega Económico de Amarante 32 27 11 60 18 Baião 75 46 12 46 38 Cabeceiras de Basto 47 53 25 36 49 Castelo de Paiva 66 28 9 58 59 Celorico de Basto 68 42 14 26 43 Cinfães 80 40 21 38 37 Felgueiras 78 10 3 67 23 Lousada 81 3 1 68 30 Marco de Canaveses 70 24 8 59 26 Mondim de Basto 52 47 20 34 79 Paços de Ferreira 73 1 4 75 29 Paredes 55 12 2 69 15 Penafiel 42 20 5 65 17 Resende 76 76 27 11 53 Ribeira de Pena 72 81 40 7 76 A subregião do Tâmega composta por 15 concelhos reflecte, de algum modo e a determinados níveis de análise, um comportamento heterogéneo em resultado da sua dimensão. É uma das sub-regiões mais jovens da região do Norte - apesar de entre as mais jovens ser também a que apresenta um crescimento migratório intercensitário mais desfavorável. Com uma dinâmica económica assente numa base industrial assinalável, sobretudo nos concelhos fronteira do Grande Porto e Ave, apresenta limitações semelhantes às apontadas para a subregião do Ave: níveis de qualificação da população residente pouco significativos para a dinâmica industrial que revela, bem como um sector de serviços incipiente, revelando uma estrutura produtiva pouco exigente do ponto de vista da qualificação da mão-de-obra. Estes aspectos tornam-se relevantes pela constatação da posição antípoda de alguns concelhos do Tâmega face a factores como Económico de e. A heterogeneidade desta subregião manifesta-se claramente na repartição dos respectivos concelhos em dois grupos distintos quando são tidos em conta atributos mais ligados à actividade económica desenvolvida pela sua população. De um lado os concelhos mais dinâmicos e mais industriais (Paços de Ferreira, Lousada, Felgueiras, Paredes, Penafiel, Marco de Canavezes, Amarante e Castelo de Paiva), do outro os mais rurais, na fronteira com o Douro e com Alto Trásos-Montes (Baião, Cinfães, Resende, Cabeceiras de Basto, Celorico de Basto, Mondim de Basto e Ribeira de Pena). Entre Douro e Vouga Económico de Arouca 63 33 15 43 42 Feira 40 7 24 77 7 Oliveira de Az eméis 31 9 34 70 14 S. João da Madeira 8 6 50 84 61 Vale de Cambra 37 25 37 53 39 É a menor subregião da região do Norte, em número de concelhos, representando a quarta subregião com maior vitalidade demográfica depois do Ave, Tâmega e Cávado. Constitui um sub-espaço que, de algum modo, reflecte a convivência entre uma dinâmica económica de base industrial e a pouca qualificação dos recursos humanos, mas com uma discrepância menos acentuada do que a observada no Tâmega. Deste conjunto de concelhos emerge S.João da Madeira que se projecta pela conciliação de um bom posicionamento face a factores como e Económico de Base Industrial e por esta via constitui um núcleo polarizador da subregião. Douro Económico de A subregião do Douro é um espaço essencialmente rural, inexpressivo do ponto de vista das actividades inseridas no sector secundário, envelhecido - sobretudo nos concelhos mais orientais - mas apresentando algum esforço ao nível da qualificação da respectiva população residente. Nesta subregião emergem três concelhos: Vila Real, Peso da Régua e Lamego, cujo comportamento corresponde ao de zona de transição entre o litoral e o interior, onde se alicerçam um conjunto de condições, nomeadamente relativas à presença de um terciário de apoio à actividade económica e de níveis de qualificação da população, que constituem uma base de potenciamento e de progressiva autonomia na sustentação da competitividade deste território e de um efeito motor sobre um espaço marcadamente rural (embora com uma especificidade associada à produção de um produto único ao nível nacional e internacional). Alto Trás-os-Montes Económico de Alijó 36 70 54 16 47 Armamar 77 65 42 8 73 Carrazeda de Ansiães 65 82 68 9 64 Freixo de Espada à Cinta 34 68 78 24 82 Lamego 14 43 35 48 33 Mesão Frio 46 60 16 39 83 Moimenta da Beira 30 57 56 30 58 Penedono 53 73 70 14 84 Peso da Régua 15 39 43 45 46 Sabrosa 51 77 45 15 74 S. Marta de Penaguião 62 61 47 18 69 S. João da Pesqueira 83 54 51 4 66 Sernancelhe 71 59 57 6 77 Tabuaço 59 50 48 20 78 Tarouca 54 41 29 27 68 Torre de Moncorvo 24 80 83 25 50 Vila Nova de Foz Côa 22 78 80 33 62 Vila Flor 35 48 73 28 67 Vila Real 4 38 53 57 21 Alfândega da Fé 27 71 72 23 81 Boticas 84 66 65 1 71 Bragança 3 49 74 50 27 Chaves 12 51 71 42 19 Macedo de Cavaleiros 21 63 61 32 40 Miranda do Douro 20 64 81 35 65 Mirandela 16 56 69 41 34 Mogadouro 26 74 77 22 60 Montalegre 58 79 76 5 44 Murça 41 69 63 17 80 Valpaços 82 67 66 2 35 Vila Pouca de Aguiar 48 62 55 31 45 Vimioso 23 83 79 29 72 Vinhais 79 84 82 3 56

A subregião do Alto Trás-os-Montes, como a do Douro ou mesmo do Minho-Lima, tem características eminentemente rurais - decorrentes da actividade prosseguida pela sua população - e de perda de vitalidade demográfica em resultado do envelhecimento da população residente - é a subregião mais envelhecida da região do Norte. Desta paisagem, rural e envelhecida, emergem três concelhos com características distintas dos restantes (Bragança, Mirandela e Chaves), essencialmente no que se refere ao respectivo comportamento face ao factor. É de sublinhar, neste comportamento, a importância que assume a qualificação dos recursos humanos, quer do ponto de vista das profissões exercidas, quer do nível de ensino formal atingido e concluído. Verifica-se, nos três concelhos referidos, uma situação idêntica à observada para alguns concelhos do Douro - Vila Real, Peso da Régua e Lamego - que se traduz numa não correspondência imediata entre os níveis de qualificação da população residente e o dinamismo económico da subregião - rural e envelhecida - em que aqueles concelhos representam centros de referência para um desenvolvimento futuro. E no entanto, estas condições primárias podem gorar-se se não houver, por parte dos agentes económicos, uma resposta - endógena ou induzida do exterior - assente na diversificação do tecido produtivo da subregião. Região Norte Económico de Anexo Arcos de Valdevez 67 75 64 10 28 Caminha 18 32 58 51 48 Melgaço 56 72 84 13 57 Monção 49 44 75 21 36 Paredes de Coura 74 58 67 12 63 Ponte da Barca 60 45 49 19 55 Ponte de Lima 69 34 28 37 25 Valença 19 36 60 52 52 Viana do Castelo 13 26 46 64 11 Vila Nova de Cerveira 25 37 62 47 70 Amares 45 30 23 55 51 Barcelos 61 15 6 62 9 Braga 2 16 31 71 6 Esposende 43 21 19 54 32 Terras de Bouro 28 55 32 40 75 Vila Verde 64 35 26 49 24 Fafe 50 22 22 63 22 Guimarães 33 4 7 73 4 Póvoa de Lanhoso 57 29 17 56 41 Santo Tirso 39 2 18 74 10 Vieira do Minho 44 52 36 44 54 Vila Nova de Famalicão 38 5 10 72 8 Espinho 6 19 52 79 31 Gondomar 9 17 39 81 5 Maia 10 8 38 80 12 Matosinhos 5 13 44 76 3 Porto 1 31 59 83 1 Póvoa de Varzim 17 23 30 61 20 Valongo 11 11 33 82 13 Vila do Conde 29 14 13 66 16 Vila Nova de Gaia 7 18 41 78 2 Amarante 32 27 11 60 18 Baião 75 46 12 46 38 Cabeceiras de Basto 47 53 25 36 49 Castelo de Paiva 66 28 9 58 59 Celorico de Basto 68 42 14 26 43 Cinfães 80 40 21 38 37 Felgueiras 78 10 3 67 23 Lousada 81 3 1 68 30 Marco de Canaveses 70 24 8 59 26 Mondim de Basto 52 47 20 34 79 Paços de Ferreira 73 1 4 75 29 Paredes 55 12 2 69 15 Penafiel 42 20 5 65 17 Resende 76 76 27 11 53 Ribeira de Pena 72 81 40 7 76 Continua

Continuação Região Norte Económico de Arouca 63 33 15 43 42 Feira 40 7 24 77 7 Oliveira de Azeméis 31 9 34 70 14 S. João da Madeira 8 6 50 84 61 Vale de Cambra 37 25 37 53 39 Alijó 36 70 54 16 47 Armamar 77 65 42 8 73 Carrazeda de Ansiães 65 82 68 9 64 Freixo de Espada à Cinta 34 68 78 24 82 Lamego 14 43 35 48 33 Mesão Frio 46 60 16 39 83 Moimenta da Beira 30 57 56 30 58 Penedono 53 73 70 14 84 Peso da Régua 15 39 43 45 46 Sabrosa 51 77 45 15 74 S. Marta de Penaguião 62 61 47 18 69 S. João da Pesqueira 83 54 51 4 66 Sernancelhe 71 59 57 6 77 Tabuaço 59 50 48 20 78 Tarouca 54 41 29 27 68 Torre de Moncorvo 24 80 83 25 50 Vila Nova de Foz Côa 22 78 80 33 62 Vila Flor 35 48 73 28 67 Vila Real 4 38 53 57 21 Alfândega da Fé 27 71 72 23 81 Boticas 84 66 65 1 71 Bragança 3 49 74 50 27 Chaves 12 51 71 42 19 Macedo de Cavaleiros 21 63 61 32 40 Miranda do Douro 20 64 81 35 65 Mirandela 16 56 69 41 34 Mogadouro 26 74 77 22 60 Montalegre 58 79 76 5 44 Murça 41 69 63 17 80 Valpaços 82 67 66 2 35 Vila Pouca de Aguiar 48 62 55 31 45 Vimioso 23 83 79 29 72 Vinhais 79 84 82 3 56