Revista Brasileira de Geografia Física

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¹ Estudante de Geografia na Universidade Estadual de Campinas (Unicamp), estagiária na Embrapa Informática Agropecuária (Campinas, SP).

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Transcrição:

Revista Brasileira de Geografia Física Homepage: www.ufpe.br/rbgfe ISSN:1984-2295 Quantificação da severidade das queimadas e da perda de sequestro florestal de carbono em unidades de conservação do Distrito Federal¹ Débora Teobaldo², Gustavo Macedo de Mello Baptista³ 1 Trabalho de Conclusão de Curso, defendida pelo primeiro e orientada pelo segundo autor, no âmbito do Curso de Ciências Ambientais na Universidade de Brasília. ²Acadêmica em Ciências Ambientais na Universidade de Brasília; Autor correspondente: E-mail: deborateobaldo@gmail.com ³Geógrafo, Professor Adjunto III; Instituto de Geociências e Centro de Estudos Avançados Multidisciplinares; Universidade de Brasília UnB; E-mail: gmbaptista@unb.br Artigo recebido em 19/03/2015 e aceito em 28/12/2015 R E S U M O O objetivo desse trabalho foi avaliar o grau de severidade das queimadas e da perda do sequestro de carbono nas principais Unidades de Conservação do Distrito Federal nos anos de 2010 e 2011. Para determinar o grau de severidade utilizou-se índices espectrais antes e depois da queimada, como o índice de queimada por razão normalizada (NBR) e o índice relativo diferenciado de queimada por razão normalizada (RdNBR). O sequestro de carbono perdido pela queimada foi comparado antes, depois da queimada e na rebrota pelo índice espectral CO2flux. A relação entre a severidade e o sequestro de carbono também foi determinada por meio das imagens de pré-fogo, pós-fogo e da rebrota e a comparação temporal do CO2flux. As regressões obtidas para o ano de 2010 foram bastante de acordo com o esperado, com baixa relação antes da queimada, alta após, e menor na rebrota. Já para 2011, como ocorreram queimadas ao longo de todo o período, não foi possível verificar relações favoráveis. Palavras-chave: Biomassa, severidade de queimada, RdNBR, sequestro de carbono, CO2flux. Measurement of severity of fires and loss of carbon forest sink in the conservation units at Distrito Federal A B S T R A C T The aim of this study was to assess the burn severity and carbon sink in the Conservation Units at Distrito Federal in the 2010 and 2011. For the burn severity index was used to quantify biomass before and after burning, such as a Normalized Burn Ratio - NBR and relative differenced Normalized Burn Ratio - RdNBR indices. Carbon sink lost by the burning was compared before and after fire by regrowth CO2flux spectral index. The relationship between the burn severity and carbon sink were also made by means the pre, post-fire and regrowth images, and temporal comparison of CO2flux. The regressions obtained for the 2010 were largely in agreement with expectations, with a low pre-fire, after high and low in regrowth. Already in 2011, as fires occurred throughout the period, it was not possible to verify favorable relationships. Keywords: Biomass, burn severity, RdNBR, carbon sink, CO2flux. Introdução O Cerrado brasileiro sofre degradação anual devido às queimadas, principalmente por estar inserido num contexto climático que se apresenta com sazonalidade bem marcada e pela existência de um período de inverno, no qual a umidade relativa do ar chega em níveis críticos. Associado à baixa umidade, a falta de chuva aumenta a energia de ativação da combustão espontânea (Nepstad et al., 1999). O Distrito Federal é um representante desse bioma e possui porções generosas desse tipo de vegetação em suas unidades de conservação (Unesco, 2002). Não existe consenso na literatura sobre as consequências do fogo no cerrado. Alguns autores salientam que o fogo pode estimular a rebrota de sementes antes adormecidas, ajudando-as na germinação por meio da quebra de sua dormência (Palermo e Miranda, 2012). Ele é um dos instrumentos mais antigos destinado à limpeza de terrenos para o cultivo, para a renovação de pastagens e para o preparo de novas áreas para atividades agropecuárias (Abreu de Sá et al., Teobaldo, D.; Baptista, G.M.M. 250

2007). De acordo com a RESOLUÇÃO CONAMA nº 11, de 14 de dezembro de 1988, que dispõe sobre as queimadas de manejo nas Unidades de Conservação, esses tipos de queimadas são autorizados por órgãos ambientais, desde que haja controle e manejo do fogo para que ele não ultrapasse os limites estipulados para a queimada (BRASIL, 1988). Se acontecerem queimadas naturais, ou seja, aquelas que ocorrem na vegetação por necessidade de renovação da mesma, mas sem intervenção humana, ocorre uma fase de imigração da vegetação para a área afetada ocorrendo assim um equilíbrio no qual não há extinção, nem mortalidade, e após essa fase, ele sugere que se deva proteger o local para que ele continue em pleno vigor e equilíbrio (Fiedler et al., 2004). Os incêndios florestais afetam diretamente a vida dos animais silvestres, pois antes das queimadas, os animais tinham um território, após elas, eles se vêm obrigados a buscar outro local que normalmente já se encontra ocupado por outros animais e que podem ser predadores ou competidores, pois seu ambiente natural enfrenta escassez de alimento (Leite, 2007). Por essa visão, os incêndios prejudicam o bioma, ocasionando fatores negativos como a degradação do ambiente, esgotamento das terras, erosão, a perda de biodiversidade, entre outros. As queimadas podem ser detectadas por dados obtidos por satélites, como focos de calor sobre a superfície terrestre. Além disso, as áreas que foram afetadas apresentam resposta espectral específica que pode ser monitorada por dados de sensoriamento remoto. Partindo-se dessa premissa, vários autores propuseram índices espectrais que são utilizados para avaliar o grau de severidade das queimadas, dentre eles encontramse os índices de queimada por razão normalizada (Normalized Burn Ratio - NBR), desenvolvido por Key e Benson (2006), índice diferenciado de queimada por razão normalizada (differenced Normalized Burn Ratio - dnbr)(roy et al., 2006), índice relativo diferenciado de queimada por razão normalizada (Relative Differenced Normalized Burn Ratio - RdNBR) (Miller e Thode, 2007). Em estudos de clima urbano é muito comum a busca da correlação entre o aumento de temperatura com as concentrações de dióxido de carbono decorrentes dos fluxos de veículos (Baptista, 2004). Outros buscam a importância da vegetação para o sequestro de carbono, visto que a queimada é um processo de liberação do gás carbônico (Baptista, 2010; Teobaldo, 2013; Lopes da Silva e Baptista, 2015). A quantificação do CO 2 sequestrado pela biomassa pode ser Investigada por meio do índice CO 2flux (Rahman et al., 2000, Baptista, 2004). O presente estudo tem como pergunta de pesquisa se é possível avaliar os impactos decorrentes do grau de severidade de queimadas sobre o sequestro florestal de carbono utilizando dados de sensoriamento remoto orbital. Além disso, é possível investigar a eficiência do processo de rebrota das áreas queimadas, alterando o índice espectral RdNBR. Para tal, este estudo objetivou avaliar quanto de sequestro florestal de carbono se perde em queimadas no bioma Cerrado e sua relação com o grau de severidade dos incêndios florestais, bem como sua rebrota, ocorridos no Distrito Federal que afetaram as Unidades de Conservação (UC) do Parque Nacional de Brasília (PARNA Brasília) e da Estação Ecológica de Águas Emendadas (ESEC-AE) no ano de 2010, e da Floresta Nacional (FLONA) e da Estação Ecológica do Jardim Botânico (ESEC-JB), no ano de 2011, por meio dos índices espectrais supracitados. Devido ao grande número de eventos de queimadas nas Unidades de Conservação no Distrito Federal houve o interesse de avaliar a capacidade de rebrota dessas áreas por meio da análise multitemporal das imagens de satélites obtidas logo após o evento do fogo e outra mais recente. Material e métodos O critério para escolha das imagens baseou-se nas dimensões das áreas afetadas por queimadas no Distrito Federal. Para tal, adotaramse cenas do sensor Thematic Mapper 5 do Landsat para os anos de 2010 e 2011. Para o anos de ano de 2010 as cenas escolhidas do foram as de 07 de setembro (anterior à queimada, chamada neste trabalho de pré-fogo), 23 de setembro (obtida logo após a queimada ou pós-fogo) e de 9 de outubro (obtida para verificação da recomposição da vegetação, chamada aqui de rebrota). As maiores áreas queimadas em UCs no ano de 2010 foram o Parque Nacional de Brasília (PARNA Brasília) e a Estação Ecológica das Águas Emendadas (ESEC- AE). Já para o ano de 2011 foram selecionadas as cenas das datas de 25 de agosto (pré-fogo), 10 de setembro (pós-fogo) e 28 de outubro (rebrota). As maiores áreas queimadas em UCs em 2011 foram a Floresta Nacional de Brasília (FLONA) e a Estação Ecológica do Jardim Botânico (ESEC- JB) (Figura 1). Teobaldo, D.; Baptista, G.M.M. 251

Figura 1: Composição colorida R3G2B1 de 6 de abril de 1989 do Landsat TM 5 do DF, destacando as UCs investigadas no estudo. No presente estudo utilizou-se o software ENVI 4.8. Para a etapa de georreferenciamento e registro, pelo método imagem-imagem, das cenas de 2010 e 2011, utilizou-se inicialmente a cena datada de 06 de abril de 1989, georreferenciada e ortorretificada, disponível no site Global Land Cover Facility da Universidade de Maryland (http://glcf.umiacs.umd.edu/) (Figura 1). Visando corrigir os efeitos de espalhamento e absorção dos componentes atmosféricos e transformar os dados de radiância em reflectância de superfície utilizou-se o método empírico QUAC (QUick Atmospheric Correction) que, ao contrário dos métodos baseados em modelos de transferência radiativa, é implementado a partir de parametros obtidos diretamente da cena, sem informações auxiliares. Para delimitação das áreas das UCs estudadas foram elaboradas máscaras comos polígonos dos contornos das mesmas disponíveis em formato shape. Índices Espectrais O índice selecionado para avaliar o grau de severidade das queimadas foi o índice relativo diferenciado de queimada por razão normalizada (RdNBR) (Miller e Thode, 2007) e sua escolha baseou-se no estudo de Teobaldo (2013) no qual os autores mostraram que, quando comparado ao dnbr (ROY et al., 2006), o RdNBR é mais eficiente para medir a biomassa queimada em diferentes fitofisionomias e que o dnbr subestima algumas classes, superestima outras e até omite classes que apresentam graus menores de severidade. Para estudar o comportamento do sequestro florestal de carbono perdido pelas queimadas, o índice escolhido foi o CO 2flux (Rahman et al., 2000). Severidade de Queimadas Índice Relativo Diferenciado de Queimada por Razão Normalizada RdNBR O RdNBR, proposto por Miller e Thode (2007), é um índice que relativiza o tipo de vegetação e a densidade da vegetação onde ocorreu a queimada. Baseado no NBR (Key e Benson, 2006) (Equação 1), esse índice permite, por exemplo, investigar os elevados graus de severidade em áreas onde ocorrem menos indivíduos vegetais por área, e essas mesmas áreas, quando submetidos ao dnbr (Índice Diferenciado de Queimada por Razão Normalizada - Roy et al., 2006) (Equação 2), apresentam classificação subestimada, o que levou à necessidade de se relativizar esse índice pela raiz quadrada dos valores absolutos do NBR pré-fogo divido por 1000, como apresentado na equação 3. Teobaldo, D.; Baptista, G.M.M. 252

R4 R7 NBR 1000 (1) R4 + R 7 Onde R4 é equivalente à reflectância relativa à banda 4 do Landsat TM 5 e, R7 é equivalente à reflectância relativa a banda 7 do Landsat TM5. dnbr NBR pré NBR (2) fogo pós fogo NBR pré fogo NBRpós fogo RdNBR (3) NBR pré fogo ABS 1000 O presente estudo faz a proposição de se alterar o RdNBR, proposto por Miller e Thode (2007) visando verificar a eficiência da rebrota da vegetação das áreas queimadas das Unidades de Conservação de tal forma que relativizasse e quantificasse melhor a rebrota das áreas impactadas após a queimada. O RdNBR Rebrota é apresentado na equação 4. NBR pós fogo NBRrebrota RdNBR Rebrota (4) NBR pós fogo ABS 1000 Sequestro de Carbono Índice CO 2flux O CO 2flux (RAHMAN et al., 2000) é um índice que mede o sequestro florestal de carbono pela vegetação fotossinteticamente ativa. Ele é obtido por meio da integração dos índices de vegetação NDVI (Normalized Difference Vegetation Index - Índice de Vegetação por Diferença Normalizada- Rouse et al., 1973), que verifica o vigor da vegetação fotossinteticamente ativa (Equação 5) e do PRI (Photochemical Reflectance Index Índice de Reflectância Fotoquímica Gamon et al., 1997) que mede o uso eficiente da luz na fotossíntese (Equação 6). R4 R3 NDVI (5) R4 + R3 Onde R 4 corresponde à reflectância relativa à banda 4 do Landsat TM 5 e, R 3, reflectância relativa à banda 3do Landsat TM5. PRI R R R + R 1 2 1 2 (6) Onde R 1 e R 2 correspondem às reflectâncias relativas às bandas 1 e 2 do Landsat TM 5. Entretanto, para a determinação do CO 2flux, o índice PRI (equação 6) necessita de um reescalonamento para valores positivos e, para tal, adotou-se o índice spri (Scaled Photochemical Reflectance Index) que é apresentado na equação 7. 1 spri PRI (7) 2 Finalmente, para implementar o CO 2flux (equação 8)é preciso multiplicar o índice NDVI pelo spri. E por meio desse índice, pode se estimar quanto de gás carbônico está sendo sequestrado pelas plantas. CO2 flux NDVI spri (8) Determinação da Relação entre Severidade e Sequestro Para a determinação da correlação entre severidade de queimada e sequestro de carbono realizou-se um transecto para a determinação do CO 2flux antes, depois e na rebrota, em cada uma das Unidades de Conservação. Os mesmos transectos também foram traçados sob as imagens RdNBR visando contemplar tanto as áreas queimadas como as não queimadas para melhor visualização do comportamento fotossintético dessas áreas. Para avaliar o comportamento do sequestro de carbono nas áreas queimadas separaram-se as partes do transecto referentes a cada tipo de severidade no pré e no pós-fogo e na rebrota. E posteriormente, avaliou-se a relação entre as variáveis por meio de regressão não linear obtida para cada UC estudada para os momentos de pré e pós-fogo e da rebrota separadamente. Resultados e discussão Fatiamento do Sequestro de Carbono pela Severidade de Queimada Para avaliar o comportamento do sequestro de carbono em função do grau de severidade das queimadas foram adotados transectos passando pelas áreas queimadas. Esses transectos foram utilizados para obter os valores, pixel a pixel, do CO 2flux antes, depois e na rebrota (Figura 2). Teobaldo, D.; Baptista, G.M.M. 253

a) b) c) d) Figura 2: Transectos das Unidades de Conservação do PARNA Brasília (a), da ESEC-AE (b), da FLONA (c) e do ESEC-JB (d). Destaca-se que as áreas queimadas nas figuras são apresentadas como área claras e as não queimadas, escuras, ou seja, as áreas fotossinteticamente ativas são visualizadas pelos tons de cinza mais escuros. As áreas vegetadas possuem o CO 2flux alto devido as plantas reterem mais gás carbônico, já as áreas queimadas possuem o CO 2flux baixo por liberarem o gás carbônico e por perderem parte da vegetação pela queimada. Baixa severidade Os transectos de CO 2flux obtidos nas áreas consideradas de baixa severidade das UCs (Figura 3), ESEC-AE, FLONA e ESEC-JB, demonstram o sequestro florestal de carbono do pós-fogo menor que o CO 2flux do pré-fogo, o que já era esperado devido à perda de vegetação que sequestra carbono após a queimada (Castro-Neves, 2007). Apenas a rebrota na FLONA apresentou, ao longo do transecto, valor maior que antes da queimada. Isso se explica pelo fato de antes da queimada ocorrer pontos de maior sequestro e de menores. Após a queimada e com a possibilidade de rebrota, há uma tendência de nivelamento do sequestro, homogeneizando inicialmente as áreas (Armando, 1994; Durigan e Ratter, 2006). Salienta-se, ainda, que em todos os gráficos o sequestro florestal de carbono da rebrota é maior que o verificado nas áreas após a queimadas, o que confirma a rebrota da vegetação e a eficiência do RdNBR para sua identificação como proposto pela equação 4. Teobaldo, D.; Baptista, G.M.M. 254

Figura 3: Transectos de CO 2flux nas áreas consideradas como de Baixa Severidade por meio do índice RdNBR nas Unidades de Conservação estudadas. Severidade Moderada Baixa Nos transectos referentes às áreas de severidade moderada baixa (Figura 4) visualiza-se o comportamento do sequestro florestal de carbono antes, após e na rebrota. O comportamento descrito anteriormente para a FLONA se verificou também nos pixels referentes ao grau de severidade moderada baixa na FLONA e na ESEC-AE. Há também em todos os gráficos pontos que o CO 2flux da rebrota é maior do que o CO 2flux do pós-fogo. De acordo com autores (Cirne, 1996; Maillard et al., 2011), a queimada de forma amena, ou seja, com uma intensidade fraca, tem um estimulo de motivação para ativação de nutrientes e de sementes adormecidas. Teobaldo, D.; Baptista, G.M.M. 255

Figura 4: Transectos de CO 2flux nas áreas consideradas como de Severidade Moderada Baixa por meio do índice RdNBR nas Unidades de Conservação estudadas. Severidade Moderada Alta Os gráficos da severidade moderada alta são apresentados na Figura 5. A FLONA continua apresentando o comportamento anteriormente descrito. Não se pode esquecer que a FLONA é diferente das demais UCs, pois ela se caracteriza como uma área de reflorestamento de eucaliptos enquanto que as demais apresentam as diferentes fitofisionomias do Cerrado. Algumas plantas dependem da queimada para reproduzir e outras a queimada atrapalha o processo de reprodução (Armando, 1994). Alta severidade Já nas áreas de alta severidade, os transectos de CO 2flux apresentados na Figura 6, também apresentaram pontos em que o sequestro florestal de carbono nos dados de rebrota foi maior do que os outros (CO 2flux pré e pós fogo), como pode ser verificado nos transectos referentes à FLONA e descritos anteriormente. E no PARNA Brasília foi observado um pixel em que o CO 2flux do pré coincide com o CO 2flux da rebrota. Visualiza-se que em todos os gráficos de alta severidade também os pixels com CO 2flux de rebrota maior que após o fogo. Teobaldo, D.; Baptista, G.M.M. 256

Figura 5: Transectos de CO 2flux nas áreas consideradas como de Severidade Moderada Alta por meio do índice RdNBR nas Unidades de Conservação estudadas. Teobaldo, D.; Baptista, G.M.M. 257

Figura 6: Transectos de CO 2flux nas áreas consideradas como de Alta Severidade por meio do índice RdNBR nas Unidades de Conservação estudadas. Regressão entre Severidade de Queimada e Sequestro de Carbono PARNA Brasília A figura 7 apresenta as regressões não lineares obtidas, bem como as funções ajustadas. O coeficiente de determinação (R²) que demonstra, nesse caso, o quanto a severidade da queimada (RdNBR) pode ser explicada pelo sequestro florestal de carbono (CO 2flux) no préfogo no PARNA Brasília é baixíssimo, o que denota que não há, nesse caso, antes da queimada, relação entre as variáveis. Isso ocorre devido à diversidade fitofisionômica do cerrado no PARNA Brasília, que apresentam, além do cerrado sensu stricto e da mata de galeria, as fitofisionomias de campo sujo e de campo, nas quais, nessa época de seca, a resposta espectral se mistura ao solo exposto. O sequestro de carbono nessas diversas fitofisionomias (Figura 8) é diferenciado, pois a cobertura arbórea da mata de galeria é maior que a do cerrado sensu stricto e consequentemente maior que a dos campos (Alvarenga e Carmo, 2006). A função inversa obtida explicita que o sequestro é menor nas áreas de maior severidade o que denota que a biomassa seca do estrato herbáceo que tem a água como limitante é a porção mais severamente queimada. Teobaldo, D.; Baptista, G.M.M. 258

Figura 7: Regressão entre os valores dos graus de severidade de queimada obtida pelo RdNBR (variável dependente) com o CO 2flux (variável independente) pré-fogo, pós-fogo e rebrota no PARNA Brasília. Figura 8: Composição colorida R5G4B3 com a imagem de data 07 de setembro de 2011 do Landsat TM5 que ressalta a diferença entre a diversidade fitofisionômica do Cerrado no PARNA Brasília. Teobaldo, D.; Baptista, G.M.M. 259

Já no pós-fogo, a regressão entre RdNBR com o CO 2flux apresenta um coeficiente de determinação elevado (R²=0,51) apresentando relação entre as variáveis. Isso ocorre porque o fogo, principalmente nessa época seca, torna toda a diversidade parecida devido ao poder devastador da queimada. Observa-se na figura 7 que a função ajustada apresenta uma tendência inversa entre as variáveis, o que denota que quanto maior o grau de severidade, menor tende a ser o sequestro logo após a queimada, pois durante a queimada liberase muito gás carbônico armazenado na planta (Castro-Neves, 2007). A relação obtida para a rebrota apresentou coeficiente de determinação menor que o pósfogo, mas a tendência obtida com a função ajustada é a mesma. Isso é explicado porque a rebrota acontece de forma irregular, devido as diferentes fitofisionomias do cerrado (Armando, 1994), assim o R² diminui em relação ao pós-fogo. A capacidade da rebrota das espécies herbáceas, mesmo na época seca, é mais alta, diferente das outras espécies do cerrado mais arbustivo e arbóreo (Cirne, 1996; Maillard et al., 2011) e essa irregularidade influencia tanto no CO 2flux, como no R 2. ESEC-AE Na ESEC-AE, a diversidade fitofisionômica não é tão grande, se comparado a do PARNA Brasília, o que minimiza o efeito do background de solo nos dados de CO 2flux préfogo. Isso explica o R² maior que o obtido no préfogo do PARNA Brasília. As funções obtidas foram não lineares e todas apresentam tendência de inversão entre as variáveis nos três momentos. Assim como na análise realizada para os gráficos do PARNA Brasília, a função mais bem ajustada foi a do pós-fogo e pode ser visualizada na figura 9. Figura 9: Regressão entre os valores dos graus de severidade de queimada obtida pelo RdNBR (variável dependente) com o CO2flux (variável independente) pré-fogo, pós-fogo e rebrota na ESEC-AE. FLONA Por meio da Figura 10 observa-se que na FLONA as regressões obtidas apresentaram valores baixíssimos em todos os momentos. Como salientado anteriormente, a FLONA, diferente de todas as UCs investigadas nesse estudo, apresenta Teobaldo, D.; Baptista, G.M.M. 260

uma vegetação arbórea típica de reflorestamento com eucaliptos. Antes de queimar as áreas normalmente apresentam baixos valores de R², mas, além da FLONA apresentar uma vegetação diferente das demais UCs, essa UC, assim como o ESEC-JB, apresentou novas áreas queimadas no período que seria considerado como de rebrota. ESEC-JB rebrota. Comparando os gráficos de dispersão das severidades (RdNBR) com o CO 2flux pré-fogo, pós-fogo e rebrota da unidade ESEC-JB (Figura 11), os valores de R 2 são todos muito parecidos e o seu valor é muito baixo e não denota relação entre as variáveis e isso pode ser explicado pela diversidade das espécies do cerrado (Alvarenga e Carmo, 2006), como já citado anteriormente. Assim como a FLONA, a ESEC-JB também teve uma nova queimada no período de Figura 10: Regressão entre os valores dos graus de severidade de queimada obtida pelo RdNBR (variável dependente) com o CO 2flux (variável independente) pré-fogo, pós-fogo e rebrota na FLONA. Teobaldo, D.; Baptista, G.M.M. 261

Figura 11: Regressão entre os valores dos graus de severidade de queimada obtida pelo RdNBR (variável dependente) com o CO 2flux (variável independente) pré-fogo, pós-fogo e rebrota na ESEC-JB. Conclusões O índice RdNBR mostrou-se bastante eficiente para medir a biomassa queimada em diferentes coberturas vegetais, independentemente de sua densidade e do grau de severidade da queimada, bem como para verificar a rebrota após a queimada. A correlação entre severidade e sequestro de carbono foi realizada por meio do RdNBR e do índice CO 2flux. Os resultados dessa relação foram satisfatórios para o ano de 2010, pois se observou nos gráficos o que já era esperado, isto é, que o sequestro de carbono é menor nas áreas com alta severidade, pois a biomassa seca do estrato herbáceo é maior nessas áreas. Visualizou-se que em todos os gráficos de cada severidade estudada (baixa, moderada baixa, moderada alta e alta) existem pixels que o CO 2flux da rebrota é maior que depois do fogo. Com isso, pode se concluir que o fogo não prejudica a rebrota no cerrado, isso se deve a alta taxa de rebrota de algumas espécies que precisam ser mais estudadas e identificadas. Essas espécies provavelmente são herbáceas que possuem o alto poder de rebrotar se comparando com as espécies do cerrado sensu stricto e da mata galeria que são espécie de maior porte. A queimada pode acarretar efeitos negativos na diversidade fitofisionômica do cerrado após o fogo, pois a eficiência da rebrota se deve primeiramente a alta taxa de rebrota das herbáceas e que pode afetar a biodiversidade da região. A rebrota deve ser mais estudada em campo e, com isso, observar quais espécies são favorecidas pelo fogo e se ele traz algum efeito para a diversidade do cerrado. Novos estudos devem ser incentivados para mapear espacialmente o tamanho e o grau de severidade da queimada e para a recuperação e compreensão dos padrões de paisagem criados pelo fogo, bem como no monitoramento da rebrota das áreas afetadas por incêndios florestais. Agradecimentos Agradeçemos ao CNPq, pelo apoio financeiro para o desenvolvimento da pesquisa no âmbito do Programa de Iniciação Científica. Referências Teobaldo, D.; Baptista, G.M.M. 262

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