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ANÁLISE DESCRITIVA DOS ACIDENTES NAS RODOVIAS FEDERAIS DE PERNAMBUCO (2007-2015) Mateus Alves Martins (UFPE) mateusc2976@gmail.com Thalles Vitelli Garcez (UFPE) tvgarcez@gmail.com Devido ao expressivo número de acidentes de trânsito e suas gravidades, destacando-se como um problema de caráter mundial, este estudo faz um levantamento dos dados referentes aos acidentes ocorridos nas rodovias federais de Pernambuco, entre os anos de 2007 a 2015, realizando uma análise descritiva dos mesmos. Como resultado deste estudo gerou-se informações sobre os perfis descritivos: (i) das ocorrências dos acidentes, (ii) das pessoas, (iii) dos veículos e (iv) dos condutores envolvidos e (v) dos acidentes graves. Além disso, criou-se um mapa viário do estado, contendo a localização dos acidentes separados pelo trecho. É esperado que este estudo tornese uma fonte de informação sobre a acidentalidade em Pernambuco e que possa ser utilizada como input para ações preventivas e mitigatórias, tanto por parte do poder público, como da própria sociedade. Palavras-chave: Acidentes rodoviários, rodovias federais, análise descritiva, Pernambuco

1. Introdução Os acidentes de trânsito constituem um importante problema de saúde pública no mundo, resultando em um elevado número de mortos e feridos (MORAIS et al., 2013). No ano de 2015, 1,3 milhões de pessoas foram mortas por conta desse sinistro, sendo 76% dos envolvidos homens e meninos; colocando assim, acidentes de trânsito na décima posição do ranking mundial de causas de mortes (WHO, 2017). Se nenhuma medida for tomada, é previsto que se torne a sétima do ranking até 2030 (WHO, 2016). Aproximadamente, 1,25 milhões de pessoas morrem por ano em acidentes de trânsito em todo o mundo, sendo metade formada pelos pedestres, ciclistas e motociclistas, e entre 20 a 50 milhões de pessoas não sofrem ferimentos fatais, porém muitos ficam com alguma sequela; cerca de 90% de tais fatalidades ocorrem em países de baixa ou média renda (WHO, 2016). Mais de 43.800 pessoas morrem em acidentes de trânsito no Brasil por ano, sendo a principal causa de morte, lesões e hospitalização, resultando em elevados custos econômicos e sociais (WHO, 2013). No ano de 2013, ocorreu em torno de 46.365 mortes por acidentes no Brasil, fato que deixou o país na terceira posição do ranking mundial de mortes em acidentes de trânsito, quando desconsiderado a quantidade total de habitantes (WHO, 2015). São vários os fatores que estão relacionados às vias, aos usuários, ao ambiente e aos veículos que podem aumentar o risco de acidentes de trânsito, entre eles tem-se: condições meteorológicas desfavoráveis, defeitos na via, negligência dos usuários, defeito mecânico no veículo, animais na pista e falta de atenção (CHAGAS; NODARI; LINDAU, 2012). Além das perdas irreparáveis às vidas humanas, das sequelas e traumas tanto na vítima quanto nas famílias e comunidades envolvidas, os acidentes de trânsito representam altos custos monetários para toda a sociedade, os custos sociais e econômicos representam entre 1% a 2% do Produto Interno Bruto (PIB) das economias nacionais (ANDI et al., 2014). Tal custo divide-se em custos associados às vítimas dos acidentes, como cuidados com a saúde e perda 2

de produção devido às lesões ou morte, e custos associados aos veículos, como danos materiais e perda de cargas, além dos procedimentos de remoção dos veículos acidentados. Por conta da gravidade do cenário, em 2010, proclamou-se a Década de Ações para a Segurança no Trânsito, referente aos anos de 2011 a 2020, na qual os países membros da ONU (o qual inclui também o Brasil) deveriam elaborar um plano diretor, visando reduzir os acidentes de trânsito em 50% e preservar cinco milhões de vidas, considerando os cinco pilares: fiscalização, infraestrutura, segurança veicular, educação e saúde (OLIVEIRA, 2016). Algumas das leis criadas no Brasil durante essa década foram: Lei nº 12.760, de 2012, que modifica a antiga Lei Seca; Lei nº 12.971, de 2014, que traz modificações no que se refere ao consumo de álcool, tornando mais severas as punições de algumas condutas perigosas à segurança do trânsito, Lei nº 12.977, de 2014, que regula e disciplina a atividade de desmontagem de veículos automotores terrestres; Lei nº 13.103, de 2015, que disciplina a jornada de trabalho e o tempo de direção do motorista profissional (OLIVEIRA, 2016). A grande quantidade de pessoas mortas e feridas, juntamente as consequências, adicionado a poucas análises dos acidentes no estado de Pernambuco, justifica a criação dessa pesquisa, servindo como um complemento e atualização para dois estudos realizados por Lima & Garcez (2015, 2016), nos quais, o primeiro aborda apenas a análise de acidentes na BR- 232/PE nos anos de 2007 a 2012, e o segundo abrange os acidentes de todo o estado pernambucano nos anos de 2007 a 2012; acrescentando assim para esses, a análise dos anos de 2013 a 2015, para todo o estado de Pernambuco, além de incluir também os anteriores (até 2007), e conjuntamente, é criado um mapa viário de Pernambuco que possui os trechos críticos. Tem-se então como objetivo identificar e mostrar o cenário da acidentalidade nas rodovias federais pernambucanas, podendo assim criar uma base de conhecimento sobre acidentes, realizando uma análise descritiva das ocorrências nas rodovias de Pernambuco e criando um mapa que identifica os trechos críticos. A utilização da estatística descritiva completa a coleta e permite a apresentação dos dados em forma de gráficos, tabelas ou o próprio valor numérico; tendo uma melhor visualização das informações contidas na base de dados. 3

Como resultado da pesquisa, espera-se deixar a disposição uma visão geral do panorama dos acidentes em Pernambuco, podendo auxiliar futuras decisões e ações de modo a diminuir a probabilidade de ocorrência de tais acontecimentos. 2. Materiais e métodos O acesso à informação está previsto na Constituição Federal, em 2011 foi sancionada a Lei de Acesso a Informação Pública (Lei nº 12.527/2011) na qual, regulamenta o acesso aos dados e informações de posse do governo. Para esse estudo, foram necessários os bancos de dados do site da Polícia Rodoviária Federal PRF (BRASIL, 2016), e os contidos no Portal Brasileiro de Dados Abertos (BRASIL, 2014), ambos criados pelo Departamento de Polícia Rodoviária Federal DPRF; o primeiro contendo informações referentes aos acidentes rodoviários federais no Brasil, pertencentes ao período de 2013 a agosto de 2015, já o segundo possuindo os detalhes das ocorrências que aconteceram entre 2007 e o primeiro semestre de 2013. Para o estudo, foram utilizados apenas os dados referentes à Pernambuco em ambos os bancos de dados, e após validá-los e padronizá-los, os dois foram unidos, criando assim um único banco uniforme. Para o embasamento teórico, utilizou-se um levantamento bibliográfico e documental. Este estudo foi abordado de forma quantitativa, visto que traduziu os dados em informações numéricas. O método científico é indutivo. Quanto aos fins, a natureza da pesquisa foi descritiva, já que buscou descrever as características dos acidentes e das pessoas. A descrição aconteceu por meio de textos, gráficos e tabelas a disposição de compreender melhor o comportamento das variáveis. Além da estatística descritiva, ainda foi criado um mapa viário de Pernambuco contendo os pontos em quem ocorreram acidentes, baseados na latitude e longitude fornecidas pela base dados. Para a criação desse mapa, foi utilizado um Sistema de Informação Geográfica (SIG) (em inglês, Geographic Information System GIS), o qual permite a visualização, questionamento, análise e interpretação de dados para entender relacionamentos, padrões e tendências (ESRI, [19--?]). O programa empregado para tal fim foi o QGIS, que segundo o site oficial do programa, é um Sistema de Informação Geográfica de Fonte Aberta, licenciado sob a General Public License (GNU), sendo um projeto oficial da Open Source Geospatial Foundation (OSGeo)(QGIS, [20--]). 4

3. Resultados e discussões A seguinte sessão demonstra os resultados obtidos em conjunto de discursões acerca dos mesmos. Os dados são referentes aos acidentes de trânsito nas rodovias federais de Pernambuco, a partir deles é descrito o retrato geral dos acidentes, das pessoas envolvidas, dos condutores dos veículos e dos acidentes graves. O estudo ocorre com base em um banco de dados que aborda um total de 57.542 ocorrências, envolvendo 127.708 pessoas, entre os anos de 2007 até o mês de agosto de 2015. 3.1. Perfil dos acidentes A evolução da quantidade de acidentes por ano é demonstrada na Figura 1, nela existe um crescimento da quantidade de acidentes até o ano de 2011, sendo esse o único a passar da faixa das 8.000 ocorrências, após ele, os valores se estabilizam entre 7.000 e 8.000, a diferença entre o maior ano para o menor que é 2007 é de 3.458 incidentes. Para essa análise o ano de 2015 pode ser descartado já que os dados não contemplam o ano inteiro. Figura 1 Número de acidentes por ano Fonte: o autor (2016) Quando se observa a localização dos acidentes, como demonstrado na Tabela 1, o município que lidera o ranking é a cidade de Recife com uma presença de 19,17%, participação essa maior que o dobro da segunda cidade, que é Jaboatão dos Guararapes com 8,52%. Já olhando para a BR (Tabela 2), a 101 e 232 são unânimes, com 24.981 e 15.260 ocorrências cada, 5

sendo responsáveis juntas por 69,93% dos acidentes, a com menor frequência é a BR-110, com 301 acidentes. Quando se refere ao solo, 62,89% dos casos ocorreram em solo urbano, e 37,11% ocorreram no meio rural. Tabela 1 Quantidade de acidentes por município Município Contagem % Recife 11029 19,16720 Jaboatão dos Guararapes 4901 8,51740 Petrolina 4126 7,17054 Caruaru 3997 6,94635 Cabo de Santo Agostinho 3020 5,24843 Igarassu 2850 4,95299 Abreu e Lima 2269 3,94328 Gravata 1733 3,01177 Garanhuns 1308 2,27316 Goiana 1291 2,24362 Paulista 1231 2,13934 Vitoria de santo Antão 1204 2,09242 Moreno 1023 1,77786 Serra talhada 1002 1,74137 Salgueiro 967 1,68054 Bezerros 923 1,60407 Tabela 2 Quantidade de acidentes por BR BR Contagem % BR-101/PE 24981 43,41426 BR-232/PE 15260 26,52022 BR-104/PE 3948 6,86119 BR-428/PE 2827 4,91302 BR-408/PE 2424 4,21265 BR-423/PE 2225 3,86681 BR-407/PE 2155 3,74516 BR-316/PE 1611 2,79974 BR-424/PE 1127 1,95860 BR-116/PE 680 1,18177 BR-110/PE 301 0,52311 Já no que se trata do dia da semana, os acidentes ocorrem com certa igualdade entre os dias, onde nenhum possui uma participação maior que 16%, com destaque maior para a sexta-feira 6

(9.146 ocorrências), e a segunda-feira (8.848 ocorrências). Já o domingo é a que possui o menor número de acidentes (7.692). A Figura 2 exemplifica a parcela que cada dia da semana tem, em relação a quantidade total de acidentes. No que se diz respeito à fase do dia 60,20% dos acontecimentos foram durante o dia e 29,63% à noite, os demais estão distribuídos entre o anoitecer e amanhecer que têm uma participação junta de 10,15% (5.850 acidentes). Figura 2 Porcentagem de acidentes por dia Para o estudo da quantidade de acidentes por trimestre e por mês, o ano de 2015 foi retirado, já que esse só possui até o mês de agosto. Quanto ao trimestre, a maioria dos acidentes ocorreu no quarto trimestre, seguido pelo segundo trimestre, terceiro e primeiro, com respectivamente 13.998, 13.796, 13.223 e 12.757 ocorrências; logo nota-se que não existe uma diferença significativa entre eles, sendo o mês de dezembro com o maior número de ocorrências, sendo responsável por 5.095 acidentes, e o com menor quantidade é o mês de fevereiro com 4.007 ocorrências, a Figura 3 demonstra a quantidade de acidentes por mês. Figura 3 Acidentes por mês 7

A maioria dos acidentes tem como causa a falta de atenção, a qual é responsável por 37,86% dos acontecimentos, 26,37% são classificadas como outras, e o restante dos 35,83% estão divididos entre 9 categorias, onde não guardar distância de segurança é responsável por 8,43% e as demais possuem uma participação menor que 5%, sendo dormindo a com menor parcela (2,18%), como pode ser visto na Figura 4. Figura 4 Participação das causas de acidentes Dos 57.542 acidentes, 59% são classificados como sem vítimas, 35% com vítimas feridas, e 5% resultaram em vítimas fatais, restando 1% de ignorados. Como consequência dessas 8

ocorrências, houve 3.601 mortes, 10.386 pessoas ficaram feridas gravemente, 83.843 ilesos, 22.333 feridos levemente e 7.545 foram ignorados, a Figura 5 mostra a parcela que cada estado físico assumiu diante do total de pessoas envolvidas. Figura 5 - Estado Físico Quanto ao tipo de acidente (Figura 6), o mais comum é a colisão traseira, com uma parcela de 29,84%, seguida pela colisão lateral, com 21,82%, existem 14 outros tipos, cada um com participação menor que 11%, sendo a mais incomum o derramamento de carga, com 102 ocorrências (0,18%). Figura 6 Acidentes x Tipo Acidente 9

Em 56,31% dos acidentes, existem exatamente duas pessoas envolvidas; acidentes com um único indivíduo ocorreram em 20,04% das vezes, em 15,10% existem três pessoas, sendo o restante envolvendo quatro pessoas ou mais. Já se tratando de mortos, em 4,52% dos casos ocorre uma morte, em 94,80% não existem mortos e nos demais são dois ou mais mortos por acidente. 3.2. Perfil das pessoas A quantidade de pessoas envolvidas em acidentes por ano (Figura 7) é crescente do ano de 2007 até 2011, concordando assim com o comportamento da quantidade de acidentes, os anos de 2012 a 2014 obtém valores abaixo de 2011, porém acima dos anos de 2007 a 2009. Figura 7 Número de pessoas envolvidas em acidentes por ano Dentre as 127.708 pessoas envolvidas nos acidentes, 82,46% são condutores, 15,67% passageiros e 1,82% pedestres, sendo o restante classificado como outros. Na qual, 79,77% dos envolvidos são homens, 14,21% são mulheres e no restante a informação é desconhecida. Observando a faixa etária dos envolvidos, a maioria está dentro de uma faixa de 30 a 44 anos, seguida pelas faixas de 15 a 29 anos e 45 a 59 anos, com respectivamente 43.543, 31.212 e 22.307 aparições de pessoas com idades dentro desses intervalos, sendo 29 anos a idade mais comum, com uma frequência de 3.569. Em todas as faixas etárias o sexo masculino é 10

predominante, com destaque à faixa de 45 a 59, na qual 89,17% são homens e apenas 10,83% mulheres, a menor diferença ocorre entre os 5 a 14 anos, com 55,72% dos envolvidos sendo homens e 44,28% de mulheres, a Figura 8 faz a relação entre a idade e o sexo dos envolvidos. Figura 8 Relação idade e sexo 3.3. Perfil dos veículos Existem 25 tipos diferentes de veículos envolvidos em acidentes. Os com maiores participações são os automóveis com 47,02%, motocicletas com 12,50% e o caminhão-trator com 10,71%, a Tabela 3 identifica a frequência de 7 veículos (mais frequentes), os demais possuem uma participação menor que 3%. Em 59,19% dos casos existem dois veículos envolvidos, em 30,45% possui um veículo, em 8,09% são três, e em 2,25% quatro ou mais. Tabela 3 Frequência do tipo de veículo envolvido Tipo Veículo Contagem % Automóvel 60060 47,02916 Motocicletas 15968 12,50352 Caminhão-Trator 13684 10,71507 Caminhonete 8901 6,96981 Caminhão-Trator 8171 6,39819 Camioneta 5301 4,15088 Ônibus 4818 3,77267 11

3.4. Perfil dos condutores Dos 105.314 condutores envolvidos analisados na base, a grande maioria é do sexo masculino, com 85,52%. Sendo então 7,87% do sexo feminino e os demais a informação é desconhecida. Os adultos (idade entre 25 a 59 anos) são os que mais estão presentes em acidentes como condutores, seguidos por jovens (18 a 24 anos) e só então vem os idosos, a participação de cada grupo pode ser vista na Figura 9. Os preenchidos incorretamente foram descartados para essa análise, assim como as crianças. Figura 9 Faixa etária dos condutores Dentre os condutores, como pode ser visto na Figura 10, a maioria consegue se livrar sem nenhuma consequência ou apenas uma consequência leve (85,96%), em contrapartida 7,35% acabam mortos ou feridos gravemente, apesar de ser uma porcentagem baixa, ela significa que cerca de 7.741 pessoas foram mortas ou ficaram em estado crítico devido a acidentes. Figura 10 Estado físico dos condutores 12

3.5. Perfil dos acidentes graves A maioria das mortes e ferimentos graves ocorrem com os condutores, com cota de 52,96% e 56,17% respectivamente, visto que, é o grupo que mais possuem envolvidos em acidentes. Porém, quando é levada em consideração a quantidade de condutores, pedestres e passageiros, normalizando esses, o que possui uma maior percentagem de mortos e gravemente feridos são os pedestres, com respectivamente 28,85% e 38,17% dos 2.329 pedestres envolvidos; ou seja, a consequência mais comum para o pedestre ou é um ferimento grave ou a morte. Já entre os 20.018 passageiros envolvidos, 18,21% ficaram feridos gravemente e 5,07% mortos; sendo assim, pedestres ou passageiros estão sujeitos a piores consequências. A Figura 11 representa a divisão em mortos, feridos graves, leves, ilesos e ignorados de cada grupo. Figura 11 Distribuição do estado físico por tipo envolvido 13

Quando comparado o total de mortos e gravemente feridos pela quantidade total de pessoas envolvidas por ano, tem-se que a participação ao longo dos anos de mortos diminuiu em torno de 0,75% (de 3,52% passou a ser 2,77%), enquanto a de feridos gravemente diminuiu em 1,95% (de 9,86% para 8,35%). A Figura 12 representa a evolução da participação de mortos e feridos graves ao longo dos anos. Figura 12 - Porcentagem de mortos e feridos gravemente por ano Dentre o total de homens envolvidos, 2,85% acabam mortos e 7,76% feridos gravemente, já quando se trata de pessoas do sexo feminino 3,45% foram mortas e 12,41% gravemente feridas (Figura 13). Figura 13 - Estado físico x Sexo 14

Como pode ser identificado na Tabela 4, o tipo de acidente que mais mata ou deixa feridos graves é a colisão frontal, com um total de 977 mortes e 1.731 feridos. A falta de atenção é a causa com maior número de mortos (768) e feridos graves (3067); porém a ultrapassagem indevida é a causa que possui a maior participação de mortos e feridos graves considerando a quantidade de pessoas por causa, com 6,98% de mortos e 14,47% de feridos gravemente. Tabela 4 Tipo de acidente x Mortos e feridos Tipo de acidente Ferido Grave %Ferido Grave Morto %Morto Total Colisão traseira 1394 3,14% 322 0,72% 44438 Colisão lateral 1438 4,96% 321 1,11% 29000 Colisão Transversal 1242 10,02% 226 1,82% 12401 Saída de Pista 988 10,25% 255 2,65% 9639 Colisão frontal 1731 22,18% 977 12,52% 7805 Capotamento 805 13,87% 271 4,67% 5803 Atropelamento de pessoa 952 21,50% 660 14,91% 4427 Atropelamento de animal 305 9,72% 94 2,99% 3139 Colisão com objeto fixo 387 12,46% 115 3,70% 3105 Queda de veículo 507 20,41% 112 4,51% 2484 Tombamento 223 9,54% 59 2,52% 2337 Colisão com bicicleta 314 18,43% 161 9,45% 1704 Colisão com objeto móvel 82 11,26% 21 2,88% 728 Danos Eventuais 10 2,82% 4 1,13% 355 Incêndio 4 2,09% 1 0,52% 191 Derramamento de Carga 4 2,63% 2 1,32% 1,52 A BR-232 é o local mais crítico, sendo responsável por 29,35% do total de mortes, e 30,99% de feridos graves, seguido pela BR-101 responsável por 23,04% e 27,05% de mortos e feridos graves, sendo que a BR-101 possui uma quantidade maior de pessoas envolvidas em acidentes do que na BR-232. Na Figura 14 tem-se o impacto das BRs na quantidade de mortos e feridos graves. Lembrando que o total de mortos e feridos graves são respectivamente 3.601 e 10.386. Figura 14 - Porcentagens de mortos e feridos por BR 15

Quanto às cidades, mesmo sendo Recife o município com a maior quantidade de acidentes, é Caruaru a localidade com maior número de mortos, com 234 mortes, enquanto Recife possui 176 mortes; Caruaru ultrapassa também Jaboatão dos Guararapes e Petrolina, cidades essas com uma maior quantidade de pessoas envolvidas em acidentes do que Caruaru (Figura 15). Figura 15 - Quantidades de mortos e feridos por cidade Situação semelhante acontece com o tipo de veículo, onde automóveis se envolvem mais em acidentes; porém é a motocicleta, a que possui o maior número de mortos e feridos graves, 16

são eles 1.163 mortos e 4.056 feridos graves, contra 919 mortos e 2.966 feridos graves em automóveis (Figura 16). Figura 16 - Estado físico x Tipo veículo Pessoas entre 30 a 44 anos são as que mais morrem, com 1.023 casos, seguido por 15 a 29 com 1.019; quando se trata de ferimentos graves, o papel se inverte e pessoas com 15 a 29 são maioria, com 3.262 enquanto o outro grupo possui 2.841. Porém, quando é considerado o valor total de cada faixa etária os maiores de 70 anos são os que mais morreram, em 8,01% dos casos houve morte, e a com menor parcela é a de 30 a 44 anos, com 2,35% dos acontecidos resultando em morte. 3.6. Informação Geográfica A Figura 17, qual mostra o mapa viário de Pernambuco, marcado por pontos que exemplificam a quantidade de acidentes naquele local; são diversos os trechos onde ocorreram acidentes, 129 no total, acontecendo ao longo de todo estado, com destaque ao trecho entre a PE-035 (Igarassu) e a PE-015 (Paulista), o qual possui a maior quantidade de acidentes, totalizando 3.929 ocorrências, vale salientar que os 5 trechos com maior quantidade de ocorrências estão todos localizados na BR-101. Figura 17 Distribuição de acidentes em Pernambuco 17

A frequência em que cada intervalo ocorre pode ser visto na Tabela 5. Tabela 5 Quantidade de trecho por intervalo Intervalos Quantidade de trechos 2-94 35 94-206 27 206-355 24 355-605 18 605-955 11 955-1388 4 1388-2011 3 2011-2915 2 2915-3929 4 4. Considerações finais Os dados sobre os acidentes são fundamentais para uma boa construção de uma base de conhecimento, podendo assim, ser realizado um diagnóstico mais preciso sobre as variáveis envolvidas nos acidentes, permitindo reconhecer a dimensão e características do problema, identificando os perfis das pessoas, dos veículos e do próprio acidente. Nesse estudo foi possível destacar alguns elementos de destaques sobre os acidentes, como por exemplo: a maiorias dos acidentes ocorrem no município de Recife mas é Caruaru quem possui a maior parte de mortes, a BR com maior número de ocorrências é a BR-101/PE, é a 18

sexta-feira o dia mais comum para acidentes, sendo o mês de dezembro o mais crítico, a falta de atenção é a causa mais frequente dos acidentes, destacando que as maiorias das causas são oriundas de erros humano, a colisão traseira o tipo mais comum, entretanto a colisão frontal a mais grave, pessoas entre 30 a 44 anos são os que mais se envolvem, sendo homens a maioria quando se trata do sexo dos envolvidos, automóveis são os veículos que mais se envolvem, porém são as motos que possuem consequências mais graves. O objetivo proposto foi atingido ao realizar a identificação e descrição do cenário da acidentalidade nas rodovias federais de Pernambuco. A compreensão dos resultados deste estudo pode servir de guia para o desenvolvimento de medidas preventivas e corretivas, sejam elas políticas de segurança, medidas educativas e investimentos nas rodovias, ações as quais diminuiriam os riscos dos acidentes, seja na própria probabilidade de ocorrência, ou na consequência do fato; o estudo também fornece como output os locais que podem vir a ser prioridade para tais medidas. 5. Agradecimentos Este artigo faz parte do projeto para o Programa Institucional de Bolsas de Iniciação Científica (PIBIC) financiado pelo Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq). 19

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