A Propósito de Informações Divulgadas Sobre o Desenvolvimento do Sistema de PG, P & I do Paraná



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Transcrição:

1 A Propósito de Informações Divulgadas Sobre o Desenvolvimento do Sistema de PG, P & I do Paraná Clóvis Pereira UFPR Recentemente A Secretaria de Estado da Ciência, Tecnologia e Ensino Superior do Paraná SETIPR divulgou o Boletim Indicadores C, T & I, v. 2, nº 1, 2012, contendo informações sobre o desenvolvimento do Sistema de PG, P & I do Paraná. Antes de iniciarmos nossas considerações sobre algumas informações contidas no Boletim acima citado, lembramos que há vários anos vimos alertando os gestores dos negócios do Sistema de PG, P & I e Ensino Superior do Paraná sobre o pífio e vergonhoso desempenho desse sistema no contexto da Região Sul do país. Nosso Estado por sua pujante e trabalhadora população, sua riqueza, seu PIB, sua arrecadação tributária anual, seu parque industrial instalado, sua produção de grãos, sua pecuária, suas Universidades, merece um excelente e consolidado Sistema de PG, P & I, e Ensino Superior. Os responsáveis pelo sistema têm falhado nesse propósito. Visão curta? Não são comprometidos com o Paraná? Ou não são capazes para tal empresa? Nossos alertas estão contidos em vários textos publicados, dentre os quais citamos os seguintes: O Desempenho do Sistema de Pós-Graduação e Pesquisa do Estado do Paraná, in Blog OBSUNI, 14/10/2010; Avaliação Trienal 2007-2009 da CAPES, in Blog OBSUNI, 21/09/2010. Vários de nossos artigos foram reproduzidos no sítio da APUFPR, em artigos. Nossas considerações. À página 6, do Boletim em pauta, há a nota de rodapé nº 4 seguinte: No Brasil, são considerados programas de pós-graduação stricto sensu aqueles compostos de cursos acadêmicos de mestrado e doutorado. Sabemos que essa informação não está correta. Em nosso país os Programas de Pós-Graduação stricto sensu são os que ofertam cursos acadêmicos e profissionais em nível de mestrado e de doutorado. Este, ainda não foi implementado. Os editores do citado Boletim deveriam se informar sobre a legislação vigente referente ao mestrado profissional. Sugerimos a leitura do nosso texto intitulado: O Mestrado Profissional, in Blog OBSUNI, 03/08/2009. Sugerimos ainda a leitura dos documentos oficiais: Portaria CAPES nº 80, de 16/12/1998 e Portaria Normativa MEC nº 7, de 22/06/2009.

2 Breves informações sobre o mestrado profissional. Os cursos mestrado profissional ofertados são objeto de avaliação periódica por parte da CAPES com o mesmo zelo com que periodicamente são avaliados os mestrados e os doutorados acadêmicos. É objeto do mestrado profissional, não somente, fazer com que o aluno entenda a importância da pesquisa científica ou tecnológica para sua área de trabalho, e que saiba onde deverá encontrá-la. O aluno de um mestrado profissional, um graduado que trabalhe em sua profissão, deve ser imerso no processo de pesquisa científica ou tecnológica da instituição promotora do curso. Nas Universidades Estaduais do Paraná, assim como nas Universidades federais e privadas sediadas em nosso Estado, são poucos os mestrados profissionais ofertados, cerca de dez (10) cursos. Fato que consideramos um erro por parte dos gestores do sistema, pois esse instrumento legal poderia ser melhor aproveitado pelos responsáveis pelo Sistema Estadual de Ensino Superior do Paraná. As seguintes áreas poderiam ser comtempladas com a oferta de cursos de mestrado profissional: Ciências Humanas; Ciências da Educação; Ciências Sociais Aplicadas; Ciências da Saúde; Engenharias; Ciências Agrárias. Dada a importância do curso mestrado profissional e atendendo sugestões de parte da comunidade acadêmica nacional, a Sociedade Brasileira de Matemática SBM em conjunto com o Instituto Nacional de Matemática Pura e Aplicada IMPA, vem ofertando em âmbito nacional há alguns anos, com apoio da CAPES, o PROFMAT que é um mestrado profissional para professores de matemática do ensino básico. Outra informação contida no Boletim em questão e, que chama nossa atenção diz respeito à melhoria de nota 3 para 4 de vários cursos de mestrado ofertados por Universidades Estaduais, Federais e privadas sediadas no Paraná, quando das avaliações trienais realizadas pela CAPES, em particular a que foi realizada em 2010 e, referente ao triênio 2007-2009. Julgamos ser dever dos gestores do Programa que oferta o curso, mestrado ou doutorado, a busca ininterrupta de melhoria de nota para a próxima avaliação a ser realizada pela CAPES. Essa meta a ser seguida pelo gestor fará com que a instituição, promotora do curso, obtenha uma boa classificação no ranking nacional e no conceito de seus pares. A informação a esse respeito contida no Boletim em pauta não diz ao leitor que vários cursos de mestrado ofertados no Paraná (por instituições públicas e privadas) estão com nota 3, a nota inicial, há várias avaliações

3 trienais. Por que negar esse dado importante? Apenas para confirmar que é muito simples manipular dados estatísticos em benefício próprio? Mesmo constando das normas atuais como um dos critérios para avaliação, os programas de pós-graduação que ofertam cursos mestrado podem permanecer com a nota 3 por duas (2) avaliações (seis anos), período em que poderão se reestruturar e, após nova avaliação, obter ou recuperar uma nota mais elevada, por exemplo, a nota 4 ou então serão extintos. O que dizer a respeito dos programas que estão ofertando cursos mestrado com nota 3 há mais de três avaliações e não são extintos? Temos informações que há cursos mestrado com nota 3 há quinze (15) anos. Já sugerimos esse fato à direção da CAPES. Nossa sugestão, a extinção de tais programas, certamente foi jogada em alguma lata de lixo em Brasília. Devemos analisar o desempenho do Sistema de PG & P do Paraná no contexto da Região Sul, a mais rica do país e na qual vivemos e trabalhamos, criamos nossos filhos e netos. Não é correto analisar o desempenho de nosso sistema em relação a Estados pertencentes a outras regiões do país. E isto foi feito no Boletim acima mencionado. Continuando com nossas considerações, do total de programas ofertados pelo SEES do Paraná (este total inclui as instituições públicas e privadas sediadas no Paraná) e, referentes à última avaliação trienal realizada em 2010, obtivemos os seguintes percentuais: 1. 45,45 % desses programas receberam nota 3, que correspondem a 60 programas. A nota 3 é a inicial para que o programa com o mestrado seja autorizado a funcionar; portanto curso novo. Não justifica o programa manter nota 3 em subsequentes avaliações trienais. 2. 38,65% deles com nota 4, correspondendo a 51 programas. Essa é a nota inicial para o programa com doutorado novo; neste caso também não justifica o programa manter nota 4 em subsequentes avaliações trienais. 3. 12,87% dos programas receberam nota 5, que correspondem a 17 programas e; 4. 3,03% dos programas receberam nota 6, correspondendo a 4 programas. Quando somamos os percentuais correspondentes às notas mínimas 3 e 4, dos programas ofertados pelas Instituições de Ensino Superior do Paraná,

4 respectivamente, para o mestrado e para o doutorado. A soma é igual a 84,10%. Percentual elevado. O fato relevante para o Paraná e para a Região Sul é que nenhum Programa existente nas Universidades sediadas no Paraná (estadual, federal ou privada), que ofertam cursos de doutorado recebeu nota 7 da CAPES por ocasião da avaliação trienal realizada em 2010. Este é um fato vergonho para nosso Estado, pois o Sistema de PG & P do Paraná é tão antigo quanto os sistemas análogos de Santa Catarina e do Rio Grande do Sul. Na avaliação trienal realizada em 2010 pela CAPES e referente ao triênio 2007-2009, o Sistema de PG & P de Santa Catarina recebeu nota 7 para três (3) doutorados. O Sistema do Rio Grande do Sul recebeu nota 7 para treze (13) doutorados. Nunca é demais relembrar para os gestores dos negócios da educação Superior do Paraná o que quando ele diz in escreveu (ORTEGA Y GASSET, 1999, p. 23) que: a universidade deve preparar o estudante para viver à altura do seu tempo. Á página 6 do Boletim acima citado há a seguinte informação: A pós-graduação no Brasil tem suas raízes nos anos de 1930, com a criação da Universidade de São Paulo, e se consolida na década de 1960, com a implantação do modelo brasileiro de ensino, pesquisa e extensão. Quando de sua gênese nos anos 30, a fórmula utilizada foi a da atração de professores estrangeiros, principalmente europeus, e a instituição do modelo das cátedras. Esse modelo era encontrado apenas em algumas instituições de ensino, e poucos cursos eram oferecidos. Contudo, destaca-se o papel dessa iniciativa na formação dos primeiros mestres e doutores em território nacional. Em 1965, o Ministério da Educação e o Conselho Nacional de Educação regulamentaram essas experiências e as reconheceram como um novo nível de ensino, estabelecendo o formato institucional básico da pós-graduação brasileira, com dois níveis de formação, o mestrado e o doutorado, e uma linha de continuidade entre os dois... Essa informação não está correta. Sugerimos a leitura de (SILVA, 2008, Capítulos 2 e 3). A USP foi criada em janeiro de 1934 com a importante unidade chamada Faculdade de Filosofia, Ciências e Letras (Cf. Decreto Estadual nº 6.283, de 25 de janeiro de 1934).

5 Os estudos pós-graduados em nível de doutorado, foram iniciados, de modo sistemático, na FFCL da USP em 1942. Para oficializar esses estudos naquela unidade da USP o interventor federal no Estado de São Paulo assinou o Decreto Estadual nº 12.511, de 21 de janeiro de 1942 que reorganizou a FFCL da USP e institui a concessão do grau de doutor para o aluno que, após dois anos de estudos sob orientação do catedrático da disciplina sobre que versavam seus trabalhos de pesquisa, a tese, fosse aprovado em concurso específico. O processo de estudos para obtenção do grau de doutor pela FFCL da USP foi reestruturado por meio do Decreto Estadual nº 21.780, de 15 de outubro de 1952. A pós-graduação como conhecemos nos dias atuais foi institucionalizada pelo Governo Federal por meio do Parecer CFE/CES nº 977/65, de 3/12/1965; do Parecer CFE/CES nº 77/69, de 11/02/1969 e da Lei nº 5.540/68, de 28/11/1968. No Brasil o mestrado acadêmico tem por objetivo complementar os estudos de graduação, por serem estes, em geral, de má qualidade técnica. Se tivéssemos no país um SNG de excelente qualidade, então não seria necessário que os candidatos ao doutorado passem antes pelo mestrado. Há instituições que eventualmente dispensam o candidato ao mestrado e o aceita ao doutorado. A USP é uma dessas instituições. Surge daí a citada linha de continuidade entre mestrado e doutorado mencionada à página 6, acima referida. Ainda podemos sugerir, a respeito da obtenção do doutorado, a leitura do Decreto nº 8.659, de 05/04/1911 que instituiu a obtenção da livre-docência por meio de concurso público. O candidato aprovado nesse concurso recebia e ainda recebe o grau de doutor. Este Decreto foi modificado nos anos de 1970. Atualmente para inscrição ao concurso para obtenção do grau de livre-docente o candidato deve ter obtido o grau de doutor. Ainda no que diz respeito à pós-graduação, o Boletim em pauta não fez referência alguma aos diversos PNPGs criados pelo Governo Federal a partir dos anos de 1970. Em especial sobre o Plano Nacional de Pós-Graduação, 2011-2020, em vigor. Também não fez referência ao ranking recentemente divulgado pela instituição Times Higher Education THE com as 100 melhores Universidades jovens do mundo. Isto é, instituições de ensino superior com menos de 50 anos de idade. Nenhuma Universidade (pública ou privada) sediada no Paraná consta desse ranking. Todas as sete (7) Universidades Estaduais do Paraná têm menos de 50 anos de idade.

6 O Estado do Paraná não possui uma Universidade de classe internacional. Esse fato, que é uma necessidade para nosso Estado não é mencionado no Boletim acima citado. Não sabemos se faz parte do plano de gestão do atual titular da SETIPR criar uma Universidade de classe internacional. Sugerimos fortemente aos gestores dos negócios do Sistema Estadual de Ensino Superior do Paraná o seguinte. Para que nosso Estado possua um excelente sistema de ensino superior e pesquisas são necessárias a criação e aplicação de um conjunto de ações e metas por parte da administração pública. Dentre elas citamos: 1) A criação de um sistema que valorize o docente e pesquisador qualificado com o pagamento de salários dignos e compatíveis com suas qualificações. A existência de excelentes infraestruturas nas Universidades (bibliotecas, computadores, internet, gabinetes, telefones, laboratórios, reagentes, água potável, apoio financeiro etc.) Estes requisitos básicos dizem respeito ao necessário processo para atrair e fixar mentes brilhantes no SEES do Paraná. Estes requisitos evitarão a evasão dessas mentes. 2) A criação e aplicação na forma de uma política de estado, com versões atualizadas a cada cinco (5) anos, de um Plano Estadual de Capacitação de Docentes - PECD com a participação de todas as sete (7) Universidades Estaduais do Paraná. O PECD com objetivos e metas bem definidos e, gerenciado por pessoas do ramo, deve ter como objetivo central o doutor titulado. Sabemos que é baixo o percentual de doutores titulados trabalhando nas SEES do Paraná; até 30/04/2009 esse percentual era de 42,3%. A variável relevante da dinâmica do PECD deve ser o doutor titulado. O PECD deve prever, em prazo médio, a titulação em nível de doutorado de 80% do corpo docente das Universidades Estaduais do Paraná. Deverá promover, em nível de pós-graduação stricto sensu, a qualificação dos docentes das Instituições Estaduais de Ensino Superior IEES, com vistas a formar novos grupos de pesquisa em áreas prioritárias; a consolidar grupos de pesquisa já existentes; a fomentar a cooperação acadêmica; a criar e a consolidar programas de pósgraduação stricto sensu já existentes e ofertar cursos de graduação de excelente qualidade.

7 O PECD deve ter em vista a necessidade de boas escolhas e elaboração de estratégias para ações e metas que propiciem condições favoráveis ao desenvolvimento e, ao avanço científico e tecnológico do Paraná por meio de seu Sistema Estadual de Ensino Superior. É de suma importância a escolha e priorização do desenvolvimento da pesquisa científica e tecnológica em algumas selecionadas áreas, subáreas e especialidades das ciências e da tecnologia para que nelas o Paraná adquira e solidifique competências. O SEES do Paraná deve ter como objetivo preparar a próxima geração de líderes para utilizar tecnologias exponenciais para enfrentar os grandes desafios da humanidade. Citaremos alguns desses grandes desafios que não são triviais: a falta mundial de água potável. Este problema já atinge mais de 150 países. Ele afeta seres humanos, seres não humanos, agricultura etc.; o fornecimento de energia elétrica, a partir de fontes renováveis, para a população da Terra; a compreensão, reconhecimento e uso das oportunidades e das influências da tecnologia na medicina. 3) Extinguir a Unidade Gestora do Fundo Paraná UGF e repassar anualmente o percentual a ela destinado e oriundo do Fundo Paraná, em igual percentual de 25%, para cada uma das seguintes instituições: Fundação Araucária e Instituto de Tecnologia do Paraná - TECPAR. 4) Que os gestores dos negócios do SEES do Paraná estabeleçam como plataforma de governo políticas públicas como o eu primeiro e mexer-se cedo para que, no contexto regional e no contexto nacional, possamos sair na frente com qualidade. 5) A criação de um Laboratório Estadual de Energias Renováveis - LEER, associado à Companhia Paranaense de Energia COPEL, ao Instituto de Tecnologia para o Desenvolvimento - LACTEC e a algumas Universidades públicas, interessadas, existentes no Estado do Paraná. Laboratório este para pensar o futuro do Paraná com respeito a desenvolver pesquisas e projetos que induzam à COPEL a geração e produção de energia elétrica em larga escala a partir de fontes renováveis, no contexto do Plano da Matriz Energética do Estado do Paraná e, no contexto do Plano Estadual de Desenvolvimento Científico e Tecnológico.

8 Não é concebível e, chega ao nonsense, que os gestores do Paraná não tenham idealizado e projetado a criação de um instrumento legal, na forma de um órgão de pesquisas, que aborde e equacione de modo sério a solução do problema da geração e produção de energia elétrica a partir de fontes renováveis, para o Estado do Paraná. Como um órgão de pesquisas avançadas o Laboratório supracitado poderá agregar em seu quadro profissionais diversos e especializados em: Matemática, Probabilidade e Estatística; Física Teórica e Física Experimental; Engenharias e Computação. Lembramos ainda aos gestores do SEES do Paraná algumas palavras contidas in (ORTEGA Y GASSET, 1999, p. 52):... Certamente, quando uma nação é grande, boa também é sua escola. Não existe nação grande, se sua escola não for boa... Referências CAPES. Plano Nacional de Pós-Graduação, 2011-2020. Brasília, dezembro de 2010. ORTEGA Y GASSET, José. Missão da Universidade. EDUERJ, 1999. Rio de Janeiro: SILVA, Clóvis Pereira da. Início e Consolidação da Pesquisa Matemática no Brasil. Brasília: Edições do Senado Federal, v. 98, 2008.