MODELOS QUANTITATIVOS NA GESTÃO DE ESTOQUE: UM ESTUDO EM UMA EMPRESA DO SEGMENTO ATACADISTA DE MATERIAIS DE CONSTRUÇÃO



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Transcrição:

UNIVERSIDADE DO EXTREMO SUL CATARINENSE - UNESC CURSO DE GRADUAÇÃO EM CIÊNCIAS CONTÁBEIS LUCIANA CARDOSO MODELOS QUANTITATIVOS NA GESTÃO DE ESTOQUE: UM ESTUDO EM UMA EMPRESA DO SEGMENTO ATACADISTA DE MATERIAIS DE CONSTRUÇÃO CRICIÚMA, JUNHO DE 2010

1 LUCIANA CARDOSO MODELOS QUANTITATIVOS NA GESTÃO DE ESTOQUE: UM ESTUDO EM UMA EMPRESA DO SEGMENTO ATACADISTA DE MATERIAIS DE CONSTRUÇÃO Trabalho de Fim e de Conclusão de Curso, apresentado para obtenção do grau de Bacharel no curso de Ciências Contábeis da Universidade do Extremo Sul Catarinense, UNESC. Orientador: Cleyton de Oliveira Ritta, MSc CRICIÚMA, JUNHO DE 2010

2 LUCIANA CARDOSO MODELOS QUANTITATIVOS NA GESTÃO DE ESTOQUE: UM ESTUDO EM UMA EMPRESA ATACADISTA DE MATERIAIS DE CONSTRUÇÃO Trabalho de Fim e de Conclusão de Curso, aprovado pela Banca Examinadora para obtenção do grau de Bacharel no curso de Ciências Contábeis da Universidade do Extremo Sul Catarinense, UNESC, com Linha de Pesquisa em Contabilidade Gerencial. Orientador: Cleyton de Oliveira Ritta, MSc CRICIUMA, JUNHO DE 2010 BANCA EXAMINADORA Prof. Cleyton de Oliveira Ritta, MSc - Orientador Adroaldo Bilésimo - Examinador 1 Ademir Borges - Examinador 2

3 Dedico este trabalho a minha mãe e a minha vó, por sempre estar ao meu lado, ao meu esposo por compartilhar meus ideais, com incentivos para realização deste sonho.

4 AGRADECIMENTOS A Deus, por me dar força e coragem para enfrentar este desafio e guiar meus caminhos; Ao meu marido, que tanto me apoio e incentivou para que eu conseguisse concluir este curso; Ao professor Cleyton de Oliveira Ritta, pela orientação e diretrizes seguras, por sua paciência e dedicação durante todo o período de pesquisa; Aos perseverantes professores que contribuíram para desenvolver nosso potencial profissional e social; Enfim, a todos que me deram apoio e incentivo para a elaboração deste trabalho.

5 RESUMO CARDOSO, Luciana. Modelos Quantitativos na Gestão de Estoque: um estudo em uma empresa do segmento atacadista de materiais de construção. 2010. 66 p. Orientador: Cleyton de Oliveira Ritta. Trabalho de Conclusão de Curso de Ciências Contábeis. Universidade do Extremo Sul Catarinense UNESC. Criciúma SC Os estoques tendem a ter uma importância significativa na maioria das empresas atacadistas, geralmente quando se comercializa grandes variedades de produtos. A intenção do presente trabalho é apresentar métodos quantitativos na gestão dos níveis de estoque, com a finalidade de sugerir aos gestores melhorias no que tange a gestão desse ativo. Na intenção de unir conceitos teóricos e a pratica foi realizado um estudo descritivo de caráter qualitativo e quantitativo por meio de estudo de caso. Os resultados foram apresentados em 5 etapas: identificação das maiores e menores quantidades vendidas dos produtos em estoques, identificação dos maiores e menores preços de compra dos produtos, definição da curva ABC, definição dos estoques máximos e mínimos dos produtos e sugestões de melhorias no que tange à gestão dos estoques na empresa investigada. Através das informações das maiores e menores vendas e preço de aquisição, foi possível evidenciar os estoques excedentes da empresa. Os dados reunidos nesse estudo fornecem subsídios relevantes para a determinação adequada dos itens em estoque com maior valor de venda, resultado determinado através da classificação ABC. As definições dos níveis de estoque possibilitaram considerar a percepção do gestor quanto às quantidades adequadas de cada mercadoria. Por fim foi sugerido a atualização do sistema de controle da empresa em estudo, pelos métodos quantitativos apresentados neste trabalho, e assim melhorar a gestão dos materiais. Conclui-se que com utilização da Curva ABC, os gestores responsáveis pelos estoques, passam a dedicar maior controle para um percentual menor de itens, porem com maior valor de venda para empresa. Palavras-chave: Administração de materiais, Comércio atacadista, Níveis de estoque.

6 LISTA DE QUADROS Quadro 1: Classificação de estoques... 18 Quadro 2: Custos dos estoques... 21 Quadro 3: Critérios de avaliação dos estoques... 23 Quadro 4: Comparativo entre os critérios de avaliação dos estoques... 24 Quadro 5: Conflitos interdepartamentais em relação aos níveis de estoques... 26 Quadro 6: Razões a favor e contra aos níveis de estoques... 27 Quadro 7: Evolução histórica da logística empresarial... 28 Quadro 8: Percentual de representação dos itens da Curva ABC... 34 Quadro 9: Cobertura de estoque... 35 Quadro 10: Métodos matemáticos utilizados para a determinação do nível do estoque de segurança... 38 Quadro 11: Famílias dos produtos... 41

7 LISTA DE GRÁFICOS Gráfico 1: Curva ABC... 35 Gráfico 2: Curva ABC empresa Alfa... 48 Gráfico 3: Curva ABC dos materiais hidrálicos... 49 Grafico 4: Curva ABC ferragens /ferramentas... 50 Gráfico 5: Curna ABC dos materiais de pintura... 51 Gráfico 6: Curva ABC dos materiais elétricos... 52

8 LISTA DE TABELAS Tabela 1: Classes da Curva ABC... 30 Tabela 2: Elaboração da Curva ABC com base anual em valores monetários... 32 Tabela 3: Classificação da Curva ABC... 33 Tabela 4: Parâmetros da Curva ABC... 34 Tabela 5: Maiores e menores vendas médias mensais e dia de estoque... 42 Tabela 6: Maiores e menores preços de aquisição das mercadorias e excesso de estoque... 44 Tabela 7: Classificação por ordem decrescente do custo total... 46 Tabela 8: Parâmetro da Curva ABC... 47 Tabela 9: Estoque máximo e mínimo em quantidades... 54 Tabela 10: Estoque máximo e mínimo em R$... 56 Tabela 11: Os maiores giros de estoque... 57

9 LISTA DE ABREVIATURAS E SIGLAS ABAD Associação Brasileira de Atacadistas e Distribuidores ABC Curva ABC CMM Consumo Médio Mensal CMP Custo Médio Ponderado Emax Estoque Máximo Emim Estoque Mínimo Ga Grau de atendimento GE Giro do Estoque PEPS Primeiro a Entrar Primeiro a Sair Qa Quantidade atendida Qn Quantidade demandada TR Tempo de Reposição UEPS Último a Entrar Primeiro a Sair Unid. - Unidades

10 SUMÁRIO 1 INTRODUÇÃO... 12 1.1 Tema e Problema... 12 1.2 Objetivos da Pesquisa... 13 1.2.1 Objetivo Geral... 13 1.2.2 Objetivos Específicos... 13 1.3 Justificativa... 14 1.4 Metodologia da Pesquisa... 15 2 FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA... 17 2.1 Conceituações dos Estoques... 17 2.1.1 Classificação de Estoques... 18 2.1.2 Controle de Estoque... 19 2.1.3 Custos Associados aos Estoques... 20 2.1.4 Custo Financeiro do Estoque... 22 2.2 Critérios para Avaliação dos Estoques... 22 2.2.1 Inventários dos Estoques... 24 2.2.2 Objetivo e Função de Estoque... 25 2.3 Evolução da Logística Empresarial relacionada aos Estoques... 28 2.4 Modelos Matemáticos Aplicados a Gestão de Estoques... 29 2.4.1 Curva ABC... 29 2.4.1.1 Elaboração da Curva ABC... 31 2.4.1.2 Classificação da Curva ABC... 33 2.4.1.3 Gráfico da Curva ABC... 35 2.4.2 Sistema de Máximos e Mínimos... 36 2.4.2.1 Estoque Máximo (EMax)... 36 2.4.2.2 Estoque Mínimo (EMin)... 37 2.4.3 Giro de Estoque (GE)... 39 3 DESCRIÇÃO E ANÁLISE DOS DADOS... 40 3.1 Empresa Alfa Distribuidora Atacadista de Materiais de Construção Ltda 40 3.1.1 Caracterização da Empresa... 40 3.1.2 Estrutura do Estoque na Empresa... 41 3.2 Classificação dos Estoques com base na curva ABC... 45

3.2.1 Elaboração da Curva ABC... 45 3.2.2 Parâmetro da Curva ABC... 47 3.2.2.1 Curva ABC do Material Hidráulico... 48 3.2.2.2 Curva ABC das Ferrages e Ferramentas... 49 3.2.2.3 Curva ABC dos Materiais de Pintura... 50 3.2.2.4 Curva ABC dos Materiais Elétricos... 51 3.3 Níveis de Estoques... 52 3.3.1 Estoques Mínimos e Máximos... 53 3.3.2 Giro do Estoque... 57 3.3.3 Sugestões... 58 4 CONSIDERAÇÕES FINAIS... 60 REFERÊNCIAS... 63 11

12 1 INTRODUÇÃO Neste capitulo elucida-se a importância do tema e problema. Em seguida descrevem-se os objetivos da pesquisa. Logo após demonstram-se a justificativa e enquadramento metodológico do estudo. 1.1 Tema e Problema A gestão de estoques sempre foi um tema relevante para as empresas brasileiras. Segundo Associação Brasileira de Atacadista e Distribuidores (ABAD, 2003), na época inflacionária, manter estoques elevados poderia ser uma forma mais adequada de se obter maiores lucros, pois a reposição dos materiais dava-se a preços mais caros. Sendo assim, as empresas priorizavam grandes quantidades de estoques como garantia de valorização do capital investido. Atualmente com a economia estabilizada e a inflação sob controle, fatores como o nível de estoques e a crescente competitividade obrigou as organizações a observar seus conceitos e formas de controle, a fim de permitir uma redução de gastos e a otimização dos resultados. De acordo com Assaf Neto (2002, p.159) são poucos os setores da economia que não apresentam como aspecto fundamental a administração financeira dos estoques. A maioria das empresas precisa investir nesse ativo para manter suas atividades operacionais. Dessa forma, destaca-se a importância da gestão de estoques no segmento atacadista, pois este setor realiza a intermediação entre os fabricantes e os comerciantes varejistas. Os distribuidores atacadistas têm a função de adquirir grandes quantidades de itens de diferentes fabricantes. Seus fornecedores exigem um lote mínimo de compra que normalmente é maior que a demanda imediata. Logo, os distribuidores assumem um risco substancial no processo de comercialização entre o fabricante e o comércio varejista. Assim, os comerciantes atacadistas podem oferecer a seus clientes certa variedade de mercadorias proveniente de diversos fornecedores em menores quantidades. Estas empresas aliviam os fabricantes do encargo de manutenção e distribuição dos estoques aos postos de venda. Por isso, neste segmento a gestão

do estoque ganha uma dimensão estratégica. A utilização de ferramentas para análise e planejamento de ações, além de medidas voltadas para otimizar os estoques são fundamentais, pois as empresas possuem grandes quantidades em estoques. Diante das constatações percebe-se a elevada importância da gestão de estoque nas organizações atacadista, e dessa forma chega-se a seguinte pergunta de pesquisa: De que forma a classificação dos produtos utilizando a curva ABC, pode contribuir para o gerenciamento do nível de estoque em uma empresa atacadista de materiais de construção? 13 1.2 Objetivos de Pesquisa O presente trabalho tem por seguintes objetivos: 1.2.1 Objetivo Geral Este trabalho tem por objetivo geral apresentar uma forma de administração dos estoques, por meio de modelos quantitativos aplicados à otimização da gestão dos níveis de estoque com evidência na curva ABC, como uma forma de gerenciamento e controle desses, direcionado para o segmento atacadista de materiais de construção. 1.2.2 Objetivos Específicos Para atender o objetivo geral têm-se os seguintes objetivos específicos: identificar as maiores e menores quantidade vendidas dos produtos em estoques; identificar os maiores e menores custos de aquisição dos produtos em estoques; definir a curva ABC dos produtos; definir estoques máximos e mínimos dos produtos;

14 investigada. sugerir melhorias no que tange à gestão dos estoques na empresa 1.3 Justificativa As empresas atacadistas movimentam grandes quantidades e variedades de produtos de diferentes fornecedores. Desse modo, necessitam comprar em grande volume para conseguirem melhores preços em relação aos comerciantes varejistas. Seus fornecedores estipulam quantidades míninas de compra, por isso, as decisões de compra envolvem uma análise do risco de falta ou de excesso de materiais em estoques. Uma gestão inadequada de estoque pode proporcionar uma falha no controle de mercadorias e, consequentemente, a perda de vendas e a insatisfação do cliente. Por outro lado, o excesso gera problemas operacionais como o aumento dos custos de manutenção, redução da lucratividade, não liquidez do capital de giro, necessidade de maior espaço físico e obsolescência de materiais. Neste sentido, Coronado (2001, p. 77), menciona que o gestor da área de estoque deve ter uma visão global da cadeia de suprimento, para poder otimizar os resultados econômicos em conformidade com as áreas de vendas e compras. Dessa forma, é necessário buscar informações sobre o histórico das quantidades vendidas além de uma análise da demanda para não prejudicar a operacionalidade da empresa. A contribuição teórica do estudo ocorre por meio do levantamento bibliográfico sobre o tema e o aprofundamento das técnicas de controles de estoques com o enfoque no segmento atacadista. Salienta-se que estas empresas possuem a necessidade de uma gestão mais eficiente no controle de seus estoques. A contribuição prática dá-se pela utilização de modelos quantitativos para gestão dos estoques na empresa em estudo, com a finalidade de propiciar melhores níveis de estoque das mercadorias, auxiliando assim, a tomada de decisão e aperfeiçoamento do processo de gestão. Os modelos quantitativos permitem identificar os produtos de maior importância econômica e com maior demanda. E assim, melhorar a análise de compra evitando alto investimento em produtos ociosos e a maximização dos resultados.

Em relação à contribuição social, este trabalho aborda a importância da gestão do estoque para as empresas do segmento atacadista. O estudo apresenta a aplicação e utilidade dos modelos matemáticos em um segmento que demanda uma otimização do controle de estoque. Dessa forma, a pesquisa contribui para o entendimento e a consolidação do uso dos modelos quantitativos no gerenciamento dos estoques. 15 1.4 Metodologia da Pesquisa Este estudo caracteriza-se como um estudo de caso de caráter descritivo, com abordagem do problema de forma quantitativa por meio de fontes bibliográficas. Os trabalhos do tipo estudo de caso, segundo Diehl e Tatim (2004, p.52), referem-se a um estudo profundo e exaustivo de um ou de poucos objetivos, de maneira que permita seu amplo e detalhado conhecimento, tarefa praticamente impossível mediante os outros delineamentos considerados. A empresa investigada é a Alfa Distribuidor Atacadista de Materiais de Construção Ltda. É uma entidade de pequeno porte que atua no setor atacadista de materiais de construção e comercializa suas mercadorias na região Sul de Santa Catarina. O foco da pesquisa é a gestão dos estoques devido a sua importância para a organização. Este estudo é uma pesquisa descritiva. Para Vieira (2007, p. 65), este tipo de pesquisa objetiva conhecer e interpretar a realidade sem nela interferir para modificá-la. Dessa forma, o estudo descreve as características da gestão dos estoques com a finalidade de proporcionar um controle racional das mercadorias estocadas, evitando os excessos e falta, possibilitando um equilíbrio entre a demanda e o fornecimento. Ou possibilitar um grau razoável de disponibilidade de um determinado produto em relação a sua demanda. Gerenciando grandes variedades de itens ao menor risco de falta e ao menor desembolso possível. Quanto à abordagem do problema a pesquisa é quantitativa, pois utiliza modelos matemáticos para a compreensão das relações encontradas na empresa investigada. Segundo Richardson (1989, p. 29) esse tipo de abordagem caracterizase pelo emprego de quantificação tanto na modalidade de coleta de informações, como no tratamento dessas através de técnica estatísticas, desde a mais simples

como percentual, média, desvio padrão, as mais complexas, como coeficiente de correlação, análise de regressão etc. A pesquisa bibliográfica, de acordo com Oliveira (1997, p. 199) tem por finalidade conhecer as diferentes formas de contribuição científica, que se realizaram sobre um determinado assunto ou fenômeno. Neste sentido Silva (2003, p. 60), mostra que a mesma explica um tema ou problema com base em referências teóricas já publicadas em livros, revistas, periódicos, artigos científicos entre outros. Portanto, na construção desta pesquisa utilizam-se livros, artigos, trabalhos de conclusão de curso que abordaram a temática em estudo. 16

17 2 FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA Neste capítulo descreve-se sobre a gestão de estoque. Primeiramente apresenta-se conceito desse ativo. Bem como seus métodos e procedimentos de controle e avaliação. Na sequência evidencia-se a logística empresarial e o comportamento do estoque ao longo de sua evolução. Por último algumas técnicas tradicionais de gestão como a curva ABC e os sistemas de estoque máximos e mínimos. 2.1 Conceituações dos Estoques Estoques são ativos adquiridos e mantidos pelas empresas para futuras vendas ou para utilizarem no processo de produção. Segundo Arnold (1999, p. 265) os estoques são materiais e suprimentos que uma empresa ou instituição mantém, seja para vender ou para fornecer insumos ou suprimentos para o processo de produção. Estes ativos são destinados a venda ou produção e estão ligados com o objetivo e atividade da empresa. Segundo Viana (2002, p. 109) pode-se definir estoque como: a) materiais, mercadorias ou produtos acumulados para utilização posterior, de modo a permitir o atendimento regular das necessidades dos usuários para a continuidade das atividades da empresa, sendo o estoque gerado, consequentemente, pela impossibilidade de prever-se a demanda com exatidão; b) reserva para ser utilizada em tempo oportuno. A razão para manter estoque esta relacionada com a dificuldade de se conhecer a demanda futura. Dessa forma, torna-se necessário um nível de estoque para assegurar o atendimento aos clientes, no momento que houver a procura ou permitir a continuidade do processo de produção. Martins (2001) enfatiza que a administração dos estoques deve priorizar as funções de compra e critérios de controle para garantir um nível ideal de estoques que proporcione o atendimento aos clientes e ao processo de fabricação. Nos últimos anos a gestão de estoque tem sofrido transformações. Os profissionais desta área têm como objetivo proporcionar um melhor desempenho econômico proveniente das ações de movimentação e gestão de produtos e

equipamentos. Um controle adequado de materiais propicia o uso eficiente dos estoques e a minimização das necessidades de capital. Na área financeira, manter os estoques em nível mínimo possível tende a garantir que o capital investido não esteja sendo aplicado em recursos excessivos. Dessa forma, evita que falte dinheiro para suprir as necessidades de caixa no dia a dia. Já para a área de vendas manutenção de estoques em níveis elevados garante que todos os clientes serão atendidos rapidamente, evitando assim, a falta de produtos. A gestão de estoque busca conciliar da melhor maneira possível os objetivos diferentes de cada área sem prejudicar a operacionalidade da empresa. (CORONADO, 2001). O gerenciamento do estoque estabelece critérios e políticas para o controle dos níveis máximos e mínimos garantindo a flexibilidade operacional e comercial da empresa. 18 2.1.1 Classificação de Estoques Os estoques podem ser classificados em cinco diferentes tipos, conforme demonstrado no Quadro 01. Matéria-Prima Estoques Produtos em Processos Produtos Acabados Produtos em Trânsito Produto em Consignação Quadro 1 Classificação de Estoques Fonte: Adaptado conforme (NBC T 19.20 Estoques) Descrição Material básico que irá receber um processo de transformação. Corresponde a todos os itens que já entraram em processo produtivo, mais ainda não são produtos acabados. Produtos prontos para serem vendidos Corresponde a todos os produtos despachados que ainda não chegaram ao destino. Disponibilidade de mercadoria, para um cliente visando uma venda futura, no qual os materiais continuam sendo de propriedade do fornecedor. Segundo Arnold (1999), os estoques de matérias-primas são aqueles que ainda não entraram no processo produtivo e estão à disposição da produção. Os estoques de produtos em processos, conforme Martins et al (2002), são os materiais que começam a sofrer alterações, mas estão incompletos. Os produtos acabados

são os produtos finalizados e disponíveis para venda (POZO, 2007). Já os produtos em trânsito são aqueles que já saíram da expedição, mas ainda não chegaram ao destino. (MARTINS et al, 2002) Os produtos em consignação, são os materiais disponibilizados para um cliente, sendo de propriedade do fornecedor ate que seja efetuada a venda. Em caso contrário são devolvidos sem ônus. Logo, as empresas possuem algum desses tipos de estoque e são utilizados para atender seus clientes ou para utilizar no processo produtivo. Assim, verifica-se que a necessidade de estocar é proveniente do desequilíbrio existente entre a demanda e o fornecimento dos materiais. 19 2.1.2 Controle de Estoque Os controles procuram mensurar o desempenho das atividades e servem para prevenir falhas e efetuar correções nos processos. Eles funcionam como um centro de informações, facilitando a tomada de decisões com o objetivo de maximizar os resultados. Atkinson et al (2000) aduzem que controle é o conjunto de métodos e ferramentas que os membros da organização usam para mantê-la na trajetória e a assim alcançar objetivos estipulados. Em relação aos controles na área de estoques, Martins et al (2000), asseveram que eles consistem em uma série de ações ou procedimentos que possibilitam aos administradores verificarem se os estoques estão sendo bem utilizados. Dias (1993, p. 196) sugere uma lista dos principais procedimentos utilizados no controle de estoque: a) determinar o que deve permanecer em estoque. Quantidade de itens; b) determinar quando se devem reabastecer os estoques. Periodicidade; c) determinar quanto de estoque será necessário para um intervalo de tempo predeterminado; d) acionar o departamento de compras para efetuar as aquisições; e) controlar o estoque em termos de quantidade e valor e fornecer informações sobre a posição do estoque; f) receber, armazenar e atender os produtos conforme suas necessidades; g) inventariar periodicamente para avaliar as quantidades e o estado físico dos produtos estocados; h) identificar e retirar do estoque os itens obsoletos e danificados

Neste sentido, o controle auxilia na manutenção dos estoques e dá suporte ao departamento de compras, pois os acúmulos indevidos de materiais são oriundos de erros de pedidos, deficiências na análise da demanda e falta de controle dos produtos. A gestão de estoques é uma etapa crucial no ciclo de vida de uma organização, pois é por meio dos controles de estoque que se pode dimensionar o volume de compras, a previsão de necessidade de capital, e o volume adequado de vendas a fim de aumentar os resultados. 20 2.1.3 Custos Associados aos Estoques O valor de custo do estoque de uma empresa comercial inclui todos os custos de aquisição, bem como outros custos incorridos para trazer os estoques à sua condição e localização atuais. Bruni (2004). Os custos de aquisição compreendem o preço de compra, os impostos de importação e outros tributos, bem como os custos de transporte, seguro e manutenção. Dias (1996) observa que todo e qualquer material armazenado gera determinados custos que são: a) Custos de capital (juros, depreciação e seguros); b) Custos com pessoal (salários, encargos sociais); c) Custos com edificação (aluguel, impostos, energia elétrica e conservação) e d) Custos de manutenção (deterioração, obsolescência e equipamento). O processo de armazenagem compreende os custos fixos e variáveis. Os custos fixos são compostos pelos juros, depreciação, seguros, benefícios a funcionários e folha de pagamento, utilização de imóvel alugado, impostos e energia elétrica. Os custos variáveis abrangem os custos de manutenção de estoque, obsolescência, deterioração e custos de perda. Segundo Martins (2001), os custos de estoques podem ser separados em três áreas principais: Custo de manutenção de estoque; Custo de pedido; Custos de falta. O Quadro 02 demonstra exemplos de cada um dos custos:

21 Custos Custo de Manutenção de Estoque Custo de Pedido Custo de Falta de Estoque Quadro 2 - Custos dos Estoques Fonte: Adaptado de Garcia et AL (2006). Exemplos -Custo de Oportunidade -Obsolescência -Seguros -Custo de Armazenagem e manuseio -Impostos -Custo de Pedir, Requisitar um Produto. -Custo de Entrega. (Frete) -Custo com Processo de Pagamento. -Existência de desconto em compras de grande quantidade. -Perda de Venda. -Pagamento de Multas Contratuais. -Deterioração de Imagem da Empresa. Os custos de manutenção são os custos proporcionais a quantidade armazenada e está relacionado ao tempo em que as mercadorias permanecem no estoque. O custo de oportunidade representa a perda de receitas por ter o capital investido no estoque empatado ao invés de ter investido em outros ativos com maior liquidez. Os custos de pedido são os custos referentes à aquisição de novas mercadorias. Já os custos pela falta de estoque estão relacionados à venda que não pode ser concretizada devido à inexistência de produto. (BOWERSOX, 2007). Ballou (2006) ressalta que a compensação entre os custos de aquisição, de manutenção e de falta de estoque, é preponderante para determinação da política de estoque. Logo, o objetivo da compensação será a determinação da quantidade que deverá ser pedido para reposição de um determinado material. Caso uma empresa optar por ter grandes quantidades de estoque, vai reduzir o preço de compra do produto, devido ao desconto recebido em razão da grande quantidade adquirida. Porém pode aumentar os custos de armazenagem aumentando o risco de perda por deterioração ou obsolescência. Os gestores precisam avaliar os custos e os benefícios para determinarem o melhor nível de estoques para a empresa. Pois as estratégias de administração de materiais devem ser realizadas com um máximo de critérios a fim de proporcionar a maximização dos resultados.

22 2.1.4 Custo Financeiro do Estoque Os administradores constantemente se deparam com a necessidade de reduzir estoque sem prejudicar o nível de serviços, pois esse ativo requer grandes imobilizações de capital. Conforme Bowersox (2001), o custo financeiro do estoque faz referência a um possível rendimento que o capital imobilizado teria, caso fosse aplicado em algum outro projeto da empresa. Segundo (FIGUEREDO et al, 2003, p.398), o custo financeiro de estoque trata-se de um custo de oportunidade, não esta ligado a um desembolso e também não aparece em nenhuma conta ou nota de pagamento. O custo de oportunidade se refere a uma possível perda de rendimentos pela opção por uma determinada alternativa em detrimento de outra. Seu calculo pode ser feito em função da diferença de resultado entre duas alternativas, observado as possíveis receitas e custos das mesmas. O custo de oportunidades é o montante de capital investido em estoque que poderia ser alocado em outros investimentos com melhores resultados. Para Faria e Costa (2005), o custo de oportunidade de manter estoques é inerente ao tipo de investimento que se faria caso os recursos não fossem aplicados nesses ativos. Fica a critério dos gestores a conciliação da melhor opção para a organização, sendo que enquanto houver estoque, continuará existindo a necessidade de mensurar o seu custo e avaliar o seu retorno sobre o capital investido. 2.2 Critérios para Avaliação dos Estoques Na avaliação dos estoques existem três critérios de análise conforme demonstrado no Quadro 03:

23 Critérios UEPS, também conhecido como LIFO (last-in, first-out) PEPS, conhecido também como FIFO (first-in, first aut), Custo Médio Ponderado Quadro 3 - Critérios de Avaliação dos Estoques Fonte: Adaptado de Ferreira (2007). Metodologias o custo do estoque é obtido como se as unidades mais recentes adicionadas ao estoque (última a entrar) fossem as primeiras unidades vendidas (primeira a sair). Pressupõe-se, deste modo que o estoque final consiste nas unidades mais antigas e são avaliados aos custos dos mesmos, as mercadorias vendidas se refletem no custo das mercadorias compradas mais recentemente. apura que as primeiras mercadorias que entram no estoque vão sair primeiro, deste modo a empresa atribuirá às mercadorias estocadas os custos mais recentes. este critério é usado nas empresas em que os seus estoques tenham um controle permanente, e que a cada aquisição, o seu preço médio seja atualizado. Segundo a Norma de Contabilidade NBC T 19.20 os estoques devem ser atribuídos pelo uso do critério primeiro a entrar, primeiro a sair (PEPS), ou pelo critério do custo médio ponderado, a entidade deve usar o mesmo critério de custeio para todos os estoques. Ressalta-se que o método PEPS é importante para os itens que apresentam prazo de validade pequeno. Ao contrário do método PEPS, o critério UEPS gerencia as operações de entrada e saída de mercadorias, tomando por base a avaliação do estoque pelo valor da última compra, as quantidades que ficam em estoques são valorizadas pelos primeiros custos unitários e as que saem são valorizadas pelos últimos custos unitários. Segundo Bruni e Fama (2004), o método UEPS é o mais utilizado gerencialmente, pois os preços mais recentes são utilizados para as baixas dos materiais. Assim, o estoque final tende a ficar avaliado pelos valores mais antigos. Nesta metodologia o Custo da Mercadoria Vendida (CMV) fica maior do que o apurado pelo método PEPS. Cabe observar que método UEPS não é aceito pela legislação do Imposto de Renda para fins de apuração do resultado e a respectiva tributação das pessoas jurídicas, visto poder evidenciar um custo maior e um lucro menor. O Quadro 04 evidencia um comparativo entre os três critérios de avaliação dos estoques.

24 Critérios Estoque Final CMV Lucro Bruto PEPS Maior Menor Maior UEPS Menor Maior Menor CMP Médio Médio Médio Quadro 4 Comparativo entre os Critérios de Avaliação dos Estoques Fonte: Bruni (2004, p. 57). De acordo com o Quadro 04, o critério do Custo Médio Ponderado, apresenta seus resultados pela média, os critério UEPS e o PEPS, apresentam seus resultados a maior ou a menor no que se refere ao CMV. O critério do custo médio ponderado fica em termos médios, e desse modo é geralmente mais utilizado pelas empresas que não possuem inventário permanente e sim o inventario periódico. Então o critério aceito pela legislação do imposto de renda é o Custo Médio Ponderado (CMP) e o PEPS. 2.2.1 Inventários dos Estoques O estoque de uma empresa pode ser monitorado por meio do inventário permanente e periódico. O controle permanente é um sistema de inventário que possibilita, permanentemente, a obtenção de informação quanto aos estoques no que tange às saídas, entradas e os custos das mercadorias. O inventário periódico é um sistema adotado pelas empresas que não mantém controle das quantidades e valores das mercadorias existentes. (ALMEIDA, 1996). O controle periódico não dispõe de informações suficientes para a apuração do resultado, sendo necessário o levantamento físico sempre que se quiser apurar o resultado ou levantar o balanço. De acordo com Bruni (2004, p.50): O sistema de inventário periódico é quando uma empresa não possui controle contínuo dos estoques. O consumo só pode ser verificado após os inventários (contagem física dos estoques), em geral quando do fechamento do Balanço Patrimonial, e posteriormente avaliação de acordo com critérios legais. Neves (1997) ressalta que o controle permanente diferentemente do controle periódico, a qualquer momento se tem informação das mercadorias em estoque, é feito um controle individual das quantidades existente de cada item, com informações referentes à quantidade, preço unitário, valor total, quantidade

consumida. Este tipo de controle contínuo permite verificar a movimentação das mercadorias além de facilitar o cálculo do custo da mercadoria vendida a qualquer momento. A utilização do inventário para o controle físico dos estoques é imprescindível para uma gestão eficiente dos materiais. Pois facilita a visualização da movimentação em um determinado período e propicia análises para melhor administrar os estoques. 25 2.2.2 Objetivo e Função de Estoque O objetivo principal de uma organização com certeza é maximizar o lucro sobre o capital investido em instalações, equipamentos, financiamentos, estoques, entre outros. De modo mais específico, Pozo (2004) ressalta que o principal objetivo da gestão de estoque é otimizar o investimento nestes ativos mediante o uso eficiente dos controles, minimizando o capital investido na estocagem de insumos ou mercadorias. A Gestão de estoque fornece dados necessários para além do controle e conhecimento dos materiais, tenha capacidade de proporcionar um melhor desempenho financeiro na organização. Neste sentido, Dias (1995) afirma que uma das principais funções do sistema de controle de estoque é fornecer informações sobre a posição desse ativo. Isso facilita o processo de gestão, e permite uma redução nos tempos de reposição, melhora da qualidade do atendimento ao cliente e oferece facilidades nas negociações entre fornecedores e clientes. Messias (1993) complementa que comumente existem conflitos quanto aos níveis de estoques sob a ótica dos departamentos de finanças, vendas, produção e compra. Cada segmento estabelece preceitos diferentes de acordo com cada um de seus objetivos. O Quadro 05 apresenta esses conflitos de acordo com cada departamento relacionados aos níveis elevados de estoques.

Matéria Prima (alto estoque) Material em Processo (alto - estoque) Produto Acabado (alto estoque) Dpto. de Compras desconto sobre as quantidades a serem compradas. Dpto. de Produção nenhum risco de falta de materiais e grandes lotes de fabricação. Dpto. de Vendas entregas rápidas, boa imagem, melhores vendas. 26 Dpto. Financeiro capital investido perda financeira. Dpto Financeiro maior risco de perdas e obsolescência e aumento do custo de manutenção Dpto. Financeiro Capital investido, maior custo de armazenagem. Quadro 5 Conflitos Interdepartamentais em Relação aos Níveis de Estoques Fonte: Dias (1993, p. 24) Assim, observa-se que no setor financeiro, manter os níveis de estoque no mínimo possível tende a garantir que o capital da empresa não esteja sendo mal aplicado em recursos excessivos. No setor de compras, sem um controle adequado pode-se adquirir grandes quantidades de materiais sem maiores necessidades. Para o setor de vendas, manter níveis elevados de estoques assegura que todos os clientes serão atendidos prontamente. Já para o setor de produção tem-se a preocupação de não interromper a produção e atrasos na fabricação.

27 O Quadro 06 destaca as razões a favor e contra aos estoques: Razões a Favor dos Estoques Os estoques, quando próximos ao cliente, proporcionam satisfação às altas expectativas dos mesmos. Esse alto Melhorar o nível de serviço ao cliente nível de disponibilidade geralmente também acaba resultando o aumento do nível de vendas. Embora a manutenção de estoques gere custos adicionais, sua utilização acaba reduzindo custos Reduzir os custos de produção operacionais, que possibilita operações de produção mais prolongada e equilibrada. O custo com o excesso de estoque é compensado pela redução dos preços obtidos na compra de um maior volume. Por requerer menos manuseio consegue-se reduzir custos com transportes despachando em Economia de escala em compras e quantidades maiores. Essa prática requer níveis elevados transporte de estoque em ambos os extremos do canal de transporte, porém a redução de custos com transporte justifica a manutenção de estoque. Quando se espera uma alta nos preços futuros, é Antecipação de preços completamente justificável um estoque maior resultante das compras antecipadas. Incertezas dos prazos de produção e transporte Choques não planejados Custo de oportunidade Problemas com a qualidade Variações nos prazos ao longo da cadeia de suprimento podem provocar incertezas impactando os custos operacionais e o nível de serviço ao cliente. Portanto os estoques são usados em vários pontos do canal de suprimento para reduzir o impacto destas variações e facilitar as operações. Situações como: greves, desastres naturais, aumento imprevisto da demanda, atrasos no abastecimento são contingências que afetam o sistema logístico. Os estoques podem apresentar algum grau de proteção, mantendo o sistema em funcionamento até que os efeitos desses choquem passem. Razões Contra os Estoques A maior fatia do custo de manutenção de estoque é o custo de oportunidade. Pois absorvem capital que poderia ter utilização mais rentável se aplicado no aumento da produtividade e a competitividade. Problemas com qualidade. Estoques podem afastar a atenção da existência de problemas de qualidade. Quando estes aparecem, reduzir os estoques em virtude ao capital investido é quase sempre a primeira medida que se pensa, pois corrigir os problemas com qualidade pode ser mais demorado. Quadro 6 - Razões a Favor e Contra aos Níveis de Estoques Fonte: Ballou (2006). Logo, cabe estabelecer um equilíbrio entre as razões, para que não seja prejudicial à operacionalidade da empresa e assim, permitir níveis adequados de estoques.

28 2.3 Evoluções da Logística Empresarial relacionada aos Estoques Para iniciar este tópico precisa-se fazer uma definição do conceito de logística. Segundo Ching (2001), O conceito de logística, existente desde a década de 40, foi utilizado pelas forças armadas norte-americanas. Ele relacionava-se com todo o processo de aquisição e fornecimento de materiais durante a Segunda Guerra Mundial evitando que o exército no campo de batalha ficasse sem suprimentos suficientes para manter as estratégias de guerra. Entende-se como logística, o gerenciamento do fluxo físico de materiais. De acordo Pozo (2004), após a segunda guerra mundial, ocorreram mudanças no ambiente empresarial, onde o cenário econômico favorecia maior demanda de bens e consumo. A indústria procurou preencher as lacunas da demanda existente, aproveitando a capacidade dos novos processos de produção em série. Desta forma, a logística passou a atuar na questão da distribuição de produtos, visando atender a demanda aquecida. Fase 1ª 2ª 3ª 4ª O Quadro 07 apresenta a evolução da logística empresarial Característica Após a segunda guerra mundial, o estoque era o pulmão entre a manufatura e os depósitos dos centros de distribuição, não havia sistemas sofisticados de comunicação e de informática, os pedidos de venda eram preenchidos manualmente. Para efetuar um pedido demandava muito recurso humano nas operações de pesquisa, preço e as demais condições de suprimento junto aos fornecedores. Atualmente o custo de efetuar pedido é geralmente pouco expressivo, devido às facilidades de comunicação e de processamento de dados. A Integração Rígida caracterizava-se por uma busca inicial da racionalização integrada da cadeia de suprimento (área de compra, venda, produção e estoque), porém ainda muito rígida, porque não permite a correção dinâmica do planejamento ao longo do tempo, um departamento fazia seu planejamento isolado das demais áreas da empresa não havia integração entre os setores. Nesta fase os profissionais de Marketing foram gradativamente sugerindo aos consumidores aspirações por novos produtos diversificados. Esse aumento na variedade de produtos ocasionou acréscimo acentuado nos estoques, passando a ser necessária maior racionalização da cadeia de suprimentos, visando menores custos e maior eficiência. Integração Flexível teve seu inicio no fim da década de 1980, e ainda esta sendo implementada por muitas empresas. É caracterizada pela integração dinâmica e flexível entre integrantes da cadeia de suprimentos, em dois níveis: dentro da empresa e nas relações da empresa com seus fornecedores e clientes. Nesta fase a informática já havia se desenvolvido bastante possibilitando uma integração dinâmica, procurando manter baixos níveis de estoques. Integração Estratégica possui uma característica que a distingue da quarta fase das demais. É uma nova concepção no tratamento dos problemas logísticos de forma integrada. Nesta fase as empresas buscam a redução dos estoques ao mesmo tempo maior qualidade do serviço logístico, para alcançar seus objetivos. Muitas empresas passaram a terceirizar algumas de suas atividades e buscaram parceiros como fornecedores e clientes. As empresas passaram a buscar soluções novas, usando a logística para ganhar competitividade, deste modo a logística passou a ser elemento diferenciador de cunho estratégico na busca de maiores fatias no mercado. Quadro 7 - Evolução Histórica da Logística Empresarial Fonte: Novaes (2001),

Observa-se que a estratégica da logística consiste em minimizar os recursos necessários por cada área da empresa e assim, tornar disponíveis os produtos e serviços requeridos, no tempo certo, no local certo e em condições adequadas. O emprego da logística nas organizações caracteriza-se como um conjunto de atividades de compra, movimentação e armazenagem que organiza os fluxos de circulação dos materiais desde a aquisição até o consumo final. Segundo Bowersox e Closs (2001), a logística antes da década de 1950, era uma atividade puramente funcional sem nenhum conceito ou teoria formal de logística integrada. Atualmente os fluxos de materiais e informações gerenciais passam a desenvolver essas atividades de forma integrada e coordenada com a gestão de estoque, de compras e de transporte com o intuito de otimizar o resultado empresarial. 29 2.4 Modelos Quantitativos Aplicados na Gestão de Estoques Nesta seção apresenta-se os principais modelos quantitativos pertinentes a gestão de estoques. Primeiramente destaca-se a metodologia da Curva ABC em seguida descreve-se o Sistema Mínino e Máximo. Por fim, destaca-se a importância da análise do giro dos estoques. 2.4.1 Curva ABC A curva ABC conhecida como princípio dos 80/20 ou lei de Pareto, foi desenvolvida por Vilfredo Pareto, na Itália, por volta do ano de 1897 por meio da elaboração de um estudo de distribuição de renda e riqueza da população local. Neste estudo, Pareto notou que grande percentagem da renda total concentrava-se nas mãos de uma pequena parcela da população, numa proporção de aproximadamente 80% e 20% respectivamente. (POZO, 2004). Em relação à gestão de estoques, a utilização da metodologia da Curva ABC determina o grau de importância dos materiais, permitindo controlar os níveis desse ativo de acordo com os itens com maior valor de venda.

SEBRAE (2009) define o grau de importância dos itens da seguinte forma: a) investimento financeiro no volume de estoque; b) importância no processo produtivo; c) importância no planejamento estratégico e, d) sazonalidades e tendências. Mediante a classificação da curva ABC, consegue-se diferentes níveis de controle com base na importância relativa do bem. Seguindo a regra de Pareto, os itens são classificados em três categorias denominadas A, B, C conforme Tabela 1: 30 Tabela 1 - Classes da Curva ABC Classe Descrição Valor total Itens A São os itens mais importantes que devem receber atenção especial. Em média os itens da classe A correspondem a 80% do valor total e no máximo a 20% dos itens estudados. 80% 20% B São itens intermediários. Em média os itens da Classe B correspondem a 15% do valor total e 30% dos itens estudados. 15% 30% C São itens de menor importância, embora a quantidade seja grande, a importância desses itens para o valor total é pouco significante. Geralmente os itens da Classe C correspondem a apenas 5% do valor total e representam 50% dos itens. Fonte: Adaptado de (POZO 2004). 5% 50% A partir desta classificação priorizam-se os itens da classe A, devido à maior importância econômica, por representarem 80% do valor dos itens em estoque e 20% do volume. Desta forma, os itens da classe A receberão sistematicamente maior atenção em relação aos materiais da classe C. Conforme Arnold (1999, p. 284), a Curva ABC, aplicada na administração de estoque segue um padrão em que: a. cerca de 20% dos itens correspondem a aproximadamente 80% da utilização em valores monetários. b. cerca de 30% dos itens correspondem a aproximadamente 15% da utilização em valores monetários. c. cerca de 50% dos itens correspondem aproximadamente 5% da utilização monetária. d. as porcentagens são aproximadas e não devem ser tomadas como absolutas. Os itens mais importantes são em pequenos números e de alto valor, e devem ser controlados rigidamente. Este controle torna-se possível, pois será feito sobre uma variedade mínima correspondente a 20% da quantidade de mercadorias. Porém possuem um alto valor econômico de estoque. Os itens C representam cerca de 5% do valor total do estoque. Desse modo, manter um estoque extra dessa

classe acrescenta pouco ao valor de estoque, por tanto deve ser mantido sempre um estoque disponível. Segundo Martins et al (2001, p. 162): 31 a análise ABC é uma das formas mais usuais de se examinar estoques. Essa analise consiste na verificação, em certo espaço de tempo (normalmente 6 meses ou 1 ano), do consumo, em valor monetário ou quantidade, dos itens de estoque, para que eles possam ser classificados em ordem decrescente de importância. Aos itens mais importantes de todos, segundo a ótica do valor ou da quantidade, dá se denominação itens classe A, aos intermediários, itens classe B, e aos menos importantes, itens classe C. Analisar as quantidades de itens em estoque individualmente é uma tarefa difícil e muitas vezes desnecessária. Por isso, é conveniente a classificação desses itens em classe, grupos ou família, visando um melhor controle. Essas classificações possibilitam dar prioridade para os itens de maior demanda e um controle menos rigoroso para os que possuem menor giro ou importância. 2.4.1.1 Elaboração da Curva ABC Na montagem da Curva ABC primeiramente, deve ser efetuado o levantamento dos dados referente ao problema a ser resolvido. Pozo (2007, p. 93) observa que para montagem da Curva ABC são necessários quatro passos: 1) levantando todos os itens do problema em um determinado período de tempo com seus respectivos dados de sua quantidades, preço unitário e preços totais; 2) em seguida colocam-se todos os itens em uma tabela em ordem decrescente de valor total e sua somatória, esta tabela deve estar composta das seguintes colunas: item, nome ou número da peça, preço unitário, preço total do item e porcentagem; 3) próximo passo é dividir cada valor total de cada item pela somatória total de todos os itens e colocar a porcentagem obtida em sua respectiva coluna; 4) finalmente, devemos dividir todos os itens em classe A, B, C, de acordo com nossa prioridade e tempo disponível para tomar decisão sobre o problema. Considerando a utilização anual em valores monetários, o procedimento de classificação, segundo Arnold (1999, p.284), pode ser considerado da seguinte forma:

32 1. determinar a utilização anual de cada item. 2. multiplicar a utilização anual para cada item pelo respectivo custo, para obter sua utilização total anual em valores monetários. 3. fazer uma lista dos itens de acordo com sua utilização anual em valores monetários. 4. calcular a utilização anual em valores monetários. 5. examinar a distribuição da utilização anual e classificar os itens nos grupos A, B, C, com base na porcentagem de utilização anual. A Tabela 2 exemplifica a elaboração da Curva ABC. Tabela 2 - Elaboração da Curva ABC com Base Anual em Valores Monetários Itens CMV Custo Unitário (R$) Custo Total (R$) Custo Total em % 1 1.100 2,00 2.200 5,75 2 600 40,00 24.000 62,75 3 100 4,00 400 1,05 4 1.300 1,00 1.300 3,40 5 100 60,00 6.000 15,69 6 10 25,00 250 0,66 7 100 2,00 200 0,52 8 1.500 2,00 3.000 7,84 9 200 2,00 400 1,04 10 500 1,00 500 1,30 Total 5.510 38.250 100 Fonte: (ARNOLD, 1999). Para obter a utilização anual da quantidade de estoque, precisa-se do Custo Mercadoria Vendida (CMV) de cada item considerando os últimos doze meses e o custo unitário em moeda corrente. Com esses dados calcula-se o custo total multiplicando-se a quantidade média de cada item pelo seu custo unitário. Para obter-se o percentual correspondente ao custo total divide-se o custo total unitário pelo custo total e multiplica-se esta razão por 100.

33 2.4.1.2 Classificação da Curva ABC Uma vez calculados os custos de todos os itens, esses devem ser organizados de forma decrescente de valor e apropriados nas classes A, B ou C. Seguindo a regra de Pareto, os itens da classe A normalmente correspondem a 20% em quantidade e 80% do valor, já os itens B representam 30% da quantidade e 15% do valor, enquanto os itens da classe C equivalem a 50% da quantidade e 5% do valor. (BERTAGLIA, 2003). A Tabela 3 exemplifica a classificação da Curva ABC. Tabela 3 - Classificação da Curva ABC Itens CMV Custo Unitário (R$) Custo Total (R$) Custo Total em % Classificação Decrescente Classificação ABC 2 600 40,00 24.000 62,75 10 A 5 100 60,00 6.000 15,69 9 A 8 1.500 2,00 3.000 7,84 8 B 1 1.100 2,00 2.200 5,75 7 B 4 1.300 1,00 1.300 3,40 6 B 3 100 4,00 400 1,05 5 C 10 500 1,00 500 1,30 4 C 9 200 2,00 400 1,04 3 C 6 10 25,0 250 0,66 2 C 7 100 2,00 200 0,52 1 C Total 5.510 38.250 100 Fonte: (ARNOLD, 1999) Os itens são selecionados até a soma chegar próximo do valor de corte determinado pela classificação ABC. O ponto de corte da classe A é 80%, o valor mais próximo a 80% será o ponto de corte, a classe B corresponde a 15% e a classe C a 5%. Neste exemplo a classificação 10 e 9 contemplam a soma de 78,44%, que neste caso é o ponto de corte. A classe B representa 16,99% e a classe C corresponde a 4,57% do valor.

Para calcular o percentual de representatividade dos itens em quantidades na classificação ABC, utiliza-se a fórmula do Quadro 8: 34 A= Quantidade de itens A encontrados * 100 = 2 * 100 = 20% Total de itens 10 B= Quantidade de itens A encontrados * 100 = 3 * 100 = 30% Total de itens 10 C= Quantidade de itens A encontrados * 100 = 5 * 100 = 50% Total de itens 10 Quadro 8 - Percentual de Representação dos Itens da Curva ABC Fonte: (Bertaglia, 2003). Dispondo dos percentuais dos itens e dos valores, obtêm-se os parâmetros para a Curva ABC. Tais parâmetros estão apresentados na Tabela 4: Tabela 4 Parâmetros da Curva ABC Classe % dos Valores % dos Itens A 78,44 20% B 16,99 30% C 4,57 50% TOTAL 100 100% Fonte: (ARNOLD, 1999) Os resultados obtidos da classe A, não corresponde a uma proporção exata de 80-20. Segundo Pozo (2004), esse valor é representativo, o administrador poderá definir a porcentagem utilizada em cada classe, dividindo os itens conforme o total vendido. Ou seja, itens com o mesmo valor total ou valores aproximados farão parte da classe A numa proporção aproximada de 80% do valor e 20% em relação aos itens em estoque.