PROGRAMAS AMBIENTAIS COMO MEDIDAS MITIGADORAS E COMPENSATÓRIAS NO PROCESSO DE LICENCIAMENTO AMBIENTAL



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Transcrição:

PROGRAMAS AMBIENTAIS COMO MEDIDAS MITIGADORAS E COMPENSATÓRIAS NO PROCESSO DE LICENCIAMENTO AMBIENTAL Sarah Rachel Oliveira do Amparo Furtado*, Alexandra Helena Lisboa Boldrin** * Acadêmica da Faculdade de Ciências e Tecnologia da Universidade Santa Cecília (UNISANTA), ** Bióloga da EMBRAPORT - Empresa Brasileira de Terminais Portuários S.A., Santos/SP. (aboldrin@terminalembraport.com.br) RESUMO. Programas ambientais são medidas exigidas por lei dentro do processo de licenciamento ambiental, atuando como forma de compensação e mitigação dos impactos gerados durante a implantação de empreendimentos. Este trabalho apresenta os principais resultados obtidos em alguns dos programas ambientais elaborados durante o processo de licenciamento de um terminal portuário em implantação no município de Santos. A área de estudo está localizada no município de Santos/SP, entre as coordenadas 23º55'28,0''S e 46º19'17,4''W / 23º54'23,4''S e 46º18'23,7''W, com área de 1.012.313 m² e apresenta remanescentes de Floresta Baixa de Restinga, Manguezal, Campos Úmidos e vegetação de transição entre manguezal e restinga. Devido à importância da vegetação presente nas áreas onde o terminal será construído, após determinação do órgão licenciador foram realizados programas de salvamento de plantas epífitas, propágulos, plântulas e sementes, aproveitamento da biomassa e dos resíduos vegetais, elaboração de modelos matemáticos da fitomassa para os ecossistemas da região, além do monitoramento de florestas de restinga e manguezal. Os principais resultados obtidos foram o salvamento e doação de plantas herbáceas, epífitas e mudas de espécies arbóreas, algumas ameaçadas de extinção no Estado de São Paulo. Durante o desmatamento, espécimes vegetais foram aproveitados durante as obras e, também, em projetos paisagísticos. Foram geradas fórmulas para o cálculo da biomassa das florestas de restinga, manguezais e campos úmidos. Estudos sobre os efeitos decorrentes da supressão da vegetação durante a obra estão sendo produzidos a partir da coleta de dados em parcelas permanentes, implantadas nas áreas remanescentes de restinga e manguezal adjacentes à obra. Os dados obtidos a partir do desenvolvimento dos programas estão sendo publicados em congressos e revistas científicas especializadas. Palavras-chave Programas ambientais; licenciamento ambiental; impacto ambiental. Página 81

Introdução De acordo com FIESP (2006), o licenciamento ambiental é um procedimento administrativo pelo qual o órgão ambiental competente analisa a localização, instalação, ampliação e operação de empreendimentos e atividades utilizadoras de recursos ambientais consideradas efetiva ou potencialmente poluidoras, ou daquelas que, sob qualquer forma, possam causar degradação ambiental, considerando as disposições legais e regulamentares e as normas técnicas aplicáveis ao caso. Com este instrumento, busca-se garantir que as medidas preventivas e de controle adotadas nos empreendimentos sejam compatíveis com o desenvolvimento sustentável. Há três tipos de licenças a serem expedidas no processo de licenciamento: Licença Prévia (LP - concedida na fase preliminar do planejamento da atividade), Licença de Instalação (LI autoriza o início da implantação) e Licença de Operação (LO autoriza, após verificações, o início da atividade licenciada) (Decreto nº. 99.274/90). Através da elaboração de programas ambientais, as empresas visam a compensação e mitigação dos impactos causados pela implantação de seus empreendimentos. Estes programas fazem parte das condicionantes apresentadas na licença prévia (LP) e na licença de instalação (LI), concedidas às empresas pelo IBAMA. O presente trabalho trata do estudo de caso do Terminal Portuário EMBRAPORT - Empresa Brasileira de Terminais Portuários S/A, em implantação no município de Santos/SP, apresentando os principais resultados de alguns programas ambientais cumpridos pela empresa durante o processo de licenciamento do empreendimento. Materiais e Métodos O Sítio Sandi, área objeto deste estudo, está localizado entre os rios Diana e Sandi, no estuário de Santos/SP, entre as coordenadas 23º55'28,0''S e 46º19'17,4''W / 23º54'23,4''S e 46º18'23,7''W, abrangendo uma área de 1.012.313 m². A vegetação é constituída por remanescentes de Floresta Baixa de Restinga, Manguezal, Campos Úmidos e vegetação de transição entre manguezal e restinga (MKR 2003), e será parcialmente desmatada durante a implantação do terminal. Este trabalho apresenta a análise de alguns dos programas ambientais elaborados durante o licenciamento do empreendimento. São eles: Salvamento de plantas epífitas ; Coleta de propágulos, plantas e sementes destinadas à recuperação de áreas degradadas ; Modelos preditores da fitomassa dos ecossistemas de restinga, manguezal e campos úmidos ; Plano de aproveitamento da biomassa e dos resíduos vegetais e Monitoramento dos fragmentos remanescentes de manguezal e restinga (LI nº387/2006; MKR 2005). Estes programas fazem parte do Programa de Conservação dos Recursos Naturais, apresentados como medida mitigadora no EIA do empreendimento (MKR 2003, 2005). Segue uma breve descrição dos métodos utilizados nestes programas: - Salvamento de Plantas Epífitas: Salvamento de plantas epífitas nas áreas a serem suprimidas, coletando espécimes nos troncos (abaixo de 2m de altura) e nas copas das árvores (acima de 2m de altura). Após a coleta, as plantas foram cultivadas nos viveiros provisórios da empresa até a doação para instituições. - Coleta de propágulos, plântulas e sementes: Coleta de mudas, propágulos e sementes de espécies arbóreas da restinga e manguezais. As mudas foram acomodadas nos viveiros provisórios da empresa até a doação para Página 82

instituições públicas. As sementes foram despolpadas, secas à sombra, pesadas e separadas por espécie para doação. - Modelos preditores da fitomassa dos ecossistemas de restinga, manguezal e campos úmidos: Para a restinga e manguezal a amostragem foi baseada na distribuição da vegetação em classes de diâmetro, de forma que todos os tamanhos das árvores estivessem presentes na construção do modelo. Foram escolhidas 100 árvores por ecossistema com troncos de diversos diâmetros. Após mensurar o DAP e altura, as árvores foram derrubadas e fragmentadas em compartimentos pesados separadamente para obtenção do peso úmido. Para os campos úmidos foram escolhidos 18 pontos de 1m² e, nesta área, toda a vegetação existente (exceto raízes) foi cortada e pesada. Amostras foram separadas, pesadas e secas em estufa para estabelecimento do peso seco, visando obter o peso úmido e secos totais, por tipo de vegetação. - Plano de aproveitamento da biomassa e dos resíduos vegetais: Coleta de plantas nativas ornamentais para uso no paisagismo da obra e em projetos com comunidades da região; separação de troncos com DAP (diâmetro à altura do peito) acima de 10 cm para uso durante a obra e doação para instituições; incorporação de vegetação herbácea e troncos com DAP inferior a 10 cm como base para o aterro da obra; coleta e doação de mudas de manguezal para projetos de recuperação de áreas degradadas. - Monitoramento dos fragmentos remanescentes de manguezal e restinga: Foram implantadas nas áreas preservadas 18 parcelas permanentes no manguezal e 8 na restinga, com 50m² cada. As espécies arbóreas receberam placas numeradas e tiveram os dados de altura e DAP coletados. Na restinga também é estimada a quantidade de plantas epífitas. A recoleta dos dados é semestral, registrando o número de mortes e nascimentos naturais antes do início e durante a execução das obras. Resultados São apresentados os principais resultados obtidos durante as ações destes programas. - Salvamento de Plantas Epífitas: Foram resgatadas cerca de 27 mil plantas epífitas. Estas foram mantidas em viveiros temporários até o momento da doação à instituições. A listagem parcial das espécies foi apresentada em forma de resumo no 58º Congresso Nacional de Botânica (Boldrin et al. 2007). - Coleta de propágulos, plântulas e sementes: Doação de aproximadamente 7 mil mudas e 55 mil sementes (aproximadamente 8kg) de espécies arbóreas da restinga. - Modelos preditores da fitomassa dos ecossistemas de restinga, manguezal e campos úmidos: A partir dos dados obtidos em campo e após verificar as relações existentes entre as variáveis (diâmetro e a relação entre o diâmetro e a altura), foi possível elaborar equações preditoras da fitomassa epigéa arbórea para estimar a biomassa dos ecossistemas de restinga, manguezal e campos úmidos. Os dados referentes ao modelo obtido para a restinga foram apresentados com dados preliminares no VIII Congresso de Ecologia do Brasil (Burger et al. 2007). - Plano de aproveitamento da biomassa e dos resíduos vegetais: Foi realizada a doação de mudas para projetos de recuperação de áreas degradadas, além do aproveitamento de madeira para a construção de cercas divisórias entre as áreas a serem suprimidas e preservadas, construção de viveiros temporários, refeitório, entre outros. Também foram doadas cerca de 8200 plantas nativas para Página 83

o desenvolvimento de projetos paisagísticos e de geração de renda com comunidades da região. - Monitoramento dos fragmentos remanescentes de manguezal e restinga: Este estudo permitirá, através do monitoramento dos espécimes presentes nas parcelas permanentes, a análise dos impactos decorrentes da implantação do terminal na vegetação remanescente. Os dados coletados antes do início e durante as obras permitirão analisar as possíveis alterações da dinâmica natural das florestas. Esse programa será finalizado após o término das obras do terminal e seus resultados serão apresentados futuramente, em artigos científicos a serem redigidos. Discussão O processo de licenciamento ambiental é um importante meio de fiscalização de práticas de empresas em todo país. No estudo de caso apresentado, as ações minimizaram a perda de espécies importantes da Mata Atlântica e contribuíram com o enriquecimento e a recuperação de áreas degradadas em diversos municípios do litoral de São Paulo, além de contribuir para a geração de conhecimento científico em uma região com carência de estudos como a Baixada Santista. O Anuário Análise Gestão Ambiental (2007) realizou uma pesquisa com 412 empresas brasileiras, apresentando levantamentos que mostram quais são as práticas ambientais das empresas atualmente, o perfil das ONG s e de procuradores e promotores ambientais. Os resultados mostram que 44% das empresas entrevistadas só contratam fornecedores que empregam procedimentos de gestão ambiental; 47% pesquisam tecnologia para reduzir as emissões atmosféricas; 53% possuem ISO 14001; 59% possuem programas de plantio de árvores; 61% têm meta de redução do consumo de água e energia elétrica; 81% declaram no organograma quem é o responsável pela gestão ambiental da empresa; 85% praticam a coleta seletiva de lixo. Conclusão Os programas ambientais promovem a conservação e uso sustentável dos recursos naturais ainda existentes, minimizando os impactos gerados durante a implantação de empreendimentos. Com o aumento das exigências ambientais sobre as atividades produtivas, a gestão ambiental tornou-se uma importante ferramenta de modernização e competitividade das empresas. Referências Bibliográficas Anuário Análise Gestão Ambiental. 2007. São Paulo-SP. Análise editorial. 362p. BOLDRIN, A.H.L.; Kayasima, M.; Moreira, A.S.; Rovati, E. & Mariz, L.E.G.; 2007. Flora Epifítica Vascular dos Remanescentes de Floresta Baixa de Restinga e Manguezal no Sítio Sandi, Município de Santos, São Paulo, Brasil. Anais do 58º Congresso Nacional de Botânica, 28 de outubro a 02 de Novembro de 2007, São Paulo SP. BURGER, D.M.; Boldrin, A.H.L., Kamada, B.P.; Loero, R.M.; Mariz, L.E.G.; Moreira, A.S.; Rovati, E. 2007. Modelos Preditores da Fitomassa da Floresta Baixa de Restinga no Município de Santos, SP Avaliação preliminar. Anais do VIII Congresso de Ecologia do Brasil, 23 a 28 de Setembro de 2007, Caxambu MG. Decreto nº 99.274 de 06 de junho de 1990. Disponível em www.mma.gov.br/port/conama/legiabre.cfm?codlegi=328. Acesso em 31/03/2009. Página 84

FIESP Federação das Indústrias do Estado de São Paulo. 2006. Licenciamento Ambiental e as Micro e Pequenas Empresas. São Paulo: Fiesp / DMA / DEMPI / CETESB / Diretoria de controle. Vol. I: 28p. Licença de Instalação nº387/2006, expedida pelo IBAMA em 04/08/2006. MKR EMBRAPORT. 2003. Estudo de Impacto Ambiental do Terminal Portuário EMBRAPORT. Diagnóstico ambiental das áreas de influência - Meio Biótico. 8 (3): 366p. MKR EMBRAPORT. 2005. Atendimento às condições específicas da Licença Prévia nº206/2005, itens 2.2 a 2.6.9, referentes aos Planos e Programas Ambientais do Terminal Portuário EMBRAPORT. v.1. Página 85