Revista de Biologia e Ciências da Terra ISSN: Universidade Estadual da Paraíba Brasil

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Revista de Biologia e Ciências da Terra ISSN: 1519-5228 revbiocieter@yahoo.com.br Universidade Estadual da Paraíba Brasil Matos da Silva, Wagner; Modesto Alves, Yuri; Anjos Candeiro, Carlos Roberto dos Coleção de icnofósseis da Bacia do Parnaíba depositada no Laboratório de Paleobiologia da Universidade Federal do Tocantins Revista de Biologia e Ciências da Terra, vol. 10, núm. 1, 2010, pp. 67-77 Universidade Estadual da Paraíba Paraíba, Brasil Disponível em: http://www.redalyc.org/articulo.oa?id=50016930007 Como citar este artigo Número completo Mais artigos Home da revista no Redalyc Sistema de Informação Científica Rede de Revistas Científicas da América Latina, Caribe, Espanha e Portugal Projeto acadêmico sem fins lucrativos desenvolvido no âmbito da iniciativa Acesso Aberto

REVISTA DE BIOLOGIA E CIÊNCIAS DA TERRA ISSN 1519-5228 Volume 10 - Número 1-1º Semestre 2010 Coleção de icnofósseis da Bacia do Parnaíba depositada no Laboratório de Paleobiologia da Universidade Federal do Tocantins Wagner Matos da Silva 1, Yuri Modesto Alves 1, Carlos Roberto dos Anjos Candeiro 2 RESUMO Neste trabalho foi elaborado um levantamento sobre os icnofósseis depositados no Laboratório de Paleobiologia, Universidade Federal do Tocantins, Campus de Porto Nacional, provenientes da (Devoniano da Bacia do Parnaíba), que afloram em inúmeros municípios do estado do Tocantins, Brasil. Os fósseis estudados foram preparados, catalogados e numerados com base nas características estruturais pertencentes a cada taxa. Estão presentes na coleção bivalves, crinóides, braquiópodes e fragmentos de outros invertebrados indeterminados apresentados nessa contribuição. Palavras-chave - Icnofósseis, Coleção,, Tocantins, Bacia do Parnaíba Ichnofossils collection from the Paranaíba Basin housed in the Laboratório de Paleobiologia da Universidade Federal do Tocantins ABSTRACT In this paper have been produced a survey about the ichnofossils deposited in the Laboratório de Paleobiologia, Universidade Federal do Tocantins, Campus de Porto Nacional, from the Pimenteiras Formation (Devonian from Parnaíba Basin), a originating from Tocantins state, Brazil. The fossils studied have been prepared, catalogued and numbered with basis in the structural characteristics belonging to each taxa. They are presents in the collection bivalves, crinoids, brachiopods and fragments of the others invertebrate indeterminated have showed in this contribution. KeyWords - Ichnofossils, Collection, Pimenteiras Formation, Tocantins, Parnaíba basin 1 INTRODUÇÃO A Bacia do Parnaíba abrange praticamente toda a área dos estados do Piauí e do Maranhão, com seus limites atingindo o nordeste do Pará, centro-norte do Tocantins e o oeste do Ceará, numa superfície de aproximadamente 600.000 km² (BRITO, 1981). Embora seja considerada uma bacia sedimentar caracteristicamente paleozóica, esta unidade contém, também, depósitos do Mesozóico e Cenozóico, pouco espessos e que cobrem grandes áreas de sua extensão. Esta bacia tem como embasamento rochas metamórficas do Proterozóico, Neoproterozóico e Cambriano-Ordoviciano, e apresenta o seu pacote sedimentar dividido em cinco 67

seqüências: Siluriana, Devoniana, Carbonífero- Triássica, Jurássica e Cretácica (GÓES & FEIJÓ, 1994). A Seqüência Devoniana corresponde ao Grupo Canindé, o qual é constituído pelas formações Itaim, Pimenteira, Cabeças, Longá e Poti, com um conteúdo fossilífero expressivo, particularmente na, unidade esta que representa a maior ingressão marinha conhecida nesta bacia. O Laboratório de Paleobiologia (LBP), do Curso de Ciências Biológicas, da Universidade Federal do Tocantins possui uma grande representatividade de Icnofósseis. Sua coleção é constituída de bivalves, braquiópodes, crinóides e outros invertebrados não identificados, coletados em diversos pontos de afloramentos no Estado do Tocantins. O LBP tem sido responsável pela manutenção e catalogação desses espécimes, fornecendo um importante material para monografias, dissertações e teses acadêmicas, além de colocar LBP como um importante ponto de referência de atendimento a pesquisadores de várias partes do Brasil e do mundo. Os Icnofósseis depositados no acervo do Laboratório se constituem desde fragmentos a exemplares inteiros, tendo alguns que ainda estão em processo de identificação. 2 MATERIAIS E METODOS Este estudo foi realizado através da consulta do acervo referente ao Setor de Icnofósseis existente no Laboratório de Paleobiologia (Curso de Ciências Biológicas, Campus de Porto Nacional, Universidade Federal do Tocantins) incluindo arquivos de fichas, etiquetas dos espécimes e consulta a especialistas. Os procedimentos metodológicos de referentes à organização do presente artigo em composição taxonômica, geográfica e estratigráfica da coleção foram seguidos segundo as orientações de Diéguez & Montero (1997). GEOLOGIA Os fósseis estavam depositados em afloramentos de vários municípios na Formação Pimenteiras, Bacia do Parnaíba: Palmas, Brejinho de Nazaré, Ponte Alta do Tocantins, Taquaruçu, Santa Helena e Estância Cantilena (Tocantins). As formações da Bacia do Parnaíba são recobertas por uma espessa sedimentação quartenária compostas por arenitos médios e grosseiros, predominando sobre siltitos, folhelhos, ardósios ou calcários. Na Formação Pimenteiras, os sedimentos devonianos do Tocantins apresentam uma unidade geológica constituída por siltitos, folhelhos e arenitos. Os siltitos são mais frequentes nas porções inferiores da seqüência, enquanto para o topo predominam os arenitos (LIMA & LEITE, 1978). A maioria dos autores (e.g., KEGEL, 1953; LIMA & LEITE, 1978; SCISLEWSKI, 1983) admitem essa unidade como de origem caracteristicamente marinha, de profundidade moderada à rasa, com irregularidade no regime sedimentar e apresentando, no geral, caráter transgressivo. Segundo Aguiar (1971) e Mesner & Wooldridge (1964), essa unidade é corelacionável respectivamente à parte basal da Formação Curuá, (Bacia do Amazonas) e à Formação Ponta Grossa, (Bacia do Paraná), sendo então a idade dessa formação posicionada no Devoniano Inferior a Médio. A litologia é em geral de granulação fina e o padrão rítmico é observável, o que nos leva supor que a pequena espessura dessas camadas devonianas na área, não se devem a um acunhamento lateral natural em margem de uma bacia de deposição, mas sim a erosão estrutural dominante. Admitindo como ambiente de deposição dos sedimentos dessa formação, uma zona litorânea de planície de maré e ambientes lagunares (KENITIRO & FULFARO, 1977). 3 RESULTADOS E DISCUSSÃO COMPOSIÇÃO TAXONÔMICA, GEOGRÁFICA E ESTRATIGRÁFICA DA COLEÇÃO A coleção de icnofósseis do LBP é constituída por espécimes isolados que 68

totalizam 238 exemplares e três taxa todos provenientes da (Tab. 1). Destaca-se, tanto por sua abundância como sua diversidade, o material pertencente ao grupo dos crinóides com 210 espécimes. Geograficamente, a maior representação (mais de 160 exemplares) correspondem ao material provenientes de localidades fossilíferas do município Estância Cantilena, coletados na sua grande maioria por estudantes de graduação do Curso de Ciências Biológicas (UFT, Porto Nacional), durante aulas campo realizadas nas disciplinas de Geologia e Paleontologia, nos primeiros anos de 2000. Ainda assim, na coleção não se encontram representados localidades da região central do estado do Tocantins, algumas áreas conhecidas na literatura paleontológica, como os municípios de Miranorte - To (FERREIRA & FERNANDES, 1983; AGOSTINHO et al, 2003; CORREIA et al, 2004) e Tocantínia (BRITO, 1977). Nestes estudos reportaram a ocorrência de Bifungites isp., Nereites cf., Nereites missouriensis (WELLER, 1899), Rusophycus polonica (SEILACHER, 1970) e Trichophycus isp., além do pseudoicnofóssil Guilielmites. Os mencionados taxa não são conhecidos na coleção do LBP e isto, possivelmente, é devido aos poucos estudos sistemáticos detalhados ainda não realizados. Considerando a proveniência geológica (ver Tab. 1) o maior número de taxa correspondem a estratos da Formação Pimenteiras. Apesar da coleção de icnofósseis do LBP ser recente existem 17 exemplares que se encontram sem procedência, e portanto, é difícil no momento indicar a origem destes espécimes, assim como determinar a sua idade. HISTÓRICOS DA COLEÇÃO DE ICNOFÓSSEIS Os icnofósseis provenientes da Bacia do Parnaíba foram depositados no acervo do Laboratório de Paleobiologia. Onde recentemente estão catalogados sob a sigla UFT- procedente de um número de registro e identificados de acordo com as características estruturais e paleontológicas provenientes de cada animal, sendo que alguns ainda não foram identificados, entretanto, a inexistência de uma infraestrutura destinada a viabilizar os trabalhos de curadoria dificultou a organização desta coleção. O acervo é constituído por exemplares, entre os quais figuram: bivalves, braquiópodes e crinóides e outros invertebrados indeterminados derivados da, Bacia do Parnaíba, Brasil. Tabela 1. Icnofósseis da Coleção do Laboratório de Paleobiologia Phylum Classe Proveniência Formação, Idade Número de exemplares Mollusca Bivalva Ponte Alta do Tocantins, TO Estância Cantilena, TO Pimenteiras, Siluriano- Devoniano 9 Brachiopoda Rhinchonellata Palmas, TO Pimenteiras, Siluriano- Devoniano Equinodermata Crinoidea Palmas, TO Estância Cantilena, TO Brejinho de Nazaré, TO Pimenteiras, Siluriano- Devoniano 19 210 Os Icnofósseis de bivalves são de procedência de afloramentos em Ponte Alta do Tocantins-TO e Estância Cantilena-TO, onde são encontrados em rochas paleozóicas e camadas devonianas da Bacia do Parnaíba. No entanto ainda há materiais que ainda não foram identificados, mas estudos com base em análises 69

estruturais e paleontológicas estão sendo feitos para se obter uma identificação mais precisa. A coleção do LBP possui icnofósseis de braquiópodes localizados em aflorações nas proximidades de Palmas-To e Brejinho de Nazaré-To, em estratos devonianos sob forma de fragmentos, onde alguns foram identificados juntamente com crinóides e braquiópodes no mesmo material fossilifero. Os icnofósseis de crinóides têm grande representatividade no Laboratório de Paleobiologia (LPB), isto se explica pelo fato deles terem encontrado durante a vida um ambiente muito propicio para seu desenvolvimento, sendo estes registrados em várias localizações da, sob forma de fragmentos, secreções e discos isolados. Icnofósseis são extrema importância para o LPB, pois estes tem respostas que podem explicar o passado paleobiológico do estado do Tocantins, em que se conhece pouco, tendo este material um valor significativo em seus estudos que estão ainda em fase inicial. Figura 1. Icnofósseis: A, Brachiopoda; B, C, Fragmentos de Crinoidea; D, rocha com fragmento de Bivalva e Brachiopoda; E, Bivalva; F, Brachiopoda. Escala: 2 cm. 70

4 CONSIDERAÇÕES FINAIS O Estado do Tocantins é ainda carente de informações paleontológicas, uma vez que são poucos os estudos realizados na região. Portanto, o Laboratório de Paleobiologia (LBP) objetiva ser um referencial no norte do país, exercendo um importante papel histórico regional para o Estado do Tocantins. Entretanto a falta de incentivo vem dificultando e atrasando o avanço nos estudos, pois o LPB passa por necessidades estruturais que limita o progresso e o aprofundamento das pesquisas. Além de dispor desses materiais icnofósseis do Devoniano, este acervo consta de outros elementos fósseis, madeiras fossilizadas e vertebrados como: tubarões, peixes ósseos e outros vertebrados indeterminados. O LBP tem como pretensões futuras a exposição desses materiais fossilíferos mencionados em redes de ensino fundamental, médio e outras relacionadas ao conhecimento paleobiológico na democratização do conhecimento científico (CANDEIRO et al, 2008). O LBP visa por este meio divulgar a importância do conhecimento paleontológico para o estado do Tocantins, buscando assim obter reconhecimento e o incentivo necessário dos órgãos federais e estaduais responsáveis, para que possa desenvolver trabalhos promissores e obter um ensino de qualidade. AGRADECIMENTOS Agradecemos a Profa. Dra. Maria Somália Sales Viana (Universidade Estadual do Vale do Acaraú, Sobral, Ceará) pela leitura crítica do presente artigo e as sugestões feitas no decorrer deste estudo, e ao Laboratório de Paleobiologia/UFT pelo apoio logístico. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS AGUIAR, G.A. 1971. Revisão Geológica da Bacia Paleozóica do Maranhão. In: Congresso Brasileiro de Geologia, 25, 1971, São Paulo. Anais...São Paulo: SBG., 1971, v.3, p.113-122. AGOSTINHO, S.; CORREIA, L. M. S. A.; FERNANDES, A. C. S. 2003. Os Icnofósseis da Formação Pimenteira (Devoniano da Bacia do Parnaíba) no Município de Miranorte, Estado do Tocantins.. In: XVIII Congresso Brasileiro de Paleontologia, Brasília-DF. Boletim de Resumos, Brasília: Sociedade Brasileira de Paleontologia, p.35. BRITO, I.M. 1977. Ocorrência de bióglifos no Devoniano Inferior do Município de Tocantínia, Goiás. Anais da Academia Brasileira de Ciências, Rio de Janeiro, 49(3):461-464. BRITO, I.M. 1981. Estratigrafia da Bacia do Parnaíba II As seqüências Sedimentares Superiores. Anais Academia brasileira de Ciências. Rio de Janeiro, n.9, p.529-549. CANDEIRO, C.R.A.; ALMEIDA, L.O;RODRIGUES-DA-SILVA, K.R.; BARBOSA, N.P.; TAVARES, L.F.S; ALVES, Y.M. BENÍCIO, J.R.W.; SOUZA, F.E.E.; BIANCHINI, T.A. & ABREU, N.C.G. 2007. O conhecimento paleobiológico do Estado do Tocantins e o Papel do Laboratório de Paleobiologia da Universidade Federal do Tocantins. In: XXI Semana Científica de Estudos Biológicos, Universidade Federal de Uberlândia. Livro de Resumos, Uberlândia-Mg: v.1, p. 37-38. CORREIA, L. M. S. A.; AGOSTINHO, S.; FERNANDES, A. C. S. & VIEIRA, P. M. 2004. Icnofósseis da Formação Pimenteira (Devoniano da Bacia do parnaíba), município de Miranorte, Estado de Tocantins, Brasil. Arquivos do Museu Nacional, v. 62, p. 283-291. DIÉGUEZ, C. & MONTERO, A. 1997. La Colección de Invertebrados Fósiles del Museo Nacional de Ciencias Naturales (CSIC), Graellsia, 53: 31-35 FERREIRA, C.S. & FERNANDES, A.C.S. 1983. Notícias sobre alguns icnofósseis da, Devoniano no Estado de 71

Goiás. Anais da Academia Brasileira de Ciências, Rio de Janeiro, 55(1):140. GOÉS, A.M.O. & FEIJÓ, J.F. 1994. Bacia do Parnaiba. Boletim de Geociências da Petrobrás, Rio de Janeiro, vol. 8, n.1, p. 57-67. KEGEL, W. 1953. Contribuição para o estudo do Devoniano da Bacia do Parnaíba. Boletim da Divisão de Geologia Mineral, Rio de Janeiro, 141: 1-48. KENITIRO, S.; FULFARO, V. J.; 1977. A Gelogia da Margem Ocidental da Bacia do Parnaíba ( Estado do Pará ), Boletim do Instituto de Geociências, USP, v. 8, p. 31-54. LIMA, E., de A.M., & LEITE, J.F. 1978. Projeto Estudo Global dos Recursos Minerais da Bacia do Paranaíba. Relatório final da etapa III. Recife, Departamento Nacional da Produção Mineral/Companhia Pesquisa Recursos Minerais.16 v. MESNER, J.C. & WOOLDRIDGE, L.C.P. 1964. Maranhão Paleozoic basin and Cretaceous coastal basin, North Brasil. Bulletin of American Association of Petroleum Geologists, 48, p. 1475-1512. SCISLEWSKI, G., LACERDA FILHO, J.F, MARTINS, E.G., MORAIS FILHO, J.C.R., SOUZA, J.O., MORETON, L.C., OLIVATI, O. & SANTOS, A.P. 1983. Projeto Carvão energético na bacia Tocantins/Araguaia. Fase II. Relatório Final. DNPM/CPRM, Goiania, 4v. SEILACHER, A. 1970. Cruziana stratigraphy of nonfossiliferous Palaeozoic sandstones. In: CRIMES, T.P. & HARPER, J.C. (Eds.) Trace Fossils. Liverpool: Seel House Press. 447-476p. (Geological Journal, Special Issue 3). WELLER, S. 1899. Kinderhook Faunal Studies. I. The Fauna of the Vermicular Sandstone at Northview, Webster County, Missouri. Trans. Acad. Sci. St. Louis, vol. 9, p. 9-52. [1] Biólogo, Graduando em Ciências Biológicas, Colaborador do Laboratório de Paleobiologia da Universidade Federal do Tocantins, Campus de Porto Nacional wa_matos@yahoo.com, alves_modesto@yahoo.com.br [2] Paleontólogo, Doutor em Geologia, Professor Adjunto da Universidade Federal de Uberlândia candeiro@yahoo.com.br 72

ANEXO 1- Registros da coleção de Icnofósseis da Bacia do Parnaíba depositados no LBP Nº. de Coleção Identificação do Material Proveniência Formação Geológica/ Idade UFT- 019, UFT020, UFT- 021, UFT-022, UFT-023, UFT-024, UFT-025, UFT- 026 UFT-027, UFT-028 UFT-029, UFT-030 UFT- 032 Icnofósseis indet. Porto Nacional, TO, Brasil Devoniano UFT-0101, UFT-0106 Icnofósseis indet. Palmas, TO, Brasil Pimenteiras, Devoniano UFT-037, UFT-099 Bivalves indet. Ponte Alta do Tocantins, TO, Brasil Devoniano UFT-0237 Bivalves, indet Estância Cantilena, TO / UFT-107, UFT-0108 UFT- 0109, UFT-0110 UFT-0111, UFT-0112 UFT-0113, UFT- 0114 UFT-0115, UFT-0116 UFT-0117, UFT-0118 UFT- 0119, UFT-0120 UFT-0121, UFT-0122 UFT-0123, UFT- 0124 UFT-0125, UFT-0126 UFT-0127, UFT-0128 UFT- 0129, UFT-0130 UFT-0131, UFT-0132 UFT-0133, UFT- 0134 UFT-0135, UFT-0136 UFT-0138, UFT-0139 UFT- 0140, UFT-0141 UFT-0149, UFT-0151 UFT-0152, UFT- 0153 UFT-0154, UFT-0155 UFT-0156, UFT-0157 UFT- 0158, UFT-0159 UFT-0160, UFT-0161 UFT-0162, UFT- 0163 UFT-0164, UFT-0165 UFT-0166, UFT-0167 UFT- 0168, UFT-0169 UFT-0170, UFT-0171 UFT-0172, UFT- 0173 UFT-0174, UFT-0175 UFT-0176, UFT-0177 UFT- 0178, UFT-0179 UFT-0180, UFT-0181 UFT-0182, UFT- 0183 UFT-0184, UFT-0185 Fragmentos de Crinóides? Estância Cantilena, TO / Nº. de Coleção Identificação do Material Proveniência Formação Geológica/ Idade UFT-0186, UFT-0187 UFT-0188, UFT-0190 UFT-0191, UFT-0192 UFT-0193, UFT-0194 UFT-0195, UFT-0196 UFT-0197, UFT-0198 UFT-0199, UFT-0203 UFT-0205, UFT-0206 UFT-0207, UFT-0208 Fragmentos de Crinóides? Estância Cantilena, TO / 73

UFT-0209, UFT-0210 UFT-0211, UFT-0212 UFT-0213, UFT-0214 UFT-0215, UFT-0216 UFT-0217, UFT-0218 UFT-0220, UFT-0221 UFT-0222, UFT-0225 UFT-0226, UFT-0227 UFT-0228, UFT-0229 UFT-0230, UFT-0231 UFT-0233, UFT-0234 UFT-0235, UFT-0236 UFT-0240, UFT-0241 UFT-0242, UFT-0243 UFT-0244, UFT-0245 UFT-0246, UFT-0247 UFT-0248, UFT-0249 UFT-0250, UFT-0251 UFT-0252, UFT-0253 UFT-0254, UFT-0255 UFT-0256, UFT-0257 UFT-0258, UFT-0259 UFT-0260, UFT-0261 UFT-0262, UFT-0263 UFT-0264, UFT-0265 UFT-0266, UFT-0267 UFT-0268, UFT-0269 UFT-0270, UFT-0271 UFT-0296, UFT-0297 UFT-0298, UFT-0299 UFT-0300, UFT-0301 UFT-0302, UFT-0303 UFT-0304, UFT-0360 UFT-0361, UFT-0362 UFT-0363, UFT-0364 UFT-0365,UFT-0410 UFT0411, UFT-0412 UFT-0413 Fragmento de Crinóide Brejinho de Nazaré UFT-0313, UFT-0314 UFT-0315, UFT-0316 UFT-0317, UFT-0318 UFT-0319, UFT-0320 UFT-0321, UFT-0322 UFT-0323, UFT-0324 UFT-0325, UFT-0326 UFT-0328, UFT-0334 UFT-0338 UFT-0366, UFT-0367, UFT-0368, UFT-0369, UFT-0370 Base de Crinóides Palmas-TO / Nº. de Coleção Identificação do Material Proveniência Formação Geológica/ Idade UFT-0371, UFT-0378, UFT-0379, UFT-0380 UFT-0381, UFT-0382 Base de Crinóides Palmas-TO / 74

UFT-0437, UFT-0438 UFT-0439 Fragmentos de Crinóides indet. Palmas-TO, Fazenda B. Horizonte UFT-0137, UFT-0189 UFT-0219, UFT-0223 UFT-0224 Fragmentos de Bivalves indet. Estância Cantilena, TO / UFT-0239 Fragmentos de Crinóides com Bivalves Estância Cantilena, TO / UFT-0308 Coroa de Crinóides Palmas-TO / UFT-0309, UFT-0310 Brachiopodes e Crinóides Palmas-TO / UFT-0429 Braquiópodes e Crinóides Palmas-TO UFT-295 Brachiopoda, indet. Palmas-To / UFT-0340, UFT-0341 UFT-0342, UFT-0343 UFT-0345, UFT-0372 UFT-0373, UFT-0373 UFT-0385, UFT-0386 UFT-0387, UFT-0388 UFT-0389 Braquiópodes in sito (indet.) Palmas-TO / UFT-0427 Braquiópodes Palmas-TO UFT-0329 Brachiopoda Brejinho de Nazaré Nº. de Coleção Identificação do Material Proveniência Formação Geológica/ Idade UFT-0327 Contramolde Colunar de Crinóide Palmas-TO / 75

UFT-0332, UFT-0335 UFT-0336, UFT-0339 Coluna de Crinóide Palmas-TO UFT-0428 Colunal de Crinóides Palmas-TO UFT-0337 Pluricolunal de Crinóide Palmas-TO UFT-0403, UFT-0404 UFT-0405, UFT-0406 UFT-0407, UFT-0408 UFT-0409 Pluricolunias de Crinóides Taquaruçu UFT-0444, UFT-0445 Pluricolunais de Crinóides Taquaruçu UFT-0344 Colunais. in sito (indet.) Palmas-TO UFT-0346, UFT-0347 UFT-0348 UFT-0349 UFT-0350 UFT-0351 UFT-0352 UFT-0353 UFT-0354 UFT-0355 UFT-0356 UFT-0392, UFT-0393 UFT-0394, UFT-0395 UFT-0396, UFT-0397 UFT-0398, UFT-0399 UFT-0400, UFT-0401 UFT-0402 Discos Isolados de Crinóides Palmas-TO Discos isolados de Crinóides Taquaruçu UFT-0331, UFT-0432, UFT-0433, UFT-0434, Discos de Crinóides Palmas-TO, Fazenda B.Horizonte UFT-0441, UFT-0442, UFT-0443 Discos isolados de Crinóides Taquaruçu UFT-0357 Discos isolados de Crinóides com tubérculos na epifoceta Palmas-TO UFT-0358, UFT-0359 Colunais de Crinóides articulados Palmas-TO Nº. de Coleção Identificação do Material Proveniência Formação Geológica/ Idade 76

UFT-0383 Colunal de Crinóide in sito Palmas-TO UFT-0435 Colunais de Crinóides Palmas-TO, Fazenda B. Horizonte UFT-0375 Braquiópode? Palmas-TO UFT-0377 Crinóides (colônia jovem) Palmas-TO UFT-0384 Molusco e colunais de Crinóides Palmas-TO UFT-0390 Disco isolado do pendúculo Crinóide Palmas-TO UFT-0414, UFT-0415, UFT-0416? Praia Rica, Rio das Balsas, Município Santa Teresa-TO (fundo do Rio) UFT-0426 Secreção de Crinóides Palmas-TO UFT-0430 Colunal Homeomórfica Palmas-TO, Fazenda B. Horizonte UFT-0436 Base colunais de Crinóides Palmas-TO, Fazenda B. Horizonte UFT-0440 Fragmentos de Braquiópodes Palmas-TO, Fazenda B. Horizonte UFT-0358, UFT-0359 Colunais de Crinóides articulados Palmas-TO 77