Estudo de viabilidade da captação das águas pluviais e do reuso da água da UFERSA câmpus Mossoró

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Transcrição:

MINISTÉRIO DA EDUCAÇÃO UNIVERSIDADE FEDERAL RURAL DO SEMI-ÁRIDO RELATÓRIO TÉCNICO REFERENTE À PORTARIA n o 0689/2015 Estudo de viabilidade da captação das águas pluviais e do reuso da água da UFERSA câmpus Mossoró Equipe: Luis César de Aquino Lemos Filho Presidente Rafael Oliveira Batista - Membro João Liberalino Filho - Membro Mossoró-RN Janeiro de 2016

MINISTÉRIO DA EDUCAÇÃO UNIVERSIDADE FEDERAL RURAL DO SEMI-ÁRIDO SUMÁRIO Item Pg 1. INTRODUÇÃO 1 2. OBJETIVO 1 3. METODOLOGIA 2 4. RESULTADOS 3 4.1 Tipos de águas para reuso na UFERSA 3 4.2 Potencial de uso da água pluvial 3 4.3 Potencial de uso de água cinza 5 5. CONSIDERAÇÕES FINAIS 8 6. REFÊNCIAS 9 7. APÊNDICE 10 8. ANEXO 14

1 1. INTRODUÇÃO A causa da escassez hídrica no semiárido brasileiro está relacionada a alguns aspectos como o elevado potencial de evaporação, baixos valores e irregularidade das precipitações pluviométrica e a estrutura geológica que não permite acumular de maneira satisfatória água no subsolo, o que, de certa forma, interfere inclusive no volume de água dos mananciais hídricos superficiais. Segundo Medeiros (2015), os reservatórios do semiárido Potiguar estão, atualmente, com 30% da capacidade máxima de acumulação. Outro problema do semiárido brasileiro é o baixo índice de coleta e tratamento das águas residuárias urbanas, que ao serem dispostas de forma inadequada no ambiente acarretam problemas socioambientais. No semiárido Potiguar, apenas, 24,45 e 23,30% da população é contemplada com rede coletora e sistema de tratamento de esgotos (BRASIL, 2013). Diante da escassez hídrica e, sobretudo, da inadequação do sistema de esgotamento sanitário no semiárido brasileiro, o uso das águas pluviais e das águas residuárias consistem em alternativas viáveis tanto para melhoria da qualidade de vida das populações quanto para melhorar a produção agrícola, potencializando ao máximo o uso das águas de boa qualidade para abastecimento humano. O reuso da água para fins não-potáveis é caracterizado pela utilização de águas pluviais e águas residuárias domésticas tratadas para suprir necessidades diversas que admitem qualidade da água inferior ao nível de potabilidade. Além disso, a utilização de águas residuárias tratadas como fonte de nutrientes, traz benefícios ao ambiente e à produção de biomassa vegetal, reduzindo seus custos com aplicação de fertilizantes e, consequentemente, aumentar a produtividade das culturas. 2. OBJETIVO Realizar um estudo de viabilidade da captação das águas pluviais e do reuso da água na UFERSA câmpus Mossoró-RN, conforme solicitado na PORTARIA UFERSA/GAB n o 0689/2015, de 24 de novembro de 2015.

2 3. METODOLOGIA No período de 24 de novembro de 2015 a 24 de fevereiro de 2016 a comissão instituída pela PORTARIA UFERSA/GAB n o 0689/2015, de 24 de novembro de 2015, atuou no levantamento de informações in loco no câmpus da UFERSA Mossoró-RN que possibilitassem avaliar a viabilidade da captação de águas pluviais e reuso de água, as quais foram: - Tipos de águas que possam ser utilizadas para fins não potáveis na UFERSA Mossoró-RN; - Número de discentes, docentes e funcionários que atualmente ocupam a UFERSA Mossoró-RN, obtidos na Pró-Reitoria de Administração, Pró-Reitoria de Graduação e Pró-Reitoria de Gestão de Pessoas; - Estimativa do consumo per capta de água na UFERSA Mossoró-RN, obtida de sítios da internet; - Número de prédios com área de telhado igual ou superior a 100 m 2 na UFERSA Mossoró-RN; e - Área total de telhado para captação da água pluvial na UFERSA Mossoró-RN. Na estimativa do volume potencial de água coletado nos telhados da UFERSA Mossoró-RN, considerou-se um fator de perdas da água pluvial de 20%. Enquanto na estimativa do consumo de água per capta foi assumido um valor médio de 63 L por pessoa por dia.

3 4. RESULTADOS 4.1 Tipos de águas para reuso na UFERSA Em um levantamento realizado junto aos docentes e funcionários da UFERSA no câmpus Mossoró-RN, os tipos de água com potencial para reuso são as seguintes: - Água pluvial; - Água cinza; - Água negra; - Água gerada nos aparelhos de ar condicionado; - Água gerada em dessalizadores; - Água gerada em destiladores; - Água gerada em deionizadores; - Água gerada nos tanques da psicultura. Dentre as águas levantadas na UFERSA Mossoró-RN as que apresentam maiores volumes e, consequentemente, maior potencial para reuso imediato são as águas pluvial e cinza. 4.2 Potencial de uso da água pluvial O estudo do potencial de captação de água pluvial na UFERSA câmpus Mossoró- RN apontou que os 86 prédios, com área de telhado superior a 100 m 2 (Tabelas 1 e 2 do Apêndice), integralizam uma área total de telhados nos câmpus Leste e Oeste de 71.041 m 2. Considerando uma precipitação média anual de 650 mm, no município de Mossoró-RN e perdas de 20% no processo de captação da água pluvial, tem-se um volume potencial dessa água para ser armazenado de 36.941 m 3 por ano. No estudo realizado por Lunardi et al. (2013) no câmpus Mossoró-RN em 2012, constatou-se que o volume de água de abastecimento consumido naquele ano foi de 194.047 m³ por 6.451 pessoas representadas por docentes efetivos e substitutos/temporários + técnicos administrativos + discentes de graduação e pósgraduação + trabalhadores de empresas contratadas, funcionários da Caixa Econômica Federal, do restaurante universitário, das lanchonetes e das fotocopiadoras, resultado em

4 consumo per capta médio de 82 L por pessoa por dia. Diante das informações apresentas, somente com a coleta e armazenado das águas pluviais tem-se economia anual de água da rede de abastecimento de aproximadamente 19%. Considerando o custo de R$ 3,10 por m 3 da água de abastecimento cobrado pela Companhia de Águas e Esgotos do Rio Grande do Norte (Caern) em janeiro de 2016, o potencial anual de economia da água de abastecimento em termos financeiros é de R$ 114.517,00. Esta economia com água em um horizonte de planejamento é de 10 anos, permitindo a arrecadação de um montante de R$ 1.145.170,00, viabilizando investimentos de médio prazo em estruturas de coleta, transporte e armazenamento de água pluvial na UFERSA câmpus Mossoró-RN. Este volume atende a demanda por água na descarga de vaso sanitário de 5060 pessoas por dia, considerando que uma pessoa na UFERSA frequente, em média duas vezes por dia, o sanitário, utilizando cerca de 10 L de água em cada descarga. Para fins de irrigação este volume de água possibilita a manutenção anual de uma área na UFERSA de 1,5 ha, atendendo a uma demanda evapotranspiratória média de 7,0 mm d -1. O sistema de captação de água pluvial é constituído de três componentes principais (Figura 1): Calha coletora da água pluvial; dispositivo de descarte do primeiro milímetro de precipitação pluviométrica; e reservatório de água pluvial. Figura 1. Ilustração dos componentes básicos do sistema de captação e armazenamento de água pluvial para fins não potáveis: a) calha; b) dispositivo de descarte do primeiro milímetro de precipitação pluviométrica; e c) reservatório. Fonte: http://construcaoedecoracaodecasas.net/wp-content/gallery/calha-de-pvc/calha-de-pvc-7.jpg e http://www.matupanews.com.br/noticias-editorial-ver.php?id=30421

5 4.3 Potencial de uso de água cinza Considerando a estimativa de consumo anual da água de abastecimento de 194.047 m³ apresentado por Lunardi et al. (2013) e o percentual de 60% de água cinza em estabelecimentos residências proposto por Clarke e King (2005), tem-se uma estimativa anual de geração de água cinza na UFERSA câmpus Mossoró-RN de 116.428 m³. Segundo a NBR 13969 (ABNT, 1997), a água cinza com o devido tratamento possuem potencial para reuso na lavagem de veículos; lavagens de pisos, calçadas e irrigação dos jardins, manutenção dos lagos e canais para fins paisagísticos; descargas dos vasos sanitários; e irrigação localizada ou por superfície de pomares, cereais e forrageiras. Para isto, esta normatização estabelece na Tabela 1 padrões para o aproveitamento de água cinza que possibilite o reuso. Com o custo atual da água de abastecimento de R$ 3,10 por m 3 e o volume anual de água cinza de 116.428 m³ na UFERSA câmpus Mossoró-RN, o potencial de economia anual com água de abastecimento é de R$ 360.927,00, sendo que em um horizonte de planejamento de 10 anos esta montante passa para R$ 3.609.270,00, viabilizando investimentos de médio prazo em infraestruturas de tratamento e aproveitamento de água cinza em múltiplas atividades. Para o tratamento e uso da água cinza propõem-se duas possibilidades de pacotes tecnológicos: - Sistema de tratamento e aproveitamentos agrícola de água cinza que está em fase de desenvolvimento pelo Prof. Rafael Oliveira Batista, que consta de tanque séptico, filtro anaeróbio, reator ultravioleta e sistema de irrigação, apresentado na Figura 2. - Estação compacta de tratamento e uso de água cinza na irrigação paisagística, desenvolvida pelo setor privado, que consta de sistema de filtração e de desinfecção por cloro, como apresentado na Figura 3 (ver maiores detalhes no Anexo)

6 Tabela 1. Classes e padrões do aproveitamento de água cinza Especificações Classe 1 Classe 2 Classe 3 Classe 4 Atividade de reuso Lavagem de carro Lavagens de pisos, calçadas e irrigação dos jardins, manutenção dos lagos e canais para fins paisagísticos Descargas dos vasos sanitários Irrigação localizada ou por superfície de pomares, cereais e forrageiras. Coliformes fecais (NMP 100mL -1 ) < 200 < 500 < 500 < 5000 ph 6,0-8,0 - - - Cloro residual (mg L -1 ) Turbidez (UNT) Sólidos dissolvidos (mg L -1 ) Oxigênio dissolvido (mg L -1 ) 0,5-1,5 > 0,5 - - < 5,0 < 5,0 < 10 - < 200 - - - - - - > 2 Tipo tratamento de Tratamento aeróbio (lodo ativado) seguido por filtração convencional (areia e carvão ativado) e, finalmente, desinfecção. Tratamento aeróbio (lodo ativado) seguido de filtração de areia e desinfecção. Tratamento aeróbio seguido de filtração e desinfecção. - Comentários - - Fonte: NBR 13969 (ABNT, 1997). As águas de enxágüe das máquinas de lavar roupas satisfazem a este padrão, sendo necessário apenas desinfecção. As aplicações devem ser interrompidas pelo menos 10 dias antes da colheita

7 Figura 2. Esquema do sistema de tratamento e aproveitamento agrícola da água cinza para áreas urbanas e rurais, destacando o tanque séptico com duas câmaras (1), o filtro anaeróbio de fluxo ascendente (2), reator ultravioleta artificial (3), reservatório de efluente (4), área destinada à atividade da irrigação (5) e vala de infiltração (6) Figura 3. Imagem da estação de tratamento e uso na irrigação paisagística de água cinza, desenvolvida pelo setor privado

8 5. CONSIDERAÇÕES FINAIS Na UFERSA câmpus Mossoró-RN, o uso das águas pluvial e cinza tratada nas atividades cotidianas de irrigação do pomar, arvores, gramados, jardins e horta; lavagem de pisos; descarga de vaso sanitário; e lavagem de veículos, apresenta viabilidade econômica e socioambiental, pelo fato de propiciar economia anual de 153.369 m 3 de água de abastecimento, o equivalente a R$ 475.444,00.

9 6. REFERÊNCIAS ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS. NBR 13.969. Tanques sépticos - Unidades de tratamento complementar e disposição final dos efluentes líquidos - Projeto, construção e operação. Rio de Janeiro: ABNT, 1997, 60p. BRASIL. Ministério das Cidades. Secretaria Nacional de Saneamento Ambiental SNSA. Sistema Nacional de Informações sobre Saneamento: Diagnóstico dos serviços de água e esgoto 2013: tabelas completas de informações e indicadores dos prestadores de serviços regionais. Brasília: SNSA/MCIDADES, 2014. Disponível em:< http://www.snis.gov.br/paginacarrega.php?ewrerterterterter=105>. Acessado em: 22 jun. 2015. CLARKE, R.; KING, J. O atlas da água. São Paulo: Publifolha, 2005. 128p LUNARDI, D. G.; VARELLA, F. K. O. M.; DOMBROSKI, S. A. G.; LUNARDI, V. O.; CARNEIRO, B. T. S.; ALMEIDA, N. R. A. Plano de gestão de logística sustentável. Mossoró: UFERSA, 2013. 60 p. MEDEIROS, S. S.; LIMA, R. C. C.; LIMA, J. P. Monitoramento dos reservatórios da região semiárida. Campina Grande: INSA, 2015. 25p.

7. APÊNDICE 10

11 Tabela 1. Levantamentos do número de prédios com respectiva área de telhado no câmpus Oeste da UFERSA Mossoró-RN Prédios com mais de 100 m 2 de telhado Área do telhado (m 2 ) Departamento de ciência animais I 732 Departamento de ciência animais II 1022 Bloco de residência universitária I 576 Bloco de residência universitária II 570 Complexo de laboratórios de biotecnologia e de ecologia 680 Escola 480 Alojamento - Casa 1 150 Alojamento - Casa 2 180 Alojamento - Casa 3 143 Alojamento - Casa 4 143 Alojamento - Casa 6 224 Alojamento - Casa 7 121 Alojamento feminino 300 Central de aulas I - DCAN 1080 Ala de animais grandes - Hospital veterinário 816 Laboratório de medicina interna veterinária 323 Alojamento residentes - Hospital veterinário 165 Laboratório de anatomia, patologia e técnicas cirurgicas 663 Laboratório de anatomia veterinária 207 Laboratório de medicina veterinária preventiva e saúde animal 207 Laboratório de imunologia, microbiologia e parasitologia 207 Laboratório de biologia celular e histologia 546 Laboratório de liminologia e qualidade da água 646 Hospital veterinário 874 Centro de convivência 550 Laboratório de sementes 576 Centro integrado de laboratórios 990 Vila masculina 1920 Capela Sagrada Família 342 Central de aulas I 1852 Anexo II - DCAT 368 Anexo III - DCAT 552 Núcelo de práticas contábeis 220 Central de aulas II - DCAT 1080 Laboratório de fertilidade - DCAT 120 Casas de vegetação - DCAT 756 Departamento de ciência ambientais e tecnológicas - Câmpus Oeste 910 Laboratório de recursos hídricos 651 Fitossanidade - DCV 924 Total 22866

12 Tabela 2. Levantamentos do número de prédios com respectiva área de telhado no câmpus Leste da UFERSA Mossoró-RN Prédios com mais de 100 m 2 de telhado Área do telhado (m 2 ) Ginásio de esportes Presidente Costa e Silva 1280 Reitoria 1472 Pós-graduação em ciência da computação 874 Laboratório de pós-colheita 598 Laboratório de solo, água e planta 1045 Laboratório de solo, água e planta do semiárido 713 Centro de Integrado de Inovação Tecnológica do Semiárido - CITED 580 Laboratório de Ensino de Química, Física e Matemática 861 Laboratório de Engenharia I 920 Bloco de Aula e Laboratório de Informática 1207 Administrativo (Rosadão) 1428 Diretoria de Manutenção 585 Laboratório de Engenharia II 840 Laboratório de Biotecnologia 594 Expocenter 2800 Laboratório de Ciência da Computação 760 Central de Aulas VI 989 Departamento de Ciências Ambientais e Tecnológicas - DCAT LESTE 1280 Departamento de Ciências Exatas e Naturais - DCEN 1280 Central de Aulas V 1420 Pró-Reitoria de Pesquisa e Pós-Graduação - PROPPG 1280 Laboratório das Engenharias (Construção) 2272 Bloco de Salas de Aula II (Construção) 780 Bloco de Salas de Apoio a PROGRAD, NEAD e Monitoria da Ufersa 663 Centro de Multiplicação de Animais Silvestres (CEMAS) 960 Setor de Suinocultura 1512 Complexo Transporte, Patrimônio e Almoxerifado 4080 Complexo Zootécnico Diogo Paes 1078 Centro de Estudo da Pesca e Apicultura Sustentável 540 Horta 210 Departamento de Ciências Vegetais 1584 Laboratório de Engenharia Florestal (Construção) 684 Centro de Pesquisa Vocacionada do Semiárido 736 Centro Tecnológico do Agronegócio 1252 Núcleo de Pós-Graduação Laíre Rosado 765 Licenciatura em Educação no Campo 450 Prédio em Construção 519 Central de Aulas IV 1220 Departamento de Ciências Sociais e Agrotecnológicas (DACS) 1105 Fábrica de Ração 288 Centro de Convivência 782 Restaurante Universitário 1152 Grupo Planta 271 Biblioteca Orlando Teixeira 1764 Laboratório de Construções Rurais 450

13 Casa de Vegetação - DCV 140 Vigilância 112 Total 48175

8. ANEXO 14