Viabilidade do processamento de pães com farinha de pinhão e iogurte

Documentos relacionados
Desenvolvimento de massa de pizza enriquecida com feijão-caupi (Vignaunguiculata (L.) Walp.)

Elaboração de pães com adição de soro de manteiga

Viabilidade do processamento de biscoitos com farinha de pinhão

Elaboração de pães com adição de farelo de soja

ELABORAÇÃO DE BISCOITOS COM ADIÇÃO DE FARINHA DE CASCA DE BATATA (Solanum tuberosum L.)

Elaboração de Pães com Farinha de Pinhão. Bread-Making with Pine Nut Flour

ELABORAÇÃO DE GELEIA TRADICIONAL E LIGHT DE GUABIROBA BRUNA NAPOLI¹; DAYANNE REGINA MENDES ANDRADE²; CRISTIANE VIEIRA HELM³

I SEMINÁRIO DE INICIAÇÃO CIENTÍFICA DA EMBRAPA ACRE ACEITAÇÃO SENSORIAL DE BOLO ELABORADO COM FARINHAS DE CASTANHA- DO-BRASIL E BANANA VERDE

DESENVOLVIMENTO E ANALISE SENSORIAL DE BISCOITO CHAMPANHE ENRIQUECIDO COM FARINHA DE SOJA

AVALIAÇÃO DO USO DE ADOÇANTES ALTERNATIVOS NA ACEITABILIDADE DE BISCOITOS AMANTEIGADOS SEM GLÚTEN COMO ALTERNATIVA PARA PACIENTES CELÍACOS

XI Jornada Científica XI Semana de Ciência e Tecnologia IFMG Campus Bambuí

Elaboração de Pães com Adição de Farinha de Sabugo de Milho

ELABORAÇÃO E ACEITAÇÃO DE PÃO COM REDUÇÃO DE CLORETO DE SÓDIO E CARACTERÍSTICAS FUNCIONAIS

ELABORAÇÃO, ACEITABILIDADE E CARACTERIZAÇÃO FÍSICO-QUÍMICA DE BISCOITO AMANTEIGADO SUBSTITUIDO POR FARINHA TRITICALE (SARRACENO) Apresentação: Pôster

ELABORAÇÃO E ACEITABILIDADE PÃO ENRIQUECIDO COM FARINHA DE LINHAÇA E CENOURA.

INTENÇÃO DE COMPRA DE BISCOITOS TIPO COOKIE SABOR CHOCOLATE COM DIFERENTES TEORES DE FARINHA DE UVA

AVALIAÇÃO SENSORIAL DE DOCE DE LEITE PASTOSO ADICIONADO DE FARINHA DE LINHAÇA

ELABORAÇÃO DE PÃES FORMULADOS COM SORGO

ELABORAÇÃO DE IOGURTE COM ADIÇÃO DE CASTANHA DE CAJU E AVALIAÇÃO DA SUA ACEITAÇÃO SENSORIAL 1

IOGURTE ADICIONADO DE WPC OU SORO EM PÓ: QUAL A MELHOR OPÇÃO SENSORIAL? Universidade Estadual do Oeste do Paraná/ Colegiado de Farmácia/ Cascavel-PR

ELABORAÇÃO E CARACTERIZAÇÃO DE ENROLADINHOS DE SALSICHA A PARTIR DA SUBSTITUIÇÃO DE PARTE DA FARINHA DE TRIGO POR MANDIOCA COZIDA

QUEIJO TIPO MINAS FRESCAL COM COLÁGENO HIDROLISADO E ORÉGANO: TECNOLOGIA DE FABRICAÇÃO E AVALIAÇÃO SENSORIAL

CARACTERIZAÇÃO SENSORIAL E FÍSICO-QÚÍMICA DE COOKIES ENRIQUECIDOS COM FARINHA DE JATOBÁ ENTRE ESCOLARES

DETERMINAÇÃO DE VIDA DE PRATELEIRA DA FARINHA OBTIDA A PARTIR DAS CASCAS DE ABACAXI (Ananas comosus L. Merril)

DESENVOLVIMENTO E ANÁLISE SENSORIAL DE UM GELADO COMESTÍVEL (PICOLÉ) DIET. Palavras-chave: picolé diet, novidades alimentícias, análise sensorial.

PREFEITURA MUNICIPAL DE VENDA NOVA DO IMIGRANTE

ANÁLISE NUTRICIONAL E SENSORIAL DE SUPLEMENTOS ALIMENTARES

Processamento de barras de cereais com adição de farinha de batata-doce (Ipomoea batatas L.)

ANÁLISE MICROBIOLÓGICA DE BISCOITOS TIPO COOKIE SABOR CHOCOLATE COM DIFERENTES TEORES DE FARINHA DE UVA

Prêmio Jovem Cientista

Elaboração de produtos a partir do aproveitamento total da batata-doce

APLICAÇÃO DE ÓLEOS E GORDURAS DE RELEVÂNCIA NUTRICIONAL EM PRODUTOS DE PANIFICAÇÃO. da Silva e Elisa Makiyama Kim FEA-UNICAMP

AVALIAÇÃO SENSORIAL DE SORVETE COM DIFERENTES CONCENTRAÇÕES DA FARINHA DE MACAÚBA

AVALIAÇÃO SENSORIAL DA FIBRA DO PEDÚNCULO DO CAJÚ (Anacardium occidentale L.) EM DIFERENTES CONCENTRAÇÕES COMO RECHEIO EM PASTEIS

DESENVOLVIMENTO DE PRODUTO A BASE DE BATATA DOCE. Ana Paula S. Silva 1, Flavia C. Cavalini 2. Professora da Faculdade de Tecnologia de Itapetininga

ELABORAÇÃO E CARACTERIZAÇÃO FÍSICO-QUÍMICA DE FARINHA DA SEMENTE DE PINHÃO (ARAUCARIA ANGUSTIFÓLIA)

ADIÇÃO DE FIBRA DE CÔCO MACAÚBA (Acrocomia aculeata (Jacq.) Lodd) NA PRODUÇÃO DE RICOTA

ELABORAÇÃO DE BISCOITOS TIPO COOKIES UTILIZANDO FARINHA MISTA EXTRUSADA DE GRÃOS QUEBRADOS DE ARROZ E BANDINHA DE FEIJÃO

AVALIAÇÃO SENSORIAL DE PREPARAÇÕES COM SOJA MARROM ADICIONADOS DE FEIJÃO CARIOQUINHA

lacunifera Ducke). Renata Carvalho Neiva,Regilda Saraiva dos Reis Moreira-Araújo

AVALIAÇÃO FÍSICO-QUÍMICA DE BISCOITO ELABORADO COM RESÍDUO DE POLPA DE AMORA-PRETA (Rubus spp.) 1. INTRODUÇÃO

DESENVOLVIMENTO DE PÃES TIPO FORMA ADICIONADO DE FARINHA DE BERINJELA

UTILIZAÇÃO DA BATATA YACON NA ALIMENTAÇÃO HUMANA COMO FONTE DE PRÉ-BIÓTICO

Palavras chave: bagaço seco, fração fibrosa, teste sensorial

ANÁLISE SENSORIAL DE PÃO DE ERVAS ELABORADO COM LEITE CAPRINO ENRIQUECIDO COM DIFERENTES FARINHAS

APROVEITAMENTO DA FARINHA DE BANANA VERDE NA ELABORAÇÃO DE BISCOITOS TIPO COOKIES

DESENVOLVIMENTO DE SMOOTHIE FUNCIONAL ACRESCIDO DE BIOMASSA DA

ELABORAÇÃO DE BISCOITOS TIPO COOKIE ENRIQUECIDOS COM FARINHA DE UVA E LEVEDO DE CERVEJA

Bebida Fermentada de Soja

Sorvete de geleiada de morango com hibisco (Hibiscus sabdariffa L.)

OBTENÇÃO E UTILIZAÇÃO DE FARINHA DE FEIJÕES-CAUPI DE GRÃOS BRANCOS NA ELABORAÇÃO DE PASTEL DE FORNO

PÃO ELABORADO COM FARINHA DE OKARA

5º Simposio de Ensino de Graduação ELABORAÇÃO DO NHOQUE DE INHAME SEM GLÚTEN. DESENVOLVIMENTO DO RÓTULO E PROPAGANDA DO NHOQUE DE INHAME SEM GLÚTEN.

DESENVOLVIMENTO DE FORMULAÇÃO DE REQUEIJÃO CREMOSO COM BAIXO TEOR DE SÓDIO E DE GORDURAS

UNIVERSIDADE FEDERAL DE VIÇOSA CENTRO DE CIÊNCIAS BIOLÓGICAS E DA SAÚDE DEPARTAMENTO DE NUTRIÇÃO E SAÚDE

VIABILIDADE DA PRODUÇÃO DE PÃO, UTILIZANDO FARINHA MISTA DE TRIGO E MANDIOCA EM DIFERENTES PROPORÇÕES

AVALIAÇÃO FÍSICO-QUÍMICA E SENSORIAL DE ABÓBORA E MORANGA CRISTALIZADAS PELO PROCESSO DE AÇUCARAMENTO LENTO.

AVALIAÇÃO SENSORIAL DE BISCOITOS FORMULADOS COM FARINHA DE SEMENTE DE GOIABA

ANÁLISE SENSORIAL DE UMA BARRA DE CEREAL PREPARADA COM FARINHA DA CASCA DE PEQUI (CARYOCAR BRASILIENSE CAMB.)¹

APROVEITAMENTO DE SORO DE LEITE: perfil sensorial de doce de leite pastoso com polpa de marolo

AVALIAÇÃO DE PARÂMETROS SENSORIAIS EM SOBREMESAS LÁCTEAS SABOR CHOCOLATE ELABORADAS COM LEITE E SORO DE LEITE

Desenvolvimento de Pão Francês Light com Redução de 50% de sódio. Vitor Meleiro¹, Wesley da Costa², Juliana Carvalho³, Gisele Lara 4.

CARACTERIZAÇÃO FÍSICO-QUÍMICA E SENSORIAL DE GELADO COMESTÍVEL ELABORADO COM POLPA DO FRUTO DE MANDACARU ADICIONADO DE SORO DE LEITE

Desenvolvimento e análise sensorial de doce de leite utilizando farinha de banana verde (Musa spp.)

ANÁLISE SENSORIAL DE STROGONOFF VEGETARIANO ENTRE OS COMENSAIS DE UM RESTAURANTE UNIVERSITARIO DO MUNICÍPIO DE GUARAPUAVA-PR

IOGURTE PROBIÓTICO DE MORANGO SEM LACTOSE

ELABORAÇÃO DE MASSA PARA PIZZA A PARTIR DA FARINHA DE ARROZ (Oryza sativa L.) FLOCADA

ANÁLISE SENSORIAL E ELABORAÇÃO DE BISCOITO AMANTEIGADO ADICIONADO DE FARINHA DE MARACUJÁ (Passiflora edulis)

Avaliação química e sensorial de formulações de biscoitos com okara

DESENVOLVIMENTO DE TIPO HAMBURGUER BOVINO COM ADIÇÃO DE FARINHA DE BERINJELA

ANÁLISE SENSORIAL DE DOCE DE LEITE PASTOSO PURO, DOCE DE LEITE PASTOSO COM GELEIA DE BURITI E DOCE DE LEITE PASTOSO GELEIA DE CUPUAÇU

CARACTERIZAÇÃO E UTILIZAÇÃO DE VARIEDADES DE SOJA (Glycine max (L.) Merril) EM PRODUTOS DE PANIFICAÇÃO

Sorvete funcional à base de extrato de hibisco (Hibiscus sabdariffa L.) adicionado do cálice da flor

ELABORAÇÃO DE PÃES DE FORMA ENRIQUECIDOS COM CENOURA, BETERRABA E ESPINAFRE

Funções dos Ingredientes na Panificação

COMPOTA DE ABACAXI ADICIONADO DE DIFERENTES CONCENTRAÇÕES DE CANELA EM PAU

ESPECIFICAÇÃO TÉCNICA Leite de Côco Desidratado

DETERMINAÇÃO FÍSICO-QUÍMICA E PERFIL DE TEXTURA DE BOLACHA TIPO CREAM CRACKER

EFEITO DA ADIÇÃO DE SORO DE QUEIJO SOBRE AS CARACTERÍSTICAS SENSORIAIS DE BEBIDAS LÁCTEAS FERMENTADAS SABOR UVA

IV Semana de Ciência e Tecnologia IFMG - campus Bambuí IV Jornada Científica 06 a 09 de Dezembro de 2011

Aceitação sensorial de bebida láctea, sob diferentes concentrações de soro

CARACTERIZAÇÃO FÍSICO-QUÍMICA E SENSORIAL DE CHIPS DE MACAXEIRA

18. DESENVOLVIMENTO DE PANQUECA COM QUINOA

AVALIAÇÃO FÍSICA E SENSORIAL DE EMPANADO DE CMS DE PINTADO (Pseudoplatystoma sp) ELABORADA COM PRODUTOS FUNCIONAIS

2.1. Temperatura da massa dos grãos durante o resfriamento e o armazenamento

ACEITAÇÃO SENSORIAL DE CHIPS DE BATATA-DOCE (IPOMOEA BATATAS) E INHAME (DIOSCOREA SPP) FRITOS EM OLEÍNA E ESTEARINA DE PALMA

Agrárias, Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC), Rod. Admar Gonzaga, 1.346, CEP , Florianópolis - SC.

Avaliação físico-química e sensorial de barras de cereais com adição de farinha de ameixa (Prunus salicina)

CEREAIS E DERIVADOS Cereais:

ACEITAÇÃO E PREFERÊNCIA DE DERIVADOS LÁCTEOS POR ESTUDANTES DA UNIVIÇOSA/ESUV (MG) 1. Introdução

AVALIAÇÃO SENSORIAL DE BARRAS DE CEREAIS COM PASSAS DE MIRTILO (Vaccinium ashei Reade) COM E SEM DESIDRATAÇÃO OSMÓTICA

Saiba como escolher o melhor tipo de iogurte

Utilização de soro de queijo na elaboração de pães

PREÇO TOTAL PREÇO UN ÍTEM QUANT UN ESPECIFICAÇÃO DAS MERCADORIAS MARCA

COOKIES ELABORADOS A PARTIR DE FARELO DE ARROZ FERMENTADO

AVALIAÇÃO SENSORIAL E VIABILIDADE COMERCIAL DE UM COOKIE ENRIQUECIDO COM β-glicana

USO DE SORO DE QUEIJO NA FORMULAÇÃO DE DOCE DE LEITE PASTOSO EM SUBSTITUIÇÃO AO LEITE

ELABORAÇÃO DE BEBIDA LÁCTEA ACIDIFICADA

1.2. Situação da Cultura do Trigo no Brasil e no Mundo

1.2. Situação da Cultura do Trigo no Brasil e no Mundo

Transcrição:

Viabilidade do processamento de pães com farinha de pinhão e iogurte Viability of bread-making with Paraná-pine-nut flour and yogurt Resumo Darcléia Forlin José Raniere Mazile Vidal Bezerra Maurício Rigo Reinaldo Gaspar Bastos Cristiane Kopf O pão é um alimento que resulta do cozimento de uma massa feita com farinha de certos cereais, principalmente trigo, água e sal. Hoje ele se apresenta sob numerosas variedades, condicionadas a culturas de cereais e a hábitos e necessidades dos consumidores. Os diversos tipos de pães decorrem dos diferentes tipos de farinha e de levedura utilizadas e também da forma de cozimento. O pinhão é a semente do pinho ou pinheiro-do-paraná (Araucaria angustifolia), grande ocorrência no estado do Paraná. A farinha obtida é uma fonte de proteína, carboidratos e fibras e sua aplicação na indústria de alimentos poderia contribuir para melhorar o valor nutricional de vários produtos. O iogurte provém da fermentação do leite por bactérias lácticas selecionadas resultando em um produto de alta qualidade sensorial, com propriedades profiláticas e efeitos benéficos sobre a flora intestinal. O presente trabalho visa à substituição parcial da farinha de trigo pela farinha de pinhão e da água pelo iogurte. Os resultados dos testes de aceitação dos pães sem adição Engenheira de Alimentos; Especialização Gestão da Qualidade em Produtos e Processos - PUC/ PR; E-mail: darkforlin@yahoo.com.br Dr.; Engenheiro de Alimentos; Professor do Departamento de Engenharia de Alimentos da Universidade Estadual do Centro Oeste-UNICENTRO; E-mail: raniere@unicentro.br Dr.; Engenheiro de Alimentos; Professor do Departamento de Engenharia de Alimentos da Universidade Estadual do Centro Oeste; E-mail: mauriciorigo@yahoo.com.br Dr.; Engenheiro de Alimentos; Professor do Departamento de Tecnologia Agroindustrial e S. E. Rural (DTAiSER) da Universidade Federal de São Carlos-UFSCar; E-mail: reinaldo@cca.ufscar.br Especialista; Engenheira de Alimentos; Professora Colaboradora do Departamento de Engenharia de Alimentos da Universidade Estadual do Centro Oeste-UNICENTRO; E-mail: unicentro_ deali@yahoo.com.br Recebido para publicação em 21/12/2007 e aceito em 12/09/2008 Ambiência Guarapuava, PR v.5 n.1 p.93-100 Jan./Abr. 2009 ISSN 1808-0251

Ambiência - Revista do Setor de Ciências Agrárias e Ambientais V. 5 N. 1 Jan./Abr. 2009 Abstract de farinha de pinhão e iogurte, com 5 e 15%, 5 e 25%, 10 e 15% e 10% e 25% de farinha de pinhão e iogurte, respectivamente, indicaram uma diferença significativa ao nível de 5% quanto à preferência dos julgadores. As formulações com 10% de farinha de pinhão e 15 e 25% de iogurte foram melhor aceitas pelos julgadores. Palavras-chave: pão; farinha de pinhão; iogurte; formulação. Bread is the result of the baking of a cereal dough that is usually made of wheat, water and salt. Nowadays, several varieties of bread exist, depending on cereal cultures and on consumer habits and needs. The many types of breads feature different types of flour and yeast, as well as of baking methods. The pinhão is the seed from an evergreen named pinheiro, the Paraná Pine (Araucaria angustifolia), abundant in Paraná state. The flour made from the Paraná-pine-nut is a source of protein, carbohydrates and fiber, and its application in food industries can improve the nutritional value of several foods. Yogurt is a milk byproduct of the fermentation of select lactic bacteria. It presents high sensory quality, with prophylactic properties and benefic effects for the intestinal flora. This research studied bread-making with Paraná-pine-nut flour and yogurt. The formulations with 5 and 15%, 5 and 25%, 10 and 15%, 10% and 25% of Parana-pine-nut flour and yogurt, respectively, indicated a significant difference in preference at a level of 5% among the subjects who tasted the products. The acceptance of breads with 10% Paraná-pine-nut flour and 15 or 25% yogurt was better than that of other formulations. Key words: bread; Paraná-pine-nut flour; yogurt; formulation. Introdução O pão é o produto obtido pela cocção, em condições tecnologicamente adequadas, de uma massa fermentada ou não, preparada com farinha de trigo e água, podendo ser elaborado com outras farinhas que contenham proteínas formadoras de glúten e contendo outros ingredientes (MORETTO, 2002; PIZZINATO, 1994). O pão é um item básico na alimentação da maioria dos povos do mundo, sendo uma excelente fonte de energia, pois é composto principalmente por farinha de trigo, a qual é rica em carboidratos. Entretanto, pode ter o seu valor nutritivo enriquecido se, na sua formulação, forem acrescidos outros ingredientes. Os diversos tipos de pães decorrem dos diferentes tipos de farinha e de levedura utilizadas e também da forma de cozimento. Segundo Navroski et al. (2003) pinho, pinheiro-do-paraná, pinheiro brasileiro, pinheiro-caiová, pinheiro-dasmissões, pinheiro-são-josé, são algumas 94

FORLIN, D. et al. das denominações pelas quais o pinheiro é conhecido, sendo seu nome científico Araucaria angustifolia, pertence à família Araucariaceae. A semente dessa árvore é o pinhão, apresentando 3 cm a 8cm de comprimento, por 1cm a 2,5 cm de largura e peso médio de 8,7 g. É rico em reservas energéticas, servindo para a alimentação humana, de animais domésticos (principalmente suínos) e da fauna silvestre. O pinhão também apresenta propriedades medicinais, sendo indicado para o combate à azia, à anemia e à debilidade do organismo (EMBRAPA, 2001). Segundo Franco (1999), cada 100 g de pinhão cru apresenta cerca de 46,4 g de carboidratos, 3,96 g de proteínas, 3,79 g de lipídios, 36 mg de cálcio, 1,10 mg de ferro, 150 mg de fósforo e 23,1 mg de ácido ascórbico. Aquino (2005) citou que a polpa do pinhão é formada basicamente de amido, sendo que cada 100 g de pinhão cozido apresentam, em média, 41,92 g de carboidratos, 3,94 g de proteínas, 1,34 g de lipídios, 35 mg de cálcio, 70 mg de ferro, 136 mg de fósforo e 13,9 mg de ácido ascórbico. De acordo com esses autores, com farinha de pinhão é possível confeccionar broas, tortas e pães. O pinhão pode ser consumido diretamente ou misturado a saladas ou molhos para carnes. Também pode ser utilizado para o preparo de suflê, de rocambole, de pudim, entre outros alimentos. Apesar dessas opções e ocorrência abundante no estado do Paraná, são raros os estudos que visam ao aproveitamento dessa matéria-prima incorporada a produtos alimentícios (NAVROSKI et al., 2003). Estudos vêm sendo realizados com objetivo de agregar valor nutricional a biscoitos, utilizando matérias primas pouco convencionais nesses processamentos, tais como berinjela e frutos do jatobá (SILVA et al., 2001; PÉREZ; GERMANI, 2007). Segundo Oliveira e Caruso (1996), o iogurte provém da fermentação do leite por bactérias lácticas selecionadas resultando em um produto de alta qualidade sensorial. Antigamente seu consumo era limitado, restringindo-se apenas a certos grupos étnicos. A partir da década de 1960, um considerável aumento no consumo surgiu em conseqüência da adição de frutas para atenuar o sabor ácido, buscando uma maior aceitação popular; ao mesmo tempo, maior divulgação era dada às suas qualidades nutritivas e terapêuticas. A composição química do iogurte é baseada na composição química do leite, com aumento da digestibilidade. O iogurte apresenta propriedades profiláticas e efeitos benéficos sobre a flora intestinal (SALADO e ANDRADE, 1989). O que se busca com a fabricação do pão com farinha de pinhão e iogurte é apresentar ao mercado um produto diferenciado, nunca antes explorado, que tenha boa aceitação pelos consumidores cada vez mais exigentes. Nesse sentido, o trabalho teve como objetivo estudar a elaboração de pães com farinha de pinhão e iogurte. Materiais e Métodos Matérias-primas O pinhão da família Araucariaceae foi selecionado de um único lote, proveniente da cidade de Guarapuava, PR, considerando-se a aparência. A farinha de pinhão foi obtida na Planta Piloto de Panificação do Departamento de Engenharia de Alimentos (DEALI/ 95

Ambiência - Revista do Setor de Ciências Agrárias e Ambientais V. 5 N. 1 Jan./Abr. 2009 UNICENTRO), sendo embalados em sacos de polietileno para evitar o contato com o ar e armazenado em temperatura ambiente. As etapas para obtenção da farinha de pinhão estão na figura 1. O iogurte utilizado na formulação dos pães foi elaborado na Usina de Figura 2. Fluxograma para obtenção do iogurte Figura 1. Fluxograma da obtenção da farinha de pinhão Elaboração de pães com farinha de pinhão e iogurte Os pães foram elaborados de acordo com procedimento descrito na figura 3, sendo que, na etapa de mistura, foram adicionados farinha de pinhão e iogurte em substituição parcial da farinha de trigo e água, respectivamente. De acordo com os diversos ensaios preliminares realizados, foram elaborados pães com diferentes concentrações de farinha de pinhão (0%, 5% e 10%) e de iogurte (0%, 15% e 25%). Análises Laticínios do Departamento de Engenharia de Alimentos (DEALI/UNICENTRO). Na figura 2 está representado o fluxograma para obtenção de iogurte. Análises físico-químicas Na farinha de pinhão e nos pães foram determinados o teor de umidade, cinzas, proteínas e ácido ascórbico de acordo com a metodologia oficial (INSTITUTO ADOLFO LUTZ, 1985). Teste de aceitação As amostras de pães com farinha de pinhão e iogurte foram submetidas a 96

FORLIN, D. et al. Figura 3. Fluxograma da obtenção de pães com farinha de pinhão e iogurte entre a comunidade universitária da UNICENTRO. As amostras utilizadas apresentavam três dias de fabricação. Os resultados obtidos no teste de aceitação foram analisados estatisticamente, sendo as médias comparadas ao nível de 5% de probabilidade (DUTCOSKI, 1996). Resultados e Discussão A farinha de pinhão (Figura 4) foi caracterizada quanto ao teor de umidade, cinzas, proteínas e ácido ascórbico (Tabela 1). Comparando os resultados da tabela 1 aos obtidos por Franco (1999) observa-se que os valores de proteína e ácido ascórbico (Vit. C) obtidos no presente trabalho, estão de acordo com os resultados obtidos pelo autor. Na literatura não foram encontradas referências sobre teor de umidade e cinzas para farinha de pinhão. Figura 4. Farinha de pinhão teste de aceitação, utilizando uma escala hedônica estruturada com nove pontos. O painel sensorial foi composto por 44 julgadores não treinados, recrutados Tabela 1. Composição química da farinha de pinhão Parâmetro Média* Umidade (g/100g) 8,612 ± 0,411 Cinzas (g/100g) 1,789 ± 0,102 Proteína (g/100g) 7,920 ± 0,695 Ácido ascórbico (mg/100g) 1,383 ± 0,096 Nota: *Valores médios obtidos a partir de análises em triplicata. 97

Ambiência - Revista do Setor de Ciências Agrárias e Ambientais V. 5 N. 1 Jan./Abr. 2009 Na figura 5 estão apresentados os pães elaborados sem adição de farinha de pinhão e iogurte (a), 5% e 15% (b), 5% e 25% (c), 10% e 15% (d) e 10% e 25% (e) de farinha de pinhão e iogurte, respectivamente. Com relação ao produto obtido, verificou-se um volume semelhante ao padrão. Os pães apresentaram uma estrutura compacta, não quebradiça, textura pouco mais dura, alvéolos pequenos e miolo ligeiramente amarelado. O aroma e o sabor foram considerados agradáveis pelos provadores. A composição proximal dos pães em termos do teor de umidade, cinzas, proteína e ácido ascórbico são apresentados na tabela 2. Na literatura não foram encontradas referências sobre as características físicoquímicas de pães elaborados com farinha de pinhão e iogurte. Porém, pode-se observar na tabela 2 que não houve um aumento significativo em relação à umidade, cinzas e proteínas (p<0,05). Na figura 6 estão apresentadas as médias de aceitação dos julgadores com relação às amostras de pães. Os pães elaborados com 10% de farinha de pinhão contendo 15 e 25% de iogurte apresentaram a maior aceitabilidade, com média de 7,27 de aceitação na escala hedônica de 9 pontos (A nota 9 representa a máxima aceitação do produto). Estes produtos se diferenciaram significativamente das demais formulações de pães elaboradas (p<0,05). Figura 5. Fotos dos pães elaborados sem adição de farinha de pinhão e iogurte (a), 5% e 15% (b), 5% e 25% (c), 10% e 15% (d) e 10% e 25% (e) de farinha de pinhão e iogurte, respectivamente Tabela 2. Composição química dos pães obtidos Farinha de Pinhão (%) Iogurte (%) Umidade Parâmetros* (g/100g) Cinzas Proteínas Vitamina C 0 0 27,54 2,03 8,11 n.d.** 5 15 31,34 1,90 9,07 n.d.** 5 25 30,04 1,89 9,15 n.d.** 10 15 31,11 1,89 8,33 n.d.** 10 25 30,56 1,90 8,44 n.d.** Nota: *Média obtida a partir de análises em triplicata. **não detectado. 98

FORLIN, D. et al. Figura 6. Médias de aceitação dos julgadores para cada formulação de pão com farinha de pinhão e iogurte (A: sem adição de farinha de pinhão e iogurte; B: 5 e 15%; C: 5 e 25%; D: 10 e 15%; E: 10 e 25% de farinha de pinhão e iogurte, respectivamente) Conclusões A elaboração de pães com farinha de pinhão e iogurte mostrou-se viável uma vez que o produto apresentou uma alta aceitabilidade para as formulações testadas. As formulações com 10% de farinha de pinhão e 15 ou 25% de iogurte apresentaram maior aceitabilidade, diferindo-se das demais. O pão elaborado com farinha de pinhão e iogurte em sua formulação obteve boa aceitação sensorial pelos provadores comparável à amostra padrão, que era isenta de farinha de pinhão e iogurte. Referências AQUINO, F. M. BANCO REGIONAL DE DESENVOLVIMENTO DO EXTREMO SUL AGÊNCIA DE FLORIANÓPOLIS. Cultivo da Araucaria angustifolia. Viabilidade econômico - financeira e alternativas de incentivo. 2005. 53p. DUTCOSKY, S. D. Análise sensorial de alimentos. Curitiba: Universitária Champagnat, 1996. 123 p. EMPRESA BRASILEIRA DE PESQUISA AGROPECUÁRIA - EMBRAPA. Cultivo do pinheiro-do-paraná. 2001. Disponível em: <http://sistemasdeproducao.cnptia.embrapa. br/fonteshtml/pinheiro-do-parana/cultivodopinheirodoparana/sistema/08_solos.htm>. Acesso em: 20 jul. 2007. 99

Ambiência - Revista do Setor de Ciências Agrárias e Ambientais V. 5 N. 1 Jan./Abr. 2009 FRANCO, G. Tabela de composição química dos alimentos. 9 ed., Ateneu: [s.e.] p.307. 1999. INSTITUTO ADOLFO LUTZ. Determinações gerais. Normas Analíticas do Instituto Adolfo Lutz. 3. ed. v.1., São Paulo, 1985, MORETTO, E. Introdução à ciência de alimentos. Florianópolis: UFSC, 2002. p. 255. NAVROSKI, S. P.; PEIXOTO A. A., BEZERRA, J. R. M. V. Pão enriquecido com farinha de pinhão. XV Seminário de pesquisa/ X Seminário de iniciação cientifica, Guarapuava PR, v. 1., p. 7. 2003. OLIVEIRA, A. J.; CARUSO, J. G. B. Leite obtenção e qualidade do produto fluido e derivados. Piracicaba: FEALQ, v.2, 1996. p. 80. PEREZ, P. M. P.; GERMANI, R. Elaboração de biscoitos tipo salgado, com alto teor de fibra alimentar, utilizando farinha de berinjela (Solanum melongena, L.). Ciência e Tecnologia de Alimentos, Campinas, v. 27, n.1, p. 186-192, 2007. PIZZINATTO, A. Curso tecnologia de processamento e avaliação de qualidade de pão, macarrão e biscoito. Campinas: [s.e.] 1994. p. 57. SALADO, G. A.; ANDRADE, M. O. Processamento e qualidade nutricional. Bauru: Universidade do Sagrado Coração, 1989. p.35. SILVA, M. R.; SILVA, M. S.; MARTINS, K. A. Utilização tecnológica dos frutos de jatobá do cerrado e de jatobá da mata na elaboração de biscoito fontes de fibra alimentar e isento de açucares. Ciência e Tecnologia de Alimentos, Campinas, v. 21, n. 2, p. 176 182, maio/ agosto, 2001. 100