OS RISCOS DOS AGENTES ANTINEOPLÁSICOS À SAÚDE DO TRABALHADOR DE ENFERMAGEM



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Transcrição:

OS RISCOS DOS AGENTES ANTINEOPLÁSICOS À SAÚDE DO TRABALHADOR DE ENFERMAGEM Graciela Gonsalves Borba 1 Eliese Denardi Cesar 2 Etiane de Oliveira Freitas 3 Roberta Mota Holzschuh 4 Rafaela Andolhe 5 O hospital é o principal local de trabalho dos membros da equipe de enfermagem que, freqüentemente, permanecem a maior parte de sua vida produtiva dentro desse ambiente, muitas vezes em mais de um turno de trabalho, devido aos baixos salários (BULHÕES, 1998). Essa instituição, na qual se tenta salvar vidas e recuperar a saúde perdida das pessoas enfermas é a mesma que favorece o adoecer das pessoas que nela trabalham. O ambiente hospitalar propicia o desenvolvimento de diversos riscos à saúde do profissional e a enfermagem é a profissão que tem como essência o cuidado, portanto mantém um maior contato com o paciente e fica mais exposta a esses fatores. De acordo com Marziale (1999) tais riscos classificam-se em: ergonômicos, psicossociais, físicos, biológicos e químicos. Os riscos ergonômicos são elementos físicos e organizacionais que interferem no conforto da atividade laboral e conseqüentemente nas características psicofisiológicas do trabalhador (NR-17), já os psicossociais são desencadeados pelo contato com o sofrimento do paciente, os físicos são formas de energia como: ruídos, vibrações, pressões anormais, radiações ionizantes ou não, ultra e infra-som (NR-09 e NR-15), os biológicos são ocasionados por microorganismos patogênicos, e finalmente os químicos, são formados por substâncias, compostos ou produtos que podem penetrar no organismo pela via respiratória, absorvidos pela pele ou por ingestão, na forma de gases, vapores, neblinas, poeiras ou fumos (NR-09, NR-15 e NR-32), os quais serão abordados com maior ênfase neste trabalho. Os riscos químicos podem provocar desde simples alergias até importantes neoplasias. Dentre os principais agentes encontrados, as drogas antineoplásicas são as que causam maior número de patologias de origem ocupacional na área hospitalar. Diante da importância deste fato e suas conseqüências à saúde realizamos um estudo

bibliográfico no intuito de conhecer os perigos a que estão expostos os trabalhadores durante a administração dos quimioterápicos e descarte dos materiais, bem como, sua relação com o uso de EPIs (Equipamentos de Proteção Individual), no cotidiano do cuidado prestado pela equipe de enfermagem. Para alcançar os objetivos propostos, executou-se uma revisão sistematizada da literatura por meio de um levantamento retrospectivo das pesquisas publicadas no período de 1998 a 2006 nas revistas indexadas nas bases de dados online, quais sejam: Literatura Latino Americana e do Caribe em Ciências da Saúde (LILACS), Scientific Electronic Library Online (Scielo), com o uso de descritores catalogados no Descritores em Ciências da Saúde (DeCS): prevenção de acidentes, antineoplásicos e riscos ocupacionais. Também foram incluídas algumas publicações que detêm impacto na literatura científica acerca do tema. Essa indagação surgiu através de nossa experiência acadêmica durante as aulas práticas e bolsa de trabalho em uma unidade de clínica médica voltada ao tratamento de pacientes com câncer que usam quimioterápicos antineoplásicos, em um hospital universitário do Rio Grande do Sul. A seleção do material científico encontrado foi baseada em critérios de inclusão e exclusão. Os selecionados foram artigos científicos nacionais publicados em português, durante o período de janeiro de 1999 a dezembro de 2007 referentes aos riscos químicos a que os profissionais de enfermagem estão expostos no trabalho, disponíveis no Brasil na íntegra ou via eletrônica (Internet). Já os excluídos constituíram-se basicamente de teses e artigos científicos em idiomas diferentes ao citado, além das publicações anteriores a 1999. Foram encontrados dezessete artigos dos quais apenas 10 eram de maior relevância para o estudo, sendo estes publicados nas revistas: Latino Americana de Enfermagem (1999-2006), Revista Brasileira de Enfermagem (2007), Revista Brasileira de Medicina do Trabalho (2004), Semina: Ciências Biológicas e da Saúde - Revista Cultural e Científica da Universidade Estadual de Londrina (2002). Após o levantamento bibliográfico, realizou-se a leitura de todo o material. Desta forma pôde-se obter uma visão global do assunto para em seguida determinar qual material era de interesse para este estudo. Pela análise das publicações, observou-se que o tratamento moderno contra o

câncer compreende cada vez mais a quimioterapia combinada e, às vezes, em associação com outros métodos de tratamento (KOROLKOVAS & CARNEIRO, 2002). Tais fármacos são empregados com o objetivo de destruir as células tumorais, podendo agir direta ou indiretamente sobre elas. A quimioterapia antineoplásica começou a ser estudada e utilizada no final do século XIX, com a descoberta da solução de Fowler (arsenito de potássio) por Lissauer, em 1865, e da toxina de Coley (associação de toxinas bacterianas), em 1890; porém, foi a partir da observação dos efeitos da explosão de um depósito de gás mostarda em Bari, Itália, em 1943, durante a Segunda Guerra mundial, e que ocasionou mielodepressão intensa e morte por hipoplasia de medula óssea entre soldados expostos, é que foi administrada em pacientes com linfoma de Hodgkin e leucemia crônica, em um projeto de pesquisa desenvolvido por farmacologistas do Pentágono; a partir de então, inúmeras pesquisas foram e vêm sendo desenvolvidas em ritmo acelerado, buscando-se ampliar o potencial de ação e reduzir a toxidade dessas drogas (BONASSA, 2005). As drogas quimioterápicas podem ser classificadas em: agentes alquilantes, antimetabólitos, antibióticos antitumorais, plantas alcalóides, agentes múltiplos, hormônios e antagonistas hormonais (BONASSA, 2005). Em virtude da exposição dos profissionais a essas drogas é necessário a adoção de medidas de segurança para a manipulá-las, quer seja no preparo, administração, descarte ou manuseio de excretas dos pacientes. Embora existam recomendações e normas estabelecidas pelo Conselho Federal de Enfermagem, órgão que regulamenta a prática da Enfermagem no Brasil e pelo Instituto Nacional do Câncer (INCA), muitos profissionais de Enfermagem não adotam as medidas necessárias para o manuseio e preparo de quimioterápicos, o que lhes pode ocasionar sérios problemas de saúde. O Enfermeiro fica exposto a maior risco durante administração e descarte dos quimioterápicos, e sua equipe durante a manipulação de urina, fezes e outros fluídos corporais, já que a contaminação ocorre por inalação da droga aerossolizada, por meio da via respiratória, por contato direto da pele e mucosas ou pela via digestiva através de alimentos e medicamentos contaminados pelos fármacos (BONASSA, 2005). Os efeitos patológicos dessa

exposição contínua às drogas variam desde efeitos simples como: cefaléia, vertigens, tonturas, queda de cabelo, hiperpigmentação cutânea e vômitos até mais complexos como: carcinogênese, efeitos mutagênicos e teratogênicos, que podem ser observados em trabalhadores que preparam e administram antineoplásicos sem proteção coletiva ou individual, o que resulta em absorção considerável, sendo tais efeitos comparados àqueles apresentados por pacientes em tratamento com essas substâncias (MARTINS & ROSA, 2004). O processo de carcinogênese, ou seja, de formação de câncer, em geral se dá lentamente, podendo levar vários anos para que uma célula cancerosa prolifere e dê origem a um tumor visível. Esse processo passa por vários estágios antes de chegar ao tumor. São eles: Estágio de iniciação, promoção e progressão (INCA, 1996). Os efeitos mutagênicos são agentes físicos, químicos ou biológicos que, em exposição às células, podem causar mutação, ou seja, um dano na molécula de DNA que não é reparado no momento da replicação celular, e é passado para as gerações seguintes (BONASSA, 2005). Já os efeitos teratogênicos são alterações sobre a reprodução, fertilidade e má formações congênitas no feto (SMELTEZER & BARE, 2005). Diante do citado percebemos que a exposição aos quimioterápicos antineoplásicos acarretam danos cumulativos que podem ser irreversíveis a saúde dos trabalhadores, sendo fundamental que todos os profissionais envolvidos no cuidado sejam adequadamente treinados, informados e supervisionados no cumprimento das medidas de proteção disponíveis. Observou-se ainda, que o não uso de EPIs pode se dar por vários fatores, como: falta de conhecimento, pressa em realizar o procedimento devido a falta de recursos humanos, desestímulo, relacionado à extensa carga horária, baixos salários e estresse (MONTEIRO et al, 1999). Para que diminua tal situação percebemos que é necessária educação permanente dos profissionais, além do monitoramento nas instituições, explicitando as medidas de segurança ideais para a diminuição dos riscos ocupacionais, especificamente os químicos e seus efeitos adversos à saúde. Sendo assim é fundamental que se defina e revise, periodicamente, as normas e os procedimentos sobre o uso dos agentes antineoplásicos em conjunto com os trabalhadores envolvidos direta ou indiretamente nesta

exposição (MARTINS & ROSA, 2004). Enfim, constatamos que enfermeiros e sua equipe devem unir esforços para tornar obrigatório o cumprimento das medidas de proteção através do uso dos EPIs bem como o correto descarte desses materiais, além da conscientização dos trabalhadores deste setor para a proteção individual frente aos riscos a que estão submetidos durante sua jornada de trabalho. PALAVRAS-CHAVE: prevenção de acidentes, antineoplásicos e riscos ocupacionais. ÁREA TEMÁTICA: Saúde do trabalhador 1 Acadêmica do 6º semestre do curso de Enfermagem da Universidade federal de Santa Maria (UFSM), RS; participante da linha de pesquisa Cuidado, Saúde e Enfermagem; integrante do Projeto de Pesquisa: Adolescer: crescer e viver; bolsista da Clínica Médica I do Hospital Universitário de Santa Maria (HUSM). Rua Professor Braga, nº 79, ap 87, Bairro Centro, Santa Maria, RS, Brasil. gracielaborba@yahoo.com.br 2 Acadêmica do 6º semestre do curso de Enfermagem da UFSM; participante da linha de pesquisa Cuidado e Educação em Enfermagem e Saúde. 3 Acadêmica do 6º semestre do curso de enfermagem da UFSM; participante da linha de pesquisa Cuidado Saúde e Enfermagem; integrante do Projeto de Pesquisa: Adolescer: crescer e viver. 4 Acadêmica do 6º semestre do curso de enfermagem da UFSM; participante da linha de pesquisa Trabalho e Gestão em Enfermagem e Saúde; integrante do Projeto de Pesquisa - Estressores Identificados por Pacientes submetidos à Revascularização do Miocárdio e Angioplastia Coronária Transluminal Percutânea; Bolsista da Sala de Recuperação Anestésica do HUSM. 5 Enfª, Mestranda em Enfermagem pela UFSM, Profª Substituta do Depto. de Enfermagem da UFSM, membro do grupo de estudos e pesquisas Trabalho, Saúde, Educação e Enfermagem e da linha Stress, coping e burnout, Bolsista CAPES. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS BONASSA, E. M. A.; SANTANA, T. R. Enfermagem em terapêutica oncológica. 3ª ed. Rio de janeiro, RJ: Atheneu, 2005. BULHÕES, I. Riscos do trabalho de enfermagem. Rio de Janeiro, s.d., 1998. 221p.

KOROLKOVAS, A. F.; CARNEIRO. F A. Dicionário Terapêutico. 8ª ed. Rio de Janeiro, RJ: Guanabara Koogan, 2002/2003 (2002). MARTINS, I.; ROSA, H. V. D. Considerações toxicológicas da exposição ocupacional aos fármacos antineoplásicos. Rev. Bras. Med. Trab., Belo Horizonte. v. 2, n 2, p. 118-125 abr-jun 2004. MARZIALE, M. H.P. Abordagem ergonômica do trabalho de enfermagem. [Tese]. Ribeirão Preto, SP: Escola de enfermagem de Ribeirão Preto/USP;1999. MINISTÉRIO DA SAÚDE. INSTITUTO NACIONAL DE CÂNCER. COORDENAÇÃO NACIONAL DE CONTROLE DE TABAGISMO - CONTAPP. "Falando Sobre Câncer e Seus Fatores de Risco". Rio de Janeiro, 1996. MINISTÉRIO DO TRABALHO E EMPREGO. LEGISLAÇÃO/ NORMAS REGULAMENTADORAS (NR). NR 9- programa de prevenção de riscos ambientais; NR 15- atividades e operações insalubres; NR 17- ergonomia; NR 32 -segurança e saúde no trabalho em serviços de saúde. Disponível em http://www.mte.gov.br/legislação/normas_regulamentadoras/default.asp. Acesso em: 9 mar. 2008. MONTEIRO, A. B. C. et al. Manuseio e preparo de quimioterápicos: uma colaboração ao processo reflexivo da conduta da enfermagem. Rev. Latino- Am. Enfermagem, Ribeirão Preto, v.7, n 5, dez 1999. SMELTEZER, S.C.; BARE, B.G. Brunner e Suddart: tratado de enfermagem médico-cirúrgica. 10ª ed. Rio de Janeiro: Guanabara Koogan, 2005.