LEVANTAMENTO FITOSSOCIOLÓGICO EM UM FRAGMENTO DE FLORESTA SEMIDECÍDUA PRÓXIMO A ENCOSTA DO MORRO DO PAXIXI, AQUIDAUANA - MS.

Documentos relacionados
LEVANTAMENTO DO ESTOQUE MADEIREIRO DE UM FRAGMENTO DE FLORESTA ESTACIONAL SEMIDECIDUAL SITUADO AO LONGO DA MICROBACIA DO CÓRREGO FUNDO, AQUIDAUANA, MS

CLASSIFICAÇÃO DE INDIVÍDUOS DA FLORESTA SEMIDECÍDUA EM CLASSES DE DIÂMETRO E ALTURA, PRÓXIMA A ENCOSTA DA SERRA DE MARACAJU, AQUIDAUANA - MS

REGENERAÇÃO NATURAL DO COMPONENTE ARBÓREO DE UM FRAGMENTO DE VEGETAÇÃO DE ENCOSTA NA SERRA DE MARACAJU EM AQUIDAUANA, MS.

Fitossociologia e Diversidade

AVALIAÇÃO DA ESTRUTURA DA VEGETAÇÃO ARBÓREA DE UM TRECHO DA MATA RIBEIRINHA DO CÓRREGO FUNDO, AQUIDAUANA-MS.

Termos para indexação: Cerrado, áreas degradadas, matéria orgânica, Bacia Amazônica.

ANÁLISE FLORÍSTICA DO ESTRATO ARBUSTIVO-ARBÓREO DA VEGETAÇÃO DE UMA ÁREA DE CERRADO SENSU STRICTO, GURUPI-TO

VOLUME DE MADEIRA DE UM HECTARE DE CERRADO SENSU STRICTO

Biomas / Ecossistemas brasileiros

Edson Vidal Prof. Manejo de Florestas Tropicais ESALQ/USP

Comunicado 174 Técnico

Termos para indexação: Cerrado, conservação, extrativismo, Norte de Minas Gerais

Estudo 4 - Oportunidades de Negócios em Segmentos Produtivos Nacionais

ELABORAÇÃO DE UM CALENDÁRIO DE COLETA DE FRUTOS DO CERRADO

2017 Ecologia de Comunidades LCB Prof. Flávio Gandara Prof. Sergius Gandolfi. Aula 2. Caracterização da Vegetação e Fitogeografia

Termos para indexação: Campos Naturais, Flora pantanal, BIOPAN

COMPORTAMENTO POPULACIONAL DE CUPIÚBA (GOUPIA GLABRA AUBL.) EM 84 HA DE FLORESTA DE TERRA FIRME NA FAZENDA RIO CAPIM, PARAGOMINAS, PA.

TÍTULO: LEVANTAMENTO DE BRIÓFITAS NA VEGETAÇÃO DO MUNICÍPIO DE BAURU-SP

Resumo Público do Plano de Manejo Florestal da Fazenda Citróleo

PROGRAMA DE MONITORAMENTO DE FLORA

DISTRIBUIÇÃO E ABUNDÂNCIA DE ESPÉCIES ARBÓREAS DO CERRADO SENSU STRICTO NO PANTANAL, MATO GROSSO, BRASIL

2º RELATÓRIO DE MONITORAMENTO DO PROJETO PLANTE BONITO

Phytosociology of the cerrado in inselberg Morro São João, Porto Nacional, Tocantins

Fragmentação. Umberto Kubota Laboratório de Interações Inseto Planta Dep. Zoologia IB Unicamp

ECO GEOGRAFIA. Prof. Felipe Tahan BIOMAS

O CLIMA E A VEGETAÇÃO DO BRASIL

Flora do Cerrado sensu stricto Parque Estadual de Terra Ronca, Goiás, BRASIL

ESTUDO DE CONECTIVIDADE

UNIVERSIDADE FEDERAL DE SERGIPE CENTRO DE CIÊNCIAS BIOLÓGICAS E DA SAÚDE NÚCLEO DE PÓS-GRADUAÇÃO EM ECOLOGIA E CONSERVAÇÃO PROCESSO SELETIVO 2012.

ESTRUTURA FITOSSOCIOLÓGICA DO COMPONENTE ÁRBOREO DE UMA FLORESTA OMBRÓFILA EM PORTO VELHO, RONDÔNIA

UNIVERSIDADE FEDERAL DO ESPÍRITO SANTO CENTRO DE CIÊNCIAS AGRÁRIAS DEPARTAMENTO DE CIEÊNCIAS FLORESTAIS E DA MADEIRA DEFESA DE MONOGRAFIA

FITOSSOCIOLOGIA E FLORÍSTICA DE UM TRECHO DA MATA CILIAR DO RIO MIRANDA, MIRANDA, MS, BRASIL.

FORMAÇÕES VEGETACIONAIS AULA 7

I Congreso Internacional de Biodiversidad del Escudo Guayanés Santa Elena de Uairén Venezuela de Marzo / 2006

Renato Vinícius Oliveira Castro

FLORESTAS DE RESTINGA SOBRE QUATRO GERAÇÕES DE DEPÓSITOS MARINHOS NA BACIA DO RIO GUARATUBA, BERTIOGA (SÃO PAULO, BRASIL): ANÁLISE ESTRUTURAL 1

IMPACTO AMBIENTAL DA MINERAÇÃO DE AREIA SOBRE A REGENERAÇÃO DA MATA CILIAR DA ÁREA DE PROTEÇÃO PERMANENTE (APP) DO RIO ACRE, EM RIO BRANCO, ACRE

Cadeia Produtiva da Silvicultura

CLIMAS E FORMAÇÕES VEGETAIS

INVENTÁRIO FLORESTAL (Floresta Plantada) Propriedade: Fazenda Alto Limoeiro 4 Timóteo - MG

COMPOSIÇÃO FLORÍSTICA DA CACHOEIRA RONCADEIRA TAQUARUÇU-TO

Revisão de Geografia. 1ª prova do 4º Bimestre PROFESSOR DANILO. d) Polar e marítima CONTEÚDO AS MASSAS DE AR. a) Conceito. c) Massas de ar no Brasil

Relatório Plante Bonito Área: RPPN Cabeceira do Prata

PRODUCAO DE MUDAS DE ESPÉCIES FRUTIFERAS DO CERRADO

DISTRIBUIÇÃO DIAMÉTRICA E ESTRUTURA FITOSSOCIOLÓGICA DE CERRADO SENSU STRICTO EM GURUPI-TO

CERRADO CLIMA INTRODUÇÃO LOCALIZAÇÃO CLIMA. Mínimas absolutas atingem valores próximos ou abaixo de zero, podendo ocorrer geadas;

ÁREAS DE ESTUDO ONDE ESTÃO CONCENTRADAS AS ATIVIDADES DOS PROJETOS SISBIOTA E PPBIO PARQUE ESTADUAL DA SERRA AZUL PESA

Experiências Agroflorestais na Comunidade de Boqueirão. Renato Ribeiro Mendes Eng. Florestal, Msc

Revista Árvore ISSN: Universidade Federal de Viçosa Brasil

Descrição e Análise da Vegetação Arbórea

Avaliação de acessos do BAG jenipapo: ano 2015

Estratégias para a Redução das Vulnerabilidades da Biodiversidade da Caatinga

Mata Atlântica Floresta Pluvial Tropical. Ecossistemas Brasileiros

Sucessão Ecológica e Dinâmica de Vegetação 2017

Seminário de Sensoriamento Remoto: Vegetação

CÁLCULO DOS TEORES DE CARBONO NO SOLO NA ZONA DE TRANSIÇÃO DO BIOMA DE MATA ATLÂNTICA COM O CERRADO BRASILEIRO

Terminologia, Conceitos, definições e esclarecimentos...

MENSURAÇÃO DO DIÂMETRO DE COPA DAS ESPÉCIES DE ÁRVORES EM TRÊS AVENIDAS CENTRAIS DE GURUPI-TO

CARACTERIZAÇÃO AMBIENTAL DE BIÓTOPO EM UMA AREA DE CERRADO NO NORTE DE MINAS GERAIS

OS CERRADOS. Entre as plantas do cerrado, podemos citar a sucurpira, o pequi, a copaíba, o angico, a caviúna, jatobá, lobeira e cagaita.

COMPONENTE ARBÓREO-ARBUSTIVO DE LEGUMINOSAE EM UMA ÁREA DE CERRADÃO, CAMPO GRANDE, MS.

Ecologia de Populações e Comunidades

Comparação de métodos de amostragem em um fragmento de cerrado sensu stricto em Jataí-GO

OS BIOMAS. A Geografia Levada a Sério

BIOMAS. Os biomas brasileiros caracterizam-se, no geral, por uma grande diversidade de animais e vegetais (biodiversidade).

FITOSSOCIOLOGIA E ESTRUTURA PARAMÉTRICA DE UMA ÁREA DE CERRADO stricto sensu NA RESERVA LEGAL DA ARCELOR MITTAL (Itamarandiba - MG)

LCF Recursos Florestais em Propriedades Agrícolas. DENDROMETRIA e INVENTÁRIO

MATA ATLÂNTICA Geografia 5 º ano Fonte: Instituto Brasileiro de Florestas

Composição Florística e Síndromes de Dispersão no Morro Coração de Mãe, em. Piraputanga, MS, Brasil. Wellington Matsumoto Ramos

Localização do bioma Cerrado

LISTA DE EXERCÍCIOS CIÊNCIAS

INCIDÊNCIA DE INSETOS EM ÁREAS DE CULTIVO DE HORTALIÇAS PRÓXIMAS A UM SISTEMA AGROFLORESTAL NO DISTRITO FEDERAL PROJETO DE PESQUISA

FITOSSOCIOLOGIA EM COMUNIDADES ARBÓREAS REMANESCENTES DE CERRADO SENSU STRICTO NO BRASIL CENTRAL

Anatomia vegetal: como é uma folha por dentro? Luiz Felipe Souza Pinheiro*; Rosana Marta Kolb

PRODUTIVIDADE DOS PEQUIZEIROS (CARYOCAR BRASILIENSE CAMBESS.) NO MUNICÍPIO DE DAMIANÓPOLIS, GOIÁS 1

PÁTIO DAS MATRIZES LEGENDA. Janeiro Desenho sem escala* Espécies e quantidade

Preservação Estratégica para recuperar o São Francisco

SANTOS, Cezar Clemente Pires (Discentes do Curso de Biologia do UNIVAG). MORAES, Rodrigo Ferreira de (Docente do Curso de Biologia do UNIVAG).

Projeto de Monitoramento do Desmatamento nos Biomas Brasileiros por Satélite

CARACTERIZAÇÃO DA VEGETAÇÃO ARBÓREA EM ÁREA DE CONTATO SAVANA/FLORESTA ESTACIONAL ISABEL DE CASTRO SILVA ORIENTADORA: PROFª DRª ALBA VALÉRIA REZENDE

VEGETAÇÃO BRASILEIRA. DIVIDE-SE EM: 1) Formações florestais ou arbóreas 2) Formações arbustivas e herbáceas 3) Formações complexas e litorâneas

Desde a escola ouvimos uma antiga definição de que meio ambiente era chamado de tudo o que é vivo, ou seja, todas as coisas que vivem neste planeta e

Marcos Silveira & Thaline Brito Universidade Federal do Acre

PANORAMA DA VEGETAÇÃO NA REGIÃO DE SOROCABA. Prof. Dr. Nobel Penteado de Freitas Universidade de Sorocaba

Avaliação do impacto das queimadas no acesso aos Produtos Florestais na Reserva Nacional do Niassa (RNN)

CONSULTA PÚBLICA SOBRE ÁREAS DE ALTO VALOR DE CONSERVAÇÃO

O efeito das estradas sobre a cobertura florestal e a biodiversidade

ESTRUTURA GEOLÓGICA,RELEVO E HIDROGRAFIA

26 a 29 de novembro de 2013 Campus de Palmas

Terminologia Vegetal

PROPOSTAS PARA CRIAÇÃO DAS UNIDADES DE CONSERVAÇÃO PARQUE ESTADUAL SERRA DO AREAL E REFÚGIO DE VIDA SILVESTRE RIACHO PONTAL PETROLINA/PE

Osvaldo Antonio R. dos Santos Gerente de Recursos Florestais - GRF. Instituto de Meio Ambiente de MS - IMASUL

MÉTODOS PARA CARACTERIZAÇÃO DA VEGETAÇÃO: ESTRUTURA

Geografia. Prof. Franco.

Campo Nativo não é Área Rural Consolidada

com condições de geologia e clima semelhantes e que, historicamente;

Figura 1 Corredor de Biodiversidade Miranda Serra da Bodoquena e suas unidades de conservação

Anexo eletrônico da cartilha Conservando pastagens e paisagens pecuária de corte no Pantanal. WWF-Brasil / Embrapa Pantanal / Outubro de 2012.

VOLUME II Introdução e enquadramento

NOTA PRELIMINAR SOBRE EXPERIMENTAÇÃO EM FLORESTAS TROPICAIS *

Transcrição:

LEVANTAMENTO FITOSSOCIOLÓGICO EM UM FRAGMENTO DE FLORESTA SEMIDECÍDUA PRÓXIMO A ENCOSTA DO MORRO DO PAXIXI, AQUIDAUANA - MS. Bruna Duque Guirardi (*), João Carlos Raimundo Junior, Kelvin Rosalvo de Melgar Brito, Gustavo Mattos Abreu, Gabrielle Regina Miguel Barbosa. * Universidade Estadual de Mato Grosso do Sul; E-mail: brunaguirardi@hotmail.com. RESUMO O Cerrado é o segundo maior bioma da América do Sul (24% do território nacional) e ocupa a porção central do Brasil. Calcula-se que mais de 40% das espécies de plantas lenhosas sejam endêmicas, só ocorrendo nas savanas brasileiras reconhecidas como a mais rica do mundo, abrigando 11.627 espécies de plantas nativas já catalogadas. O presente trabalho teve como objetivo realizar um levantamento fitossociológico presente em um fragmento florestal na área da Universidade Estadual de Mato Grosso do Sul- UEMS, no município de Aquidauana-MS. A área estudada é classificada como uma floresta estacional semidecidual. Os levantamentos de dados foram realizados através de parcelas. Foram alocadas 4 parcelas de 30m x 10m (300m²). Registrou-se na área estudada a ocorrência de 113 indivíduos arbóreos com DAP >10cm. Os maiores índices de valor de importância (IVI) foram encontrados nas espécies Qualea parviflora (51,38), Qualea grandiflora (42,15) e Magonia pubescens (30,49), sendo as que também apresentaram os maiores valores de Dominância e Frequência absolutas e relativas. Estas espécies foram as mais importantes, possivelmente por apresentarem maior sucesso em explorar os recursos de seu hábitat, ou seja, estão mais adaptadas ao ambiente. PALAVRAS-CHAVE: Cerrado; Floresta Semidecidual; Composição florística; levantamento fitossociológico. INTRODUÇÃO O Cerrado é o segundo maior bioma da América do Sul, ocupando uma área de 2.036.448 km², cerca de 24% do território nacional e ocupa a porção central do Brasil, se estendendo até o litoral nordeste do estado do Maranhão e norte do estado do Paraná. Do ponto de vista da diversidade biológica, o Cerrado brasileiro é reconhecido como a savana mais rica do mundo, abrigando 11.627 espécies de plantas nativas já catalogadas. Existe uma grande diversidade de habitats, que determinam uma notável alternância de espécies entre diferentes fitofisionomias (MMA, 2007). Considerando que as transformações antrópicas ocorridas no Cerrado têm potencial de produzir grandes perdas de biodiversidade, especialmente em vistas das limitações de áreas protegidas, pequenas e concentradas, o estudo destas se torna urgente. Os efeitos sobre estas podem causar o desaparecimento de espécies de distribuição restrita, a diminuição do tamanho das populações e da diversidade genética, a redução da diversidade específica, o aumento do efeito de borda sobre as matas deciduais e a fragmentação de habitats (DAMASCENO JUNIOR, et al., 2000). Assim os estudos fitossociológicos surgiram da necessidade de se fornecerem dados a respeito das comunidades vegetais dos diferentes biomas e descrever sua composição, estrutura, distribuição e dinâmica das espécies (FELFILI, 2002). Ao longo do tempo, inventários fitossociológicos passaram a utilizar os índices de riqueza de espécies, modelos de abundância e índices baseados na abundância proporcional, a fim de auxiliar a compreensão da estrutura da comunidade (ROCHA, 1998). O presente trabalho teve como objetivo realizar um levantamento fitossociológico em um fragmento florestal na Morraria do Paxixi, na área da Universidade Estadual de Mato Grosso do Sul- UEMS, em Aquidauana-MS. METODOLOGIA A área estudada localiza-se entre as coordenadas 20º27 20 de latitude S e 55º40 17 de longitude W e é classificada como uma floresta estacional semidecidual e situa-se em uma zona de transição entre os biomas Cerrado/Pantanal. O clima da região caracteriza-se por invernos secos e verões chuvosos, recebendo a denominação Aw na classificação de Köppen. A precipitação média anual é de 1400 mm e as temperaturas médias são de 22 C em julho e 28 C em Janeiro (REGO, 2008). IBEAS Instituto Brasileiro de Estudos Ambientais 1

Belo Horizonte/MG - 24 a 27/11/2014 O Inventário foi realizado em uma área de 63,1 ha, localizados na fazenda da Universidade Estadual de Mato Grosso do Sul- Unidade Universitária de Aquidauana (UEMS UUA). A área inventariada é de característica semidecídua, sendo uma área de transição, localizada na encosta do Morro do Paxixi. O solo é rochoso e coberto com uma grande camada de material orgânico (REGO, 2008). O levantamento de dados foi realizado através de parcelas, sendo as mesmas instaladas de modo aleatório. Foram alocadas 4 parcelas de 30m x 10m (300m²), com o auxilio de equipamentos como GPS de navegação, trena, estacas e fita zebrada. Para a obtenção dos CAP s (Circunferências a Altura do Peito) utilizou-se uma fita métrica graduada em centímetros. Foram medidas somente as árvores com CAP > 31,42cm (DAP >10cm). Após a obtenção do CAP, as árvores foram identificadas através de plaquetas fixadas nas árvores a uma altura de aproximadamente 1,50m, contendo o número da parcela e da árvore. As espécies mensuradas foram identificadas através de exsicatas. Os dados de altura foram obtidos com o auxilio do clinômetro. A análise da estrutura horizontal da vegetação de cada uma das áreas foi realizada a partir das estimativas dos seguintes descritores fitossociológicos: densidade absoluta e relativa (DA e DR), frequência absoluta e relativa (FA e FR), dominância absoluta e relativa (DoA e DoR) e valor de importância (VI), sendo que este último representa a importância ecológica de determinada espécie na área de estudo. Já a diversidade florística em cada área foi calculada pelo Índice de Diversidade de Shannon & Weaver (H'), que assume que os indivíduos são amostrados de forma aleatória em uma população infinitamente grande, assumindo que todas as espécies estão presentes na amostra. RESULTADOS E DISCUSSÕES A suficiência amostral foi testada pela curva espécie-área (Figura 1), regularmente utilizada em levantamentos fitossociológicos. Considerando até 10% de erro, as 4 parcelas amostradas foram suficientes para representar a composição florística do fragmento, considerando que em florestas naturais, a estabilização é suficiente para representar a vegetação, porém com aumento da área amostrada, podem ocorrer novas espécies (LONGHI et al., 1999). Considerando as quatro parcelas estudadas, foi registrada a ocorrência de 113 indivíduos arbóreos com DAP >10cm pertencentes a 24 espécies, distribuídas em 21 gêneros e 15 famílias (Tabela 1). Em estudo realizado por Rego (2008) no vale do Morro do Paxixi, Serra de Maracaju-MS foi observado um maior número de espécies (78), porém deve-se ressaltar que a área amostral estudada pelo citado autor era maior. As famílias que apresentaram maior número de indivíduos foram a Vochysiaceae (39) e Fabaceae (20). Já as famílias Arecaceae, Celastraceae, Dilleniaceae e Erythroxylaceae foram representadas por apenas um indivíduo cada (Figura 2). As famílias que apresentaram maior riqueza de espécies foram a Fabaceae (5), seguida pela Bignoneacea e Vochysiaceae (3 espécies cada). Em florestas semideciduais em outras regiões do Brasil, a família Fabaceae também foi observada entre as de maior riqueza de espécies (DURIGAN et al., 2000). Os maiores índices de valor de importância (IVI) foram encontrados nas espécies Qualea parviflora (51,38), Qualea grandiflora (42,15) e Magonia pubescens (30,49), sendo as que também apresentaram os maiores valores de Dominância e Frequência absolutas e relativas (Tabela 2). Estas espécies foram mais as mais importantes, possivelmente por apresentarem maior sucesso em explorar os recursos de seu hábitat, ou seja, estão mais adaptadas ao ambiente (FELFILI & VENTUROLI, 2000). Vale ressaltar que os descritores fitossociológicos estimados determinam a importância de cada espécie na composição da comunidade (MUELLER-DOMBOIS & ELLENBERG, 1974). 2 IBEAS Instituto Brasileiro de Estudos Ambientais

Figura 1- Curva espécie área para um fragmento de floresta florestal em Aquidauana, MS. Figura 2- Distribuição dos indivíduos arbóreos por famílias em um fragmento florestal em Aquidauana, MS. Tabela 1- Famílias, Gêneros, Espécies e nome popular de indivíduos arbóreos amostrados em um fragmento florestal em Aquidauana, MS. Família Gênero Espécie Nome Popular ANACARDIACEAE Myracrodruom urundeuva Aroeira ANNONACEAE Xylopia aromatica Pimenta de Macaco ARECACEAE Acrocomia aculeata Bocaiúva BIGNONEACEAE Tabebuia aurea Paratudo BIGNONEACEAE Tabebuia vellosoi Ipê Amarelo Continua... IBEAS Instituto Brasileiro de Estudos Ambientais 3

Belo Horizonte/MG - 24 a 27/11/2014...Continuação Tabela 1- Famílias, Gêneros, Espécies e nome popular de indivíduos arbóreos amostrados em um fragmento florestal em Aquidauana, MS. Família Gênero Espécie Nome Popular BIGNONEACEAE Tabebuia impetiginosa Ipê-roxo CELASTRACEAE Plenckia Sp Marmeleiro DILLENIACEAE Curatella americana Lixeira ERYTHROXYLACEAE Erytroxylum Sp Pimenteira FABACEAE Machaerium brasiliensis Jacarandá FABACEAE Dipteryx alata Cumbaru FABACEAE Dimorphandra Sp Faveiro FABACEAE Plathymenia reticulata Vinhático FABACEAE Sclerolobium denudatum Anga LYTRACEAE Lafoensia pacari Dedaleira MALPIGHIACEAE Byrsonima tomentosa Murici MELIACEAE Guarea guidoneae Marinheiro OPILIACEAE Agonandra brasiliensis tinge-cuia SAPINDACEAE Dilodendron Spp Maria Mole SAPINDACEAE Magonia pubescens Timbó SAPOTACEAE Pouteria Spp Guapeba VOCHYSIACEAE Qualea Grandiflora Pau- terra da folha larga VOCHYSIACEAE Qualea Parviflora Pau-terra-mirim VOCHYSIACEAE Callisthene Fasciculata Carvão Tabela 2- Parâmetros fitossociológicos amostrados em um fragmento florestal em Aquidauana, MS. Espécies DA.i DR.i (%) FA.i FR.i (%) Do.A.i Do.R.i IVI IVC H' Acronomia aculeata 8,33 0,97 25,00 0,88 258,55 1,45 3,31 2,43 0,042 Dipteryx alata 8,33 0,97 25,00 0,88 644,58 3,63 5,48 4,60 0,042 Curatella americana 8,33 0,97 25,00 0,88 143,74 0,81 2,66 1,78 0,042 Xylopia aromatica 33,33 3,88 100,00 3,54 340,49 1,92 9,34 5,80 0,118 Tabebuia aurea 8,33 0,97 25,00 0,88 305,90 1,72 3,58 2,69 0,042 Machaerium brasiliensis 41,67 4,85 125,00 4,42 1010,97 5,69 14,97 10,54 0,138 Agonandra brasiliensis 16,67 1,94 50,00 1,77 208,81 1,17 4,89 3,12 0,071 Sclerolobium denudatum 41,67 4,85 125,00 4,42 1014,46 5,71 14,99 10,56 0,138 Callisthene fasciculata 33,33 3,88 100,00 3,54 824,28 4,64 12,06 8,52 0,118 Qualea grandiflora 133,33 15,53 400,00 14,16 2213,75 12,46 42,15 27,99 0,277 Guarea guidoneae 25,00 2,91 75,00 2,65 349,19 1,96 7,53 4,88 0,096 Tabebuia impetiginosa 25,00 2,91 75,00 2,65 355,64 2,00 7,57 4,91 0,096 Lafoensia pacari 0,05 0,01 250,00 8,85 1145,45 6,45 15,30 6,45 0,215 Qualea parviflora 158,33 18,45 475,00 16,81 2864,67 16,12 51,38 34,57 0,300 Magonia pubescens 100,00 11,65 300,00 10,62 1460,45 8,22 30,49 19,87 0,238 Plathymenia reticulata 58,33 6,80 175,00 6,19 1243,68 7,00 19,99 13,79 0,172 Dilodendron spp 8,33 0,97 25,00 0,88 161,86 0,91 2,77 1,88 0,042 Continua... 4 IBEAS Instituto Brasileiro de Estudos Ambientais

...Continuação Tabela 2- Parâmetros fitossociológicos amostrados em um fragmento florestal em Aquidauana, MS. Espécies DA.i DR.i (%) FA.i FR.i (%) Do.A.i Do.R.i IVI IVC H Dimorphandra spp 16,67 1,94 50,00 1,77 617,16 3,47 7,18 5,41 0,071 Erytroxylum spp 8,33 0,97 25,00 0,88 33,44 0,19 2,04 1,16 0,042 Plenckia spp 8,33 0,97 25,00 0,88 78,96 0,44 2,30 1,42 0,042 Pouteria spp 41,67 4,85 125,00 4,42 674,82 3,80 13,08 8,65 0,138 Byrsonima tomentosa 33,33 3,88 100,00 3,54 495,18 2,79 10,21 6,67 0,118 Myracrodruom urundeuva 16,67 1,94 50,00 1,77 449,77 2,53 6,24 4,47 0,071 Tabebuia vellosoi 25,00 2,91 75,00 2,65 875,57 4,93 10,49 7,84 0,096 Σ 858,38 100 2825 100 17771,36 100 300 200 2,766 Sendo: DA.i=De n s i d a d e a b s o l u t a ; DR.i (%)= D e n s i d a d e r e l a t i v a ; FA.i (%)= F r e q u ê n c i a a b s o l u t a ; FR.i= Frequência relativa; Do.A.i= D o m i n â n c i a a b s o l u t a ; Do.R.i= Dominância relativa; IVI= índice de valor de importância; H'= Í n d i c e d e D i v e r s i d a d e d e S h a n n o n & W e a v e r. A distribuição do número de indivíduos por classe de diâmetro para a área estudada tendeu a seguir uma função exponencial negativa (J invertido), com muitos indivíduos de pequeno diâmetro e poucos indivíduos de diâmetro elevado (Figura 3). A maior densidade nas classes mais baixas de diâmetro é uma garantia de sobrevivência das espécies, considerando que ausência de indivíduos jovens indica substituição de uma espécie na sucessão. As espécies que possuem série completa de diâmetro podem mostrar equilíbrio na população (CAVALCANTI, 1998). Foi verificada a influência do Cerrado e da floresta estacional semidecidual na área estudada pela presença de espécies características desta fisionomia. A frequência de afloramentos rochosos, juntamente com solos mais rasos pode ser o fator limitante no desenvolvimento de indivíduos de maior porte, o que aumentou a densidade de indivíduos de pequeno porte, elevando a densidade total por área e reduzida área basal total (JARENKOW & WAECHTER, 2001). A participação de espécies do cerrado na composição florística local é uma consequência do contato direto com a área de estudo, que além de ser um corredor de migração, demonstra a importância da conservação das florestas estacionais semideciduais na Serra de Maracaju, considerada área prioritária para a conservação da vegetação do bioma Cerrado (MMA, 2002). Figura 3- Distribuição diamétrica dos indivíduos arbóreos em classes de diâmetro (CLD) em um fragmento florestal em Aquidauana, MS. Nas quatro áreas estudadas, foi observado que algumas espécies arbóreas apresentaram indivíduos apenas no estrato superior, o que compromete a sobrevivência das mesmas, por não contar com indivíduos presentes em todos os estratos IBEAS Instituto Brasileiro de Estudos Ambientais 5

Belo Horizonte/MG - 24 a 27/11/2014 da floresta (SCOLFORO, 1998). A ausência de indivíduos de pequeno porte indica que não está havendo regeneração e essas espécies podem não estarem presentes na comunidade florestal ao longo do tempo (HOSOKAWA et al., 1998, SCOLFORO, 1998). As espécies Myracrodruom urundeuva, Dipteryx alata, Tabebuia áurea e Machaerium brasiliensis apresentaram apenas indivíduos de grande porte, sendo a altura mínima superior a 6,5m (Tabela 3), lembrando-se que foram amostrados apenas indivíduos de DAP > 10cm. Sendo assim, são necessários estudos específicos de fitossociologia da regeneração das espécies arbóreas que incluem classes de diâmetro inferior a 5 cm. A amostragem de indivíduos de menor porte nos estudos de fitossociologia podem incluir espécies arbustivas, lianas e ervas, o que aumenta o número de espécies identificadas, como observaram Pinto & Vall Hay (2005). Considerando-se o grande interesse econômico nas espécies citadas vale-se lembrar que é importante a conservação e proteção de espécies com características de interesse madeireiro, visando-se evitar a exploração desses recursos, o que pode gerar interferências significativas na comunidade. Gênero Tabela 3- Estrutura vertical de um fragmento florestal em Aquidauana, MS. Alt. Min Alt. Med Alt. Máx Desv. P Espécie (m) (m) (m) (m) Acronomia aculeata 9,30 9,30 9,30 0,00 0,00 Dipteryx alata 11,00 11,00 11,00 0,00 0,00 Curatella americana 8,30 8,30 8,30 0,00 0,00 Xylopia aromatica 5,50 11,40 14,70 4,07 9,20 Tabebuia aurea 8,40 8,40 8,40 0,00 0,00 Machaerium brasiliensis 6,50 10,16 13,00 2,94 6,50 Agonandra brasiliensis 7,40 8,90 10,40 2,12 3,00 Sclerolobium denudatum 7,80 10,24 12,10 1,56 4,30 Callisthene fasciculata 2,90 8,00 12,60 3,98 9,70 Qualea grandiflora 3,10 7,51 9,90 1,73 6,80 Guarea guidoneae 5,10 7,03 10,00 2,61 4,90 Tabebuia impetiginosa 4,00 7,30 10,90 3,46 6,90 Lafoensia pacari 3,40 6,54 8,60 1,69 5,20 Qualea parviflora 4,50 8,31 12,80 2,16 8,30 Magonia pubescens 5,10 9,06 10,30 1,46 5,20 Plathymenia reticulata 5,10 11,09 14,90 3,20 9,80 Dilodendron spp 9,20 9,20 9,20 0,00 0,00 Dimorphandra spp 8,40 9,85 11,30 2,05 2,90 Erytroxylum spp 4,30 4,30 4,30 0,00 0,00 Plenckia spp 7,50 7,50 7,50 0,00 0,00 Pouteria spp 4,80 8,56 10,40 2,31 5,60 Byrsonima tomentosa 6,60 9,25 11,00 1,91 4,40 Myracrodruom urundeuva 11,00 12,75 14,50 2,47 3,50 Dif (MIN -MAX) Tabebuia vellosoi 6,60 9,10 11,50 2,45 4,90 Sendo: Alt. Min (m)= Altura mínima da espécie na área; Alt. Med (m)= Altura média da espécie na área; Alt. Máx (m)= Altura máxima da espécie na área; Desv. P (m)= Desvio padrão; Dif (MIN -MAX)= Diferença (em m) entre o menor e o maior indivíduo da espécie. CONCLUSÕES Foi registrada a ocorrência de 113 indivíduos arbóreos pertencentes a 24 espécies, distribuídas em 21 gêneros e 15 famílias. Sendo as famílias que apresentaram maior número de indivíduos foram a Vochysiaceae (39) e Fabaceae (20). 6 IBEAS Instituto Brasileiro de Estudos Ambientais

Houve variação da composição florística, descritores fitossociológicos e estrutura vertical da vegetação estudada. As espécies Qualea parviflora, Qualea grandiflora e Magonia pubescens apresentaram os maiores valores de importância (VI). Houve maior densidade de indivíduos nas classes diamétricas inferiores (J invertido). REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS 1. BRASIL. Ministério do Meio Ambiente. Avaliação e identificação de áreas e ações prioritárias para a conservação, utilização sustentável e repartição dos benefícios da biodiversidade nos biomas brasileiros. Brasília: MMA/SBF, 2002. 404 p. 2. BRASIL. Ministério do Meio Ambiente. Biodiversidade do cerrado e pantanal: áreas e ações prioritárias para conservação. Brasília: MMA, 2007. 540p. 3. CAVALCANTI, D. Florística e fitossociologia de um remanescente florestal transicional de Município de Guaratinguetá, SP. 1998. 103 f. Dissertação (Mestrado em Ecologia). Instituto de Biociências do Campus de Rio Claro, Universidade Estadual Paulista Julio de Mesquita Filho. Rio Claro, 1998. 4. DAMASCENO JR, G.; NAKAJIMA, J. N.; REZENDE, U. M. Levantamento florístico das cabeceiras dos rios Negro, Aquidauana, Taquari e Miranda no Pantanal, Mato Grosso do Sul, Brasil. Washington: Conservation International, 2000. p. 152-162. 5. DURIGAN, G.; FRANCO, G. A. D. C.; SAITO, M.; BAITELLO, J. B. Estrutura e diversidade do componente arbóreo da floresta na Estação Ecológica dos Caetetus, Gália, SP. Revista Brasileira de Botânica, São Paulo, n. 23, p. 369-381, 2000. 6. FELFILI, J. M. et al. Composição florística e fitossociológica de um cerrado Sensu Strictoem Água Boa - MT. Acta Botanica Brasilica, v.16, p.103-112, 2002. 7. FELFILI, J. M.; VENTUROLI, F. Tópicos em análise de vegetação. Brasília, U N B, v. 2, n. 2, 2000. 34 p. (Comunicações técnicas florestais). 8. HOSOKAWA, R. T.; MOURA, J. B.; CUNHA, U. S. Introdução ao manejo e economia florestal. Curitiba: Editora da UFPR, 1998. 162 p. 9. JARENKOW, J. A.; WAECHTER, J. L. Composição, estrutura e relações florísticas do componente arbóreo de uma floresta estacional no Rio Grande do Sul, Brasil. Revista Brasileira de Botânica, São Paulo, n. 24, p. 263-272, 2001. 10. LONGHI, S. J.; NASCIMENTO, A. R. T.; FLEIG, F. D.; DELLA-FLORA, J. B.; FREITAS, R. A.; CHARÃO, L.W. Composição florística e estrutura da comunidade arbórea de um fragmento florestal no município de Santa Maria Brasil. Ciência Florestal, Santa Maria, v. 9, n. 1, p.115 133, 1999. 11. MUELLER-DOMBOIS, D.; ELLENBERG, H. Aims and methods of vegetation ecology. New York: Willey, 1974. 574 p. 12. PINTO, J. R. R.; VALL RAY, J. Mudanças florísticas e estruturais na comunidade arbórea de uma floresta de vale no Parque Nacional da Chapada do Guimarães, Mato Grosso, Brasil. Revista Brasileira de Botânica, São Paulo, n. 28, p. 523-539, 2005. 13. REGO, N. H. Variação da estrutura da vegetação arbórea em uma topossequência num vale da Serra de Maracaju, Aquidauana, MS. Jaboticabal, 2008. 105p. 14. ROCHA, A. E.; MUNIZ, F. H. Florística e fitossociologia da vegetação ciliar do rio Munim no município de Morros- MA. Pesquisa em Foco, v.6, p.47-65, 1998. 15. SCOLFORO, J. R. S. Manejo florestal. Lavras: UFLA/FAEPE, 1998. 448 p. IBEAS Instituto Brasileiro de Estudos Ambientais 7