Objetivo 3
Faculdade de cada um se decidir ou agir segundo a própria determinação; Estado ou condição de homem livre. Mas de que se trata isso na prática? Dicionário Aurélio
Em janeiro de 2011, os egípcios, com intensa participação juvenil, iniciam uma onda de protestos para derrubar o ditador Hosni Mubarak, que estava há 30 anos no poder; Egito: altos índices de desemprego, autoritarismo do governo ditatorial, altos índices de corrupção, violência policial, falta de moradia, censura à liberdade de expressão, péssimas condições de vida, baixo valor do salário mínimo.
Após duas semanas de conflito, o presidente Hosni Maburak renunciou ao governo, deixando um saldo de mais de 42 pessoas mortas e cerca de 3000 feridos; No dia 28 de novembro foi realizada a 1ª etapa das eleições parlamentares. Milhões de pessoas foram às urnas, a grande maioria votando pela primeira vez. Fonte: http://guerras.brasilescola.com/seculo-xxi/conflitos-no-egito-2011-primavera-arabe.htm
Clipe do hino composto pelos egípcios; Atentem para a letra dele; E lembrem-se de que dezenas de pessoas, boa parte delas, jovens, deram a vida por essa causa. http://www.youtube.com/watch?v=j6mts-if6p0
Faculdade de cada um se decidir ou agir segundo a própria determinação; Estado ou condição de homem livre. Mas será que realmente queremos isso, da mesma forma, e tão viceralmente como os egípcios?
Breve contextualização da história; Inquisidor Não há, torno a dizer-te, anseio mais doloroso para o homem que o de encontrar o mais cedo possível um ser a quem entregue este dom da liberdade que o desgraçado traz ao nascer. Jesus silêncio
Inquisidor (...) o segredo da existência humana consiste, não somente em viver, mas também em encontrar um motivo de viver. Sem uma ideia nítida do fim da existência, o homem prefere abandoná-la e, embora estivesse rodeado de montões de pão, antes seria capaz de suicidar-se do que de ficar na Terra. (...) Esqueceste que o homem prefere a paz, e até a morte, à liberdade de discernir o Bem e o Mal? Nada há de mais sedutor para o homem do que o livre arbítrio, mas nada há também de mais doloroso. E, em vez de princípios sólidos que tivessem tranquilizado para sempre a consciência humana, escolheste noções vagas, estranhas, enigmáticas, tudo o que ultrapassa a força dos homens; agiste, portanto, como se não os amasses, Tu, que tinhas vindo para dar a vida por eles! (...) Há três forças, as únicas que podem subjugar para sempre a consciência destes fracos revoltados [os seres humanos]: são o milagre, o mistério, a autoridade! (...) A grande estima que tinhas pelos homens prejudicou a piedade. Exigiste-lhes demasiado, Tu que, no entanto, os amavas mais do que a Ti próprio!
Inquisidor (...) Os homens hão de submeter os segredos mais dolorosos de sua consciência a nós, padres e bispos; iremos resolver-lhes todos os casos e hão de aceitar a nossa decisão com alegria, porque lhes poupará o grave cuidado de escolherem por si próprios, livremente. E todos serão felizes, milhões de criaturas, exceto uns cem mil, os dirigentes, exceto nós, os depositários do segredo. Os felizes hão de contar-se por bilhões e haverá cem mil mártires sob a carga do conhecimento maldito do Bem e do Mal. Morrerão pacificamente, suavemente se extinguirão em Teu nome, e no Além nada encontrarão senão a morte. (...) Porque, se houvesse outra vida, não seria decerto para seres como eles.
Faculdade de cada um se decidir ou agir segundo a própria determinação; Estado ou condição de homem livre. Estamos realmente dispostos a assumi-la, como fizeram os egípcios na Primavera Árabe, pagando o preço disso, ou preferiremos o conforto de uma vida decidida pelos outros para nós?
Assumir a condução da própria vida, viver a autonomia como exercício consciente da liberdade, não é algo trivial; Liberdade não se ganha, conquista-se; Direitos não são benesses concedidas pelos poderosos, mas algo que só se alcança com luta e determinação, correndo-se o risco, mesmo, de sofrer sérias sanções: a perda do emprego, uma suspensão, o encarceramento e, no limite, até a morte (Sócrates, Jesus, Ir. Dorothy etc.); Mas de que valeria manter o corpo vivo, às custas da morte ou do anestesiamento do espírito? Isso seria efetivamente uma vida humana, vida com sentido?