Antonio Manzatto J. Décio Passos José Flávio Monnerat a força dos pequenos teologia do Espírito Santo
Direção editorial: Claudiano Avelino dos Santos Assistente editorial: Jacqueline Mendes Fontes Revisão: Caio Pereira Iorlando Rodrigues Fernandes Diagramação: Ana Lúcia Perfoncio Capa: Marcelo Campanhã Ilustrações: Mário Celli Ilustrações da capa: M. Cerezo Barredo, cmf Impressão e acabamento: PAULUS Dados Internacionais de Catalogação na Publicação (CIP) (Câmara Brasileira do Livro, SP, Brasil) Manzatto, Antonio A força dos pequenos: teologia do Espírito Santo / Antonio Manzatto, J. Décio Passos, José Flávio Monnerat. São Paulo: Paulus, 2013. ISBN 978-85-349-3786-3 1. Espírito Santo 2. Espírito Santo na Bíblia 3. Pentecostalismo - Igreja Católica 4. Pentecostes 5. Santíssima Trindade 6. Vida espiritual I. Passos, J. Décio. II. Monerat, José Flávio. III. Título. 13-10899 CDD-231.3 Índices para catálogo sistemático: 1. Espírito Santo: Teologia cristã 231.3 1ª edição, 2013 PAULUS 2013 Rua Francisco Cruz, 229 04117-091 São Paulo (Brasil) Tel. (11) 5087-3700 Fax (11) 5579-3627 www.paulus.com.br editorial@paulus.com.br ISBN 978-85-349-3786-3
Apresentação Deus está conosco! Eis a afirmação fundamental de nossa fé cristã. Para nós não há mais distância entre o sagrado e o profano, ou entre Deus e a história humana. Deus vem a nós em Jesus. A encarnação do Filho de Deus nos liga definitivamente a ele; sua humanização nos introduz num dinamismo de divinização e, desde então, a história está grávida do Verbo de Deus. Em Jesus, Deus falou pessoalmente, ou seja, mostrou-se numa pessoa concreta, esvaziou-se de si mesmo assumindo a condição de servo (FI 2,7). Além de sua presença em Jesus Cristo, Deus está conosco por meio do seu Espírito. A presença do Espírito Santo no mundo, na história, na Igreja e em cada pessoa é o radical esvaziar-se de Deus, no qual ele age por dentro da história, age por dentro de nossa ação. É próprio do Espírito não se encarnar, não ter forma, não falar, mas sim agir. Os símbolos bíblicos do Espírito expressam essa ausência de forma (fogo, água, vento...) e apontam para o efeito da ação. Este é o eixo deste nosso estudo: o Espírito Santo é a ação de Deus por dentro das coisas, dos fatos, da comunidade e de cada pessoa. Ação que cria, une, transforma, liberta... Não devemos, portanto, procurar sinais da ação do Espírito fora do mundo e da vida, nos acontecimentos maravilhosos e inexplicáveis, nos fenômenos extraordinários... O sopro vivo de Deus se dá na inti- 5
A força dos pequenos midade da história e dos corações, conduzindo-os para o Reino de Deus. É sobretudo o Espírito dos fracos e dos rejeitados da história que age de baixo para cima a fim de convencer o mundo da necessidade da justiça e da comunhão. A Teologia do Espírito é uma temática nova na tradição teo lógica ocidental, que sempre resolveu a problemática teológica no esquema Deus-Cristo-Igreja. Cristo é o enviado de Deus, e a Igreja, a enviada de Cristo. A salvação de Deus está na Igreja que é o Corpo de Cristo. Esse modo de pensar não deixou de sustentar uma Igreja rígida e uniforme, sem lugar para o povo e para a diversidade. Assim como a Igreja nasce de Cristo, ela nasce também do Espírito que a enriquece com diversos carismas e a envia para a missão junto aos povos e culturas. Jesus e Espírito. Unidade e diversidade. Comunhão e participação! Hoje é comum atribuirmos ao Espírito Santo características de feminilidade. É claro que Deus não tem sexo, e tudo o que falamos dele é sempre linguagem humana. Mas parece ser interessante ver na ação do Espírito as formas do agir feminino e materno: inspirar, consolar, criar, aconselhar... Vale lembrar que o termo espírito passou, ao longo da história, por um processo de masculinização. No hebraico, a palavra Ruah é feminina. A palavra grega correspondente, Pneuma, é neutra. No latim e nas línguas derivadas, Spiritus é termo masculino. Essa evolução de termos revela, com certeza, um machismo ou ao menos uma masculinização embutida na teologia. Este nosso estudo tem o seguinte roteiro. No primeiro capítulo, vamos buscar os sinais do Espírito na vida de nosso povo. Veremos que na sua história de morte está presente o Espírito de vida como força de resistência, criatividade e vida. É notável também que este povo tenha elaborado uma Teologia do Espírito prática e próxima da vida. Finalmente daremos uma palavra sobre os fenômenos pentecostais contemporâneos que se apresen- 6
Apresentação tam como experiência do Espírito e se expandem com força no mundo evangélico e católico. O segundo capítulo nos apresenta a abordagem bíblica do tema. Nos mostra a evolução da Teologia do Espírito do Antigo ao Novo Testamento. Vale a pena acompanhar com atenção essa evolução sem, contudo, fixar-se por demais nas citações bíblicas que são abundantes. O terceiro e quarto capítulos querem ser uma abordagem mais sistemática e pastoral tratando respectivamente da Ação do Espírito Santo e da Missão dos cristãos. Queremos registrar aqui nossos agradecimentos a todas as pessoas que contribuíram de uma forma ou de outra na elaboração deste estudo. Esperamos que esse esforço de mutirão possa ser luz na busca do Espírito de vida e na luta pela vida no Espírito. 7