TOPEX/POSEIDON Jason 1



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SISMOLOGIA Um dos primeiros terremotos a ser analisado cientificamente foi o terremoto de Lisboa, em novembro de 1755. Esse terremoto, que foi seguido de um tsunami, praticamente destruiu a cidade de Lisboa. Uma das consequências desse terremoto foi despertar o interesse da ciência europeia sobre esse tipo de fenômeno. Além disso, durante a reconstrução da cidade de Lisboa, surgiram as primeiras tentativas de construção de edifícios resistentes a abalos sísmicos.

TSUNAMIS Os satélites TOPEX/POSEIDON e Jason 1 conseguiram obter dados do tsunami de 2004 ao passarem sobre o local por onde a onda se deslocava no oceano aberto. Anomalias de 50 cm de altura na água do mar foram detectadas por este meio, e isto forneceu uma ferramenta inestimável para a compreensão dos fenômenos de terremotos e tsunamis. Ao contrário dos sensores e bóias instalados próximos da costa, as medidas tomadas no oceano permitem calcular os parâmetros da fonte do tremor com muito maior precisão, por não serem sujeitas às mudanças do formato e da altura da onda que ocorrem nas proximidades da costa.

OS PRIMEIROS SISMÓGRAFOS A primeira descrição bem documentada da ocorrência de movimentação ao longo de falhas geológicas associada a um sismo foi feita na região do Kush, na Índia, depois do terremoto de 16 de junho de 1819. A primeira tentativa de aplicar princípios da física para descrever os efeitos do terremoto foi feita pelo irlandês Robert Mallet após o sismo ocorrido em 16 de dezembro de 1857, próximo à cidade de Nápoles, no sul da Itália. O primeiro grande avanço da sismologia como ciência ocorreu em 1880, com o desenvolvimento dos primeiros sismógrafos realmente eficazes pelos cientistas ingleses Gray, Milne e Ewing no Japão. Em 1889, na cidade de Potsdam, na Alemanha, pela primeira vez se associou, de forma segura, um sismograma a um terremoto distante, ocorrido no Japão em 18 de abril. Próximo ao final do século XIX (1896), a Sociedade Britânica para o Desenvolvimento da Ciência criou um comitê para o estudo da sismologia, que acabou por permitir a instalação, sob a orientação de John Milne, de estações sismográficas distribuídas em uma escala global.

AS PRIMEIRAS ESCALAS SÍSMICAS Um pouco antes, entre 1883 e 1884, M.S. de Rossi e F. Forel introduziram, com base em trabalhos realizados na Itália e na Suíça, a primeira escala destinada a classificar os terremotos pelos seus efeitos macroscópicos: efeitos e danos sobre construções, efeitos sobre as pessoas e o seu comportamento durante o evento e efeitos sobre a paisagem.

AS PRIMEIRAS ESCALAS SÍSMICAS A escala de Rossi e Forel foi, posteriormente (1901), aprimorada por G. Mercalli, dando origem à escala de intensidade que é utilizada, com modificações, até hoje.

O GRANDE TERREMOTO DE SÃO FRANCISCO Em 18 de abril de 1906, um grande terremoto, seguido de 17 fortes sismos secundários, ou réplicas como são chamadas atualmente, em um intervalo de uma hora, sacudiu a cidade de São Francisco, na costa oeste dos Estados Unidos. O terremoto foi provocado pela movimentação de um segmento de aproximadamente 477 km da falha geológica de San Andrés (também conhecida como falha de San Andreas), entre San Juan Bautista, na extremidade sul e Cabo Mendocino, na extremidade norte. A cidade de São Francisco, que na época já era uma metrópole com cerca de 400.000 habitantes, foi seriamente afetada, tanto pelo sismo propriamente dito quanto por uma sequência de incêndios, que duraram três dias. O número de mortos foi de cerca de 3.000 pessoas e o número de desabrigados foi de aproximadamente 225.000.

A FALHA DE SAN ANDREAS A falha de San Andreas, que corta a Califórnia, tem uma exposição continental de 1.300 km, indo desde a bacia de Salton Sea, no sul da Califórnia, um pouco ao sul de San Bernardino, até Cabo Mendocino. Os deslocamentos observados ao longo da região de fratura após o grande terremoto de São Francisco variaram de 50 cm a 9,7 metros.

OS RELATÓRIOS DE LAWSON E REID O terremoto de São Francisco tem uma importância histórica grande porque induziu a introdução da sismologia como atividade científica nos Estados Unidos. Três dias depois do sismo, o governador do Estado da Califórnia na ocasião, George Pardee, nomeou uma comissão para investigar os efeitos do terremoto. A comissão foi liderada por Andrew Lawson, professor de geologia da Universidade da Califórnia em Berkeley. A comissão preparou um relatório em dois volumes. O primeiro volume, publicado em 1908, apresentou um mapa detalhado da região onde a falha de San Andrés se movimentou, incluindo o valor dos deslocamentos observados e um levantamento detalhado sobre as intensidades observadas em mais de 600 locais diferentes. Uma consequência desse levantamento foi a observação de uma correlação entre a intensidade sentida e as condições geológicas do local. O segundo volume, preparado por Harry Reid, professor de física e geologia na Universidade John Hopkins (Baltimore), foi publicado em 1910.

OS RELATÓRIOS DE LAWSON E REID A Califórnia é uma região de atividade sísmica intensa. Desde o tempo da colonização espanhola (a Califórnia fazia parte do território mexicano e foi comprada pelos Estados Unidos em fevereiro de 1848) existe registro da ocorrência de terremotos na região de forma mais ou menos cíclica. O registro mais antigo data de 1769 e descreve um terremoto ocorrido próximo a Los Angeles. Com base, principalmente, na alteração da posição de marcos de levantamentos topográficos e geodésicos do Serviço Geológico Americano como consequência do terremoto, Reid propôs, nesse segundo relatório, um modelo para a ocorrência desses terremotos.

A TEORIA DE REID Nesse modelo, os terremotos são considerados uma manifestação de movimentos crustais mais extensos. Os ciclos de terremotos acontecem, segundo o modelo de Reid, porque os movimentos crustais lentamente acumulam energia elástica em forma de deformação das rochas das paredes das falhas. A energia é acumulada até que a falha não suporta o excesso de deformação e libera a energia acumulada, da mesma forma que uma tira de borracha quando é esticada até o seu ponto de ruptura. Uma vez liberado o excesso de energia, a deformação volta a ser acumulada até a ocorrência do próximo terremoto. A hipótese de acúmulo de deformação associada a movimentos crustais já havia sido considerada anteriormente, como, por exemplo, por John Milne ao descrever o terremoto de Mino-Owari, no Japão, em 28 de outubro de 1891. Essa hipótese, no entanto, só teve aceitação geral após a publicação do modelo de Reid devido à boa concordância entre a descrição fornecida pelo modelo com os dados observados.

O SISMÓGRAFO DE GALITZIN Outro avanço importante, ocorrido em 1906, foi o desenvolvimento de sismógrafos com sensores eletromagnéticos por B. Galitzin, na Rússia.

O COMPORTAMENTO DOS CORPOS ELÁSTICOS Paralelamente à primeira fase do desenvolvimento da sismologia, onde a ênfase recaiu sobre a observação e descrição dos efeitos macroscópicos dos sismos, houve um desenvolvimento importante na física e na matemática. O comportamento dos corpos elásticos começou a ser descrito por Robert Hook, na Inglaterra, em 1660.

ONDAS P E ONDAS S Cem anos depois, também na Inglaterra, John Michell concluiu, em 1760, que os sismos são originados no interior da Terra e provocam ondas elásticas, que são emitidas e se propagam pelo interior da Terra. Em 1821, Louis Navier, na França, desenvolveu as equações da teoria da elasticidade, o que permitiu a Simon-Denis Poisson, também na França, em 1828, prever a existência de ondas elásticas longitudinais, hoje conhecidas como ondas P pelos sismólogos, e ondas transversais, as chamadas ondas S.