PRODUÇÃO DE MUDAS DE ALFACE EM DIFERENTES BANDEJAS E SUBSTRATOS PRODUCTION OF LETTUCE SEEDLINGS IN DIFFERENT TRAYS AND SUBSTRATES

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PRODUÇÃO DE MUDAS DE ALFACE EM DIFERENTES BANDEJAS E SUBSTRATOS PRODUCTION OF LETTUCE SEEDLINGS IN DIFFERENT TRAYS AND SUBSTRATES Resumo PABLO WENDERSON RIBEIRO COUTINHO 1 DANIELLE ACCO CADORIN 2 JAQUELINE VANELLI 3 GRACIELA MAIARA DALASTRA² O sucesso da produção de hortaliças começa pela obtenção de mudas com boa qualidade. Desta forma, o presente trabalho teve como objetivo avaliar o desenvolvimento de mudas de alface cultivar. Kaiser, produzidas em ambiente protegido com diferentes tipos de bandejas e com a utilização de dois substratos. O experimento foi conduzido em abril de 2015, na Universidade Estadual do Oeste do Paraná, Campus Marechal Cândido Rondon-PR. O delineamento experimental adotado foi inteiramente casualizado, em esquema fatorial 2 x 2 com seis repetições. O primeiro fator consistiu de dois tipos de bandejas de poliestireno expandido, sendo de 128 e 288 células, com volumes de 32 e 11 cm³ respectivamente. O segundo fator foi composto por substrato comercial + húmus (1:1) e somente substrato comercial. Após 25 dias da semeadura as mudas foram avaliadas quanto a seguintes variáveis: altura da parte aérea, comprimento de raízes, massa fresca da parte aérea e das raízes, massa seca da parte aérea das raízes. Os resultados demostraram que não houve interação significativa entre substratos e bandejas. A utilização de bandejas de 288 células e a incorporação de húmus na composição do substrato melhoram a qualidade de mudas de alface. Palavras-chave: Hortaliças. Cultivo orgânico. Bandejas. Abstract The success of the production of vegetables begins by obtaining seedlings with good quality. In this way, this study aimed to evaluate the development of lettuce seedlings cultivars Kaiser protected produced under cultivation in different trays with the use of two substrates. The experiment was conducted in April 2015, at the State University of the West of Paraná, Campus Marechal Cândido Rondon-PR. The experimental design was completely randomized, in a 2 x 2 factorial scheme in six replications. The first factor consisted of two types of expanded polystyrene trays, and 128 and 288 cells, in volumes of 32 cc and 11 respectively. The second factor was composed of commercial + humus substrate (1:1) and only commercial substrate. After 25 days of sowing the seedlings were evaluated for the following variables: shoot height, root length, fresh weight of shoots and roots, dry matter the 1 Doutorando em Agronomia, Universidade Estadual do Oeste do Paraná, pablowenderson@hotmail.com; 2 Doutora em Agronomia, professora da UNIGUAÇU/FAESI, danikadorin@hotmail.com; gradalastra@hotmail.com; 3 Mestre em Agronomia, pela Universidade Estadual do Oeste do Paraná, jaqueline.vnll@gmail.com.

shoots of the roots. The results showed that there was no significant interaction between substrates and trays. The use of trays of 288 cells and the humus incorporation into the substrate composition improve the quality of lettuce seedlings. Keywords: Vegetables. Organic farming. Trays. Introdução A alface (Lactuca sativa L.), pertencente à família Asteraceae, caracteriza-se por ser uma hortaliça com caule diminuto, não ramificado, ao qual se prendem as folhas lisas ou crespas que podem se fechar ou não na forma de cabeça. A cultura é largamente difundida no Brasil, sendo considerada a hortaliça folhosa mais consumida no país, destacando-se pela grande importância econômica e alimentar (LOPES et al., 2005). Por ser uma hortaliça folhosa de alta perecibilidade, sua produção se concentra principalmente perto de grandes centros consumidores (ABREU et al., 2010). Apesar disso, existe a necessidade da cultura ser produzida em todas as regiões e ao longo de todo o ano, para suprir a demanda do produto. A produção de mudas é uma das principais etapas do sistema produtivo da alface. A implantação da cultura através da produção de mudas proporciona as vantagens de economia de sementes, muito importante principalmente no caso de sementes de alto custo, e facilidade e economia nas irrigações e controle de pragas e doenças. Assim, a produção de mudas de forma adequada, com boas características morfofisiológicas, eleva a produtividade e a qualidade do produto final, além de reduzir o consumo de sementes e os tratos culturais (FILGUEIRA, 2003). A produção de mudas pode, também, ser um artifício utilizado pelo produtor para diminuir o tempo necessário para colheita, aumentando assim o número de ciclos produtivos possíveis por ano, consequentemente permitindo melhor utilização da área e maior retorno financeiro. Mudas de má qualidade comprometem todo o desenvolvimento da cultura, aumentando seu ciclo e acarretando em perdas na produção, pois existe uma relação direta entre mudas de boa qualidade e sua produção no campo (ECHER et al., 2007). Para a obtenção de mudas de qualidade, é necessária a utilização de sementes e substratos adequados, além da escolha do local de produção dessas

mudas e dos cuidados com a nutrição mineral, com tratos fitossanitários e com o manejo da irrigação. O tamanho do recipiente e o tipo do substrato são os principais aspectos a serem observados para garantir a produção eficiente de mudas. O tamanho do recipiente afeta diretamente o volume disponível para o desenvolvimento das raízes, e deve permitir o crescimento sem que haja restrições para o desenvolvimento do sistema radicular (FONSÊCA, 2001). O tipo do substrato é responsável principalmente pela retenção de umidade e fornecimento de nutrientes para as mudas. Desta forma, quando tem - se um bom substrato aliado ao recipiente adequado, amplia-se a possibilidade do desenvolvimento satisfatório tanto da parte aérea quanto do sistema radicular das mudas, aumentando a chance de sobrevivência destas quando transplantadas para o local definitivo (FREITAS et al., 2013). Diversos são os trabalhos que comprovaram o efeito do recipiente na produção de mudas de hortaliças. Marques et al. (2003) avaliaram o efeito de três tipos de bandejas sobre a produção de mudas de alface e concluíram que as melhores mudas foram produzidas em bandejas de 128 células e que as mudas produzidas em bandejas de 288 células foram as que apresentaram os piores desempenhos. Dalastra et al. (2016) avaliaram o desempenho produtivo de melancia em função da produção de mudas em bandejas de diferentes células e concluíram que o tamanho das células das bandejas influenciou na formação de mudas da cultura, sendo que a bandeja de 72 células foi a melhor opção para a formação de mudas daquela espécie. A etapa da produção de mudas de hortaliças, como já reportado, é altamente dependente da utilização de substratos, o que muitas vezes pode tornar esse processo oneroso para o produtor em função da aquisição do produto comercial. Uma forma de reduzir os custos de produção de mudas se dá através da utilização de materiais alternativos, ou seja, através do aproveitamento de material disponível na propriedade rural, com potencial para compor o substrato (BRITO et al., 2010; CARRIJO et al., 2002). O húmus de minhoca pode ser uma alternativa a ser utilizada na composição de substratos alternativos, reduzindo a participação de substratos comerciais e os custos no processo produtivo de mudas (STEFFEN et al., 2010), sendo rico em

microrganismos promotores do crescimento das plantas (DOMÍNGUEZ e GÓMEZ- BRANDÓN, 2010). A utilização de substrato orgânico derivado de húmus de minhoca tem se tornado uma prática constante no cultivo orgânico de hortaliças, por se tratar de um produto de base ecológica, ser uma opção de baixo custo, além de possuir alto valor nutritivo para as plantas. O húmus de minhoca é conhecido e utilizado como fonte de matéria orgânica e nutrição para diferentes cultivos na forma sólida há vários anos por agricultores familiares em todo o Brasil (CABRERA et al., 2007). Câmara (2001), avaliou compostos orgânicos como substrato na produção de mudas de alface e afirmou que composto orgânico misto pode substituir com sucesso os substratos comerciais, sendo economicamente viável. Medeiros et al. (2001) avaliaram o efeito de substratos alternativos em relação ao comercial na produção de mudas de alface e constataram superioridade dos substratos húmus de minhoca + casca de arroz carbonizada em relação às demais misturas utilizadas para todas as características avaliadas da muda. Sousa et al. (2017) concluíram que o substrato composto por vermiculita + areia + esterco ovino foi o que conferiu as melhores condições para a germinação de sementes e a produção de mudas de alface. Neste contexto, o presente trabalho teve como objetivo avaliar o desenvolvimento de mudas de alface cultivar. Kaiser em função de diferentes combinações de substratos e bandejas com diferentes números de células. Material e Métodos O experimento foi realizado em abril de 2015, na Estação de Cultivo Protegido e Controle Biológico Professor Mário César Lopes, pertencente a Universidade Estadual do Oeste do Paraná, Campus de Marechal Cândido Rondon, Paraná. O clima, classificado segundo Köppen, é do tipo Cfa, subtropical, mantendo a média anual de temperatura entre 22 e 23º C (CAVIGLIONE et al., 2000). O experimento foi conduzido em delineamento inteiramente casualizado, com esquema fatorial 2 x 2 e seis repetições. O primeiro fator consistiu de dois tipos de bandejas de poliestireno expandido, sendo de 128 e 288 células, com volumes de 32 cm³ e 11 cm³ respectivamente. O segundo fator foi composto por dois tipos de substratos, sendo eles substrato comercial + húmus (1:1) e somente substrato

comercial Plantmax Hortaliças. O resultado da análise química dos substratos em que foi instalado o experimento está apresentado na Tabela 1. Tabela 1. Análise química do substrato utilizado para a produção de mudas de alface. Substrato Ca 2+ Mg 2+ K + P -----------------mmol c dm -3 ----------------- mg dm -3 Comercial 240 45 14 95 Comercial + Húmus 34,1 31,7 32,5 14,27 A semeadura foi realizada de forma manual no dia 02/04/2015, colocando-se apenas uma semente da cultivar de alface Kaiser por célula, a um centímetro de profundidade. As bandejas permaneceram em casa de vegetação até o momento da avaliação das mudas. A irrigação foi realizada de acordo com a necessidade da cultura. Aos 25 dias após a semeadura (DAS), procedeu-se a avaliação das mudas de alface. Para avaliação considerou-se 10 mudas centrais da bandeja de cada tratamento, estas foram retiradas e levadas ao laboratório de Sementes e Mudas pertencente à Universidade Estadual do Oeste do Paraná e foram determinadas as seguintes variáveis: altura da parte aérea (cm), comprimento de raízes (cm), massa de matéria fresca da parte aérea (g 10-1 ) e das raízes (g 10-1 ), massa de matéria seca da parte aérea (g 10-1 ) e das raízes (g 10-1 ). A altura das plantas foi determinada com régua graduada, medindo-se a distância entre o colo e o ápice da planta. O comprimento de raízes foi determinado também com o auxílio de régua graduada, medindo-se a distância do colo da planta até a extremidade inferior da raiz. A massa de matéria fresca da parte aérea e das raízes foi obtida por meio da pesagem de 10 plantas em balança digital de precisão. As variáveis relativas à massa de matéria seca de parte aérea e radicular foram obtidas após secagem em estufa de circulação forçada de ar a 65º C por 48 horas e pesagem em balança de precisão. Após a tabulação, os dados foram submetidos à análise de variância (ANOVA) e as médias comparadas pelo teste de Tukey ao nível de 5% de probabilidade de erro por meio do programa ASSISTAT v. 7.7 (SILVA e AZEVEDO, 2009).

Resultados e Discussões Não houve interação significativa entre substratos e bandejas, desta forma os efeitos foram estudados separadamente. No momento de avaliação (25 DAS) os resultados demonstraram efeito significativo para o volume das células das bandejas no desenvolvimento das mudas de alface (Tabela 2). Tabela 2. Altura de planta (APA), comprimento de raiz (CR), massa fresca da parte aérea (MFPA), massa fresca da raiz (MFR), massa seca da parte aérea (MSPA) e massa seca da raiz (MSR), em função do tipo de bandeja, Marechal Cândido Rondon, 2015. Bandejas APA CR MFPA MFR MSPA MSR ------- cm ------- ---------------------------- g 10-1 ---------------------- ----- 128 4,16 b 3,4 b 2,27 b 0,25 b 0,167 b 0,015 b 288 5,18 a 6,72 a 3,01 a 0,83 a 0,197 a 0,046 a Médias seguidas da mesma letra na coluna não diferem pelo teste de Tukey (p > 0,5). Para todos os parâmetros avaliados, as mudas produzidas em bandejas de menor volume apresentaram melhores resultados em relação às mudas produzidas em bandejas com maior volume. Os resultados encontrados neste trabalho estão de acordo com o que Filgueira (2003) recomenda para produção de mudas de alface, bandejas de até 288 células. Contudo, resultados diferentes foram encontrados por Resende et al. (2003), que produziram mudas de alface em diferentes tipos de bandejas e obtiveram mudas de melhor qualidade em bandejas de 128 células. Farinacio e Godoy (2009), e Trani et al. (2004), trabalharam com bandejas de 200 e 288 células em produção de mudas de alface e verificaram que as bandejas de 200 células mostraram-se melhores que as de 288 células. Com a utilização de diferentes substratos, verificou-se diferença significativa para as variáveis altura da planta e comprimento de raiz (Tabela 3).

Tabela 3. Altura de planta (APA), comprimento de raiz (CR), massa fresca da parte aérea (MFPA), massa fresca da raiz (MFR), massa seca da parte aérea (MSPA) e massa seca da raiz (MSR), em função do substrato, Marechal Cândido Rondon, 2015. Substrato APA CR MFPA MFR MSPA MSR Comercial 4,34 b 4,21 b 2,62 a 0,56 a 0,178 a 0,030 a Comercial + Húmus 5,01 a 5,91 a 2,67 a 0,52 a 0,186 a 0,031 a Médias seguidas da mesma letra na coluna não diferem pelo teste de Tukey (p > 0,5). A mistura de substrato comercial com húmus de minhoca resultou em mudas com maior altura de parte aérea (15,6%) e com maior comprimento de raiz (40,4%) quando comparado com o substrato comercial. Desta forma é possível inferir que as mudas produzidas no substrato contendo mistura com húmus, possivelmente terão maior índice de sobrevivência no momento do transplantio ao local definitivo, devido principalmente por apresentarem sistema radicular mais desenvolvido. Resultados semelhantes ao do presente trabalho foram observados por Medeiros et al. (2008), os quais verificaram que o composto orgânico proporcionou maior número de folhas e maior comprimento da raiz, superando os demais substratos. Gomes et al. (2008), em trabalho com diferentes substratos, indicaram que a composição com 70% de húmus e 30% de casca de arroz carbonizada proporcionou os melhores resultados para massa fresca da parte aérea em mudas de alface. Em outros estudos, como de Medeiros et al. (2001) observou-se melhor resposta com o tratamento referente a mistura de húmus + casca de arroz carbonizada. Aqueles autores creditaram o fato à maior capacidade de retenção de água, provavelmente pela diminuição do tamanho dos poros daquele substrato. Em relação à massa fresca e seca da parte aérea e das raizes, não foi observada diferença significativa entre os substratos (Tabela 3). Resultados semelhantes foram obtidos por Souza (1998) que verificou que os teores de massa seca da parte aérea da alface não foram influenciados pelas doses de composto orgânico e pela presença de adubo mineral. Estes resultados diferem dos obtidos por Medeiros et al. (2008) que avaliaram a qualidade de mudas de alface em função de substratos com e sem biofertilizante e verificaram que o substrato orgânico proporcionou a maior massa seca da parte aérea para a cultivar Grand Rapids.

De forma geral, os teores de nutrientes encontrados no substrato comercial utilizado são superiores ao teor da mistura de substrato comercial + Húmus (Tabela 1). No entanto, os resultados obtidos no presente trabalho indicam que o húmus de minhoca pode substituir com sucesso o substrato comercial na produção de mudas de alface, com maior eficiência e menores custos. Conclusões A utilização de bandejas de 288 células e a incorporação de húmus na composição do substrato melhoram a qualidade de mudas de alface. Referências bibliográficas ABREU, I. M. O; JUNQUEIRA, A. M. R; PEIXOTO, J. R; OLIVEIRA, A. R. Qualidade microbiológica e produtividade de alface sob adubação química e orgânica. Ciência e Tecnologia de Alimentos, Campinas, v. 30, p. 108-118, 2010. BRITO, A. D.; SUGASTI, J.; NASCIMENTO, L. M.; FILGUEIREDO, C. C.; RAMOS, M. L. G. Influência do pó de café coado na respiração microbiana do solo e sua utilização como substrato. Acta Tecnológica, Maranhão, v. 5, n. 2, p. 69-83, 2010. CABRERA, R. A. D.; AZEVEDO FILHO, A. J. B. V.; TSAI, S. M. Perspectiva no manejo alternativo dos citros: Do viveiro ao campo. In: G. G. Brown and C. Fragoso (Eds.). Minhocas na América Latina: biodiversidade e ecologia. Embrapa Soja, Londrina, p. 525 532, 2007. CÂMARA, M. J. T. Diferentes compostos orgânicos e Plantmax como substrato na produção de mudas de alface. Mossoró: ESAM, 2001. 32p. (Monografia graduação). CARRIJO, D. A.; SETTI de LIZ, R.; MAKISHIMA, N. Fibra da casca do coco verde como substrato agrícola. Horticultura Brasileira, Brasília, v. 20, n. 4, p. 533-535, 2002. CAVIGLIONE, J. H; KIHL, L. R. B; CARAMORI, P. H; OLIVEIRA, D. Cartas climáticas do Paraná. Londrina: IAPAR. 2000.

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